sábado, 25 de junho de 2016

Inevitável novo tratado Alemanha-Rússia de cooperação econômica

24.06.2016, John Helmer, Dances with Bears, Moscou


Alô-alô Rapallo (1920 e 1922)!

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Estão em andamento negociações secretas já há algum tempo entre altos funcionários alemães e russos – das quais a chanceler Angela Merkel foi excluída. Avisada pela secretária de Estado assistente Victoria Nuland, e também em recente comunicado cifrado do presidente Barack Obama (em final de mandato), de que ela trate de agir para salvar sua autoridade e fazer valer as sanções da União Europeia contra a Rússia, Merkel também recebeu um ultimato do próprio partido e do próprio gabinete. Teve a forma de uma página arrancada de uma antiga Bíblia Germânica, na qual foi pintado um grande ponto negro. Ou ela se retira secretamente do comando do governo, ou será obrigada a renunciar publicamente.

Para mais detalhes sobre o significado do Ponto Negro leia aqui [em port., encontra-se também "Marca Negra"; ing. The Black Spot (NTs)]. 

Excertos do novo tratado, que foi redigido por funcionários de nível ministerial que Merkel não conseguiu deter, estão sendo vazados por fontes próximas dos dois lados das conversas secretas.

As fontes dizem que o plano das negociações começou depois que o ministro das Finanças da Alemanha Wolfgang Schauble (na foto que ilustra a matéria, é o 2º, a partir da esquerda) e o ministro alemão de Relações Exteriores Frank-Walter Steinmeier (centro) decidiram, de comum acordo, que o ódio que Merkel sente pelo presidente Vladimir Putin tornou-se vulnerabilidade política sem precedentes contra a Alemanha e contra eles próprios. Fontes russas próximas do ministro Sergei Lavrov (1º à esquerda) e do chefe de gabinete do presidente no Kremlin Sergei Ivanov (à direita) acreditam que o apoio de Merkel à guerra dos EUA contra a Rússia criou riscos de confronto militar direto ao longo do front ocidental e no Mar Báltico; e o crescimento na Alemanha da onda de refugiados da Ucrânia, estados Bálticos, Síria e Turquia. Os funcionários alemães ficaram consternados, dizem fontes suíças, pela escalada das ameaças do Tesouro dos EUA contra bancos alemães; e por relatórios de lobbies do business alemão e de sindicatos rurais e de cidades, que falam de bilhões de euros em perdas comerciais que atribuem às sanções dos EUA e da União Europeia.

As fontes também dizem que o referendo holandês de 16/4/2016, que rejeitou o acordo da UE com a Ucrânia, foi o "primeiro tiro na cabeça da Merkel". Para saber detalhes do referendo holandês, leia aqui

Relatórios de inteligência de agentes alemães com base em Londres, alertando que o referendo britânico muito provavelmente decidiria contra a permanência na UE, reforçaram o interesse dos alemães para conversar secretamente em alto nível com Moscou. O resultado Brexit do dia 24/6 foi, segundo essas fontes, "o golpe de misericórdia para Merkel". Para detalhes sobre os votos a favor de Brexitclique aqui

Agora, fontes alemãs dizem que as conversações com os russos seguiram a linha doTratado de Rapallo. Assinado entre representantes alemães e soviéticos na Itália dia 22/4/1922, aquele tratado foi firmado depois do colapso dos esforços de britânicos, franceses e norte-americanos para conseguir mudar o regime em Moscou e expandir a ocupação militar do território alemão. Para abrir o original do pacto de Rapallo, clique aqui

O chanceler alemão, Joseph Wirth (na foto da época, o 2º a partir da esquerda) e o ministro de Relações Exteriores Walter Rathenau chefiaram a delegação alemã; Georgy Chicherin (centro), Comissário do Povo para Assuntos Externos, chefiou a delegação soviética. 

Para conhecer análises da estratégia russa face à Alemanha, leiam aqui; e para conhecer análises da estratégia russa face aos EUA, aqui

Quando o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi (na foto abaixo, à esquerda) conversou com Putin dia 16/6 em S.Petersburgo, ouviram-no dizer longe dos microfones: "Nos vemos em Rapallo!" 


Vazaram os seguintes excertos do novo tratado que está sendo redigido:

"ARTIGO 1(b): Relações legais em questões públicas e privadas que surjam do estado de guerra, incluindo implantação no território da outra Parte, ameaçando o território da outra Parte, de forças e armas que pertençam a partes não signatárias desse Tratado devem ser dirimidas em bases de reciprocidade e garantias de não agressão entre as partes, inclusive entre membros de grupos diretamente ou indiretamente engajados um contra o outro."

"ARTIGO 5: Os dois governos devem cooperar em espírito de boa-vontade mútua, para atender as necessidades econômicas dos dois países e para que se removam todas as barreiras ao livre movimento de capital e comércio entre eles. No evento de resolução fundamental da questão acima em base internacional, deve haver troca prévia de opiniões entre os dois governos. O governo alemão, tendo recebido informes recentes sobre acordos propostos entre empresas privadas, declara que está pronto a dar todo o apoio possível a esses arranjos e a facilitar o processo para que comecem a gerar efeitos."

As fontes responsáveis pelos vazamentos pediram para serem mantidas anônimas. E tampouco se devem esperar comentários oficiais dos governos alemão e russo, por enquanto.*****

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