segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Rússia só existe até hoje graças à bomba atômica e a Stálin

12/8/2015, Andrei Fursov, Pravda.Ru (Entrevista a Inna Novikova)


Entreouvido na Vila Vudu:

Entendemos, sim, que essa, agora, é dura de engolir: 
logo Stálin, coisa tão simples, q o William Waack já resolveu tão bem resolvida... 

O problema é que o Gato Filósofo, maître à penser cá da Vila Vudu, distribuiu a seguinte instrução (para nós, é uma ordem!), sem nada explicar, porque, diz ele, quem precisa dar explicações é aquela juíza-do-nariz-apertadinho 
q condenou o ministro José Dirceu SÓ PORQUE ELA QUERIA CONDENAR ("e a literatura jurídica" permitia): 

"Doravante vocês só traduzirão coisas [textos, imagens, filmes, cantos, danças, parlendas, o que for] que nunca, de modo algum, jamais, nem passando por cima do cadáver dos Friazinhos & Mesquitinhos e Civitinhos e Marinhos, alguém leria em língua portuguesa do Brasil. Stálin foi quem inventou o mote "Chegaremos à fartura nem que seja a porrete", que Guimarães Rosa poucos anos depois pôs nas mãos e armas do Matraga. 

Aos dicionários! Aos teclados! Aux armes citoyens! É pra ontem!"





Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu





A história moderna está afogada em conceitos de conspiração. O mais popular deles é, provavelmente, um conceito de governança mundial. Evidentemente não há tal governo, mas há 30-40 famílias têm as mãos postas sobre os recursos dos planetas. Pravda.Ru falou sobre a luta por recursos, o destino da Rússia, o colapso da URSS e economia-sombra com o renomado sociólogo e escritor Andrei Fursov.


Pravda "Num de seus discursos, o senhor falou da conexão íntima entre guerras mundiais e processos financeiros."

Andrei Fursov: "No establishment global financeiro de hoje há dois grandes blocos. O primeiro é o bloco britânico-EUA. Durante o século 19 e nos anos 1920s, o bloco estava caindo aos pedaços. Hoje porém os laços internos dentro do bloco voltaram a fortalecer-se.


O segundo bloco inclui alemães, italianos do norte, o Vaticano. Não há governo mundial 'secreto' do qual os teóricos conspiracionistas tanto gostam de falar. Mas, sim há cerca de 30-40 famílias que controlam as alavancas dos processos econômicos mundiais.

Há uns poucos anos, uma equipe de matemáticos suíços pesquisaram e descobriram que 40% da riqueza do mundo pertence a 147 empresas transnacionais. Cada uma delas tem seu próprio "núcleo", de cerca de 45 empresas. O núcleo tem seu nucléolo: 15 empresas transnacionais.

Essa estrutura continua a operar, embora com muitas contradições internas. As contradições são relacionadas principalmente à redistribuição da indústria da droga. Todos compreendem que se não houvesse tráfico de drogas, metade dos bancos que há no mundo fechariam.

Especialistas dizem que essa área tem suas próprias tendências. O Reino Unido e os EUA financiam o fluxo de heroína; o Vaticano, a cocaína; a Alemanha financia as drogas sintéticas. As drogas hoje são um dos componentes mais importantes da economia global.

A economia global está criminalizada em alto grau. Cerca de 30% do comércio de petróleo é ilegal, e no comércio de armas essa porcentagem é ainda mais alta, chega a 50%. A indústria da prostituição e da pornografia envolve 4,5% de toda a população do planeta. Esse mercado existe quase completamente nas sombras, "mercado negro", como dizem.

O mercado dos metais preciosos não é muito diferente. Nessa situação, qualquer estado que declare a própria e plena soberania, inevitavelmente se converterá em obstáculo para tornar a economia global ainda mais criminalizada. Henry Kissinger costumava dizer que globalização é só um novo modo de dizer 'os EUA governam o mundo', mas não é só isso: globalização implica também a criminalização da economia global. Nesse modelo absolutamente não há lugar para estado soberano." 

Pravda "O senhor está dizendo que a União Soviética acabou, porque se tornou um obstáculo à globalização?"

Andrei Fursov: O ocidente não poderia lançar o processo da total globalização, sem antes destruir a União Soviética. O ocidente estava à procura de contra-agentes dentro da URSS e encontrou-os. Mas os contra-agentes não supuseram que fossem destruir a União Soviética – pensavam que só tirariam do poder o Partido Comunista."

Pravda "Gorbachev estragou tudo?"

Andrei Fursov: "Gorbachev não é uma pessoa. Gorbachev é uma conjunção condicional. Mikhail Gorbachev é virtualmente ninguém. Nunca soube ou saberá os nomes dos contra-agentes reais, embora conhecesse muito bem pelo menos um deles – Alexander Yakovlev. Numa das entrevistas, Yakolev disse que não havia reais condições econômicas para a perestroika no país.

A força que tirou a comida das prateleiras dos armazéns na URSS foi a lei sobre empresas estatais de 1988. 250 empresas no país conseguiram acesso direto ao mercado mundial. Antes, a União Soviética tinha linha clara de oferta de commodities e de oferta de dinheiro, mas então a massa das commodities diminuiu e a oferta de dinheiro aumentou. Os produtos rapidamente desapareceram das prateleiras.

Yakovlev disse, em entrevista, que a perestroika não estava quebrando só a União Soviética, mas milhares de anos do desenvolvimento da Rússia. Era o que o ocidente desejava que seus contra-agentes fizessem – que removessem o núcleo cultural e histórico da Rússia."

Pravda "Quase como em 1917?"

Andrei Fursov: Não, de modo algum. Havia dois grupos entre os bolcheviques: os Socialistas Internacionais – Trotsky e, em menor extensão, Lênin –, que queriam  revolução global. O outro grupo tentava reviver o estado russo – Stálin e Dzerzhinsky, que, de fato, estavam reconstruindo o país.

A nomenklatura soviética, o regime soviético, era a culminação do processo que começou no reino de Ivã o Terrível. Nomenklatura é um grupo dominante sem propriedade. A Rússia vinha seguindo essa trilha há 400 anos; alcançou o ponto mais alto ao criar o sistema soviético. Não porque tenha derrotado Hitler e mandado um homem ao espaço, não. Nos anos 1960, a União Soviética alcançou um número que é difícil até de imaginar na história moderna: morriam 6-7 de cada 1.000 nascimentos. Esse número diz muito sobre o sistema soviético de assistência à saúde e tudo mais."

Pravda "A Rússia viveu muito tempo em isolamento. A Rússia é país grande e independente – o que incomoda muita gente. O que está acontecendo hoje e o que acontecerá no futuro?"

Andrei Fursov: Estamos testemunhando hoje uma crise global do capitalismo. Brzezinski gostava de dizer que essa crise será superada à custa da Rússia – acho bom não esquecer disso.

O que temos agora? O Oriente Médio – Síria, Iraque e ISIS como um dos teatros de ações; e a Ucrânia, como o outro. Se se acrescenta a Ásia Central, termos o cenário de conflitos locais que, juntos, parecem a 3ª Guerra Mundial. O ocidente continuará a criar problemas junto às fronteiras da Rússia, para tirar do poder o regime que lá está.

A Rússia pode sobreviver graças ao fundamento stalinista, graças a uma bomba nuclear construída nos anos 1950s. Se não tivéssemos isso, já teriam feito da Rússia outra Líbia, ou outro Iraque. Temos de ser gratos a quem construiu esse fundamento. Agradecer aos que construíram esse fundamento, para proteger os soviéticos." ******

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