segunda-feira, 31 de julho de 2017

Hezbollah: vitória no front sírio, por Robert Fisk

28/7/2017, Robert Fisk, The Independent










Recém capturada por combatentes sírios e do Hezbollah, a fortaleza de montanha do ISIS, a quase 2 mil metros acima do nível do mar (foto Nelofer Pazira)

Tropas sírias estão agora instaladas em posições do lado libanês da fronteira entre os dois países, em sua batalha para destruir o Estado Islâmico [ing. ISIS] nas altas montanhas do Qalamoun. Corpos apodrecem nas encostas da montanha por aqui, enquanto o Hezbollah libanês – que combate agora dentro da Síria – prepara-se para um confronto final contra os terroristas, que hoje estão cercados num pico de pedra preta ao norte. Do alto da montanha Karra, 2.100 metros acima da fronteira sírio-libanesa, pude ver soldados sírios acampados nos picos das duas montanhas – dentro do Líbano.

O comandante sírio em Qalamoun, general Median Abad, diz a verdade sem hesitar. "Sim, temos soldados nossos em dois pontos dentro do Líbano – acima da estrada da fronteira pela qual o Daech [ISIS] costumava entrar na cidade libanesa de Ersal. Nossos homens estão nas montanhas libanesas de al-Sharqia e al-Valilal. Veem-se daqui as tendas deles". Verdade. Do outro lado de uma ravina (wadi) estreita que nos separa do Líbano, posso ver várias tendas cinzentas dos militares sírios espalhadas pelos picos das duas montanhas libanesas. O general confirma que está em comunicação com o exército libanês – cujo tanque atira contra o ISIS que ele ouve ao longe pelos vales – através do Hezbollah, cujas forças uniram-se a ele no ataque contra al-Karra.

Rússia expulsa diplomatas e agentes de inteligência norte-americanos

30/7/2017, Scott Humor, The Vineyard of the Saker












Nos últimos dias de 2016, era impossível não 'tomar conhecimento' de que 35 diplomatas russos estavam sendo expulsos dos EUA, e propriedades do governo russo estavam sendo confiscadas.

A cada cinco minutos, em todos os canais, lá estavam cenas de pessoas soterradas por malas e crianças, à espera numa pista molhada que algum avião as salvasse, porque não tinham autorização sequer para permanecer sob o teto do prédio do aeroporto.

domingo, 30 de julho de 2017

Loucura do Império aproxima Rússia e Alemanha, por Pepe Escobar

29/7/2017, Pepe Escobar, SputnikNews











Com Orwelliana maioria de 99%, que encheria de orgulho a dinastia Kim na Coreia do Norte, o Capitólio da "democracia representativa" passou como trator e aprovou o mais recente pacote de sanções da Câmara/Senado, que visa principalmente a Rússia, mas também atira contra Irã e Coreia do Norte.

O anúncio pela Casa Branca – no final da tarde da 6ª-feira – em pleno verão – de que o presidente Trump aprovou e assinará a lei acabou literalmente soterrado no ciclo do noticiário tomado completamente, 24h/dia, sete dias por semana, pela histeria relacionada ao chamado 'russiagate'.

Trump terá de justificar por escrito, ao Congresso, qualquer iniciativa para suavizar as sanções contra a Rússia. E o Congresso pode iniciar revisão automática de qualquer iniciativa dessa natureza.

Tradução: já soou o dobre de Finados de qualquer possibilidade de a Casa Branca vir a reiniciar melhores relações com a Rússia. O Congresso de fato está só ratificando a campanha em curso de demonização da Rússia, orquestrada pelo establishment do estado profundo neoconservador e neoliberal/Partido da Guerra.

Já há guerra econômica declarada contra a Rússia há, pelo menos, três anos. A diferença é que esse mais recente pacote também declara guerra econômica contra a Europa, especialmente a Alemanha. As sanções estão centradas no front da energia, demonizando a implantação do gasoduto Nord Stream 2 e forçando a União Europeia a comprar gás natural dos EUA.

sábado, 29 de julho de 2017

Na dúvida, bombardeie a China, por Pepe Escobar

28/7/2017, Pepe Escobar, Asia Times










Comandante da Frota Americana do Pacífico, Almirante Scott Swift, a bordo do USS Ronald Reagan em Brisbane, Austrália, 25 de julho de 2017. Foto via Reuters

O colapso atual do mundo unipolar, com a emergência inexorável de quadro multipolar, está deixando correr solta uma subtrama aterradora – a normalização da ideia de guerra nuclear.

A prova mais recente disso apareceu sob a forma de um almirante dos EUA que diz a quem queira ouvi-lo que está pronto a obedecer ordens do presidente Trump de disparar um míssil nuclear contra a China.

Contagem regressiva: Guerra dos EUA contra Venezuela

28/7/2017, Moon of Alabama











Domingo, dia 29/7/2017, amanhã, em eleições gerais, a Venezuela elegerá os membros de uma Assembleia Constituinte. 50% dos representantes serão eleitos nos distritos eleitorais já existentes. 50%, em distritos eleitorais especiais: "de trabalhadores", de "agricultores", de "empregados assalariados", dentre outros. Esse segundo grupo talvez pareça estranho, mas não é sistema menos democrático que o sistema eleitoral norte-americano, que dá maior peso aos eleitores em estados rurais, que nos centros urbanos.

A nova assembleia formulará mudanças a serem feitas na atual Constituição. Essas mudanças serão decididas em outra votação geral. É provável que o resultado reforce as políticas favorecidas por grande maioria da população e do governo social-democrata do presidente Maduro.

A parte mais rica da população e os lobbies e governos estrangeiros tentaram impedir ou sabotar a votação. Os EUA usaram vários instrumentos econômicos para pressionar contra o governo da Venezuela, incluindo guerra econômica e sanções cada vez mais ferozes. A oposição organizou violentas confrontações nas ruas, atacou instituições do governo e apoiadores do presidente e convocou greves gerais.

Mas a propaganda do NYT  pinta os comícios-shows da oposição na capital, Caracas, como se não passassem de manifestações de pequenos grupos de umas poucas centenas de jovens quase sempre violentos. As greves gerais convocadas pela oposição tiveram fraca ressonância, e até o Washington Post, obcecadamente anti-Maduro, teve de conceder:

Um Raio de Esperança, por Paul Craig Roberts

28.07.2017, Paul Craig Roberts. Katehon



tradução por btpsilveira






A paisagem (norte)Americana tem sido desoladora desde que os neoconservadores tomaram conta da política externa dos EUA durante o regime Clinton e começaram duas décadas de crimes de guerra que definem o que é o século 21 para os Estados Unidos e desde que as grandes corporações do país traíram a força de trabalho da nação, movendo os empregos (norte)americanos para a Ásia.

O quadro se tornou ainda mais sombrio quando o regime Obama fez renascer a Ameaça Russa e elevou às alturas a perspectiva de um conflito militar entre duas potências nucleares.

A Europa foi surpreendida no meio da confusão. Em circunstâncias normais os países europeus deveriam insistir com Washington para que cessasse as provocações gratuitas contra a Rússia.

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Sobre ONGs, CIA e o Império Norte Americano, por F. William Engdahl

19.07.2017, F. William Engdahl - Katehon




A CIA recrutou a Irmandade Muçulmana para lutar uma Guerra por procuração contra a União Soviética no Afeganistão, o que acabou por levar à retirada dos soviéticos do Hindu Kush. Desde então, a CIA usou os mercenários para lutar outras guerras por procuração nos Balcãs, na Chechênia e no Azerbaijão. Por causa das guerras de agressão contra o Iraque, Líbia, Síria e Iêmen, os Estados Unidos e seus estados vassalos criaram a violência sectária que levou a guerras civis. Neste instante, a CIA e a Irmandade Muçulmana estão presentes na forma do Estado Islâmico na Síria e no Iraque.

A entrevista a seguir tem seu foco no último livro de Engdahl em alemão “As ONGs e seus arquivos secretos” (Geheimakte NGOs). A entrevista é conduzida pelo Dr. Ludwig Watzal, jornalista e editor, que vive em Bonn, Alemanha e dirige o blog bilíngue http://betweenthelines-ludwigwatzal.com/.


tradução de btpsilveira





Acredito que podemos concordar quanto ao fato de que a CIA é a maior organização terrorista do mundo. Depois da Segunda Guerra Mundial, é difícil encontrar qualquer golpe de estado ou insurreição organizada que aconteça sem contar com a “mão amiga” da CIA. Pelo que entendi de seu livro, nos últimos 25 anos, a CIA contou com a ajuda de alguns minions na forma de ONGs. Por favor, você poderia discorrer sobre isso?

William Engdahl (WE): Durante a presidência Reagan alguns escândalos muito graves acabaram se tornando públicos sobre as operações sujas da CIA mundo afora. Chile, Irã, Guatemala, o ultra secreto projeto MK-Ultra, que tinha a ver com o movimento estudantil durante a guerra do Vietnã, apenas para citar alguns. Para afastar da organização os holofotes, o diretor da CIA Bill Casey propôs a Reagan a criação de uma ONG “privada”, um tipo de intermediário que se apresentasse como organização privada, mas na realidade, como definiu um de seus criadores, o falecido Allen Weinstein em uma entrevista para o Washington Post “fará o que a CIA faz, mas reservadamente”. Foi assim que surgiu a ONG denominada “Fundação Nacional para a Democracia” (National Endowment for Democracy – NED) em 1983. Rapidamente outras ONGs direcionadas por Washington foram acrescentadas, como a Freeedom House, ou a Open Society Foundation (George Soros), o United States Institute of Peace e assim por diante.

Embaixador da Síria na ONU Bachar al-Jaafari: "O direito dos sírios não é negociável"

"e não será objeto de renúncia"


27/7/2017, Dr. Bachar al-JaafariMondialisation.ca(vídeo, em ár. e legendas em ing., Alikhbaria.Sy); transcrição e trad.ao fr. Mouna Alno-Nakhal)

Texto integral da intervenção do Embaixador da Síria Dr. Bachar al-Jaafari, no Conselho de Segurança da ONU, dia 25/7/2017













Senhoras e Senhores,

A delegação de meu país reafirma a posição de princípio inalterada da República Árabe Síria quanto ao apoio ao direito do povo palestino a autodeterminação e ao estabelecimento de um Estado independente em toda a extensão de seu território nacional, com Jerusalém como capital; e a garantia do direito de os refugiados voltarem ao lar, nos termos da Resolução 194/1948.

É direito não submetido a negociação ou a renúncia, e é direito imprescritível, apesar da colonização ou da barbárie dirigida contra o povo palestino sem defesas.

Xeque-mate contra Israel nas Colinas do Golan, por MK Bhadrakumar

27/7/2017, MK Bhadrakumar, Indian Punchline











Israel sofreu duro revés no conflito sírio, com a implantação da polícia militar russa na 'zona protegida' que está sendo estabelecida no sudoeste da Síria perto das Colinas do Golan. O Ministério da Defesa da Rússia anunciou a implantação na 2ª-feira. O general-coronel Sergei Rudskoy, chefe do Principal Diretorado Operacional do Estado-maior da Rússia, disse em Moscou que as forças russas instalaram pontos de trânsito e postos de observação na área sudoeste de desescalada. O general russo disse que EUA, Israel e Jordânia foram informados da implantação policial.


As áreas limítrofes da zona de desescalada foram definidas entre Rússia e EUA na véspera da reunião dos presidentes Donald Trump e Vladimir Putin em reunião paralela à cúpula do G20 em Hamburgo. Segundo o ministro de Relações Exteriores da Rússia Sergey Lavrov, para a definição da zona de desescalada foram consideradas as preocupações de segurança de Israel. Mas o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu tem manifestado insistentemente sua rejeição contra o acordo EUA-Rússia, sob o argumento de que o acordo não levou na devida conta a percepção de Israel, que vê ameaça na presença do Irã e do Hezbollah nas regiões do sudoeste da Síria.



O ministro da Defesa de Israel Avigdor Liberman disse à mídia que Jerusalém fixou algumas linhas vermelhas: "Não toleraremos nenhuma presença iraniana na fronteira e continuaremos a agir contra isso." 



Bem obviamente, Israel não confia na Rússia. Israel suspeita que seja questão de tempo até que milícias xiitas e o Hezbollah comecem a infiltrar-se silenciosamente no sudoeste da Síria, ajudando o regime de Assad e seus amigos iranianos a consolidar o controle sobre as áreas de fronteira perto de Israel e Líbano.



Mas na realidade, tudo isso é uma grande jogada estratégica. Israel há muito tempo paga, fornece suprimentos de todos os tipos e apoia os grupos extremistas (incluindo grupos de al-Qaeda e ISIS) que operam na área na qual a zona de desescalada está sendo implantada. Israel até forneceu apoio de fogo para esses grupos terroristas sempre que foram atacados por forças do governo sírio.



Israel esperava que a área pudesse, de algum modo, ser mantida como uma zona de 'conflito congelado', a qual, com o tempo, poderia ser anexada por Israel. Israel portanto preferia que a zona de desescalada próxima das Colinas de Golan fosse implantada pelos EUA – não pela Rússia. Mas Washington não dá sinais de querer envolver-se. Como se lê num comentário publicado essa semana na revista Atlantic:



·         "O Pentágono está focado em operações em Mosul e Raqqa, a centenas de quilômetros de distância – comandantes em campo com certeza considerariam qualquer presença militar dos EUA no sudoeste da Síria como cara e desnecessária dispersão de força humana na luta contra o Estado Islâmico. Dados os limitados recursos de inteligência-vigilância-reconhecimento na região, é também improvável que o Comando Central dos EUA aceitasse desviar as já escassas plataformas ISR para monitorar o cessar-fogo (...). Tudo isso (...) significa que o cessar-fogo Trump-Putin provavelmente está entregando à Rússia as chaves do sudoeste da Síria."

É mais ou menos o que se desenrola em campo. O acordo EUA-Rússia declara que a supervisão da área de desescalada será feita pela polícia militar russa.


É xeque-mate contra a política intervencionista de Israel na Síria. Os monitores russos reagirão firmemente, se Israel se comportar como criança mimada. 



Dito claramente, o sonho israelense de expansão territorial para o sudoeste da Síria, como parte de uma 'Israel Expandida' (que iria além até das Colinas do Golan ocupadas) espatifou-se na aterrissagem. O plano B de Israel era que, como parte de qualquer acordo na Síria, a 'comunidade internacional' teria de, no mínimo, legitimar a ocupação das Colinas do Golan. Também não acontecerá.



Mais uma vez a credibilidade de Netanyahu sofre duro golpe. Há dois anos, sua 'linha vermelha' contra o programa nuclear iraniano – que Israel agiria militarmente e autonomamente contra o Irã, etc. – acabou também completamente desmoralizada. Agora, Netanyahu vem com nova 'linha vermelha' no front setentrional de Israel, contra a presença iraniana na Síria... mas não tem capacidade para fazê-la valer. Mais uma vez, a comunidade internacional simplesmente ignora os maus modos de Israel.



Muito significativamente, os EUA nada fizeram para se opor a uma massiva operação do Hezbollah que começou semana passada para tomar o controle das colinas na fronteira Líbano-Síria que estavam sob ocupação de vários grupos terroristas como Ahrar, al-Qaeda, ISIS (alguns dos quais companheiros de cama e mesa de Israel). A mídia iraniana noticiou hoje que os combatentes do Hezbollah alcançaram ali uma vitória retumbante. Claro: é imensamente importante para o Hezbollah (e o Irã) garantir que a fronteira Líbano-Síria permaneça aberta.*****

Adensa-se o enredo da grande disputa por Iraque e Síria pós-ISIS

26/7/2017, MK Bhadrakumar, Indian Punchline











O futuro pós-ISIS do Iraque e da Síria tem sido tópico de discussão calorosa nos think-tanks norte-americanos, sob o pressuposto de que os EUA estariam montando um retorno militar ao Iraque e já bem adiantados no processo de estabelecer presença de longo prazo na Síria. A verdade é que os ventos políticos já estão soprando na direção oposta.

A 'visita de trabalho' que o vice-presidente do Iraque Nouri Maliki fez a Moscou essa semana sinaliza o renascimento do papel histórico da Rússia como parceiro chave do Iraque.  As palavras de Maliki em Moscou são muito reveladoras:

Trump-Têmeres e os cristãos fascistas

24/7/2017, Chris HedgesCommonDreams (excertos, com intervenções)










Link acrescentado pelos tradutores.


O vácuo ideológico de Temer-Trump, quanto mais são isolados e atacados, vai sendo preenchido pela direita cristã. Esse fascismo cristianizado, com sua rede de megaigrejas, escolas, universidades e faculdades de Direito e imenso império de rádio e TV, é aliado potente de uma Casa Branca/Palácio do Planalto capada(o). A direita cristã prepara-se e organiza-se há décadas para tomar o poder. Se a nação sofrer outro colapso econômico, o que é provavelmente inevitável, outra onda de ataques terroristas ou inventar alguma nova guerra, o poder de Trump-Temer para impor a agenda da direita cristã e fazer calar qualquer oposição ou dissidência estará dramaticamente aumentado. Na eleição presidencial nos EUA, 81% dos evangélicos brancos apoiaram Trump [essa 'pesquisa' as empresas de mídia ainda não fizeram no Brasil: preferências eleitorais aferidas por religião declarada (NTs)].

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Império dos choramingas, por Pepe Escobar

23/7/2017, Pepe Escobar, SputnikNews












É do conhecimento de todos que, do ponto de vista do Pentágono, os EUA enfrentam cinco ameaças existenciais: Rússia, China, Irã, Coreia do Norte e o terrorismo, nessa ordem. Muito além da retórica, todas as ações do Pentágono têm de ser compreendidas e analisadas nesse quadro de referência.

Agora, a opinião pública já tem acesso a documento ainda mais intrigante: um novo estudo feito pela Escola de Guerra do Exército dos EUA, intitulado At Our Own Peril: DoD Risk Assessment in a Post-Primacy World [Por nossa conta e risco: Avaliação de riscos pelo Departamento da Defesa num mundo pós-primazia]. Sugiro ativamente que os leitores baixem o documento (em ing.) e o examinem, com atenção às linhas e letras pequenas.


O pesquisador Nafeez Ahmed propôs uma decodificação útil desse dilema do período "pós-primazia" que exigiu virtualmente dez meses para ser montado.


O poder de fogo intelectual interessado envolveu todas as sessões do Pentágono em todo o mundo, além da Agência de Inteligência da Defesa (AID), o Conselho de Inteligência Nacional e os proverbiais think-tanks carregados de neoconservadores como o American Enterprise Institute (AEI), o Center for Strategic and International Studies (CSIS) e a RAND Corporation, além do Institute for the Study of War.

Tudo isso para quê? Para anunciar o óbvio – que os EUA estão perdendo a "primazia"; e para propor que façam mais do mesmo, tipo mais vigilância Orwelliana; mais "manipulação estratégica de percepções", também conhecida como propaganda; e mais exército "maior e mais flexível", tipo mais guerras.
Se isso é o melhor que a "inteligência" militar dos EUA é capaz de gerar, os concorrentes Rússia e China podem passar a mão num gin-tônica e relaxar à beira da piscina.

Mundo multipolar versus 'comunicação' unipolar

17/7/2015, Roberto QuagliaKatheon, Moscou











Do ponto de vista econômico, o mundo já é multipolar, e a parte dos EUA no PIB mundial estava (em 2013) em torno de 18%, e em declínio constante. Assim sendo, como é possível que os EUA ainda dominem globalmente? A razão não está no orçamento militar gigantesco, porque não é realisticamente possível bombardear o mundo inteiro.


O principal instrumento mágico que os EUA estão ainda usando para dominar o mundo é sua moeda, o dólar. A palavra "mágico" não aparece aqui como licença poética; o dólar é realmente criatura de magia, dado que o banco Federal Reserve pode criá-lo em quantidades ilimitadas em computadores, e mesmo assim o mundo o toma como algo de valor, ainda com o petrodólar em mente. Assim se facilita muito a tarefa dos EUA, de financiar "revoluções coloridas", com bilhões de dólares, além de outras subversões em todo o mundo. Esse 'financiamento' praticamente nada custa aos EUA. E aí está um grave problema que quem trabalhe para mundo multipolar terá de enfrentar.

Outra das super-armas dos EUA é a insana dominação que exerce sobre todo o universo informacional e suas mídias, hegemonia que se pode considerar absoluta – cuja dimensão ainda escapa à imaginação da maioria dos analistas.

terça-feira, 25 de julho de 2017

Plano dos EUA para (re)ocupar o Iraque enfrenta resistência

25/7/2017, MK Bhadrakumar, Indian Punchline










O antigo projeto dos EUA, jamais abandonado, de promover a criação de um Curdistão independente nas regiões ricas em petróleo do norte de Iraque e Síria, depois da derrota do ISIS encontrou forte vento de proa. Bem se poderia prever, porque o plano essencialmente reverte à balcanização de Síria e Iraque, contra a qual todo o povo árabe não curdo sempre resistiu fortemente.


O vice-presidente do Iraque Nouri Maliki falou muito claramente na 6ª-feira, quando avisou os EUA para que não tentassem abrir à força seu caminho de volta ao Iraque como força ocupante, sob o pretexto de que estaria lutando contra a ameaça do ISIS. Maliki disse que "Não queremos base militar em al-Waleed, a sociedade iraquiana opõe-se a bases estrangeiras no território nacional (...). Já disse aos norte-americanos que nem a eles próprios interessaria voltar ao Iraque para outra vez estabelecer bases militares."

Maliki foi útil, como então primeiro-ministro iraquiano, para fechar a porta e impedir a presença continuada de militares dos EUA depois de 2009. O governo Obama obteve alguma vantagem ao afastar Maliki e conseguir impor em lugar dele uma liderança mais amigável em Bagdá. Mas fato é que ninguém consegue 'conter' Maliki por muito tempo, e o indomável político xiita lá está outra vez, no centro do palco do nacionalismo iraquiano. A roda completou seu giro.