quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Hillary Clinton, FBI e a verdadeira surpresa de novembro, por Pepe Escobar

31/10/2016, Pepe Escobar,Sputniknews












"Por pior que seja, quem toma decisões está acima do presidente. Essa gente pode ter resolvido que é a vez de Trump. Nada disso acontece por acidente."

Rússia não elegerá o próximo President of the USPOTUS

Assim falou personagem de alto nível no US business, dos que fazem e acontecem, com trânsito garantido nos círculos rarefeitos onde vivem e operam os Masters of the Universe, em meio ao impressionante caos político gerado pela mais recente revelação-bomba vinda de James Comey, diretor do FBI. Agora já está virtualmente provado que a advogada-geral dos EUA Loretta Lynch ordenou que Comey não divulgasse sua carta ao Congresso. Mas Comey divulgou. Se não divulgasse, e um escândalo eclodisse, como inevitavelmente eclodiria, depois da eleição presidencial nos EUA, Lynch estaria perfeitamente posicionada para declarar que não sabia de coisa alguma, e Comey estaria na linha de tiro. Lynch é conhecia agente ativa da máquina de Clinton. 

Em 1999 o então presidente nomeou Lynch para dirigir a Procuradoria de Estado em Brooklyn US. Ela saiu de lá em 2002, e meteu-se no setor privado, pela sempre útil porta giratória. Em 2010 voltou ao escritório no Brooklyn, por insistência de Obama. Cinco anos depois, tornou-se o 83º titular da Procuradoria Geral dos EUA, em substituição ao espertalhão sinistro Eric Holder. Há quem diga, muito plausivelmente, que Comey tomou a fatídica decisão baseado em grave revolta interna no FBI – liderada por gente em quem ele confia –, além de ter sido encorajado pela esposa. 

Mas ainda assim uma das questões chaves que não querem calar é por que o FBI esperou até 11 dias antes das eleições presidenciais para, supostamente, "encontrar" um email no laptop de Anthony Weiner pervertido sexual conhecido? Acordo com Donald? 

O que esperar da nova investigação do FBI nos e-mails de Clinton? 

Minha fonte imersa no business, apesar de não simpatizar com a máquina de Clinton, sobretudo em política externa, é praticante da realpolitik, não teórico de conspirações. Afirma sem vacilar que


"a virada do FBI não aconteceria, nunca, de modo algum, sem ordens de acima do presidente. Se os Masters [of the Universe] mudaram de ideia, nesse caso destruirão Hillary." E acrescenta: "podem ter um acordo com Donald, como com qualquer outra pessoa; Donald vence; os Masters vencem; o povo vai acreditar que a voz deles fez-se ouvir. E então haverá algum tipo de mudança (controlada)."


O que não muda em todo o novelão é que a fé no sistema político dos EUA – por mais corrupto que seja – tem de sobreviver. É como a fé no dólar norte-americano: se a confiança no EUA-dólar desmorona, os EUA, como potência financeira hegemônica estão acabados. A fonte também diz sem vacilar que


"uma cobertura tão vasta como a que blinda Hillary é quase sem precedentes. Reunião secreta entre Bill Clinton e a advogada-geral; o FBI atropelando todas as provas e, inicialmente, livrando Hillary de todas as acusações, para uma quase rebelião de todo o FBI, da qual faz prova Rudolf Giuliani cuja reputação como Procurador Federal nunca foi questionada; e a fundação "pague e jogue" dos Clintons. Os Masters estão preocupados com o risco de essa coisa toda sair completamente de controle."


Registros mostram que


"os Masters só muito raramente tiveram de dar-se tanto trabalho para proteger os seus. Conseguiram salvar Bill Clinton do perjúrio do caso de Monica Lewinsky e mantê-lo na presidência. Nesse caso, os Masters não foram atacados. Conseguiram safar-se até no crash de 1987 e no roubo que cercava a queda do Lehman.

Em nenhum desses casos houve desafios que os Masters não pudessem controlar, como os que se veem agora expostos ao público por Trump. Parece que antagonizaram e insultaram o homem errado."


Todos a bordo do trem "Escândalo Huma" 

Hillary Clinton não está no centro da Surpresa de Outubro, de cair o queijo, trazida por Comey; que realmente lá está é a mulher que é o braço direito de e quase "filha" de Hillary, Huma Abedin. Esse ensaio publicado no início de janeiro sobre Huma Abedin incluiu grande quantidade de 'detalhes' – alguns deles, sim, de acordar todos os tipos de suspeitas. No caso de Hillary Clinton vir a ser a próxima presidenta dos EUA (POTUS), Abedin, que também atende pelo codinome de Princesa da Arábia Saudita, muito provavelmente será chefa de gabinete de Hillary – o poder que comanda todas as operações da Casa Branca. 

Nesse material encontram-se já muitas pistas para conhecer a conexão FBI-Huma Abedin. Abedin recebeu acesso livre ao nível Top Secret da segurança dos EUA pela primeira vez em 2009, quando Hillary nomeou-a vice-chefe de operações. Adiante Abedin diria que "não se lembrava" de ter sido incluída em qualquer Programa de Acesso Especial [ing. Special Access Programs (SAPs)].


É crucialmente importante lembrar que um dos endereços de e-mail de Abedin era huma@clintonemail.com. Tradução crucialmente importante: ela era a única assessora de alto nível do Departamento de Estado cujos e-mails eram hospedados no famoso Servidor Subterrâneo de Email de Clinton –, o mesmo que ela disse não saber que existia até que viu a notícia na mídia.


Abedin declarou sob juramento num processo iniciado contra o Departamento de Estado por Judicial Watch que entregara todos os seus laptops e smartphones onde pudesse haver emails relevantes para a investigação do Servidor Subterrâneo de Email. Parece que não foi bem assim. O laptop que está no centro da bomba atômica disparada por Comey era partilhado entre Abedin e o marido Wiener, até que se separaram. 

Se Abedin mentiu, pode ter de encarar até cinco anos de cadeia por perjúrio. Como se toda a saga de e-mails-cum-pornografia-cum-chantagem não fosse sórdida que chegue, o "clímax" agora parece ter-se convertido numa luta livre mista entre o antigo casal, cujo grande prêmio é arrasar a reputação do ex-cônjuge. 

FBI afinal conseguiu um mandado e está pesquisando freneticamente em nada menos de 650 mil e-mails de Abedin encontrados no laptop do ex-marido Wiener, doido por escândalos sexuais; o objetivo é determinar exatamente quais deles vieram do Servidor Subterrâneo de E-mails. E como isso já não fosse desmoralizante que chegue, o FBIcontinua em sua investigação da Fundação Clinton. 


Como ex-diretor assistente do FBI Tom Fuentes disse, "O FBI tem em andamento investigação intensiva sobre a Clinton Foundation (...) A investigação avançará como caso amplo unificado e será coordenada; a investigação prossegue sobre Huma Abedin e o papel e atividades dela concernentes à Secretária de Estado na natureza da fundação e de um possível "pagamento para jogar". Isso é o que está sendo examinado agora." Aconteça o que acontecer até o dia da eleição, os eleitores norte-americanos terão de lidar com o fato inusitado de que talvez elejam a primeira presidenta dos EUA que é objeto de investigação "ampla e unificada" do FBI

Um sistema podre, viciado? 

Um ex-promotor público federal com experiência em casos de corrupção, oferece umaexplicação plausível para a ação de Comey. Resumidamente, agentes do FBI que investigam as ações de distribuição de material pornográfico e chantagem de Weiner – e há vários grupos de agentes investigando esse Emailgate – têm provas de que há emailsdo Departamento de Estado no computador dele. Comey sabia que precisava de mandado para examinar os emails no computador de Wiener. Então contornou o inevitável tumulto subsequente "enviando uma carta (...) vaga ao Capitólio" a qual, no fim, confundiu ainda mais as pessoas. 

Mas essa interpretação parece apenas tocar a superfície. Mais e mais fundo, parece que a decisão de Comey teria sido realmente precipitada pela insurgência dos altos funcionários do FBI – fartos do "extremo desleixo" da história de Hillary. Parece que eles têm de ter material realmente quente sobre a máquina Clinton (de dinheiro), que ainda não veio à luz.


Comey poderia ter esperado para dizer alguma coisa depois da eleição; afinal, o FBI insiste que verificaram todos os emails de Clinton, inclusive os deletados, para nem falar dos e-mails Podesta. Assim sendo, o porno-laptop de Wiener pode não passar de parte da história.



Explicação muito mais plausível é que Comey teve de fazer o que fez não só por causa da revolta interna do FBI (ou porque precisasse urgentemente pôr WikiLeaks no centro dos eventos?). Comey teve de fazer o que fez, porque a podridão vai muito além da gangue "Se não paga não joga" de Clinton e envolve virtualmente todo o sistema, dos recessos mais profundos do governo Obama ao lixo do Partido da Guerra, Departamento de Justiça, CIA e o próprio FBI. O que mais? Preparem-se para o impacto: bem pode ser a derradeira surpresa de novembro...*****



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