sexta-feira, 28 de julho de 2017

Xeque-mate contra Israel nas Colinas do Golan, por MK Bhadrakumar

27/7/2017, MK Bhadrakumar, Indian Punchline











Israel sofreu duro revés no conflito sírio, com a implantação da polícia militar russa na 'zona protegida' que está sendo estabelecida no sudoeste da Síria perto das Colinas do Golan. O Ministério da Defesa da Rússia anunciou a implantação na 2ª-feira. O general-coronel Sergei Rudskoy, chefe do Principal Diretorado Operacional do Estado-maior da Rússia, disse em Moscou que as forças russas instalaram pontos de trânsito e postos de observação na área sudoeste de desescalada. O general russo disse que EUA, Israel e Jordânia foram informados da implantação policial.


As áreas limítrofes da zona de desescalada foram definidas entre Rússia e EUA na véspera da reunião dos presidentes Donald Trump e Vladimir Putin em reunião paralela à cúpula do G20 em Hamburgo. Segundo o ministro de Relações Exteriores da Rússia Sergey Lavrov, para a definição da zona de desescalada foram consideradas as preocupações de segurança de Israel. Mas o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu tem manifestado insistentemente sua rejeição contra o acordo EUA-Rússia, sob o argumento de que o acordo não levou na devida conta a percepção de Israel, que vê ameaça na presença do Irã e do Hezbollah nas regiões do sudoeste da Síria.



O ministro da Defesa de Israel Avigdor Liberman disse à mídia que Jerusalém fixou algumas linhas vermelhas: "Não toleraremos nenhuma presença iraniana na fronteira e continuaremos a agir contra isso." 



Bem obviamente, Israel não confia na Rússia. Israel suspeita que seja questão de tempo até que milícias xiitas e o Hezbollah comecem a infiltrar-se silenciosamente no sudoeste da Síria, ajudando o regime de Assad e seus amigos iranianos a consolidar o controle sobre as áreas de fronteira perto de Israel e Líbano.



Mas na realidade, tudo isso é uma grande jogada estratégica. Israel há muito tempo paga, fornece suprimentos de todos os tipos e apoia os grupos extremistas (incluindo grupos de al-Qaeda e ISIS) que operam na área na qual a zona de desescalada está sendo implantada. Israel até forneceu apoio de fogo para esses grupos terroristas sempre que foram atacados por forças do governo sírio.



Israel esperava que a área pudesse, de algum modo, ser mantida como uma zona de 'conflito congelado', a qual, com o tempo, poderia ser anexada por Israel. Israel portanto preferia que a zona de desescalada próxima das Colinas de Golan fosse implantada pelos EUA – não pela Rússia. Mas Washington não dá sinais de querer envolver-se. Como se lê num comentário publicado essa semana na revista Atlantic:



·         "O Pentágono está focado em operações em Mosul e Raqqa, a centenas de quilômetros de distância – comandantes em campo com certeza considerariam qualquer presença militar dos EUA no sudoeste da Síria como cara e desnecessária dispersão de força humana na luta contra o Estado Islâmico. Dados os limitados recursos de inteligência-vigilância-reconhecimento na região, é também improvável que o Comando Central dos EUA aceitasse desviar as já escassas plataformas ISR para monitorar o cessar-fogo (...). Tudo isso (...) significa que o cessar-fogo Trump-Putin provavelmente está entregando à Rússia as chaves do sudoeste da Síria."

É mais ou menos o que se desenrola em campo. O acordo EUA-Rússia declara que a supervisão da área de desescalada será feita pela polícia militar russa.


É xeque-mate contra a política intervencionista de Israel na Síria. Os monitores russos reagirão firmemente, se Israel se comportar como criança mimada. 



Dito claramente, o sonho israelense de expansão territorial para o sudoeste da Síria, como parte de uma 'Israel Expandida' (que iria além até das Colinas do Golan ocupadas) espatifou-se na aterrissagem. O plano B de Israel era que, como parte de qualquer acordo na Síria, a 'comunidade internacional' teria de, no mínimo, legitimar a ocupação das Colinas do Golan. Também não acontecerá.



Mais uma vez a credibilidade de Netanyahu sofre duro golpe. Há dois anos, sua 'linha vermelha' contra o programa nuclear iraniano – que Israel agiria militarmente e autonomamente contra o Irã, etc. – acabou também completamente desmoralizada. Agora, Netanyahu vem com nova 'linha vermelha' no front setentrional de Israel, contra a presença iraniana na Síria... mas não tem capacidade para fazê-la valer. Mais uma vez, a comunidade internacional simplesmente ignora os maus modos de Israel.



Muito significativamente, os EUA nada fizeram para se opor a uma massiva operação do Hezbollah que começou semana passada para tomar o controle das colinas na fronteira Líbano-Síria que estavam sob ocupação de vários grupos terroristas como Ahrar, al-Qaeda, ISIS (alguns dos quais companheiros de cama e mesa de Israel). A mídia iraniana noticiou hoje que os combatentes do Hezbollah alcançaram ali uma vitória retumbante. Claro: é imensamente importante para o Hezbollah (e o Irã) garantir que a fronteira Líbano-Síria permaneça aberta.*****

2 comentários:

Professor Gomes disse...

Ah, se pelo menos tivéssemos uma política de Estado baseada em visão semelhante à Rússia, hoje não estaríamos vivendo esta onda neoliberal devastadora para a civilização brasileira. Eu sinto muito por tudo.

Anônimo disse...

Desde qdo algum País Civilizado acredita em acordos com os USraHell??? Que saiba, NENHUM!!!! NUNCA cumpriram NENHUMA Resolução da tal de ONU, pois não vão ser agora neste mundo que tocaram fogo , vão ter alguma credibilidade. Só mesmo a DIREITA / e as tais forças armadas dUS braZiUSA acreditam e têm medo desta Gentalha. Imaginem um ex-porteiro de boite, Avigdor Liberman, estabelecer linha vermelha para a VALENTE, RÚSSIA. Piada né!! Só resta solicitarem a vassala UScrânia invadirem a RÚSSIA. Não custa tentarem!!! Já não possuem o f-35??? Tentem, machões!!!!! Gostaria de ver sabotarem a Copa do Mundo de Futebol na RÚSSIA. Aviso: Adeus Arábia MALdita e i$$$raHell. Estou esperando sentado!!!!!!