terça-feira, 24 de maio de 2016

Killary, Maligna Senhora das Desgraças

21/5/2016, Mistress of Malevolent Mayhem, in "Hillary Clinton’s ‘House of Cards’" (excerto),  Greg Maybury, Consortium News


"O governo foi privatizado. Funcionários usam o cargo para enriquecer, não para buscar o bem público. Bill e Hillary Clinton levaram ao ápice o uso do cargo público para atender interesses do eleito, não do eleitor. Para os Clintons, governar significa usar o gabinete para recolher recompensas por serviços prestados a interesses privados."
(13/4/2016, Paul Craig Roberts, "
Would The World Survive President Killary?")


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


A possibilidade de outro governo Clinton deve estar preocupando todas as cabeças pensantes nos EUA – até as assustando –, quanto ao rumo que o país está tomando. Eu estou preocupado e assustado, e nem norte-americano sou!

Como muitos aliados chaves dos EUA nos últimos anos, nosso país, a Austrália não é diferente, e os australianos também estamos mais ansiosos a cada dia – pode-se falar de medos existenciais – quanto às respectivas agendas dos dois establishments nos EUA, o neoconservador e o neoliberal. E, não obstante a retórica tranquilizadora de campanha nos dois campos, Clinton não apenas já está alinhada com aquelas agendas: é mais claro a cada dia que ela é a porta-estandarte preferida dos dois lados.

Com isso em mente (...), é preciso explorar um pouco o curriculum da aspirante a candidata. Num livro excelente, adequadamente intitulado "Rainha do Caos: As desventuras de Hillary Clinton" [ing. Queen of Chaos: The Misadventures of Hillary Clinton], é exatamente o que faz Diana Johnstone. O autor narra de modo claro e sem fantasias a história passada da biografada, em detalhes excruciantes. O que torna ainda mais notável e essencial o livro de Johnstone é a profundidade e o alcance de sua narrativa; ela vai muito além do foco fechado que o título do livro sugere.

Para Johnstone, as "desventuras" de Clinton não recobrem só alguma simples reflexão sobre as desventuras bélicas do país que ela aspira a governar e as tais duvidosas "virtudes" que Clinton propagandeia para todos os lados sem economizar. Na análise minuciosa e bem informada que Johnstone constrói sobre a candidata, Hillary Clinton encarna todos os vícios que marcaram o 'grupo de pensamento' prevalecente em Washington no campo da segurança nacional e externa e da política militar. De fato, Hillary o faz tão promiscuamente quanto seu marido mulherengo, ambos na fissura dos próprios vícios pessoais.

Acima de tudo, além de participar da carreira do marido, a história pregressa da ascensão política de Hillary Clinton está inextrincavelmente entretecida na própria narrativa da preeminência dos EUA como o império "indispensável" da hora, imediatamente depois do colapso da URSS, o que mais ou menos coincidiu com a eleição de Bill Clinton à presidência em 1992.

Como Johnstone observa, na juventude a então ainda Hillary Rodham, Republicana e "Garota Goldwater, cresceu com a visão de EUA ricos e dominantes, obrigados a defender a própria posição no topo de um mundo invejoso e ressentido. Era a atitude padrão."

Não se pode esquecer que foram as políticas exterior e nacional do marido dela que, em tantos sentidos, facilitaram o surgimento e a ascensão do ideário da "dominação de pleno espectro" que prevalece em Washington até hoje. De fato, a trilha demarcada na presidência de Bill Clinton é indicador seguro de como uma presidência de Hillary Clinton será modelada nos críticos fronts da economia e finanças, como, igualmente, no que tenha a ver com segurança nacional e geopolítica.

Embora ninguém jamais venha a saber o quanto Hillary realmente influiu nas políticas externa e de segurança do marido, pode-se assumir com certeza que, sim, foi influência gigante. Exemplo, se alguém precisar, de estímulo muito bem documentado nessa relação, foi o muito que Hillary se empenhou para que Bill Clinton ordenasse o bombardeio da Iugoslávia.

E entra em cena... o Bubba

E agora, com o marido como arrecadador de dinheiro de campanha, estrategista de campanha e muito provavelmente seu mais próximo confidente político, pode-se apostar que, caso Hillary Clinton volte a ver-se instalada na Casa Branca, "Bubba" Clinton lá estará, rei por trás do trono, como seu consigliere especial. De fato, nem se pode descartar que ele seja nomeado para cargo chave num próximo governo Clinton.

Fato é que a possibilidade foi anunciada na semana passada quando a candidata disse que provavelmente nomeará o marido para um alto cargo de conselheiro econômico, com vistas a "revitalizar" a economia. "Vocês o conhecem. Isso, ele sabe fazer" – disse Hillary.

No front da política externa, adequadamente chamado de "Partido da Guerra" – a matilha de intervencionistas neoconservadores e neoliberais que levam a bandeira da ambição hegemonista dos EUA – está hoje mais cerradamente organizada que nos tempos de Bill Clinton, e os líderes chaves estão apoiando Hillary Clinton

Assim sendo, o dado está lançado – o futuro dos EUA – predefinido e preordenado. Só se pode esperar um 'evento' e resultado de governo de Hillary Clinton: mais guerras.

Numa entrevista com Joan Brunwasser no blog OpEdNews, Johnstone explicou que duas coisas a inspiraram para escreve Rainha do Caos. A primeira, foi a intervenção na Líbia e o correspondente gambito da 'mudança de regime'. Johnstone descreveu a guerra que viria a destruir completamente a Líbia, como "totalmente injustificada" – refrão já muito conhecido na história de décadas de guerras dos EUA pelo controle do Oriente Médio Expandido. O autor acrescentou que muita gente conhece todas as mentiras e falsidade e "muitos estão plenamente conscientes de todas as fraudes e falsificações que foram usadas para justificar aquela guerra."

Foi Hillary, como secretária de Estado, diz Johnstone, que meteu na cabeça do presidente Obama que tinha de entrar naquela guerra e "Clinton está pronta para usar a guerra na Líbia como modelos para mudanças de regime em outros países cujos líderes não rezem pelo missal dela." Clara evidência disso é a sinistra, assustadora, pervertida comemoração exultante – "viemos, vimos, ele morreu" – ao saber da morte horrível do governante líbio Muammar Gaddafi, nas mãos de rebeldes pagos pelo 'ocidente'.

Seu amigo íntimo (e hoje, presumivelmente, já aspirante a "palpiteiro em ouvidos presidenciais") Henry Kissinger – ele mesmo mestre, embora hoje já envelhecido, de malignidades sem fim e de burlas e falsidades 'maquiavélicas' – certamente – ficou muito impressionado com o modo como se desenrolou a debacle líbia, embora esperemos que Henry "Hank" Kissinger tenha tido o mínimo de decência para não festejar em público, nem que tenha sido só para salvar as aparências.

Quanto à segunda razão para escrever seu livro, Johnstone diz que foi "a hostilidade absolutamente desproporcional inflada repentinamente contra Vladimir Putin e a Rússia, como resultado da crise ucraniana (...) [a própria crise, ela também] incitada em larga medida por Washington e a União Europeia. Aquela hostilidade já fermentava, e Hillary cuidava de mantê-la bem acesa. Todos esses eventos são parte de uma tendência rumo a guerra muito maior do que as pessoas supõem que seja possível hoje."

Num recente artigo para Counterpunch, Johnstone declarou que espera que a ocasião da campanha seja momento oportuno não só para "expor as mentiras de Hillary Clinton," mas, também, para "tentar pôr fim a 70 anos de subjugação dos norte-americanos ao complexo industrial militar e a seus intelectuais orgânicos, que jamais param de ameaçar inimigos e vizinhos, para justificar a economia de guerra. Toda essa política, da qual Hillary é personagem central, tem de ser exposta, denunciada e rejeitada." (Fim do excerto)*****

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