2/9/2018, Tyler Durden, Zero Hedge
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
Na 6a-feira o secretário de Estado Mike Pompeo distribuiu declaração antes da iminente campanha de russos e sírios para libertar Idlib ainda controlada por jihadistas.
Disse Pompeo via Twitter:
"Os 3 milhões de sírios que já foram expulsos das próprias casas e estão hoje em Idlib, sofrerão com essa agressão. Nada bom. O mundo está vendo."
Unidas, Washington e as grandes redes de 'comunicação' estão insistindo num possível confronto final EUA-Damasco-Rússia em resposta à ação militar de Assad em Idlib, e apresentam a província do noroeste da Síria como "última fortaleza dos rebeldes" onde Damasco só deseja "massacrar civis".
Mas funcionários em Washington com frequência contradizem as próprias posições, e aqui temos um caso clássico, em Idlib, onde Brett McGurk — enviado especial da Casa Branca para a luta contra o ISIS, e que atua essencialmente como o diplomata pessoal do presidente no Iraque e na Síria – já descreveu a verdadeira situação em campo em termos muito francos, de franqueza realmente rara:
IMPORTANT message from The #US Envoy for the Global Coalition to Counter ISIL- Brett McGurk- on the situation in #Idlib #Syria:— Brasco_Aad (@Brasco_Aad) August 22, 2018
''Idlib Province is the largest ALQaeda safe haven since 9/11, tied directly to Ayman al Zawahri (current #ALQaeda leader) & this is a HUGE problem'' pic.twitter.com/99ulOLpZwi
[Tuíto traduzido]Brasco_Aad@Brasco_Aad
IMPORTANTE mensagem do Enviado dos EUA para a Coalizão Global contra o ISIL – Brett McGurk – sobre a situação em #Idlib #Syria:
'A província de Idlib é o maior paraíso seguro para a Al-Qaeda desde o 11/9, ligada diretamente a Ayman al Zawahri (atual líder da #Al-Qaeda) & isso é problema ENORME.''
O enviado especial dos EUA McGurk descreveu acuradamente.
Essa avaliação acurada e sincera, rara, foi apresentada há mais de um ano, dia 27/7/2017, num evento em Washington D.C. no qual McGurk foi um dos palestrantes, realizado pelo Middle East Institute.
Durante a discussão, McGurk disse:
"Mas temos de nos fazer uma pergunta: por que e como o pessoal de Ayman al-Zawahiri achou meio para entrar na Província de Idlib? Por que isso está acontecendo? Como continuam a chegar até lá? Afinal, não são paraquedistas..."
Pois é. Há muito tempo nos perguntávamos a mesma pergunta, especialmente no momento em que a inteligência dos EUA ajudava diretamente o "Exército do Islã", da coalizão al-Qaeda (hoje convertido em Hayat Tahrir al-Sham) diretamente de uma "sala de operação" na Turquia.
Daquela vez, os comentários de McGurk visavam a Turquia, aliada dos EUA na OTAN, que ele acusava de facilitar a entrada de jihadistas no norte da Síria, para deslocar dali os curdos sírios apoiados pelos EUA.
" A abordagem feita por alguns de nossos parceiros, mandando dezenas de milhares de toneladas em armamentos, e fingindo que não viam esses jihadistas chegarem à Síria, pode não ter sido a abordagem ideal" – McGurk continuou, nos comentários de 2017.
Acrescentou ainda que a al-Qaeda havia extraído "total vantagem" de a Turquia permitir o livre fluxo de armas e de jihadistas ao longo de sua extensa fronteira com a Síria.
Claro, McGurk deixou de mencionar que os EUA participavam voluntariamente de todo o processo, e durante quase toda a guerra na Síria, sempre buscando mudar o regime em Damasco. O ministro de Relações Exteriores da Turquia, naquele momento, condenou a declaração de McGurk.
Evidentemente o Departamento de Estado conta com que os públicos norte-americanos esqueçam essas 'declarações', um segundo depois de terem sido 'declaradas', como se nunca as tivessem ouvido.
Entrementes, o ministro de Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov alertou o ocidente para que não interferisse contra as forças sírias e russas engajadas em ações antiterror em Idlib:
"Espero que nossos parceiros ocidentais não cedam a provocações e não obstruam uma operação antiterror," disse ele.
Parece, pois, que o Departamento de Estado nos idos de 2017 realmente concordava com Lavrov, ao chamar de terroristas os ditos "militantes", o que o Departamento de Estado, em 2018, cuida de nunca fazer. Ou, então, é apenas Washington 'declarando' e logo se desdizendo, como é comum, em nome de objetivos de política exterior no Oriente Médio, mais nefandos a cada dia.*******
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