terça-feira, 26 de abril de 2016

E Putin? Estará preparando um expurgo no governo?

21/4/2016, The Saker, Unz Review e The Vineyard of the Saker

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Como faz anualmente, semana passada o presidente Putin passou mais de três horas e meia respondendo 80 perguntas das mais de 3 milhões que foram recebidas. O programa, televisionado pelos canais 1, Rossiya-1 e Rossiya-24 da televisão russa, e pelas rádios Mayak, Vesti FM e Radio Rossii foi sucesso sem precedentes, comentado por milhões de russos. A transcrição integral (em ing.), aquie a transcrição da conversa entre Putin e o corpo de jornalistas, depois do programa (em ing.).



O principal canal da TV russa, Rossia-1, também transmitiu não uma, mas duas sessões especiais de seu programa de entrevistas (aqui e aqui) inteiramente dedicadas à discussões sobre o desempenho de Putin. São programas de enorme audiência, da famosa série "Evening with Vladimir Soloviev" – de longe o programa de maior audiência e prestígio da TV russa. Para que saibam, Rossia-1 é a joia da coroa da poderosa holding estatal de comunicações russa All-Rússia State Television and Radio Broadcasting Company (ru., VGTRK). 



Considerando o programa com Putin ao vivo (3 horas e 40 minutos), o primeiro programa de discussões entre jornalistas (2 horas e 12 minutos) e o segundo programa (1 hora e 44 minutos) o público russo foi exposto a espantosíssimas 7 horas e meia de discussão política. Para alguns, seria "propaganda" – dividida entre os que entendem que seja movimento positivo e os que entendem que seja negativo, o que pouco altera. A questão importante aqui é que foi esforço gigantesco, imenso, de comunicação social pública. Tudo isso posto, qual foi a mensagem que toda a operação passou? Resumirei para vocês.



Primeiro, Putin é governante e defensor amado de todos os russos, e isso nem se discute; é administrador extremamente efetivo, defensor do povo russo mais simples em todos os cantos do país e é o último recurso ao qual recorrem os que tenham sido ludibriados por alguma autoridade. Permitam-me acrescentar que todas as lideranças dos partidos de oposição concordam integralmente com isso. Nesse momento, ninguém na Rússia atreve-se a criticar Putin pessoalmente, não porque haja risco de aparecerem encapotados da KGB no meio da noite e arrastarem você para um campo de prisioneiros, não, de modo algum; simplesmente porque falar mal de Putin é assinar o próprio suicídio político. Pois mesmo assim há alguns elementos da oposição política não-sistema (também chamados "5ª-Colunas") que fazem exatamente isso hoje.



Segundo, porque, muitos russos estão passando por dificuldades muito, muito graves. Não por causa de sanções ou pela queda nos preços do gás e do petróleo, mas por causa da corrupção, incompetência e cegueira ideológica do "bloco econômico do governo russo". A economia está em situação difícil por causa de governantes corruptos, burocratas incompetentes e/ou desonestos e descarada sabotagem pelo conhecido "bloco econômico do governo" odiado quase universalmente. Sanções (principalmente a não concessão de créditos) e a derrubada do preço internacional do petróleo pioram ainda mais as coisas, mas não são o principal problema, sequer a maior parte do principal problema.



Em terceiro lugar, os indivíduos responsáveis por essa confusão são sempre citados nominalmente. Esse ódio contra o "bloco econômico do governo" jamais é estimulado abertamente pelo presidente Putin, o qual, quando perguntado diretamente, sempre elogia o trabalho dos ministros do governo. Exceto o presidente, todo o resto do governo, inclusive figuras de oposição e até o jornalista apresentador do programa Vladimir Soloviev, já pede abertamente não só a renúncia de ministros e outras autoridades, mas, inclusive, que sejam processados e, se condenados, sejam metidos na cadeia. O primeiro-ministro Medvedev, diretamente, quase nunca é alvo de acusações; mas Arkadii Dvorkovich (vice-primeiro-ministro), Igor Shuvalov (primeiro vice-primeiro ministro), Alexei Uliukaev (ministro do Desenvolvimento Econômico) e Anton Siluanov (ministro das Finanças) são atualmente "abertamente odiados" na TV russa.



Por exemplo, quando uma mulher telefona ao programa e denuncia o estado terrível em que se encontra a principal estrada até a cidade dela, e Putin promete tomar providência, todos os comentaristas concordam em que é terrível vergonha e profunda desgraça que só o presidente dê sinais de interesse em ouvir essas reclamações, enquanto os diretamente responsáveis mantêm-se distantes e indiferentes e nada fazem ou, ainda pior, são corrompidos até a medula. 



Outro exemplo: trabalhadores mantidos em condições de escravidão por uma gangue de bandidos numa ilha no extremo oriente do território russo reclamaram à polícia local e a juízes daquela jurisdição, e foram completamente ignorados. Mas bastou telefonarem ao programa e falarem diretamente com o presidente Putin, e o Investigative Committee russo (equivalente, nos traços gerais, ao FBI dos EUA) investigará, não só a gangue de empregadores criminosos, mas também as autoridades e forças do judiciário e da polícia locais. Quanto a  Putin, ele pessoalmente pediu desculpas àqueles trabalhadores, em nome de todo o governo russo. 



Vale registrar que na Rússia todos os burocratas e autoridades locais e regionais vivem em pânico quando se aproxima a data dessas conversas ao vivo, pela TV, com o presidente, porque realmente não há como controlar quem telefona. O que todos sabem é que, havendo denúncia pública, imediatamente começam os sinais de que há investigação em curso, e as sanções "de cima" não são coisa leve. Por tudo isso, o público em geral é absolutamente apaixonado pelo presidente Putin.



Mas, sim, também há a impressão generalizada de que, no instante em que o programa ao vivo é encerrado, todos que não tenham sido denunciados 'dessa vez' respiram aliviados e imediatamente retomam suas práticas velhas e viciosas. A verdade é que também há muito de uma mentalidade russa do "tomara que não" (tomara que 'eu' não seja apanhado). E acabado o programa de TV, praticamente tudo, ou quase tudo, volta a ser como antes.



Anoto também, porque é significativo, que alguns ministros são muito elogiados pela TV russa: o ministro Lavrov, de Relações Exteriores; o ministro Shoigu, da Defesa; o tenente-general Vladimir Puchkov (ministro para Situações de Emergência); Dmitri Rogozin (vice-primeiro ministro para questões da indústria da Defesa, com nível de ministro) e alguns poucos outros. O que há de interessante nessa seleção é o padrão. 



Todos esses são "aliados de Putin" (eu os chamo de "Soberanistas Eurasianos"[1]) e todos estão com notas altas, pela avaliação da opinião pública. E todos os "aliados de Medvedev" (que chamo de "Integracionistas Atlanticistas"[2]) estão sendo declarados culpados. Não só isso. Quanto pior se torna a situação econômica, mais Putin e "seus homens" parecem melhores, e os "ocidentalizantes" parecem piores. Verdade é que atualmente, os 'inimigos de Putin' estão levando todas as culpas, na avaliação pela opinião pública.



Podem acreditar: sete horas e meia de críticas ferozes contra os Atlanticistas Integracionistas pela TV russa não acontece "por coincidência". Como diriam os russos, Putin está claramente "cavando por baixo" (equivalente a "preparando a cama") dos 5ª-colunistas que ainda existem no poder e dentro de seu governo.



Examinemos também a nomeação de Viktor Zolotov para o posto de Comandante-em-chefe da recém criada Guarda Nacional Russa.[3] Como já escrevi inicialmente, não acho que Putin precise de algum tipo de Guarda Pretoriana para protegê-lo, não com os Serviços Especiais e o exército russo postados firmemente em torno do presidente, para nem falar da popularidade acima de 85%. Mas a posição de Comandante-em-chefe dessa Guarda Nacional é suficientemente importante para pôr o titular como membro do Conselho de Segurança da Federação Russa. E, sim, Putin pôs Zolotov como membro do CSFR, o que dá ao "campo pró-Putin" um aliado poderoso em posição muito importante. Sim, também é verdade que Putin removeu do mesmo CSFR outro aliado poderoso, Boris Gryzlov, presidente do Parlamento Russo (Duma) e presidente do Conselho Superior do Partido Rússia Unida – mas o fez para pôr Gryzlov à frente da "política russa para a Ucrânia" (Gryzlov passa a ser o representante da Rússia no Grupo de Contato para a Ucrânia). É troca vantajosa para Putin, porque, mesmo que os dois, Gryzlov e Zolotov, sejam aliados igualmente firmes e confiáveis, Zolotov dá "mais músculos" a favor de Putin, em qualquer discussão no Conselho de Segurança da Federação Russa. Além do mais, com a Ucrânia já nos estertores finais, é indispensável que Putin tenha lá 'gente sua', agora que as coisas têm tudo para se tornarem realmente gravíssimas por lá.



Há também em curso outro desenvolvimento muito interessante: a ascensão meteórica da "All-Rússia People’s Front", ru. ONF[Frente Popular da Rússia, FPR] de Putin, a qual já é, em si mesma, organização interessante. Examinemos mais de perto esse fenômeno único.



Frente Popular da Rússia e seu papel na política russa



The Frente Popular da Rússia não é partido político, pelo menos oficialmente, mas um movimento de "forças políticas com pensamento semelhante". E, sim, Putin é presidente oficial da FPR. O co-presidente e, eu diria, principal rosto público do 'movimento' é Stanislav Govorukhin, diretor de cinema muito talentoso e popular, ideologicamente muito próximo de Putin (e do falecido Alexander Solzhenitsyn, vale acrescentar). A Frente Popular da Rússia é imensa colcha de retalhos de indivíduos privados, organizações sociais e políticas, empresas, sindicatos, clubes, organizações sociais, agências do governo (como os Correios da Rússia ou o Serviço Russo de Ferrovias) e muitas outras entidades. Oficialmente, a Frente Popular da Rússia partilha os objetivos estratégicos e táticos do Partido Rússia Unida, do presidente Putin. A pergunta, portanto, é: qual a diferença significativa entre a Frente e o partido?



A resposta é simples: o partido Rússia Unida foi fundado por um grupo de indivíduos que incluía Sergei Shoigu, mas incluía também o falecido Boris Berezovskii, e o objetivo era promover a dupla "Putin+Medvedev". A Frente Popular da Rússia é criação de Putin, exclusivamente. Pode-se dizer sem medo de errar que a Frente Popular da Rússia é a "guarda pretoriana política" pessoal de Putin. De fato, a Frente Popular da Rússia cumpre várias e muito importantes funções políticas, a serviço de Putin:



1) É a principal "ferramenta organizacional" não governamental com que Putin conta para realmente saber o que se passa no país. A Frente Popular da Rússia também está à frente de todas as denúncias de corrupção, nepotismo, abusos pelos burocratas, incompetência administracional, etc. A Frente Popular da Rússia cria grupos especiais de investigação que muito se empenham em encontrar e noticiar o que realmente acontece no país. Recentemente, um ativista da Frente Popular da Rússia completou levantamento de mais de 65 mil quilômetros de estradas na Rússia e apresentou seu relatório ao presidente e à opinião pública da situação de cada uma e de todas as estradas do país, o que expôs os governos, regionais e municipais, as cidades e vilas que negligenciaram na manutenção da infraestrutura de rodovias. Fato é que a Frente Popular da Rússia tem papel chave na Rússia, como uma espécie de "fiscal" que reporta diretamente ao presidente Putin, e é regularmente mostrada na TV russa, com seus principais organizadores e responsáveis convidados muito frequentemente para programas de entrevistas em toda a Rússia.



2) A Frente Popular da Rússia também permite que Putin deixe completamente de lado o aparelho burocrático partidário do Partido Rússia Unida, para fazer contato direto entre a presidência e a opinião pública russa. Ainda mais importante, a Frente Popular da Rússia pode ser convertida em partido político "normal" quase da noite para o dia, literalmente. Assim, se houver qualquer manobra ou tentativa de golpe, dentro do Partido Rússia Unida, para, seja como for, enfraquecer o presidente ou o governo, ou agir contra ele, Putin tem meios para, quase instantaneamente, criar um "Partido Putin", PP, quase instantaneamente.



3) A Frente Popular da Rússia é extremamente ameaçadora aos olhos das gangues de corruptos locais, que não se atrevem a usar seus meios tradicionais de intimidação contra ela; corruptos em geral não querem de modo algum receber uma visita da SWAT das Forças de Segurança da Rússia por ordem de Vladimir Putin em pessoa, presidente. Precisamente porque a Frente Popular da Rússia é sabidamente criação pessoal de Putin e objeto de sua atenção constante, ninguém, em sã consciência, atreve-se a desobedecer, muito menos a ameaçá-la.



4) A Frente Popular da Rússia é insistente ponta-pé no traseiro de todas as agências às quais cabe fiscalizar a situação em território russo. Quando a Frente Popular da Rússia expõe um caso de corrupção em governo local, ou reclamações de trabalhadores que não recebem salários há meses, a questão importante, é claro, é identificar quem, dentro das agências mantidas pelo governo com dinheiro do cidadão russo, não está fazendo o que é sua obrigação fazer. Todas as agência e ministros sabem que competem contra a Frente Popular da Rússia, em matéria de eficiência e eficácia. Ainda pior: a Frente Popular da Rússia tem estrutura e poderes para investigar todas as agências e todos os ministros. Assustador. 



Agora, junte tudo 



Agora, juntemos tudo. Quanto pior a situação econômica na Rússia, mais forte Putin e mais fracos os Integracionistas Atlanticistas. Assim sendo, longe de tentar esconder os problemas econômicos da Rússia, Putin e seus apoiadores estão sempre – insistentemente e publicamente – falando sobre os problemas econômicos da Rússia. Agora, Putin está claramente usando a Frente Popular da Rússia como ferramenta para instruir sua ação contra autoridades locais corruptas. Ainda mais, Putin também está usando a Frente Popular da Rússia como meio para denunciar a várias modalidades de sabotagem atentadas pelos 5ª-Colunistas, ao mesmo tempo em que impede que falsas acusações 'colem' nele ou em seu governo. Ao mesmo tempo, o governo está executando massiva campanha de Relações Públicas pela mídia estatal russa contra o "bloco econômico" do governo, o qual, como os russos já sabem, é constituído exclusivamente de "Integracionistas Atlanticistas" e aliados de Medvedev. E, só para garantir que todas as suas bases estejam cobertas, Putin põe um aliado com muito "músculo" no Conselho de Segurança.



Algo aí indicaria que Putin esteja preparando um expurgo dos 5ª-Colunas?



Não sou profeta nem leio pensamentos. Não sei o que Putin planeja ou o que o futuro nos reserva. Mas acho que se se consideram os fatos acima listados, pode-se dizer que com certeza apontam na direção, sim, de um expurgo. E se olho para o modo como Putin lidou no passado com desafios assemelhados, sim, vejo um padrão.



Putin tem história de deliberadamente deixar que dadas situações apodreçam muito, antes de intervir.



Em 1999 Putin esperou que o Daguestão invadisse e que já chovessem bombas sobre a cidade de Moscou, antes de ordenar um contra-ataque russo, que se converteria no que ficou conhecido como a Segunda Guerra da Chechênia.



Na Ucrânia, Putin deixou que os ucronazistas executassem ataque massivo contra a Novorrússia – e não só uma, mas duas vezes –, antes de permitir que os novorrussos contra-atacassem com sucesso e forçassem a junta a assinar os acordos Minsk-1 e Minsk-2.



Na Síria, Putin esperou até que o Daesh já estivesse ameaçando Damasco, antes de ordenar a intervenção russa, muito limitada, mas efetiva.



Os odiadores de Putin dirão que ele é fraco e indeciso e que em todas essas situações deveria ter agido muito antes. Talvez. Mas, para mim, Putin é homem dos que só agem depois que uma situação tornou-se tão difícil, que sua intervenção aparece como milagre pelo qual já ninguém contava. Esse tipo de "preparação psicológica para o combate" pode bem ser, me parece, típica do modo como operam os serviços secretos russos. Também me parece que essa abordagem é a chave de toda a política da Rússia para o que resta hoje da Ucrânia.



Em teoria, pode também estar acontecendo de um "insider profundo", como Sergei Ivanov, chefe do Gabinete da Presidência da Rússia, ser o coordenador – em vez de Putin –, dessa campanha de pré-expurgo, especialmente se houver motivos para não incluir no circuito membros 'suspeitos' do Conselho de Segurança. Mas meu instinto mais basal indica que Putin está no controle, porque gosta de ali estar, especialmente em desenvolvimentos cruciais.



Seja qual for o objetivo final de Putin, certo é que nenhum governo sobrevive indefinidamente ao tipo de ataque político infatigável ao qual está submetido o governo de Medvedev, pela mídia russa. Mais uma vez, devo acrescentar imediatamente que aqui não se fala de situação na qual a mídia critica "os que estão no poder". No caso da Rússia, a mídia promove positivamente o presidente Putin e os ministros claramente associados a ele; e ataca deliberadamente, sem descanso, o chamado "bloco econômico" do governo (que faz oposição ao gabinete Putin). Os alvos nos dois casos, de elogios e de 'castigo', são muito claramente definidos.



Por um lado, 2016 será ano de eleições importantes, quando o povo russo elegerá novo Parlamento. Além do mais, o risco de mais um ataque, desesperado, dos ucronazistas contra a Novorrússia, é muito real, se não for por outros motivos, simplesmente para distrair a opinião pública e esconder a situação doméstica apocalíptica na Ucrânia. Por outro lado, a economia russa pode bem começar a sair do quadro atual de recessão amena, mas muito real, e os números da inflação melhoram a olhos vistos. Boa hora para iniciar um expurgo no governo? Talvez sim.



Um cenário possível seria que os partidos de oposição a Putin (Comunistas, os liberais-democratas de Zhirinovsky e o Partido Rússia Justa) alcançassem resultados melhores que os esperados nas próximas eleições. Seria bom pretexto para Putin livrar-se do "bloco econômico" e substituir aqueles ministros por membros do Partido Comunista (acreditem ou não, ainda que Ziuganov tenha ares de figura da velha era Brezhnev, há alguns líderes muito brilhantes e interessantes, além de mais jovens, no Partido Comunista). De um modo ou de outro, tenho uma forte sensação de que o "bloco econômico" do governo Medvedev não dura até o final do ano.*****







[1] Sobre isso ver 16 e 17/10/2013, "O longo (20 anos!) pas de deux de Rússia e EUA está chegando ao fim?" (e continuação), The Saker, The Vineyard of the Saker (traduzido) [NTs].


[2] Vide nota 1 [NTs].


[3] Sobre a Guarda Nacional recém criada ver também "Rússia expulsa do círculo de poder ocidental", Global Times, Pequim, emhttp://blogdoalok.blogspot.com.br/2016/04/russia-e-expulsa-do-circulo-do-poder.html

Um comentário:

Unknown disse...

⭐⭐⭐⭐⭐⭐