terça-feira, 25 de dezembro de 2018

O novo Grande Jogo no topo do mundo, por Pepe Escobar

20/12/2018, Pepe Escobar, Asia Times

Traduzido pelo Coletivo Vila Mandinga



No topo do gracioso Forte Baltit, sobre o esplendor estilo Xangrilá do Vale Hunza, impossível não se sentir tonto ante aquela vista: uma impressionante colisão de milênios de geologia e séculos de história.

Estamos no coração do Gilgit-Baltistão, nas Áreas do Norte do Paquistão, ou – reza a lenda, o Topo do Mundo. É área de cerca de 70 mil km2(27 mil mi2) cobertas de montanhas espetaculares e, entre elas, vales fechados intocados e os maiores glaciares fora da região polar.

O lugar dá vertigens. Ao norte, depois do glaciar Batura, um pequeno braço nordeste do Afeganistão, o legendário corredor Wakhan, uma cordilheira do Hindu Kush separa o Wakhan da capital regional, Gilgit. Xinjiang começa no ponto mais alto do Wakhan. Pela rodovia Karakoram modernizada, são apenas 240 km de Gilgit até o desfiladeiro Khunjerab, 4.934m de altitude na fronteira oficial China-Paquistão.

O que se conhecia como as [montanhas] Pamir russas, agora no Tadjiquistão, aparecem a olho nu de um dos picos da Karakoran. Para leste, depois de Skardu e de uma trilha árdua que pode exigir quase um mês, está o K2, segundo pico mais alto do mundo, entre o imponente grupo ao norte do Glaciar Batura (também chamado Baltoro), com 63km de extensão.

O recuo da geleira Hopper no norte do Paquistão. Foto: Asia Times

Para o sul está a Azad (“Livre”) Caxemira e, ligeiramente a sudeste, o que os locais definem como a Caxemira ocupada pela Índia. O rei da Caxemira concordou em ser parte da Índia depois da Partilha [ing. Partition] em 1947, mas foram enviados soldados por avião para o estado do norte e, depois de um ano de luta, a Índia recorreu à ONU. Em 1948 foi estabelecida uma linha temporário de cessar-fogo, da Karakoram na direção da Nanga Parbat – a montanha assassina, que divide a Caxemira em duas metades virtualmente vedadas.

Cordilheiras e maciços

Dirigindo pela rodovia Karakoram (ver parte 2 dessa matéria) fica-se cara a cara com três maciços que se encaminham para direções diferentes. A Karakoram começa mais ou menos onde termina o Hindu Kush e ali se curva para leste – uma bacia hidrográfica entre uma bacia de drenagem centro-asiática e os cursos d’água na direção do Oceano Índico.

A antiga Rota da Seda é vista acima da Rodovia Karakoram. Foto: Asia Times

Os Himalaias começam no Gilgit e tomam rumo sudeste através de um conjunto de altas montanhas, dentre as quais a Nanga Parbat, diretamente na rota aérea Islamabad-Gilgit (aviões a turbo propulsão só decolam se as condições em torno da Nanga Parbat permitem).

A Karakoram e os Himalaias têm extensão semelhante, o Hindu Kush começa no sul do Afeganistão e conecta-se à Karakoram ao norte do Vale Hunza. Num raio de cerca de 150 km de Gilgit e Skardu, há nada menos de 90 picos com mais de 8 mil metros de altitude.

Estrategicamente, é um dos principais pontos do planeta, protagonista do Grande Jogo original entre o império britânico e a Rússia. Assim, é mais que apropriado que aqui, exatamente, um dos protagonistas do Novo Grande Jogo – o Corredor Econômico China-Paquistão (CECP) – projeto que é a nave-mãe das Novas Rotas da Seda, ou Iniciativa Cinturão e Estrada (ICE), realmente começa, unindo Xinjiang da China ocidental, às Áreas do Norte, pelo Desfiladeiro Khunjerab.

Política da [rodovia] Karakoram

O CECP é a joia suprema na coroa Cinturão e Estrada, maior programa de desenvolvimento ou investimento exterior na história moderna da China, carregado com muito mais dinheiro que anos de ajuda militar dos EUA a Islamabad.

E realmente aqui se está em território da Antiga Rota da Seda. Olha-se para a trilha milenar paralela à rodovia Karakoram, tão belamente restaurada pela Aga Khan Development Foundation, e é fácil ver o grande viajante chinês Hiuen Tsang atravessando esses picos no século 7º, e dando a eles o nome de Polo-le. Para a dinastia Tang, era o Grande Polu. Quando Marco Polo caminhou por essa trilha no século 14, deu-lhe o nome de Bolor.

No começo do mês passado, tive o privilégio de dirigir pela rodovia Karakoram modernizada ao longo de todo o CECP, desde o Gilgit até o Khunjerab, ida e volta, com várias incursões por vales cobertos de pinheiros como Naltar, Shimshal (onde vivem os artesão que tecem xales sublimes, de lã de iaque), Kutwal e os glaciares que estão recuando, como Hopper e Bualtar.

A rodovia Karakoram foi concebida originalmente nos anos 1970s como projeto político-estratégico ambicioso para influenciar o equilíbrio geopolítico no subcontinente, expandindo o alcance de Islamabad além de fronteiras antes inacessíveis.

Hoje está no coração de um corredor comercial e de energia que vai da fronteira China-Paquistão diretamente para o sul até Gwadar, o porto no Baluchistão, no Mar da Arábia, a distância de um grito do Golfo Persa. Gwadar parece ser um trampolim crucial para que a China torne-se potência naval – ativa, do Oceano Índico até o Golfo Persa e dali ao Mediterrâneo; e o corredor CECP, devagar, mas sem dúvida, visa a mudar a estrutura social e econômica do Paquistão.

O ex-primeiro-ministro do Paquistão Nawaz Sharif, o controverso “Leão do Punjab”, era empenhado apoiador do corredor CECP, quando venceu as eleições de 2013. Naquele momento o partido do hoje primeiro-ministro Imran Khan, Partido Tehreek-e-Insaf (PTI), vencedor das eleições de julho, já estava em segundo lugar no país, e ascendeu ao poder na estratégica província Khyber-Pakhtunkhwa – saltando sobre a área que separava Islamabad e o cinturão tribal.

Sharif, em junho de 2013, quando estava prestes a entrar em negociações com os chineses, falava do que viria a ser o corredor CECP como esquema de infraestrutura que “mudará o destino do Paquistão”. Até aqui, já se traduziu, principalmente, em novas barragens e usinas hidroelétricas, usinas movidas a carvão, e poder nuclear para finalidades finais. A Corporação Nuclear Nacional da China [ing. CNNC] está construindo dois reatores de 1.100 MW perto de Karachi por cerca de $10 bilhões, 65% dos quais financiados por empréstimos chineses. É a primeira vez que a indústria nuclear chinesa constrói qualquer coisa nessa escala fora do próprio país.

Mais de uma dúzia de projetos do corredor CECP envolvem geração de energia – o Paquistão já não é tão desesperadamente carente de energia. Esses projetos podem não ser tão sexy quanto ferrovias de alta velocidade, gasodutos e oleodutos, que podem vir depois; afinal todo o corredor CECP, considerado todo o projeto, completo, vai até 2030.

Claro que decisões comerciais monumentais tiveram de ser tomadas; o custo espantosamente gigante – e a engenharia estado-da-arte necessários para construir uma ferrovia paralela à rodovia Karakoram; e o fato de o petróleo transportado por oleoduto de Gwadar até Xinjiang poder chegar a custar cinco vezes mais caro que se fossem usadas as rotas usuais até Xangai.


Mapa mostra a rota do Corredor Econômico China-Paquistão. Foto: Wikimedia Commons / Wanishahrukh


O que quer Imran

Imran Khan é muito mais cauteloso que Sharif, que mantinha uma “célula chinesa” em seu gabinete e comandava o Exército Paquistanês para criar uma força de segurança de 10 mil homens para proteger os investimentos da China no corredor CECP.

Mas Khan conhece bem o poder de fogo que há por trás do corredor CECP: o Fundo Rota da Seda, o Banco Asiático de Investimento e Infraestrutura (BAII), CITIC, Banco da China, EXIM, Banco de Desenvolvimento da China. A Academia Chinesa de Ciências Sociais [ing. CASS] projeta que a ICE possa mobilizar cerca de $6 trilhões nos próximos poucos anos. O que Khan deseja é negociar melhores condições para o Paquistão.

O embaixador da China no Paquistão, Yao Jing, jamais se cansa de repetir que o grave problema da dívida do Paquistão relaciona-se à fase inicial do corredor CECP, por causa da importação massiva de maquinário pesado, matérias-primas e serviços industriais.

Como ouvi em Islamabad em várias discussões com analistas paquistaneses, o que Khan realmente quer é expandir o corredor CECP e impedir que empurre Islamabad para uma insustentável armadilha de dívidas. Significa mudar o foco do corredor CECP, afastando-o do desenvolvimento de infraestrutura para a transferência de tecnologia e acesso aos mercados para produtos paquistaneses. Financiamento para projetos de agricultura, por exemplo, poderia vir via o Plano de Longo Prazo do corredor CECP, o qual, diferente do chamado Plano da Primeira Colheita [ing. Early Harvest Plan] não vem com preço fixo e pode ser negociado livremente entre Islamabad e Pequim.

Segundo relatório do FMI de 2016, $28 bilhões em projetos incluídos na Primeira Colheita estarão prontos até 2020: $10 bilhões para desenvolver infraestrutura de estradas, ferrovias e portos; e $18 bilhões em projetos de energia via Investimento Exterior Direto [ing. FDI], com empresas chinesas usando empréstimos comerciais tomados em bancos chineses.

Mas o corredor CECP é empreitada de extremamente longo prazo. Outros investimentos para o corredor CECP em infraestrutura de transporte e energia financiados pela China só estarão terminados em 2030.

Uma nova ênfase no projeto corredor CECP em industrialização por transferência de tecnologia possibilitaria que o Paquistão produzisse algo do que a China importa. Implicaria renegociar o Tratado de Livre Comércio Paquistão-China, chegando ao nível de tratamento preferencial que a China oferece aos países da Associação de Nações do Sudeste Asiático [ing. ASEAN]. Eis, na essência, o que Imran Khan trabalha para alcançar.

Longa vida aos Ismailitas!

Gilgit-Baltistão é o lugar mais seguro de todo o Paquistão. Aqui não há “ameaça terrorista” dos Talibã paquistaneses ou da traiçoeira al-Qaeda ou de herdeiros do ISIS. As idiomas mais faladas são o [ing.] Shina e o Burushaski, não o Urdu. A população é constituída predominantemente de xiitas ismailitas – como Karim Shah, enciclopédia de história e cultura da Ásia Central e do Sul, que reina numa caverna repleta de maravilhas em Gilgit onde há de tudo, de autênticas cabeças de Buda [região] de Gandhara, a tapetes de Qom, de seda, de uma família real da Pérsia.



Karim Shah e sua caverna de maravilhas em Gilgit. Foto: Asia Times

Conversamos durante horas sobre o Khorasan, o Grande Jogo original Kipling-nesco, o coronel Durand (que traçou a Linha Durand que separou os pashtuns em dois campos de uma fronteira artificial), a questão da Caxemira, o estonteantemente complexo sistema geo-eco-histórico das Áreas do Norte e, claro, sobre a China.

Shah partilha da impressão – confirmada por outros mercadores – de que a população local pode conhecer alguns benefícios tangíveis relacionados ao corredor CECP, mas não sabe exatamente o que Pequim deseja. Os visitantes chineses – engenheiros, burocratas – são distantes; o turismo de chineses ainda não começou, como aconteceu com o turismo de japoneses, entusiastas das Áreas do Norte já há décadas. Vê-se pois que é mais que hora de promover melhorias nas “trocas povo-a-povo” de Xi Jinping, componente chave da ICE.

Reza a lenda que os Hunzakuts, habitantes do glorioso Vale Hunza, são descendentes de três soldados de Alexandre O Grande que desposaram belas mulheres da alta aristocracia persa. Enquanto Alexandre guerreava ao longo do [vale do] Oxus, os três casais viajavam pelo corredor Wakhan, descobriram o vale maravilhoso e ali ficaram.

O Islã tolerante que viriam a praticas séculos depois é impenetrável pelo proselitismo do Golfo. Quando cruzei uma vila austera próxima do Karakoram, visivelmente fora de lugar, meu motorista, Akbar, ismailita, observou que ali havia “sunitas wahhabistas”.

Faz perfeito sentido encontrar arte de Gandhara em Gilgit. Historicamente, Gandhara formava uma espécie de triângulo fértil e irrigado entre o platô iraniano, o Hindu Kush e os primeiros picos dos Himalaias. Entre o século 6º AC e as invasões islâmicas, era o entroncamento de três culturas: Índia, China e Irã. E aqui floresceram arte e cultura arte greco-budistas extremamente originais, muito depois de o poder grego ter-se esvaído.


Uma cabeça de Bodhisattva Gandhara na loja de Karim em Gilgit. Foto: Asia Times


A questão da Caxemira

Como um novo entroncamento no século 21, o corredor CECP enfrenta desafios imensos – da geologia (deslizamentos constantes e inundações em Gilgit-Baltistão) à insegurança no Baluchistão, ameaçada por uma combinação de movimentos separatistas e religiosos ou politicamente manipulados. Não pude visitar Gwadar e o sul do corredor CECP apesar de contatos em Islamabad terem encaminhado a fontes militares, com semanas de antecedência a requisição de um NOC (ing. No Object Certificate), como é chamado no Paquistão). A resposta dos militares: [região] “sensível” demais, leia-se perigosa, para jornalista ocidental que viaja só, especialmente logo depois do caso Aasia Bibi.

A China terá de encontrar um caminho – talvez mediante negociações na Organização de Cooperação de Xangai – para seduzir a Índia quanto à questão da Caxemira, que está no caminho do corredor CECP.

Em 1936, os britânicos fizeram um acordo com o marajá da Caxemira, que lhes garantiu o Gilgit por 60 anos. Mas então veio a Partilha [ing.Partition]. Enquanto o Kuomintang – no poder na China antes da vitória de Mao – fazia negociações secretas para restaurar a sonhada independência de Hunza como novo Estado aliado à China. Mas o Mir de Hunza afinal decidiu unir-se à recém-nascida nação paquistanesa.

Poucos lembrarão que, nos anos 1950s, muito antes da guerra na fronteira Índia-China em 1962, houve problemas na fronteira China-Paquistão, quando Pequim tomou 3.400 milhas quadradas da Caxemira, incluindo parte do velho Hunza, cujos Mirs sempre reconhecera a suserania chinesa. Quando os britânicos tomaram Hunza pela primeira vez em 1891, fato é que o Mir fugiu para a China.


Tudo isso oferece contexto e perspectiva para alguns documentos fabulosos preservados no Forte Baltit, como os acordos de comércio China-Baltistão e uma foto de Zhou EnLai em visita ao Forte, no início da década dos 1960s.

Também é fascinante relembrar que, naquele momento Zhou Enlai já pensara sobre Karachi – ainda não havia Gwadar – como conexão com uma “antiga rota comercial, perdida nos tempos modernos, não só para comércio mas, também, para objetivos estratégicos”. Não há dúvidas de que Xi Jinping estudou atentamente o seu Zhou EnLai.

Acordos comerciais históricos entre a China e o Baltistão. Foto: Asia Times

Hoje, o presidente de Jammu e Caxemira Azad (Livre), Sardar Masood Khan, sempre destaca que “diferente do que prega a propaganda da Índia”, o lado paquistanês progride muito, politicamente e economicamente”, e o corredor CECP pode trazer benefícios também para a Caxemira indiana. No pé em que está, essa ainda é linha vermelha para New Delhi.

Chance que só aparece uma vez na vida

Na Universidade Nacional da Defesa em Islamabad, foi-me exibido um documento, por Li Xiaolu, do Instituto de Estudos Estratégicos na Universidade Nacional da Defesa, que detalha como Pequim espera que “ao abrir o ocidente da China para a Ásia Central e Sul da Ásia e construir melhor infraestrutura de transportes, e, ao encorajar o comércio com países da Ásia Centra e do Sul da Ásia, [a China] possa promover o desenvolvimento de capacidades de manufatura, processamento e industriais da China Ocidental”.

Agora, comparem isso com infraestrutura de rodovias e ferrovias modernizada em todo o Paquistão e capaz de converter toda a nação num verdadeiro corredor comercial, ao tempo em que a Marinha do Paquistão aprimora a defesa do país em águas profundas, com Gwadar posicionado como uma terceira base naval e oferecendo suporte a navios chineses nas rotas marítimas próximas do Oriente Médio e Norte da África.

Não surpreende que analistas chineses tenham entre eles consenso praticamente total sobre o quanto a tradicional sabedoria dos chineses, favoreceu a unidade para maior prosperidade – base chave do corredor CECP e da Iniciativa Cinturão e Estrada – e prevalece sobre ações de ‘contenção’ e confronto.

Para que o corredor CECP funcione, Pequim carece de três coisas: uma solução política para o Afeganistão, que já está sendo trabalhada dentro da Organização de Cooperação de Xangai, com China, Rússia, Índia, Paquistão e Irã (como observador) diretamente envolvidos; relações estáveis entre Índia e Paquistão; e segurança confiável em todo o Paquistão.

Pequim está ativamente estimulando conectividade mais próxima entre Afeganistão e Paquistão, com a ferrovia Quetta-Kandahar e a rodovia Kabul-Peshawar. O corredor CECP atualmente se expande do Karakoram para o Desfiladeiro Khyber, atravessando, no caminho, a artificial linha Durand.

Em contraste, várias facções em Washington continuam a torcer todas as possíveis linhas pontilhadas, para fazer fracassar esses projetos, com uma campanha de propaganda construída para apresentar a Iniciativa Cinturão e Estrada como um pântano de corrupção, incompetência, uma “armadilha de dívidas” e comportamento chinês “maligno”.

Mas dentre todos os corredores da ICE, o progresso material ao longo do corredor CECP é mais que autoevidente. Vi todas as vilas das Áreas do Norte com eletricidade, muitas delas conectadas por fibra ótica, impressionante contraste com o que vi quando viajei por uma rodovia Karakoram, duas vezes, há vinte anos.

O Paquistão tem hoje uma chance que só acontece uma vez na vida, para fazer valer a própria localização geográfica – fronteiras que costuram séculos de história e cultura com Irã, Afeganistão, Ásia Central Asia e Oriente Médio –, de modo a se posicionar como elo chave entre o Oriente Médio e ambos, o Mediterrâneo e a China Ocidental.

Correm rumores em Islamabad segundo os quais Imran Khan trabalha para implantar uma universidade de padrão internacional na capital, posicionada como centro de estudo e pesquisa que se debruce sobre o novo mosaico de um emergente novo mundo multipolar. Gente jovem não faltará, como Jamila Shah, atualmente na Universidade Nacional da Defesa, onde prepara tese em Estudos de Conflitos e da Paz, trabalhando também com uma ONG, o Comitê Internacional de Resgate. Jamila, de Hunza, no Gilgit-Baltistão, é o rosto do futuro do Paquistão.


Jamila Shah. Foto: Asia Times

Ainda refém de uma oligarquia corrupta, indústrias cartelizadas, exportações em queda (60% das quais são produtos têxteis), e com quase metade dos jovens de 5-16 anos fora da escola, o Paquistão tem pela frente uma tarefa de Sísifo.

O economista Ishrat Husain observou corretamente que o modelo do Paquistão, de “crescimento elitista”, tem de ser substituído por modelo de “crescimento partilhado”. Entra um corredor CECP modificado, abrindo o caminho, cheio de esperanças, como esses caminhões de carga que desafiam a escorregadia explosão nevada do desfiladeiro Khunjerab.******


A seguir: On the road in the Karakoram [Na estrada, no Karakoram]

3 comentários:

Luã Reis disse...

Texto antológico do Pepe

Anônimo disse...

Maia um excelente texto do Pepe Escobar. Como sempre!!!!!!

Unknown disse...

Que prazer ler um texto de Pepe Escobar, e ver que o mundo progride, apesar das intervenções americanas e saber que pode ter um outro tipo de desenvolvimento, espero apenas estar vivo para ver as mudanças em 2030.