16/10/2017, Moon of Alabama
Hoje, o governo do Iraque retomou Kirkuk, que estava ocupada por forças curdas. É o fim do projeto curdo de independência no Iraque.
Em 2014, o Estado Islâmico ocupou Mosul. Ao mesmo tempo, o governo regional curdo sob liderança de Masoud Barzani mandou suas tropas Peshmerga para tomarem a cidade de Kirkuk, rica em petróleo, então em mãos de forças do governo central do Iraque que entravam em colapso. Houve alegações plausíveis e algumas evidências (vídeos) de que os curdos teriam feito um acordo com o ISIS e coordenado o movimento.
Em 2016 e 2017 forças iraquianas derrotaram o ISIS em Mosul. Grupos curdos aproveitaram a oportunidade da derrota do ISIS para ocupar mais terras, mesmo não habitadas por população de maioria curda e que não se incluíam na sua região autônoma.
Mapa Região Autônoma do Curdistão |
A área demarcada pela linha vermelha contínua é a região autônoma curda no Iraque, como reconhecida na Constituição Iraquiana. A linha vermelha pontilhada indica a área adicional que os curdos tomaram e chegaram a controlar.
O governo iraquiano insistiu que a situação fosse devolvida às linhas de antes de 2014. A vasta maioria dos habitantes de Kirkuk são turcomenos e árabes. Kirkuk produz 2/3 de todo o petróleo no norte do Iraque. Não havia nem a mais remota chance de que o governo do Iraque deixasse a cidade e essas riquezas em mãos de ocupantes curdos.
Mapa Infraestrutura do petróleo do norte do Iraque |
Mas os líderes curdos não pensaram nem ouviram coisa alguma. O clã Barzani que lidera e seu partido KDP – há muito tempo associados com Israel – trataram de confirmar e dar solidez ao roubo de recursos do Iraque. Dia 25 de setembro fizeram um "referendum da independência" em todas as áreas sob seu controle. Todos os países, exceto Israel, manifestaram-se contra a realização daquele referendum.
Mas Barzani foi pressionado pelos sionistas e neoconservadores internacionais:
Foto: Bernard-Henri Lévy com Masoud Barzani – 30/9/2017 |
Como escrevi na ocasião daquela reunião:
"É a sentença de morte do projeto curdo de independência: nenhuma causa que [Bernard-Henri Lévy] tenha algum dia apoiado ou promovido jamais teve final feliz."
Incitado a avançar, Barzani avançou. Ameaçou proclamar a independência dos curdos, que se separariam do Estado iraquiano.
O primeiro-ministro Abadi do Iraque não poderia aceitar essa insurreição anticonstitucional. E mandou soldados para restaurar as linhas de controle de 2014, começando pelas áreas ricas em petróleo em torno de Kirkuk. Durante os últimos três dias, o exército do Iraque, a Polícia iraquiana e unidades antiterrorismo, todos com grande experiência de combate acumulada na luta contra o Estado Islâmico, marcharam para Kirkuk. Foi lançado um ultimatum dirigido às forças Peshmerga curdas, para que deixasse a área. Barzani insistiu em ficar. E até convocou combatentes do PKK que estavam na Turquia para que fossem ajudar a defender a cidade.
Ontem à noite aconteceu o inevitável. As forças do governo iraquiano avançaram e, depois de poucas escaramuças, as forças Peshmerga curdas fugiram. Ainda não se sabe com certeza quem, se alguém o fez, ordenou a retirada. Algumas unidades das forças Peshmerga prenderam outras unidades também das Peshmerga. Parecia não haver comando.
Agora o governo do Iraque está novamente no comando do aeroporto de Kirkuk, das instalações militares, dos campos de petróleo e das instalações de refinaria. A cidade de Kirkuk não sofreu qualquer dano. Há relatos de que todos os associados ao governo regional curdo estão deixando a cidade.
Os EUA que forneceram armas e deram treinamento para os dois lados em luta, não tinha ideia do que se passava ali e não adotou lado. Sem o apoio dos EUA, as forças curdas não tinham apoio aéreo e nenhuma chance de vencer qualquer confronto. Kirkuk está perdida para os curdos, e na sequência perderão as outras áreas que ocupavam desde 2014.
Barzani apostou muito alto e perdeu muito.
Os sonhos de um Curdistão independente no Iraque foram novamente sepultados. A posição de Masoud Barzani foi significativamente enfraquecida. Essa dura derrota pode custar-lhe a cabeça. O primeiro-ministro Abadi do Iraque ganhou prestígio e está agora em posição para vencer a eleição do próximo ano.
Esses eventos também terão consequências sobre a posição dos curdos na Síria. Demonstram que ninguém deve contar com apoio continuado dos EUA e que os curdos terão de se reconciliar com o governo sírio. A ideia de alguma entidade curda autônoma ou mesmo independente na Síria já está hoje também enterrada.*****
Os EUA deram calote. kkk
ResponderExcluirA fina flor do sionismo racista.bernard kouchner e henri-levy.
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