Os esforços antiterroristas da Rússia na Síria são frequentemente avaliados como bem sucedidos, o que leva muitos americanos a questionar-se qual é o segredo de Moscou. O professor de relações internacionais Henri J. Barkey apresentou recentemente uma explicação satisfatória.
“Um amigo que trabalha na administração de Obama lamentou recentemente que os russos estejam sempre um passo à frente de nós quando se trata da Síria e do Oriente Médio. Se nos perguntarmos por que isso acontece, a resposta é simples: Moscou sabe exatamente o que quer na Síria e nós não”, escreveu Barkey para a edição American Interest.
Será que é verdade que a Rússia tem sido consistente em perseguir o seu objetivo principal – assistir o exército da Síria na sua luta contra os grupos radicais que tentam derrubar o presidente do país Bashar Assad? A operação de Moscou foi lançada após um pedido formal por parte de Damasco quanto os sírios estavam engajados em confrontos violentos com os insurgentes.
Para Assad, a situação na Síria era muito pior há seis meses atrás. Durante os primeiros oito meses de 2015, as forças governamentais perderam 18 por cento do território, mas, graças ao envolvimento da Rússia, o exército sírio lançou ofensivas em todas as direções, forçando o Daesh e outras organizações terroristas a recuar.
Além disso, a Rússia tem estado determinada a lançar um processo pacífico viável no país sacudido pela guerra, que já levou as vidas de mais de 250 mil pessoas. Estes esforços foram vitais para a aprovação da resolução 2254 do Conselho da Segurança da ONU. O documento oferece um quadro de referência para resolver o conflito interno na Síria, que já dura por cinco anos, através de negociações multilaterais, uma trégua a nível nacional e eleições.
“Pelo contrário, a posição dos EUA é uma completa confusão”, observou o especialista.
A visão de Washington esteve durante muito tempo centrada no postulado de que Assad deve renunciar antes de quaisquer negociações válidas de paz. Porém, nos últimos meses, a Casa Branca abandonou, talvez temporariamente, esta política.
Os oficiais dos EUA disseram que a prioridade-chave neste momento é a luta contra o Daesh. Washington lançou a sua campanha anti-Daesh no Iraque e na Síria em setembro de 2014, mas não fez muitos avanços no seu objetivo de destruir o grupo terrorista.
Em geral, a administração de Obama “foi mais um espectador de que uma parte ativa”, sublinhou Barkey.
A Síria está em estado de guerra civil desde 2011. O governo do país luta contra um número de fações de oposição e contra grupos islamistas radicais como o Daesh (também conhecido como “Estado Islâmico”) e a Frente al-Nusra.
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