quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

A estratégia para a “mudança de Regime” dos EUA contra a Venezuela e como responder

24.01.2019 - Moon of Alabama


Tradução btpsilveira


Os Estados Unidos reconheceram ontem (23/01) um “líder da oposição” de extrema direita da Venezuela, Juan Guaidó, como presidente do país. Outros países sul americanos de extrema direita se juntaram ao movimento. Cuba, Bolívia e México o rejeitaram. Rússia, China, Irã e Turquia continuam a apoiar o governo de presidente eleito, Nicolás Maduro, pronunciando-se contra a tentativa de golpe. A União Europeia não tem uma posição uníssona, com a França neo liberal sendo favorável ao pré golpe e a Espanha colocando-se contra.
A Venezuela deve se preparar para um conflito de anos e ao mesmo tempo fazer todo o possível para que esse tempo não se estenda mais que o necessário.
movimento planejado há tempos pelos EUA contra o governo legítimo da Venezuela está apenas no início. É destinado a escalar rapidamente para uma missão a cumprir – “agora não podemos mais parar” – Afinal de contras, mas de 300 bilhões de barris de petróleo, a maior reserva conhecida do mundo, está em jogo. O títere dos Estados Unidos, Guaidó, prometeu mudar as leis petroleiras da Venezuela para beneficiar os Estados Unidos, enquanto o governo bolivariano usa o petróleo para apoiar os pobres do país.
Quem escreveu o roteiro para a atual operação de mudança de governo da Venezuela pelos EUA foi o senador Marco Rubio com o apoio do vice presidente Pence:
O reconhecimento de Guaidó como legítimo presidente da Venezuela pelos (norte)americanos é mais que uma mera medida simbólica, apresentando novas complicações para Maduro.
A ideia foi ansiosamente promovida por Rubio, um republicano da Florida que pressionou a administração Trump a tomar essa medida. Em 15 de janeiro, Rubio discursou afirmando que a designação de Guaidó como presidente permitiria que milhões de dólares do governo venezuelano que estão congelados nos Estados unidos voltassem a ficar à disposição dos legisladores venezuelanos que poderiam usar os recursos para financiar novas eleições ou assistência humanitária.
O valor total que os EUA e o Reino Unido “congelaram”, ou mais simplesmente, roubaram da Venezuela alcança vários bilhões de dólares, não apenas alguns milhões. Esse “congelamento” de dinheiro de propriedade de outros países dos quais os EUA não gostam tornou-se nada mais que comum. Junto com um monte de outras sanções, a guerra econômica que os EUA desfecharam contra o país torna a recuperação econômica da Venezuela quase impossível.
Como os Estados Unidos provavelmente confiscarão todo o fluxo de dinheiro para a Venezuela, o país com certeza cessará suas exportações de petróleo para os Estados Unidos. Várias refinarias dos Estados Unidos, algumas delas de propriedade da Venezuela, dependem do tipo específico de petróleo venezuelano e com certeza rapidamente terão problemas. Talvez isso ajude a mudar os humores em Washington. A China pode estar interessada em comprar mais petróleo venezuelano.
A oposição venezuelana terá acesso a esse dinheiro “congelado” e comprará armas para criar um exército de mercenários que promova uma guerra “civil” contra o governo e seus seguidores. Exatamente como na Síria, forças especiais dos EUA e alguns “contratados” da CIA estarão prontos a ajudar. A linha de suprimento passará provavelmente pela Colômbia. Se, como na Síria em 2011, uma guerra estiver no horizonte, provavelmente começará nas cidades próximas à fronteira com a Colômbia.


Zoom
Mas os Estados Unidos e a oposição na Venezuela tentarão outros caminhos antes de começar um conflito militar.

Depois do anúncio dos Estados Unidos, o presidente Maduro ordenou a todos os diplomatas dos EUA em Caracas que deixassem o país em 72 horas. Como os EUA não mais reconhecem o governo Maduro, rejeitaram a ordem. Pompeu, Secretário de Estado dos EUA anunciou que: “conduziremos nossas relações com a Venezuela através do presidente interino, o senhor Guaidó”. Provavelmente, a rejeição foi deliberada, na suposição de provocar uma reação raivosa, como uma invasão da embaixada.
Caso houvesse um processo normal, o governo venezuelano poderia agora prender os diplomatas (norte)americanos tão logo deixassem a embaixada. Seriam então colocados em um avião e expulsos do país. Mas como parece que os Estados Unidos planejaram o conflito, seus diplomatas podem estar preparados para ficar na embaixada por longo tempo.
O melhor que a Venezuela pode fazer agora é isolar a embaixada. Teria que ser muito bem guardada para prevenir ataques de falsa bandeira. Não pode haver permissão para visitantes adentrarem o local. Todas as linhas de comunicação devem ser cortadas (o que ainda permitiria comunicação através de satélite) e a eletricidade e água devem ser racionadas. Caso haja pedido explícito, ajuda humanitária deve ser fornecida. É importante obedecer “todas as regras”, assim os Estados Unidos não poderiam usar o assunto para escalar o conflito.
Juan Guaidó, o “líder da oposição” traiu a pátria. Ele, sua equipe e quantos estejam por trás dele devem ser encontrados e colocados na prisão. Devem ser encarcerados em condições razoáveis, mas sob vigilância e guarda estrita.
Antes de iniciar uma guerra em larga escala, a oposição deverá criar caos insuportável nas ruas. Como durante as violentas demonstrações que falharam em 2016, as agitações promovidas pela oposição devem conter pessoas armadas. Provavelmente, a melhor maneira de manter as coisas em níveis toleráveis é prender e manter afastadas as pessoas armadas e violentas. A polícia deve ser provida com bom nível de inteligência no terreno para conseguir fazer isso.
Os Estados Unidos parecem ter se preparado para o golpe e não desistirão a menos que haja consequências decorrentes de sua posição no assunto. Nos Estados Unidos, a operação ilegal de mudança de regime tem apoio até mesmo dos supostamente democratas “socialistas”. O aparato de propaganda enganosa dos EUA, a mídia empresa e “robôs” de fake News estão em plena campanha. As companhias de mídia social dos EUA, supostamente privadas – Facebook, Instagram e Twitter – já declararam não reconhecer as contas oficiais de Maduro. Estas não tem mais um selo de “conta verificada”. A Voice of America mostra(vídeo) Guaidó declarando-se presidente no meio de uma multidão de centenas de apoiadores. Corta-se então (1:05 minutos) para uma multidão muito maior um local diferente, sugerindo falsamente que ele tem muitos seguidores. Nas estradas e nas cidades (norte)americanas já existem caminhões com propaganda anti Maduro, que contém imagens falsas ou fazendo declarações não verdadeiras. Esta mudança súbita de localização chega a ser bonitinha pela estupidez:
baby sun (1): “atualmente, vivo em um pequeno e bonito apartamento em Paris onde estoun estudando moda e até já tenho um emprego no ramo de roupas”


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baby sun: Vivi lá. Vivi tudo isso. Vivi com comida racionada, sem papel higiênico, necessidades humanas básicas. Muitos membros da família e amigos foram mortos no último ano que em toda a minha vida por causa da insegurança. Fiquei até cinco horas em filas para comprar uma bisnaga de pão.”

O governo da Venezuela deveria fazer consultas com sírios e russos para aprender a lidar com conflitos desse tipo. A primeira e mais importante coisa q
ue Maduro deve fazer é aumentar seu apoio entre o povo. Mesmo sabendo que o movimento bolivariano sob Chavez e agora sob Maduro ainda tem apoio forte, este tem diminuído entre os pobres por causa da economia em frangalhos depois da queda dos preços do petróleo. Até certo ponto a situação de penúria foi causada pelas sanções dos EUA, mas uma parte significante acontece por causa das políticas econômicas equivocadas e pela corrupção. Os bilhões de dólares em créditos e investimentos da China e da Rússia não foram empregados corretamente.
Uma campanha bem concatenada contra a corrupção ajudará a aumentar o apoio do público e dará à China e à Rússia mais confiança para se manter ao lado do governo legítimo.
Outro passo poderia ser um diálogo inicial com a parte racional da oposição. Embora muitas pessoas não concordem com o governo de Maduro, muitos também discordam da intervenção obviamente dirigida pelos EUA. Esse pessoal pode ser conquistado. A Igreja Católica poderia ser chamada para mediar conversações com eles.
O exército da Venezuela prometeu apoiar o presidente eleito. Poderia ser usado para reagir instantaneamente contra qualquer tentativa violenta de escalação. A lição aprendida no conflito da Síria é que uma guerra prolongada pode causar muito mais mortes e danos que uma reação inicial forte e decisiva contra uma guerra em incubação.  
Estou confiante que a Venezuela e seu povo poderão resistir a esta investida. Porém o governo deve responder racional e decisivamente. Precisa manter-se em colaboração e consultoria estreita com seus aliados e ter planos para um conflito prolongado.

(1) [baby sun: apelido bem bonito – alguém lembrou da falsa menina síria que vivia contando mentiras na internet e depois se revelou que seu pai era quem postava a mando de entidades ocidentais de inteligência? – NT]


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