terça-feira, 26 de setembro de 2017

Baba Pequim e o Grande Urso derrubam Tio Sam no Irã e na Venezuela

25/9/2017, Jeff J. Brown, The Vineyard of the Saker*






Mas… O que aconteceu aos bons velhos tempos da Guerra Fria, quando EUA ricos e imperiais batiam em Rússia e China pobres, agrárias, atrasadas, e Irã e Venezuela eram regimes corruptos fascistas a serviço dos interesses do capital norte-americano?! Longe vão esses dias! Parece que faz tanto, tanto tempo! 



Era uma vez, em 1945-1990, quando os EUA reinavam sobre o mundo não comunista como brutal líder de quadrilha, abusando o mais possível de seus muitos estados-poodles, com seu ilimitado poder militar e financeiro, sacudindo o chicote e ameaçando tudo e todos até que se rendessem e obedecessem. A piada em círculos diplomáticos do pós-guerra sempre foi que os EUA não têm amigos, só clientes, e abusados e espancados sem dó. My, oh my, como tudo isso mudou!

A Rússia converteu-se, de estado-falhado de capitalismo de desastre à moda "Chicago Boys", em potência global independente, confiante, economicamente em crescimento, superior em capacidade militar. A Rússia simplesmente detonou o ocidente na Ucrânia, ao reincorporar a Crimeia e fazer essencialmente o mesmo com o terço mais oriental do país. Exceto por um canto da Europa Oriental, a Rússia preservou grande parte da já inexistente União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, URSS, em termos de unidade militar e econômica. Com o silencioso apoio da China, a Rússia chicoteou a OTAN na Síria e agora provavelmente move-se na direção do Iraque. 

Os EUA têm trabalhado dia e noite para arrancar Índia e Brasil do laço que os une aos BRICS, mas, com Índia e Brasil ou sem eles, o Urso e o Dragão saem desse confronto ainda mais fortes e mais coesos no grupo do que nunca, depois da recente reunião do grupo em Xiamen, China, no início desse mês de setembro.

Nominalmente, a China é a segunda maior economia do mundo, e em purchasing power parities (PPP)já reina absoluta sobre o planeta. E também tem exército moderno e temível, com tecnologia de ponta, no yazoo. Sabiam que yazoo é palavra chinesa? Significa "Tio Sam ficou p'rá trás comendo poeira e contemplando meus lindos doces fundilhos amarelos e goodbye". Bobagem. Brincadeirinha.

As ridículas incursões dos EUA no Mar do Sul da China, numa exibição de força contraBaba Pequim, já estão convertidas em farsa embaraçosa, com a "maior marinha de águas profundas de toda a Via Láctea" já envolvida em quatro acidentes graves esse ano, com muitas mortes e graves danos físicos e reputacionais. Especulou-se que a Marinha Chinesa cada dia mais espetacularmente sofisticada teria provocado aqueles eventos desastrosos, com ataques cyber e mistura de sinais e/ou emissão de sinais de GPS falsos. Se for verdade, será evento que marcará o início de sino-reações contra abusadores que invadam seu próprio quintal. Não acreditam? Confiram o quinto dos 36 Stratagems of War, "Saqueie a casa em chamas", para começar.

O USS Fitzgerald gravemente danificado em acidente no qual morreram vários marinheiros norte-americanos é apenas um de quatro graves acidentes com navios da Marinha dos EUA só esse ano. Será efeito de ciberataque dos chineses? Ou é só a Marinha dos EUA, incompetente, batendo cabeça com ela mesma?

A pegada da garra ditatorial dos EUA sobre seus estados-poodles enfraquece; Rússia e China já não são os países comunistas, pobres, agrários que o Ocidente atropelou durante a Guerra Fria. Naquele tempo, os EUA conseguiram manter isolados os dois gigantes vermelhos, enquanto os norte-americanos roubavam absolutamente impunes o mundo em desenvolvimento, graças em grande parte ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional, e conseguiam usar todo aquele capital humano e recursos naturais, até converter em despejo de esgoto metade do PIB do mundo. EUA era o maior exportador, o maior credor e a maior manufatura do Planeta Terra. O EUA-dólar foi ligado primeiro ao padrão-ouro, depois ao barril de petróleo da OPEP.

Longe vão aqueles tempos. Bye-bye. Agora o PIB da China já saltou longe por cima dos EUA. A China é o maior exportador, o maior credor e a maior manufatura do mundo, e os EUA são o maior devedor da Terra e podem jactar-se de ser o maior devedor e de ter o maior buraco negro de déficit comercial de todo o universo. Rússia e China são os dois países maiores mineradores de ouro, e os dois vendem e compram cada dia mais hidrocarbonetos e muitos outros produtos, todos, e tudo vendido e comprado em suas próprias moedas, o que faz encolher muito o status do EUA-dólar como moeda mundial de reserva. China e Rússia estão começando a realmente montar no dólar. China é o maior importador de petróleo e gás, e Baba Pequim acaba de anunciar um renminbi chinês denominado em contratos de petróleo lastreados em ouro físico, conversível.

Resultado disso, de continente a continente, os EUA jogam desesperadamente com esses dois aliados asiáticos um jogo daqueles em que nunca param de aparecer novos problemas. 

China apoia empenhadamente a Venezuela socialista, tendo emprestado 10 bilhões de dólares para construção de casas para as populações de baixa renda, hospitais, escolas e infraestrutura de conexão. Os termos do empréstimo são suaves, e a Venezuela paga em petróleo. Dado que a revolução colorida fracassada que os EUA promoveram para derrubar o governo antiocidente eleito na Venezuela custou preço alto ao país, BabaPequim não pressiona para receber o que lhe é devido; assim garante algum alívio ao povo, enquanto continua a construir e construir sem parar

Na reunião da ONU que está em andamento, onde Donald Trump exibiu as verdadeiras antigas sempre ativas cores imperiais dos EUA, a China exibe abertamente o apoio que garante à Venezuela, além de sua oposição ao sempre repetido manual ocidental de revoluções coloridas.

Então, como desafio direto lançado à hegemonia do dólar, como já fora a petromoeda global, a Venezuela passa agora a fixar o preço de seu petróleo em renminbi chineses

Depois que Iraque e Líbia fixaram em euros o preço de suas exportações de petróleo e derivados, os dois países foram invadidos e destruídos pelo ocidente. Agora, os EUA tentam fazer o mesmo servindo-se da mesma guerra financeira contra a Venezuela, e a Coreia do Norte constrói bombas de hidrogênio para se autoproteger.

Mas a Rússia tampouco não está sentada vendo o tempo passar na Venezuela, ao emprestar à Revolução Bolivariana $17 bilhões, em troca de petróleo. Em mais um passo na direção do possível descarte do dólar norte-americano, o presidente Vladimir Putin da Rússia acaba de ordenar que os portos russos parem de usar as verdes como moeda e passem de negociar em rublos.

Outro país socialista que os EUA tentam castrar e destruir é o Irã. No instante em que a tinta secou sobre as assinaturas no acordo multilateral "Plano Conjunto Amplo de Ação" [ing. Joint Comprehensive Plan of Action (JCPOA)] para limitar o desenvolvimento nuclear do Irã, os EUA já começaram a trair o que haviam assinado, em surto típico de excepcionalismo imperialista.

Dizer que Rússia e Irã são irmãos-em-armas é dizer pouco. Os dois países são ferozmente antiamericanos e rejeitam a Euroanglolândia (OTAN plus Austrália e Nova Zelândia) pela obediência canina sob o ferro da bota de Tio Sam. Irã e Rússia continuam a trabalhar mãos nas mãos, de luvas, para dar à OTAN e seu exército empregado à distância, o ISIS, o qual, de fato, deve ser chamado de SIUS – Sátrapa Islâmico dos United States –o fim que merecem na Síria, ao mesmo tempo em que Irã e Rússia expandem-se na direção do Iraque. 

comércio russo-iraniano está em expansão explosiva, usando (também) o petróleo-em-troca-de-bens. A venda pela Rússia de seu elogiado e – no ocidente – temido sistema antimísseis S-300 faz letra morta no Irã do jogo de guerra-e-saque que o ocidente pratica. Os sionistas genocidas alucinados de Israel continuam a ameaçar o Irã, mas agora é só a velha loucura racista imperial. Na Assembleia Geral da ONU, essa semana, o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu repetiu 57 vezes o nome do Irã.

China e Irã também estão unidos como militantes antiocidente. Baba Pequim acaba de estender ao Irã uma linha de crédito de $10 bilhões, de modo que a China pode continuar a construir infraestrutura no país, em projetos denominados em renminbi chineses e euros, de modo a circum-navegar as sanções sufocantes e ilegais impostas por Tio Sam. Isso, além de linha de crédito anterior equivalente a $15 bilhões e outra, de $4,2 bilhões para construir ferrovias para os trens de alta velocidade chineses.

Até a Coreia do Sul, aliado ocupado pelos EUA, entrou na dança e estendeu ao Irã um empréstimo de €8 bilhões. Os estados-poodles-clientes dos EUA Áustria, Dinamarca e Alemanha estão negociando empréstimo de $22 bilhões ao Irã. Engraçado é que os imperiais EUA estejam quase amputando o próprio nariz, de tanto cuspir na própria cara, e querem agora cancelar, até, vendas de aviões Boeing ao Irã. Isso é húbris, o resto é bobagem. E lá se vão a Airbus e inclusive a China, para salvar o negócio.

O dinheiro iraniano fala grosso e a miséria imperial dos EUA tropeça, quando se trata de fazer negócios, porque grande parte do mundo continua firmemente enraizada no campo capitalista. O Irã tem projeto de governo socialista, mas o povo persa é, por excelência, povo de negociantes, e negocia há mais tempo que os antigos gregos. O Irã é país rico em hidrocarbonetos que o mundo inteiro quer comprar, ao mesmo tempo em que governantes sábios vão rapidamente criando uma classe média em rápida expansão que quer comprar bens importados de consumo e movimentar-se sobre infraestrutura do século 21.

Você jamais saberia disso do outro lado da Grande Muralha Corta-fogo que o ocidente construiu para se esconder, mas desse lado do mundo os norte-americanos são vistos como os imperialistas tolos e alucinados que realmente são. China e Rússia estão bem ali para esfregar os próprios narizes em cocô de cachorro antiocidente, ao mesmo tempo em que trabalham por um mundo melhor. Não melhor só para seus respectivos próprios cidadãos, mas melhor para toda a humanidade.

Melhor, inclusive, para os habitantes da Euroanglolândia, inclusive os norte-americanos. Por favor, passem as informações para eles com gentileza, postando esse artigo e opodcast (ing.) em suas mídias sociais, e partilhem com colegas, familiares, amigos. Todos têm de estar preparados para o novo feliz dia de recomeçar. Pensem nisso. A queda de um império... Com certeza será muito bonito. E a felicidade dos que há tanto tempo esperamos que ele caia?! Metam nos fones essa Ode to Joy [Ode à Alegriae curtam.*****







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