domingo, 23 de agosto de 2015

Como fracassará a invasão EUA-saudita-EAU ao Iêmen

23/8/2015, Moon of Alabama





Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


O "caldeirão" previsto [orig. predicted cauldron], com ataque em terra contra o Iêmen, vai cobrando seu preço dos exércitos invasores, saudita e dos Emirados Árabes Unidos. A invasão entrou num beco sem saída




Notícias e vídeos dos últimos dias mostram que os combates estão ativos, não em favor dos invasores. (Veja o mapa)

Em Áden, por onde os soldados dos Emirados Árabes invadiram o país, a al-Qaeda explodiu um quartel da segurança (vídeo 1 min.) e tomou  várias partes da cidade. Militantes da Al-Qaeda na Península Árabe teriam também explodido três barcos da guarda costeira do Iêmen em Áden. Há rumores de algum tipo de cooperação entre tropas dos Emirados Árabes Unidos e al-Qaeda. Forças especiais dos Emirados Árabes Unidos libertaram um Robert Stuart Douglas em Áden. Douglas é britânico, mantido refém pela al-Qaeda desde 2014. Essa 'libertação de refém' foi parte de algum acordo?

No sul do Iêmen, um comboio de veículos dos EAU blindados contra minas terrestres (Mine Resistant Ambush Protected Vehicles, MRAP) foi emboscado numa longa estrada tortuosa entre as montanhas. Pelo menos três MRAPs foram destruídos (vídeo 7 min).


Noutro incidente, pelo menos três MRAPs dos EAU foram capturados intactos por forças dos houthis[1] que já os estão utilizando (vídeo, 2 min). Quatro outros veículos MRAPs dos EAU destruídos também podem ser vistos no clip.

Perto de Lawdar em Abyan, no Iêmen Central, outra patrulha dos EAU, com pelo menos três veículos blindados foi destruída pelas forças aliadas aos houhtis no Movimento Ansar Allah,que usavam mísseis Kornet, antiblindados de fabricação russa (vídeo 3 min). Mais uma vez, aconteceu em terreno montanhoso, onde os blindados mais pesados são como patas chocas, à mercê de pequenos grupos móveis armados com mísseis antiblindados.

Perto de Jizan na Arábia Saudita, território que já pertenceu ao Iêmen, um batalhão de engenharia saudita foi emboscado em terreno de vegetação mais densa (vídeo 3 min, fotos). Foram destruídos 1 M88A1 blindado, 1 M2A2 de infantaria de combate, 1 Al Shibl blindado, 3 tanques blindados e 1 veículo tático menor.

Um soldado saudita foi morto  na fronteira, depois de bombardeio vindo do lado iemenita.

Cerca de 50 veículos blindados de forças apoiadas e treinadas pelos sauditas chegaram a Marib sob proteção aérea de helicópteros Apaches dos sauditas (foto). Há quem diga que, no total, chegaram a Marib cerca de 150 desses veículos. É a brigada que há dias atravessou a fronteira saudita. O caminho do deserto saudita até Marib é quase todo por deserto plano. Dali até a capital do Iêmen, Sanaa, é combate morro acima pelos desfiladeiros montanhosos. Nenhum, ou só alguns poucos, dos veículos blindados que estão chegando a Marib algum dia chegarão até Sanaa.

Os "houthis" dizem que derrubaram, até aqui, quatro helicópteros Apaches dos sauditas. Pelo menos uma dessas perdas foi confirmada pelo lado saudita. Há um vídeo de um dos Apache em queda, mas o momento em que foi atingido e todos os traços das armas usadas foram apagados do vídeo, de 2 min.). Há quem não queira que os sauditas saibam que brinquedinhos antiaéreos estão sendo usados contra eles.

Quando as tropas dos Emirados Árabes Unidos pousaram em Áden, um vídeo mostrava um comboio, do tamanho de um batalhão, de grandes tanques de combate. Depois daquele dia não se viram novas imagens daqueles MBTs. Como os relatos acima mostram, levar aqueles tanques até Sanaa seria empreitada dificílima. Quais, então, são os planos para aquelas unidades?

Os EUA estão apoiando os sauditas e os Emirados Árabes Unidos. Estão sendo usadas bombas de fragmentação de fabricação norte-americana para matar civis iemenitas. Toda a preocupação pública que a Casa Branca tem mostrado, com o destino de civis no Iêmen, é mentira: os EUA já duplicaram o apoio que dão à guerra dos sauditas.

É óbvio que a campanha de EUA-sauditas-EAU contra o Iêmen será fracasso completo e não alcançará nenhum dos seus objetivos declarados. 

O fantoche que os EUA instalaram na presidência do Iêmen ("Abdo Rabbo Mansour Hadi – uma vez renunciante, duas vezes fugitivo", in Blog do Alok) jamais voltará ao país. O Iêmen está à beira de fome em escala catastrófica. Entrementes, al-Qaeda e Estado Islâmico no Iêmen vão ganhando mais e mais território. 

Qual, então, o verdadeiro objetivo da Casa Branca no Iêmen?

[1] O que o 'ocidente' conhece como "os houthis" é o movimento revolucionário iemenita conhecido localmente como "Movimento Ansar Allah (Apoiadores de Deus); "houthis" é designação depreciativa criada pelos sauditas, a partir do nome do líder do movimento. Nas palavras de Nasrallah, do Hezbollah: "Para mim, aqui, 'a nova situação no Iêmen' significa a revolução popular vitoriosa liderada pelo Movimento Ansarullah, com a cooperação e a assistência do Exército iemenita e de vários grupos da população iemenita, seções e tribos de várias tendências e seitas" (NTs). Sobre a guerra do Iêmen, ver também Mike Whitney, 14/4/2015, Counterpunch, "Sauditas enfrentam derrota no Iêmen e instabilidade em casa", traduzido em redecastorphoto [NTs]. 

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