quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Importante discurso de Bashar Al Assad, Presidente da República Árabe da Síria

"Discurso aos presidentes e membros das organizações populares, sindicatos e câmaras de comércio, agricultura e turismo"
26/7/2015, (pontos principais) trad. ao port. Jihan Arar (aqui revista)
Distribuída pela Embaixada Da República Árabe Síria No Brasil

Há versão integral (transcrita em francês) e vídeo, no Blog de Sayed Hassan.





Tradução: Jihan Arar


Agora, muitas coisas estão claras como o sol e, apesar da complexidade da situação na Síria, dissipou-se a névoa que assolava as mentes, caíram as máscaras que cobriam muitos rostos, a realidade destruiu muitas das falsas expressões e expôs as mentiras, nas quais tantos queriam fazer o mundo acreditar. [...]

Os nossos questionamentos, como sírios, giram em torno do que a Síria enfrentará, no âmbito da aceleração dos acontecimentos e do processo de destruição sistemática protagonizado pelos grupos terroristas, em níveis sem precedentes em termos de terrorismo.

O que aí se vê é indício da mentalidade criminosa dos governantes dos países que apoiam o terrorismo e, ao mesmo tempo, é a expressão do fracasso de seus métodos anteriores, que objetivavam empurrar o povo sírio para um pântano de ilusões. 


Aquelas ilusões foram apresentadas aos sírios para que cressem nelas e, através dessa crença, abrissem o caminho para a destruição de sua pátria. E quando o povo sírio não caiu nessa esparrela, o inimigo fez escalar a espiral da selvageria terrorista, como último recurso, com o objetivo de empurrar o povo sírio para o impasse: ou aceita as imposições, ou advirão destruição e morte. 

A avançada da violência também expressa o desespero dos que nos agridem. Expressa o desespero deles, por não terem ainda quebrado a resistência do povo sírio, que luta hoje uma guerra sem precedentes na história moderna. 

A resistência do povo sírio não somente frustrou os planos do inimigo, mas também representa real ameaça ao futuro político dos que apoiam hoje os inimigos da Síria, especialmente depois que o terrorismo e suas reverberações passaram a atingir inocentes lá, também nos países deles. As justificativas falhadas divulgadas pelos inimigos da Síria para enganar a opinião pública nos países deles estavam planejadas para serem usadas depois, como cobertura para quando atacassem nossa pátria e nosso povo.

Durante muito tempo os inimigos da Síria mentiram em casa deles mesmos: mentiram aos próprios cidadãos, dizendo que estariam apoiando revolucionários decentes, gente que aspirava à liberdade e à democracia na Síria. 

Não tardou para que a opinião pública também lá, nos países deles, descobrisse que seus governos apoiavam terroristas na Síria; e em casa deles mesmos o povo pagava o preço do apoio que, na Síria, seus governantes garantiam aos terroristas. 

Nos últimos anos, o que mais se ouviu for que nossa região exportaria o terrorismo para o resto do mundo, para o ocidente. Hoje, o ocidente está convertido em incubadora de terror, que produz e exporta terroristas para cá. Aquelas incubadoras somam-se então às que já existem em nossa região, especialmente nos países do Golfo e nos países que aderiram, recentemente, ao cenário do terrorismo – como a Tunísia depois dos acontecimentos de 2010 e 2011, e a Líbia. 

Essas incubadoras de terror e terroristas passaram a interagir entre elas, e a exportar o terrorismo para as outras regiões. 

Antes da ofensiva contra a Síria, e até durante a ofensiva, demos muitas explicações, explicamos ao mundo que o terrorismo não conhece fronteiras, que nenhum dos procedimentos que o ocidente cogitava adotar jamais impediria o avanço do terror e dos terroristas, e que denúncias e declarações não detêm terroristas. Chamamos várias vezes a atenção de todos para o fato de que a propagação do terrorismo não é processo que se deixe deter com guerras; que não é processo que se detenha com aviões, como os dos aliados. 

Terrorismo é pensamento doentio, doutrina pervertida, prática anormal surgida e desenvolvida num ambiente mergulhado na ignorância e no retrocesso. Adicionem-se a isso os direitos dos povos, saqueados e desprezados. 

Não é segredo para ninguém que a violência da colonização está na base de todos esses fatores, que a violência da colonização os consolidou e continua a consolidar. O território do terrorismo ampliou-se, seus recursos materiais e os seus efetivos aumentaram.

Consequentemente, podemos esperar algum tipo de cooperação honesta com a nossa luta contra o terrorismo? São estados historicamente colonialistas. Será talvez possível, que colonizadores cuja história escreveu-se em páginas de ocupações, assassinatos, destruição, o terrorismo queimando povos e os submetendo, de apoio a organizações terroristas dissimuladas sob cobertura religiosa como os Irmãos Hipócritas, depois a Al-Qaeda e suas irmãs, venham algum dia a combater o terrorismo? É impossível, porque o colonialismo é sinônimo de terrorismo, amoralidade e inumanidade.

Quem queira combater o terrorismo tem de construir políticas coerentes, baseadas na justiça e no respeito à vontade dos povos que querem autodeterminar, eles mesmos, o próprio destino, que querem retomar os seus direitos, baseados na propagação do saber, no combate à ignorância, na melhoria da economia, e na conscientização e no desenvolvimento da sociedade; até mesmo, como último recurso, numa ofensiva militar. Mas mesmo que não haja outro meio para defender a pátria, nenhuma ofensiva militar jamais substituirá as políticas e medidas que trabalhem para cercar os fatores de surgimento e crescimento do terrorismo. 

Só assim é possível arrancar o terrorismo pela raiz, em vez de apenas fingir que se aparam algumas garras, como nossos inimigos têm feito até agora. Porque aquelas garras voltarão a crescer, mais fortes e mais letais. 

A miopia dos nossos inimigos levou-os a acreditar que estariam a salvo das faíscas do terrorismo, que se espalham de um ponto a outro nesse nosso mundo árabe, já instável. Aquela miopia impediu que avaliassem que o terrorismo logo alcançaria o coração do continente europeu, mais especificamente, o oeste europeu. 

Mas nem com tudo isso se conscientizaram, porque o tratamento que eles mesmos dão ao que se vê naquela parte da Europa continua marcado pela hipocrisia. 

Terrorismo, quando mata dentro da casa deles. Mas 'revolução', 'liberdade', 'democracia' e 'direitos humanos', quando nos atinge. Os agentes do terrorismo só são terroristas, quando os atingem. Quando nos atingem, são revolucionários e "oposição moderada". Os gritos deles ecoam pelo mundo, quando são atingidos por uma faísca. Mas o silêncio é total, por lá, quando os queimados somos nós. 

Há recentes mudanças positivas no cenário internacional, que são bem reais. É verdade que há uma leitura diferente da situação na Síria, muitos já compreendem as mentiras e os falsos argumentos de que se servem nossos inimigos, especialmente no ocidente. Porém, estas mudanças positivas no cenário ocidental são mudanças instáveis, inconstantes, porque brotam da preocupação com o terrorismo que os atingiu. Porque brotam da preocupação de que, se o Oriente Médio transformar-se em cenário de propagação do terrorismo, este terrorismo estará presente lá, especificamente, na periferia da Europa. 

Há preocupação e desnorteio, porque alguns dos nossos irmãos árabes criaram para eles mesmos fórmulas simplificadas, que se resumiam a uma 'dose' de terrorismo que seria controlável com uma 'dose' de derrubada de Estados, uma 'dose' de desordem suportável e uma 'dose' de trocas de caras e governantes, E assim o repasto estaria pronto, para que os convidados deles devorassem as nossas nações. 

Afinal, perceberam que a conta absolutamente não é essa, que as coisas correram em direção totalmente diferente. Por isso lhes digo que essas mudanças são instáveis, inconstantes, incertas. Nossos inimigos não aprenderam lições e não possuem nenhuma ética, entre eles, impera a duplicidade de valores. Por isso lhes digo que as mudanças que se veem hoje são temporárias e não podemos confiar no futuro, porque a toda hora tudo muda, conforme muda a situação interna deles, as eleições e tudo o que se relaciona ao terrorismo, e aí eles voltam às políticas colonialistas de antes.

Quando os valores forem estabelecidos de forma única e não dupla, seria como se eles dissessem, declaradamente, que os revolucionários os quais eles apoiaram são terroristas e que a chamada oposição não é feita daqueles que pediam por liberdade e sim por pequenos agentes, e aí talvez pudéssemos confiar na mudança da Europa Ocidental e no Ocidente como um todo. 

Porque essa imagem era clara em nosso espírito, nós, desde dos primeiros dias da crise, só confiamos em nós mesmos, sem esperar por nada de bom se não pelo lado dos verdadeiros amigos do povo sírio. Amigos dotados de princípios e de moral, que querem a estabilidade na região deles, na Síria e em todo o mundo; que respeitam o direito internacional e a vontade dos povos, e que consideram que as relações internacionais devem construir-se em pé de igualdade, não sobre relações de senhores e escravos.

Os países BRICS posicionaram-se, ao lado de outros países, de forma equilibrada com relação aos acontecimentos na Síria e contribuíram para elucidar para o mundo a verdade do que vem ocorrendo. O Irã ofereceu apoio econômico, militar e político, contribuindo desta forma para consolidar a resistência e a imunidade do nosso povo, partindo do princípio de que a batalha não é de um só país ou governo ou presidente, como nossos inimigos tentam divulgar. Mas é batalha de um eixo integrado, que não representa os países em si, porque representa uma sistemática de independência, dignidade e bem-estar para todos os povos. 

Foi o que a Rússia fez, ao compor com a China um dispositivo de segurança, que impediu a transformação do Conselho de Segurança num instrumento de ameaça aos povos e em plataforma para lançar ataques contra os países, especialmente a Síria. 

A Rússia lançou uma série de iniciativas construtivas, que tinham como objetivo bloquear o caminho das medidas sugeridas pelo ocidente, e levar os acontecimentos em direção ao diálogo entre os sírios. 

Em contrapartida, nossa orientação era a tomar em consideração todas as iniciativas, sem exceção e independente das intenções, apesar de sabermos, com certa antecedência, que muitas delas eram más, porque temos a firme convicção de que qualquer oportunidade, por mais remota que seja, de impedir o derramamento de sangue é oportunidade que deve ser agarrada, sem hesitação, porque o sangue dos sírios está acima de qualquer consideração. E o fim da guerra é a nossa prioridade. Ao mesmo tempo, queríamos encurtar o caminho em relação aos desconfiados e iludidos, que acreditam que a crise está relacionada à questão das reformas políticas ou à questão do diálogo ou algo parecido, especialmente em relação aos adeptos do "se". "Se" tivessem feito tal coisa, não estaríamos como estamos..." 

Desde os primeiros dias de nossa crise, decidimos considerar todas as iniciativas. Assim visamos a provar àqueles todos, que a crise nunca esteve ligada a questões políticas, mas, sim, ao apoio ao terrorismo.

Por essa razão fomos aos diálogos de Genebra e Moscou, que tinham como objetivo estabelecer uma base política comum aos participantes, que deveria, supostamente, conseguir a um consenso entre os mais diferentes espectros da Síria. E esse consenso seria objetivo de todos, ou era o que se supunha. Desde o início dos diálogos, os sírios propusemos questões lógicas e coerentes, ligadas umas às outras. 

– Qual a relação entre política e terrorismo? 

– Qual é a relação entre as personalidades chamadas de "oposição externa" e o terrorismo? Na verdade, "oposição externa" não significa que esteja no exterior, mas, sim, que tem conexões com o exterior, porque parte dessa oposição externa está dentro da Síria e beneficia-se política e financeiramente dessa conexão.

– Qual a relação entre a chamada oposição externa e os terroristas ativos dentro da Síria, já que esses terroristas anunciaram, desde o princípio, que rejeitam qualquer relação com aquela oposição e não negociariam com ela? 

– Por que os senhores dialogam com pessoas que não têm qualquer influência sobre os terroristas e não os representam, alguns que só se representam eles mesmos, ou não representam, de fato, coisa alguma? 

Em resumo, várias perguntas que se sintetizam numa só: Como o diálogo político ou os diálogos políticos realizados por eles poderiam resultar no fim do terrorismo na Síria? Essa é a pergunta que não sai da cabeça de cada um e de todos os cidadãos sírios.

Em teoria, não há nenhuma relação entre o diálogo, o trabalho político e o terrorismo,  porque o trabalho político tem como objetivo desenvolver o sistema político na direção de maior prosperidade, da urbanização, reforçando a imunidade interna e externa do país. E o terrorismo mata, destrói e fragiliza. Isso em termos teóricos. 

Mas na prática, a relação é muito, muito forte e sólida, porque esta oposição ligada ao exterior, e os terroristas, têm algo em comum: um mesmo patrão. É aquele patrão quem financia, administra, coordena e mexe as cordas. É ele quem manda os terroristas subirem a espiral do terrorismo, internamente, e, externamente, manda a oposição externa ligada a ele gritar mais alto, para assim aumentar as pressões políticas. Na prática, esses dois lados são membros de um único corpo. Cada membro cumpre à sua maneira o papel que recebe, mas tudo é coordenado por um mesmo cérebro. 

O objetivo do patrão é servir-se das duas vertentes, do terrorismo e da 'via política', para empurrar os sírios a aceitar a situação de povo vassalo, que tudo aceita do que lhe seja 'politicamente' imposto. E caso não aceitem, aqueles grupos continuarão a apoiar o terrorismo e a destruir o país. Resumindo, o terrorismo é o verdadeiro instrumento; a vertente política é instrumento secundário. O terrorismo orienta a vertente política. Caso consigam alcançar os resultados desejados ou concretizar os seus objetivos pelo eixo político, tudo bem; se não, o papel do terrorismo é fazê-los chegar àqueles mesmos objetivos.

O que significa isso? Significa que, dado que o mesmo patrão tem ao seu lado e em conexão com ele os terroristas e a parte dos participantes dos diálogos que 'representam' a "oposição externa", eles podem frustrar a via política, que eles chamam de "caminho político" e nós preferimos chamar de "processo político". É o mesmo que dizer que tudo ali é conversa oca, vazia, sem nenhum significado. 

Claro que a mídia internacional explorará precisamente isso. Dirão que "presidente sírio anunciou que rejeita o trabalho político e insiste na solução militar". Palavreado oco que não nos interessa. [Aplausos]

Apesar de sabermos que a origem de todo o processo é o terrorismo e o apoio ao terrorismo, mesmo assim somos favoráveis a qualquer tipo de diálogo político, mesmo que só possa ter efeito mínimo sobre a crise. Acrescento que a expressão ‘solução política’ é imprecisa. A solução brotará de três eixos: o eixo político, o eixo da segurança e o eixo militar.

Somos a favor do processo político e o apoiamos, mas favorecê-lo e apoiar o processo político é uma coisa; outra, bem diferente, é usar o processo político para enganar. E enquanto nossos inimigos usarem o terrorismo para influenciar o processo político, o processo político não será eficaz.

Significa dizer que, se queremos um diálogo sírio-sírio livre de chantagens, longe das extorsões, então temos obrigatoriamente de derrotar e erradicar o terrorismo, para que o diálogo se torne um diálogo verdadeiro e sério entre os sírios. 

Todos nós sabemos bem que o patrão de todo o terrorismo e da chamada "oposição externa" nunca atacará eficazmente o terrorismo, porque, se atacasse seriamente o terrorismo, ele mesmo perderia a capacidade para controlar o andamento dos acontecimentos.

Além disso, supor que o diálogo se tornaria puramente inter-sírios, se o patrão do terrorismo atacasse o terrorismo, não passa de teoria no vazio. Mesmo que o terrorismo continue a ser atingido, nem por isso o diálogo sírio-sírio tornar-se-á 'puro', porque, como acabei de dizer, há uma oposição ligada ao exterior, que também é parte do diálogo. 

Dentro do diálogo há três tipos de participantes: 
– o patriota sírio; 
– o agente do ocidente; e 
– o oportunista.

Assim se constitui um grupo de pessoas que não têm qualquer filiação política, mas que encontrou, na "via política", uma oportunidade para servir aos próprios interesses pessoais, mesmo que à custa da pátria. 

Os dois últimos tipos, o agente do ocidente e o oportunista, têm capacidade para atacar e destruir qualquer unanimidade que possamos vir a alcançar como Estado sírio mediante nosso diálogo com personalidades patrióticas. Foi precisamente o que aconteceu em Moscou I e II. 

E ainda há quem diga que o Estado sírio não toma iniciativas. "Se tomasse a iniciativa, as coisas iriam bem, porque tudo mudou: os terroristas só pensam em arrepender-se, e o ocidente chora pelo povo sírio, e todo o problema está em que o governo sírio não inova em matéria de soluções ou iniciativas." 

Essa posição tem algo de ingênuo, mas, de qualquer modo, é o que pensam alguns opositores "externos", que gostariam muito de jogar sobre o governo sírio toda a responsabilidade pelo fracasso dos diálogos, no caso de a "via política" traçada pelo patrão deles não chegar aos objetivos buscados. 

Sobre iniciativas que o governo sírio não teria tomado, digo-lhes que quem não viu todas as iniciativas que já apresentamos, jamais verá iniciativa alguma no futuro. Já apresentamos inúmeras iniciativas e projetos, a começar pela iniciativa política em 2013, da qual mais de 20 mil pessoas se beneficiaram, com os decretos de anistia para pessoas implicadas mas não condenadas por determinados tipos de crime, além das reconciliações, acertos, reformas de leis e da Constituição e outros. Quem não viu essas iniciativas, jamais verá iniciativa alguma no futuro. 

Mas praticamente consideradas, o objetivo de todas as nossas iniciativas é quem está do lado de cá do muro, que tem interesse em ver nossas iniciativas. Muitas delas tiveram efeito positivo. 

Aos que dizem 'tomem qualquer iniciativa; se não ganhamos, também não perdemos’, respondo que não, não estão certos. Iniciativas de Estado não são matérias para encher páginas de jornais, são ações concretas, no mundo real. E esse tipo de ação faz as coisas avançar ou as fazem recuar. E se não tiverem qualquer efeito, significará que também não têm qualquer valor. Nesse caso, por que deveríamos tomar iniciativas sem efeito, peso ou valor? 

Não estamos em uma situação qualquer da qual tenhamos escolhido participar, não estamos num mercado ou uma bolsa de valores, onde, se não participarmos, alguém aparecerá para aproveitar-se da oportunidade. Estamos numa luta real, em campo. Trata-se de fazer política. 

Ainda mais, porque sabemos que iniciativa alguma destinada às potências inimigas ou aos inimigos e seus agentes – e seja qual for a iniciativa – não levará a nenhum resultado, e por um simples motivo: 

– porque a única iniciativa que lhes interessaria e que eles aceitariam seria a entrega total da Síria ao patrão deles , com o povo sírio convertido em escravo e seguidor, que cumpre ordens superiores, como eles mesmos vivem de obedecer e cumprir ordens. 

Isso, nunca terão, sonhem o quanto quiserem. [Aplausos]

Quanto à conversa sobre as concessões que o Estado sírio – sempre acusado de ser radical, duro, inflexível e não realista –, há um princípio de Direito bem simples e primário: ninguém tem o direito de dar o que não lhe pertence, a menos que receba uma procuração do proprietário. E nós, no Estado sírio, não temos qualquer procuração do povo sírio que nos autorize a fazer concessões sobre os direitos nacionais dos sírios. [Aplausos]

O povo sírio é o único senhor de direitos nessa questão, que pode fazer concessões, se quiser. Mas se o povo sírio quisesse renunciar a tais direitos, não teria resistido por quatro anos e não teria pago o alto preço que pagou e continua pagando. 

Em síntese, resumindo o que ficou dito até aqui: nenhuma proposta política que não parta, como base, da necessidade de erradicar o terrorismo, jamais terá qualquer significado ou qualquer possibilidade de germinar. 

Eis porque, enquanto a situação política não melhorar muito, como efeito de trabalho sério, não temos outra escolha além de prosseguir no nosso combate contra o terrorismo. Não há outra opção. Como já disse: somos absolutamente favoráveis ao processo político. Mas, na realidade com a qual nos defrontamos, a única solução que temos pela frente passa pelo combate. 

Não há política, economia, cultura ou ética onde grassa o terrorismo. 

Com todo esse quadro bem compreendido pelos sírios, a situação em campo é o centro de todas as nossas atenções, dia e noite, todas as horas. 

É meu dever hoje responder a muitas perguntas recentes sobre a situação em campo.

Os sírios não procuramos guerra. Quando a guerra nos foi imposta, nossas Forças Armadas passaram a enfrentar os terroristas em todos os lugares. Batalhas sempre têm altos e baixos. É da natureza das batalhas de forma geral, mas o tipo de guerra que travamos hoje exigiria que as Forças Armadas estivessem em cada palmo de chão de todo o território sírio. Não é possível. Então os terroristas conseguem entrar em algumas áreas e desestabilizá-las por algum tempo, até que o Exército Sírio possa chegar até lá e libertá-las. Esse vem e vai vem ocorrendo continuadamente desde o início dos acontecimentos. 

Recentemente, resultado da robusta resistência síria, povo e exército, os "estados terroristas" passaram a um nível acima de apoio aos terroristas, logístico, militar, financeiro e com um suplemento de armas e de efetivos. Várias vezes intervieram diretamente em apoio aos terroristas, como aconteceu em Idleb, com os turcos; acrescente-se a isso o fato de que algumas regiões que estavam sob controle do Estado caíram em mãos dos terroristas.

Criou-se assim uma espécie e frustração entre os cidadãos sírios, tanto mais visível, porque a propaganda inimiga exibiu-a e repercutiu-a como se se tratasse de estertores finais do Estado Sírio: "Fim do Estado Sírio! Fim do Exército Sírio! Os terroristas começam a vencer a guerra!"

Paralelamente, enquanto o Exército Árabe Sírio vencia combates em outras regiões, a propaganda inimiga dizia: "Não, quem vence algumas batalhas são exércitos trazidos do exterior para ajudar o Exército Árabe Sírio debilitado pelo cansaço e pela frustração." Evidentemente, esses 'veículos' queriam falar do Irã. 

Para ser bem claro sobre esse tema: do ponto de vista dos combates em campo, o Irã nosso irmão nos ofereceu sua expertise militar e só, mais nada. 

Quanto aos nossos fiéis irmãos da Resistência libanesa, esses se batem ao nosso lado, nos oferecendo o máximo de suas possibilidades, e misturam o sangue dos mártires deles ao sangue dos nossos mártires. O papel deles é importante, porque aquela contribuição muito eficaz conduziu explorações em mais de um ponto. A experiência deles, suas competências, notoriamente reconhecidas, são muito úteis no tipo de guerra que enfrentamos. 

Muito lhes agradecemos, pela coragem deles, pela força deles e por sua solidariedade.

Isso posto, todos sabemos que nenhuma força de apoio substitui a força principal, e nenhuma força amiga poderá vir defender nossa pátria em nosso lugar.

Quanto à frustração ressentida depois da retirada de nossas Forças Armadas de alguma regiões, em nada abalou a confiança nas competências de nosso Exército – como o testemunha o aumento no número de voluntários nos meses de abril e maio – período dos mais difíceis.

Sobre prioridades, disponho-me aqui a responder com maior detalhe as seguintes perguntas:

– Estamos abandonando algumas regiões?
– Por que perdemos outras regiões?
– Por que o Exército não vem para regiões nas quais é tão esperado?

Pela Constituição e por princípio, cada palmo da Síria é precioso e caro e em nenhum caso será entregue a seja quem for. Por essa mesma ordem de ideias, não há qualquer distinção entre as regiões, seja pela geografia ou pela demografia. Mas a guerra tem condições, estratégias e prioridades, que variam com as circunstâncias.

As decisões do Alto Comando são ditadas pelas realidades em campo e as prioridades que tenha sido impostas pelo tipo de guerra que enfrentamos. Uma guerra em dezenas de frentes e em todas as direções e regiões, sem exceção, diante de um inimigo mantido pelos estados mais poderosos e mais ricos do planeta, que lhes garantem suprimento ilimitado de armas, dinheiro e combatentes. Nessas condições, supor que poderíamos ganhar todas as batalhas é irrealismo – como já se sabe desde o início, mesmo antes da recente escalada. Daí que tenhamos duas prioridades essenciais.

– A primeira prioridade é salvaguardar zonas "importantes", assim definidas porque perdê-las implicaria perder outras, ou várias, a definição das quais depende de critérios políticos, econômicos e de serviço público, sempre levando em conta o equilíbrio entre a importância militar e a importância civil. Só quando a balança pende a favor dos terroristas, a importância militar predomina. 

Pode ser uma cidade, uma planície, uma montanha ou uma colina, cuja queda terá ecos na imprensa ou entre os cidadãos, enquanto nós decidimos defender aquele ponto, custe o que custar, para defender o resto. Às vezes temos de enviar, ou mesmo concentrar, nossas tropas no nível dessas zonas importantes, tendo de retirá-las de outras áreas. 

– A segunda prioridade é a vida dos soldados, nossos heroicos combatentes cujo retorno é esperado pelos pais, mães, esposas, filhos, irmãos, irmãs. Quanto mais estejam forçados a combater, sob risco de sacrificar a própria vida, mais nos empenharemos para que vivam, cumpram suas missões e voltem sãos e salvos às famílias. [Aplausos]

Não importa em que ponto de nossa terra síria, e sempre junto ao nosso coração, mas a vida dos cidadãos e dos soldados é ainda mais importante. Uma vida perdida está perdida para sempre. Terras reconquistam-se. [Aplausos]

Quanto às realidades em campo, o soldado sírio já provou sua coragem, sua competência, sua habilidade e sua grande força, todas qualidades que todo o mundo reconhece, amigos e inimigos. É indiscutível. Mas à natural disparidade entre as pessoas muitas vezes correspondem diferentes resultados obtidos pelas unidades combatentes, ainda que num mesmo contexto. Claro que há erros, vez ou outra, na ação militar. O menor erro pode levar a fracassos que custam muito alto preço. É da natureza das coisas, o que jamais impediu a ação militar de alcançar resultados radicalmente eficazes.

Além dessa disparidade, também a diferença geográfica entre as zonas de combate interfere na ação e no resultado; defesa de uma vila, de um bairro periférico, de uma planície ou de uma colina, criando situações diferentes às quais se acrescenta um fator determinante: o ambiente humano. 

De modo geral, o ambiente humano é favorável ao Estado, mesmo em algumas regiões controladas pelos terroristas. O que varia de uma região a outra é o modo de apoiar nossas Forças Armadas nas regiões mais conflagradas. Algumas regiões garantem um apoio moral, que é essencial. Outras, apoio financeiro, ou encarregando-se da alimentação dos soldados, garantindo informação, cada um à sua maneira, conforme os meios de que disponha. Outros vão ainda mais longe, pegam em armas e engajam-se nos combates ao lado dos soldados do Exército e das Forças Armadas. Esse tipo de ajuda é muito importante para levar os combates a conclusão mais rápida, com o mínimo de baixas.

Haverá quem diga que tudo isso é parte do dever do Exército. É verdade. Mas o dever do Exército não impede ninguém de defender a própria casa, o quarteirão onde vive ou a própria cidade. Nada justifica que o Exército chegue a algumas regiões, e descubra que todos os jovens abandonaram a própria cidade. Não se pode aceitar essa atitude. 

Com o que chegamos à terceira pergunta: "Onde está o Exército?" Pergunta que é feita às vezes como crítica, às vezes como oração e súplica. É assunto sensível, sobre o qual responderei, como sempre faço, com total transparência, mesmo sabendo que veículos da mídia inimiga tratarão de explorar em grandes manchetes. Mas aqui, entre sírios, sabemos discutir essa questão.

Em situação de paz, os efetivos do Exército são limitados ao suficiente para reagir contra ataque surpresa. Em situação de guerra, o Estado tem de complementar seus efetivos, principalmente mediante convocação dos reservistas e recrutamento de voluntários, aos quais se somam todos os recursos e meios civis do Estado, postos à disposição do Comandante Geral do Exército e das Forças Armadas. Acrescentam-se também, segundo a Lei de Mobilização Geral, os meios do setor privado úteis aos combates.

O que significa isso? Significa que a guerra não é assunto exclusivo das Forças Armadas, mas guerra de toda a pátria, guerra do conjunto de toda a sociedade. Com isso bem presente no espírito, estaremos ainda mais prontos para enfrentar as provações mais difíceis, mais duras, mais complexas e as batalhas mais distendidas em todos os fronts.

Sabemos que o "fator humano" é decisivo e a previsão de que numa mobilização geral se alcance 100% não passa de números no papel. Como em situação de paz, e ainda mais em situação de guerra, há número não desprezível de deserções motivadas, essencialmente, pelo medo. Ora, a porcentagem real de efetivos realmente mobilizados em solo influencia a programação e o desenrolar dos combates. Quanto mais baixo o efetivo, mais difícil conduzir operações simultâneas e em profundidade em vários fronts ao mesmo tempo. Daí o número de baixas relativamente alto de baixas entre os civis.

Essa imagem da guerra que acabo de expor nos leva a outra pergunta simples e evidente: "No confronto contra esses estados ricos e poderosos, e contra os terroristas que aqueles estados sustentam sem limites, nossas Forças Armadas são capazes de dar conta de suas tarefas de modo exemplar, e de proteger a pátria?"

Respondo sem exagero algum e com bases realistas, teóricas e práticas: "Sim, não há dúvidas de que são capazes!" [ Aplausos] São capazes, sim, e tranquilamente! 

Mas há leis que regem o universo, como, por exemplo, as leis que dizem que "Nada surge do nada e ao nada volta" ou que "Nada se move, sem energia". Vale dizer que a energia de um exército é sua energia humana. O que implica que se desejamos que nosso Exército dê o melhor que pode dar, temos de oferecer-lhe o melhor que tenhamos.

Ora, todo o necessário foi posto à disposição, mas há falta de energia humana, pelas razões que acabo de evocar. Não significa que eu apresente imagem sombria de nossa situação – embora, sim, o que estou dizendo será recolhido pelos veículos hostis, que se porão a gritar que "O presidente sírio diz que os sírios já não se engajam, confirmando o fracasso do Exército e do Estado." Nada disso. Os sírios alistam-se e engajam-se, como já disse. O número de alistados para recrutamento aumentou sensivelmente em tempos recentes.

O que estou dizendo é que essa falta em energia humana, nas circunstâncias que conhecemos, tornam ainda mais premente que se leve em consideração o "fator tempo". 

Embora não seja decisivo para a questão da guerra, o fator tempo ganha excepcional importância ante os sofrimentos de cidadãos de uma cidade como Alepo, que tanto o inimigo gostaria de ver de joelhos… [Aplausos] Que o inimigo tenta sem parar fazer ajoelhar-se, por seus ataques diretos e mísseis criminosos, pela fome e pela sede. 

É fator importante também ante Deir el-Zor, que o inimigo sitia, tentando que a cidade se renda pela fome. É fator importante em Nebel et Al-Zahra e inúmeras outras cidades e regiões, nas quais a alta densidade populacional obriga o Estado e as Forças Armadas a trabalhar ainda mais depressa. 

Sim, não há dúvidas de que os sírios engajam-se e alistam-se e as Forças Armadas completam a explorações que ultrapassam muito todas as normas teóricos, dadas as circunstâncias, porque entendem que assim devem agir. Gostaríamos que todas as regiões onde há falta de combatentes – que muitas vezes nos obriga a deslocar unidades ocupadas noutras áreas – se beneficiassem dessas ações.

Mas nada disso impede que o Exército esteja presente em Alepo e em Deir el-Zor, ou que demonstre resistência extraordinária. Apenas que, por causa do "fator tempo", sobre o qual insisto, temos de conseguir aumentar a mobilização. Essa é a causa do decreto de anistia que assinei ontem (para desertores que têm manifestado desejo de voltar às fileiras das Forças Armadas) [Aplausos] 

Não há dúvidas, senhoras e senhores, que resistiremos até a vitória. A pátria não é de quem a habita, recebe passaporte ou nacionalidade: a pátria é de quem a defende.

Não temos, pois, nem problema de planejamento, nem problema de fadiga. 

Paralela à guerra militar, travamos uma guerra midiático-psicológica, que tinha como objetivo plantar a ideia de uma Síria dividida em organismos, geograficamente divididos entre apoiadores e opositores, sectários e étnicos. E tentavam fixar esta ideia através do uso da expressão ‘guerra civil’ e através da repetição e da insistência no uso de expressões sectárias e étnicas em qualquer conversa, declaração ou comentário sobre o que ocorre na Síria. O objetivo de tudo isso é arraigar estas informações em nossas mentes, como sírios, para que formulemos um sentimento de que esta é a realidade e que não há escapatória ou esperança de que a Síria volte a ser o que era e, desta forma, aceitaremos os fatos e as mobilizações que nos são impostas pelo exterior.

A realidade, embora complexa, não é esta. Porque a divisão não está fundamentada em bases geográficas. As áreas são perdidas e recuperadas. O controle é perdido e restabelecido. Mas a divisão só ocorre quando o povo a aceita ou quando ele a busca. Ou quando o povo se divide ou quando nega o convívio comum entre os componentes da população. Será que é isso que está acontecendo na Síria? Vejamos:

– É verdade que sírios, de todos os componentes e espectros estão fugindo das áreas onde há terroristas para as áreas onde há o Estado? Sim, é verdade. 

– É verdade que todos esses diferentes grupos e grupamentos estão convivendo, nas mais diferentes áreas da Síria que estão sob o controle do Estado, com a mesma harmonia e homogeneidade que existiam antes da crise? Sim, é verdade.

Alguns dirão que exagero. Muita gente tem acreditado que os sírios estaríamos sendo levados em direção ao sectarismo. Pois lhe digo que não é assim, que essa ideia é errada. A linguagem sectária é uma coisa e o sentimento sectário é outra. 

A verdade é que muitos sírios jamais antes se haviam dado conta do perigo que é o sentimento sectário. Agora, aprenderam as lições da guerra, e a primeira delas é a importância de não ceder ao sectarismo, à introversão e ao isolamento, porque aí está contida a destruição da pátria. 

O que temos é que os componentes presentes no território são apenas componentes. Os terroristas, com todas as suas nacionalidades e etnias de um lado e o restante dos sírios de outro. 

Até hoje ninguém ouviu dizer que alguma população estaria indo, de áreas controladas pelo Estado, para as áreas controladas pelos terroristas. Ninguém tampouco ouviu dizer que a rica diversidade social síria estaria presente nas áreas onde há terroristas, ou que a homogeneidade e harmonia existentes na Síria, presentes na sociedade síria, estão presentes entre os que vivem sob mando dos terroristas. 

Quem queira avaliar a situação na Síria, que a avalie em termos populacionais e populares, antes de avaliá-la geográfica e militarmente. E quem queira avaliar a situação na Síria, deve fazer leitura ampla, não leitura míope; leitura profunda, não superficial. Quando fizer leitura profunda, entenderá que a cota de cada sírio é a Síria como um todo, a Síria única e unificada, a Síria rica em cores, orgulhosa de seus primas de todas as cores e combinações.

Estamos numa fase crucial, onde não existem soluções intermediárias, onde a hesitação se equipara ao derrotismo, onde a covardia se equipara ao agenciamento e à traição. Não há concessões sobre direitos e nem negligência com um único palmo de terra síria. Não seremos escravos. Somos senhores independentes. Senhores das nossas terras, das nossas capacidades e dos nossos direitos. 

O mundo está mudando aos poucos. Os países que prezam os próprios direitos serão, sem dúvida, vitoriosos. O melhor exemplo disso é o acordo alcançado pelo Irã, nosso irmão, com muita paciência e sofrimento, mas também com muita firmeza, determinação e vontade. 

Esta é a postura dos países livres, que não aceitam a escravidão e nem a subserviência, que estabelecem, em primeiro lugar, os interesses dos seus povos para depois decidir sobre os próprios passos e rumos.

O Irã alcançou uma grande vitória, apesar de este grande país ter enfrentado sanções econômicas por mais de três décadas e meia. Ou quase isso. Também enfrentou guerra injusta por mais de oito anos, na qual foram utilizados todos os tipos de armas, incluindo as armas químicas, com o consentimento do Ocidente. A maior parte da infraestrutura iraniana foi destruída. Mesmo assim, o Irã saiu fortalecido, teve conquistas científicas, alcançando o primeiro lugar no campo científico em todo o mundo islâmico, e está hoje entre os vinte melhores do mundo. 

Apesar das sanções, o Irã passou por muitos episódios. Lembro-me das eleições presidenciais iranianas de 2009, assim como lembro de que o primeiro episódio da chamada ‘primavera árabe’ ocorreu no Irã: se conseguissem derrubar o Irã, teriam acabado com todo o resto. Os mesmos inimigos usaram as mesmas expressões e os mesmos métodos. Foram criados canais de televisão que falavam persa, usaram as redes sociais e as mesmas mentiras.

Uma autoridade europeia, em visita à Síria, ao final daqueles eventos, disse-me pessoalmente e claramente: "Vocês devem afastar-se do Irã, porque é questão de meses’. 

Hoje, dizem o mesmo da Síria, o mesmo que diziam sobre o Irã, ou seja, ‘em alguns meses o regime iraniano cairá’. Naquela ocasião, respondi àquela autoridade europeia: "Você voltará daqui a alguns meses, e descobrirá que se enganou." – Não mencionarei o nome desta autoridade, só digo que é uma daquelas autoridades ignóbeis. E lembro bem de toda a sua conduta, enquanto exerceu o seu mandato.

O Irã superou todas essas conspirações de guerra, até mesmo no episódio que mencionei. Conquistou vitórias neste e em outros episódios, porque se manteve unido. A união do povo iraniano foi quem conquistou este acordo e deu ao Irã o direito nuclear. 

Até a oposição iraniana, que vive como refugiada desde o governo do Xá, quando a questão nuclear foi proposta, posicionou-se ao lado da própria pátria, por entender que aquele era, sim, assunto de interesse nacional. Até alguns veículos de mídia controlados pela oposição iraniana no exterior posicionaram-se ao lado do estado iraniano, na questão nuclear. Elas souberam discernir entre as divergências políticas e as divergências nacionais e de identidade nacional. 

Aí se pode ler implícita uma mensagem à oposição síria no exterior, e com conexões no exterior. Aquela gente começou a se lamuriar, no instante em que fracassou o seu projeto de ataque à Síria, em 2013. E tem aumentado o volume das lamúrias, especialmente em tempos mais recentes, quando o volume subiu de forma drástica, dramática, com choros, acusações, zangas e admoestações com os seus senhores ocidentais, porque estes senhores não lhes haviam dado o que eles imploravam, para 'libertar o povo sírio'.

Claro que não ouvimos falar destas fases no Irã. Não ouvimos pedidos para bombardear o Irã, para trocar o Estado e para libertar o povo. 

A oposição síria ligada ao exterior hoje chora porque não deram a ela o que queria, apesar dela ter dado tudo. A oposição síria no exterior deu tudo, mas nada recebeu em troca, porque há regras: eles são servos, e servo é um escravo que só tem deveres, sem direitos: o servo é usado, sem receber nada em troca. Todos desprezam essa oposição síria no exterior. Ouve-se isso de cada autoridade ocidental. O que dizem é que aquela oposição é desprezível. O mundo despreza aquela oposição síria no exterior, ainda mais do que o povo sírio a despreza. Por quê? Porque nós, na Síria, conhecemos alguns dos seus agentes, mas fora daqui as autoridades sabem tudo sobre eles. Por isso, aqueles que, de longe, trabalham contra a Síria, serão usados como papel e depois serão jogados no cesto de lixo. Quanto ao povo sírio, este os jogou no lixo da história há muito tempo.

O preço que estamos pagando é muito alto, porque o plano é grande e a guerra é guerra pela existência. Ser ou não ser. É verdade que o fator da interferência externa teve uma influência fundamental quanto a incendiar esta guerra, mas a maioria de nós tem consciência, hoje, de que o fator interno é mais importante para apagar este fogo.

A vitória da Síria nesta guerra não significa apenas a derrota do terrorismo, mas também que a região recuperará a sua estabilidade, porque o futuro da nossa região será definido e terá seus traços desenhados com base no futuro da Síria. 

O holocausto virá pelo plano para dividir a região e pelas guerras. Se quisermos proteger nossos filhos e deixá-los longe disso, é imprescindível que vençamos em nossa batalha e em nossa guerra. Aí sim entregaremos a eles um legado do qual se orgulharão no futuro. E eles serão os senhores verdadeiros de sua pátria. 

Nossa opção é clara desde o primeiro dia: seremos donos da vontade, da confiança e da vitória. A vitória não é apenas para um classe dos sírios em detrimento de outra, mas sim a vitória de todos os sírios contra planos feitos de longe, contra eles. Foi isso que aconteceu com muitos daqueles que apontaram suas armas na direção do Estado e depois mudaram o alvo, vieram para o nosso lado para lutar, ombro a ombro, com seus irmãos do Exército e das Forças Armadas. Muitos deles tornaram-se mártires, nas mais diversas regiões. O nosso sangue é um só, o nosso inimigo é um só e o nosso destino, um só.

Convoco a cada um dos que ainda hesitam, com medo ou com dúvidas ou com esperanças em sonhos que nunca se realizarão, que sigam o mesmo caminho daqueles que os precederam, para unir armas contra o inimigo comum, nosso inimigo comum e mais perigoso: o terrorismo. 

Quanto às promessas do exterior, para aqueles que ainda acreditam nelas, estas não passarão de ilusões enquanto tivermos os nossos heróis no Exército e nas Forças Armadas lutando, nas piores circunstâncias, varando noites em claro, para que os sírios possam dormir em paz e enquanto morrem como mártires para que a Síria viva.

A história registrará o que a Síria está testemunhando, em termos de terrorismo e morte. E vocês escreverão o capítulo sobre quando a Síria defendeu-se e livrou-se dos terroristas, quando protegeu e garantiu a sobrevivência de seu próprio povo.

Agradecemos ao Irã, nosso irmão, por tudo o que fez e está fazendo para apoiar a Síria.

Agradecemos a nossa amiga Rússia e a sempre confiável China, pelas ajudas em vários aspectos, especialmente nos fóruns internacionais.

À Resistência libanesa, agradeço de coração pela recíproca lealdade e pelo sangue por sangue. 

Saúdo cada um dos sírios que resistem, apesar da dor e da ferimentos, pela paciência ao suportar o fardo das sanções, do bloqueio econômico, da escassez de recursos, por manterem o apego à própria terra, apesar de todas as tentações das viagens e da imigração. 

Esse sírio resistente desafiou o terrorismo, os mísseis da morte, e com sua paciência e persistência mostrou o mais profundo sentido do apego à terra e às raízes, dando ao patriotismo o seu verdadeiro sentido. Na sobrevivência do povo sírio está a sobrevivência da pátria síria. 

Nossa terra é nosso direito. Defender nossa terra é nosso direito. E Deus está ao lado do direito. ******

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