terça-feira, 3 de outubro de 2017

Hassan Nasrallah, do Hezbollah, aos judeus: "O sionismo é nosso inimigo comum"

Discurso na solenidade de comemoração do martírio do Imã Hussein
1/10/2017, al-Manar (transcrição, ing.); Blog Sayed Hasan (fr.)












[...] Segundo, [quanto a] Israel. Israel não se cansa de lançar ameaças diretas contra o Líbano, de que na próxima guerra destruirão o país. Não falta lá quem se levante e diga "Na próxima guerra, só deixaremos ruínas. Mandaremos o Líbano de volta ao que foi há 100, 200 anos."

Antes de [manobras militares israelenses] "Frente Norte" [em setembro de 2017, as maiores nos últimos 20 anos] e depois, enquanto Israel continua sua ofensiva na Síria, dizendo que assim impede que cheguem mais armas para a Resistência [o Partido de Deus, Hezbollah], só se repetem as violações do espaço aéreo libanês, de vários modos, e Israel faz de tudo que possa para empurrar a região na direção de mais guerra sob todos e quaisquer pretextos.

Hoje, 10º dia [do mês islâmico de Muharram, em que se comemora o martírio do Imã Hussein], quero enviar mensagem clara aos israelenses e aos judeus na Palestina Ocupada e em todo o mundo. Digo-lhes o seguinte: 

Desde o início, nós, na Resistência, declaramos que nossa luta sempre foi contra os agressores sionistas ocupantes na terra da Palestina e em nossa terra árabe. Não lutamos contra os judeus seguidores de religião santa [reconhecida pelo Islã], nem contra o Povo do Livro [a Torah].

Nosso inimigo é o movimento sionista que se serviu do judaísmo e dos judeus para levar avante um projeto de ocupação colonialista na Palestina e na região, curvado sob os britânicos há 100 anos, e hoje curvado a serviço de políticas dos EUA.

Judeus trazidos de todos os cantos do mundo devem saber que serviram de bucha de canhão numa guerra colonialista britânica ocidental contra os povos árabes e islâmicos nessa região. Hoje são bucha de canhão em projetos e políticas dos EUA cujos alvos ainda são os mesmos nossos povos dessa região.

E quando nossos povos defendem a própria vida, a própria casa e a própria honra diante de gangues sionistas, são injustamente acusados de antissemitismo. É a acusação que se ouve em cada canto do mundo.

Hoje, me dirijo aos intelectuais judeus, às personalidades eminentes que seguem essa fé, aos seus pensadores: Os mesmos que trouxeram vocês de todas as partes do mundo para a Palestina para atender a interesses deles, trabalham hoje para destruí-los. Devem saber disso, porque está escrito nos seus livros religiosos.

O atual governo de Israel chefiado por Netanyahu está levando o povo israelense à aniquilação e à destruição. Porque não faz outra coisa que não seja planejar guerras e procurar guerras.

Netanyahu trabalhou muito para impedir que fosse assinado o acordo nuclear com o Irã, e fracassou. Hoje trabalha com Trump para rasgar esse acordo e empurrar a região para nova guerra. Se Trump e Netanyahu empurrarem a região para nova guerra, as primeiras vítimas serão os israelenses. Vocês, israelenses pagarão preço muito alto pelas políticas estúpidas do atual chefe do governo de Israel.

E Netanyahu também empurra a região na direção de guerra contra o Líbano, contra a Síria, contra Gaza, contra os movimentos da Resistência, sob falsos pretextos e desculpas de autodefesa, que seria 'guerra preventiva', como ele diz.

Aqui, espero que todos os israelenses ouçam cuidadosamente o que lhes digo: Netanyahu, o governo dele e seus oficiais militares não avaliam corretamente a magnitude que essa guerra alcançará, se eles realmente conseguirem acender o pavio. Não avaliam a extensão, o território que a guerra alcançará, quem guerreará, quem entrará em guerra... Netanyahu, seu governo e seus oficiais militares não sabem como terminará a guerra, se conseguirem deflagrá-la.

Digo também que eles não têm avaliação acurada do que os espera, se conseguirem iniciar mais essa guerra estúpida. Não têm visão, não tem qualquer clareza, não contam com avaliações rigorosas, não têm ideia do que será uma nova guerra aqui. Se conseguirem pôr fogo na região, como tanto se esforçam para conseguir fazer, eles não avaliam até onde irá o incêndio, que terras alcançará, quem participará da luta.

Por isso conclamo todos os judeus a se separarem claramente, para bem longe dos projetos sionistas. E conclamo todos os que vieram para ocupar a Palestina, acreditando em promessas de que aqui encontrariam a terra de leite e mel, a que partam daqui. Que se vão. Que deixem a Palestina e voltem aos países de onde vieram, para que não sejam queimados como combustível numa nova guerra à qual os arraste a estupidez do governo de Netanyahu.

Porque se Netanyahu conseguir mergulhar nossa região em guerra, os israelenses não terão tempo depois para deixar a Palestina, nem haverá lugar seguro para eles na Palestina ocupada.


[Público canta: "A teu serviço, Nasrallah"]

O governo inimigo deve saber que os tempos mudaram. Que o governo israelense já é um peso para aqueles com os quais ainda tenta conseguir uma aliança. Porque os outros também já têm de se defender e não podem mais ajudar Israel.

E a escala dos massacres que Israel cometeu contra o povo palestino e os povos da região, a parceria entre Israel e os terroristas do Daech, a aberta cumplicidade de Israel no projeto para dividir nossa região e o temerário apoio dos sionistas à secessão dos curdos, tudo isso empurrará os povos da região a condenar os sionistas.

Concluo dizendo aos israelenses, ao povo israelense que é base dessa entidade usurpadora: vocês sabem que tudo que seus líderes militares dizem sobre a capacidade de Israel para vencer qualquer guerra futura é, na maior parte, amontoado de mentiras e fantasias. O que lhes é informado são mentiras e ilusões, quase exclusivamente. Os israelenses sabem disso.

O povo israelense sabe a extensão das falhas e das fraturas que há em seu exército e em sua sociedade. Por isso os israelenses não devem permitir que líderes estúpidos e arrogantes os arrastem para uma aventura que, se persistir, apressará o fim dessa entidade de ocupação e violência.[...]*****



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