sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Sentindo-se ignorada por Obama dinastia saudita ameaça se automutilar

14/1/2016, Moon of Alabama



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Alguém pagou a Kim Ghattas, correspondende da BBC em Washington, para escrever coluna super pró-sauditas paraForeign Policy.

Foi dinheiro posto fora. A coluna, The Saudi-Iran War Is America’s Fault 
[A guerra Sauditas-Irã é culpa dos EUA], é tão vagabunda quanto o título.

O argumento central é algo como: Se os EUA não pararem o desarmamento nuclear do Irã – pior inimigo dos sauditas –, nesse caso os sauditas terão de desestabilizar a Arábia Saudita.

Não, não faz sentido. Mas é o argumento sobre o qual a coluna elabora. E é, sim, precisamente o que os sauditas já estão fazendo.

Alguns excertos:

"EUA não podem ignorar ou escolher manter-se distantes da crescente rivalidade entre Irã e Arábia Saudita. Não é questão puramente religiosa, e não é guerra civil de outros – é ninho de vespas no qual Washington meteu o dedo, tentando um acordo nuclear com o Irã (...). Esse contexto regional mutante gerado pelo acordo nuclear explica não só a posição cada dia mais assertiva da Arábia Saudita em meses recentes, mas, também, a decisão de executar o clérigo xiita Nimr al-Nimr, dia 2 de janeiro."

Não apenas Obama é responsável pelas provocações dos sauditas contra Teerã, mas, também foi ele quem assassinou o saudita incendiador de multidões Nimr al-Nimr!

E como conseguiu isso?

"Os sauditas sabiam que, se executada, a sentença de morte provocaria os iranianos e preocuparia os norte-americanos. Assim sendo, por que escolheram aquele momento? Porque era hora de mandar mensagem clara ao governo do presidente Barack Obama dos EUA, de que Riad tem sido tão antagonizada por Washington, que já não se sente na obrigação de acompanhar os esforços dos norte-americanos, para não perturbar demais o Irã.

Então os sauditas mataram Nimr, porque, como bebê que tropeça nos próprios pés, estavam carentes de atenção de Obama.


Os sauditas também foram à guerra contra o Iêmen por causa da falta de atenção de Obama, diz a colunista. Ela até admite que a guerra vai muito mal, mas os sauditas insistirão em guerras, seja como for, porque Obama está caído para o lado do Irã. Como seria possível interpretar o apoio que os EUA dão aos ataques dos sauditas contra o Iêmen, com aviões-tanque, inteligência, definição de alvos e entrega ilimitada de munição, como falta de atenção dos EUA para com os sauditas... São detalhes que ficam sem explicar.


Os sauditas também estão achando ruim que Obama não tenha protestado quando um terrorista antiocidente que estava na folha de pagamento deles, foi morto:
Em dezembro, o comandante de poderoso grupo rebelde islamista sírio, Zahran Alloush, foi morto em ataque aéreo que os rebeldes atribuíram à Rússia. Alloush não foi moderado nem foi amigo do ocidente, mas foi poderoso líder rebelde e a morte dele foi duro golpe contra os esforços de paz na Síria.
...

Aos olhos de Riad, a nenhuma resposta de Washington à morte de Alloush foi mais grave que o próprio ataque que o matou.
Quer dizer: Obama deveria ter protestado muito contra o fim de um jihadista anti-ocidente, que publicamente pôs mulheres e crianças em gaiolas para usá-las como escudo humano, porque... 


E por aí segue o nonsense, nessa toada. Sim, diz a colunista, os sauditas são mais ricos e têm mais e melhores armas que o Irã e contam com mais apoio internacional. Mas ainda assim morrem de medo do Irã, e a culpa é de Obama.


A ameaça está, diz a jornalista, em que os sauditas continuarão no mesmo comportamento infantiloide e podem machucar-se ainda mais gravemente. O que, para ela, parece que seria péssimo. Obama, portanto, deve aplicar tapinhas nas costas sauditas, e esbofetear o Irã.


A jornalista consegue, com sucesso, expor a irracionalidade do recente comportamento dos sauditas. Mas em seguida usa a mesma irracionalidade como argumento pró-sauditas, para requerer que os EUA envolvam-se mais diretamente. Não me parece raciocínio muito convincente. Duvido que convença alguém. A embaixada saudita em Washington tem todo o direito de exigir de volta o dinheiro dela.


Não há dúvidas de que os sauditas não estão se saindo muito bem. A guerra contra o Iêmen é cara, infindável e até agora traz resultado positivo zero. Grandes parceiros das novas alianças que os sauditas anunciaram já repudiaramaquela guerra e recusam-se a participar. O preço do petróleo, que continua a afundar, está criando graves dificuldades de orçamento.


Mas os sauditas ainda podem fazer muito pior, e se essa matéria ainda não confirmada estiver certa, começarão logo-logo:

O rei saudita Salman Al-Saud planeja abdicar e instalar no trono, como rei, o filho Mohammed, várias fontes de alto escalão disseram ao Institute for Gulf Affairs

Mohamed bin Salman é o atual príncipe coroado, segundo na linha de sucessão e ministro da Defesa.
O rei Salman, 80, tem conversado com os irmãos, buscando apoio para esse movimento que também removerá o atual príncipe coroado e favorito dos EUA, o linha-dura Mohammed bin Naif, das duas posições que tem hoje, como príncipe coroado e ministro do Interior. 
...
Os planos de Salman são abdicar e pôr no trono o filho enquanto o ex-rei ainda vive, para tentar impedir que sua linhagem seja marginalizada e deposta do poder, como aconteceu com todos os filhos de ex-reis sauditas que perderam poder e influência depois da morte do pai. 
...
As fontes não sabem definir prazos para a abdicação, mas creem que o assunto estará resolvido em questão de semanas.

O vice-príncipe coroado príncipe Mohamed bin Salman, o homem que deve ao PIB, é responsável pela totalmente irresponsável guerra ao Iêmen e a continuação dela. As reformas econômicas e sociais que planeja são garantia de agitação popular dentro da Arábia Saudita. A coroação dele também gerará problemas gravíssimos dentro da própria imensa família real saudita. Muitos príncipes mais velhos sentir-se-ão prejudicados e começarão a mover os próprios cordões para recuperarem o poder.


Essa mudança precipitada de guarda é, provavelmente, a pior coisa que os sauditas poderiam fazer contra eles mesmos. Mas... como argumenta a jornalista de Foreign Policy acima citada, aí, precisamente, está a razão pela qual Washington deve pôr-se a mimar os sauditas e atacar o Irã.


Resta esperar que mais ninguém em Washington chegue à mesma e lunática 'conclusão'. *****

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