domingo, 18 de setembro de 2016

A última "Jihad" de Obama na Ásia

6/9/2016, Wayne Madsen, Strategic Culture Foundation


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



O presidente Barack Obama optou por inflar as tensões militares na Ásia como um de seus derradeiros atos de política exterior na presidência dos EUA. Servindo-se como pano de fundo de discussões sobre a mudança climática e o livre comércio na reunião de Cúpula do G20 em Hangzhou, tomando como se fossem miragens a China e as reuniões de cúpula de EUA-ASEAN e do Leste Asiático em Vientiane, no Laos, para com elas mascarar sua agressiva postura militarista na região do Pacífico Asiático, Obama busca firmar seu "pivô para a Ásia". Obama espera sinceramente que sua sucessora antecipada, sua ex-secretária de Estado Hillary Clinton, expandirá a sua já agressiva provocação regional contra China e Rússia, que o governo dele lançou com aquele seu "pivô" para a Ásia.

Os chineses ultraprotocolares jogaram pela janela a diplomacia e o decoro quando Obama pisou no Aeroporto Internacional em Hangzhou e sua conselheira para segurança nacional Susan Rice e o vice-conselheiro para segurança nacional meteram-se num bate-boca com o pessoal da segurança chinesa. Quando o pessoal da Casa Branca que acompanhava Obama pôs-se a dar ordens ao pessoal chinês, um funcionário da China os pôs no lugar: "Esse é nosso país. Nosso aeroporto." Foi como se o chinês, dando-se conta de que seria a última vez que veria Obama presidente, fizesse saber a ele a aos conservadores de sua equipe de segurança nacional, quem mandava em tudo e todos, enquanto permanecessem em solo chinês. Pelo menos na pista de pouso do Aeroporto Internacional de Hangzhou, os chineses fizeram o "pivô" asiático de Obama dar meia volta e sair de lá.
Foi um vergonhoso "haj" final, para a jihad anti-chinesa de Obama. Obama iniciou seu governo em 2009 com um Prêmio Nobel da Paz inacreditavelmente prematuro. Para a região do Pacífico-Asiático, a presidência de Obama terminou ali, naquela áspera troca de palavras entre seus auxiliares e funcionários chineses, num aeroporto chinês.

Obama começou sua jornada como anfitrião de líderes de ilhas do Pacífico no front da Agência Central de Inteligência, ing. CIA, o Centro Oriente-Ocidente, localizado na instituição que foi alma mater da mãe dele, a University of Hawai’i. Obama foi anfitrião oficial da Conferência de Líderes das Ilhas do Pacífico de 2016 (ing. 2016 Pacific Islands Conference, PIC), naquele centro ligado à CIA. O discurso de Obama àqueles líderes, muitos dos quais de pequenas ilhas-estados do Pacífico, girou em torno, primeiramente, de mudança climática global. Obama também se dirigiu ao Congresso de Conservação Mundial [ing. World Conservation Congress] que também se reunia no Hawai'i.

Obama foi treinado para odiar chineses e adestrado em táticas de medo, da Guerra Fria, por sua mãe, agente da CIA e por seu padrasto do exército fascista da Indonésia, desde criança, na Indonésia pós-golpe de 1965. Obama – que sabe perfeitamente que o sangue de entre 800 mil e um milhão de indonésios, comunistas e cidadãos indonésios de etnias chinesas inundou as ruas, canais e rios da Indonésia de 1965 a 1967, ano em que ele e sua mãe chegaram ao país – entende que seria direito seu, por nascimento, além de dever, dar prosseguimento àquela sua 'jihad' familial contra a China comunista que preencheu sua infância, adolescência e anos de colégio, trazida para dentro de casa pelos pais, conectados à CIA.

O primeiro-ministro de Papua Nova Guiné, Peter O'Neill, soprou para a mídia o que sabia do real propósito da PIC 2016, antes de deixar Port Moresby rumo ao Hawai'i. O'Neill, que chefia um dos governos mais corruptos que Papua Nova Guiné conheceu desde a independência em 1975, disse que "a segurança regional" dividiria a pauta com a mudança climática na conferência do Hawai'i. 

Além da independência das ilhas-estados do Pacífico, a conferência PIC incluiu os territórios norte-americanos de American Samoa, Guam, Northern Marianas e o estado do Hawai'i.

O comandante assistente do Exército dos EUA Tom Hanson, oficial de escalão relativamente baixo para pôr-se a fazer declarações políticas, deu um ultimato à Austrália pouco antes de Obama embarcar para Hawai’i e Ásia. Hanson disse à Australian Broadcasting Corporation que "acho que os australianos têm de escolher (...) é muito difícil andar na corda bamba entre a aliança com os EUA e o engajamento econômico com a China". A declaração fez congelar as relações EUA-Austrália antes de Obama reunir-se com o primeiro-ministro da Austrália Malcom Turnbull, no G20.

A agenda de Obama incluía pressionar alguns líderes presentes à PIC e que deram sinais de resistência contra o status quo político imposto por Washington. Ralph Torres, governador das Northern Marianas, Republicano que recentemente oficializou a Segunda Comissão do Status Político das Marianas que visa a reavaliar o atual status neocolonial imposto pelo acordo que converteu as Northern Marianas em colônia na qual predominam fábricas clandestinas mantidas por trabalho escravo [orig. sweat shops], e os nativos de Northern Marianas praticamente não têm voz ativa na condução dos próprios assuntos. O Pentágono quer converter a ilha de Tinian em alvo para treinamento da Marinha dos EUA com munição viva, decisão que põe em perigo a vida dos 3 mil habitantes da ilha.

Outra colônia dos EUA, Guam, viu crescer uma Comissão de Descolonização e uma Força Tarefa para Independência de Guahan. Guahan é o nome de Guan, no idioma chamorro nativo.

Obama, produto do controle pelos EUA imperialistas sobre o Hawai'i, cuja única importância para Washington é militar, fez tudo que pode para subverter e suprimir as aspirações anticoloniais das ilhas do Pacífico dominadas pelos EUA e sob sua influência política.

O governo Obama também tem aplicado pressão sutil sobre a Federação da Micronésia, um quase-independente ex Protetorado dos EUA, [ing. U.S. Trust Territory], para deter movimentos de independência nos grupos de ilhas de Chuuk e Yap. Sob o Compacto de Livre Associação [ing. Compact of Free Association], os EUA efetivamente controlam a Micronésia e reservam-se o direito de construir bases militares servindo-se do governo federal da Micronésia localizado em Pohnpei. Chuuk e Yap acusam Pohnpei de ignorar seus próprios interesses. Há outros "compactos" neocolonialistas similares em efeito como outro ex-Protetorado dos EUA, as Ilhas Marshall, onde os EUA mantêm um alvo para testes de mísseis, e em Palau, onde os EUA gostariam de construir uma base naval.

Depois de deixar o Hawai'i rumo à Ásia, Obama parou na ilha Midway, controlada pelos EUA, onde inaugurou uma expansão doPapahānaumokuākea National Monument, um grande santuário de vida marinha selvagem. Mas o monumento nacional, além de ser o maior santuário marinho do mundo, tem também a serventia de ampliar a área de vida selvagem protegida até os limites da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) dos EUA. Por ironia, foi a extensão que a China promoveu, de suas ZEEs em torno de suas disputadas ilhas no Mar do Sul da China, que resultou em Obama decidir escalar na confrontação militar regional dos EUA contra a China.

A visita de Obama a outro monumento na Ilha Midway, nesse caso em homenagem à vitória final dos EUA sobre o Japão na Batalha de Midway de 1942, teve pouco a ver com proteger tartarugas marinhas, albatrozes e tubarões tigres, e tudo a ver com proclamar a decisão dos EUA de manter o Oceano Pacífico como "um lago norte-americano". A mensagem a China e Rússia não poderia ter sido mais clara, apesar do cerimonial para mascarar a mensagem militar de Obama, por trás de mudança climática e questões de preservação do meio ambiente.

Também a visita de 'conservação ambiental' de Obama à ilha Midway é muito suspeita. Sob as táticas de neo-Guerra-Fria de Obama, os EUA estão reabrindo bases militares abandonadas ou expandindo bases que haviam sido reduzidas na Islândia, Groenlândia, nas Ilhas Aleutas de Shemya e Attu, Guam, Samoa Norte-americana e nas Filipinas. Midway, ex-base dos EUA, pode também vir a receber nova presença militar ativa, como parte da Jihad de Obama contra China e Rússia. 

O atol de Midway é propriedade, literalmente, do Departamento do Interior dos EUA. Mas o Campo Henderson de Midway é mantido como aeroporto ativo – onde até o Boeing 747 "Air Force One" de Obama pode pousar – por uma empresa privada, American Airports Corporation. Essa empresa opera vários aeroportos no oeste dos EUA, usados para filmar alguns dos seriados mais jingoístas da TV norte-americana, inclusive o seriado de propaganda da CIA, "24 horas"; e da Marinha dos EUA, JAG.

Obama, cuja presidência foi movida a dinheiro e delações, calúnias, mentiras e as mais variadas sordidezes hollywoodianas, talvez tenha de si mesmo a imagem de um jihadista que faz sua pessoal jihad contra China e Rússia, mas, também, a imagem de um futuro astro de filmes de guerra. Bom será se se decidir pela carreira cinematográfica. Assim, pelo menos, as guerras de Obama serão cenográficas, ficcionais, sem verdadeiro sangue humano escorrendo pelas ruas.*****

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