segunda-feira, 20 de agosto de 2018

'Golpe filosófico' do ocidente contra a esquerda, por Andre Vltchek

2/8/2018, Andre Vltchek,* New Eastern Outlook Journal


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



"Eu vou lhe dar a minha decisão:
botei na balança, você não pesou.
botei na peneira, você não passou."
(
Mora na Filosofia. Monsueto, 1962)**





Já está acontecendo há algum tempo, mas ninguém prestou muita atenção: a academia ocidental, as mídia-empresas ocidentais e os propagandistas mais aparecidos estão tentando convencer o mundo de que (1) a ideologia morreu, ou, no mínimo, tornou-se irrelevante; e de que (2), caso a ideologia não tenha morrido, então, a esquerda, atualmente... (apertem os cintos!) virou 'direita'!

Especialmente, a esquerda que está no poder, especialmente na Ásia e na América Latina, está sendo 'redefinida' em Londres, Paris e Washington. Os gurus da propaganda ocidental aparentemente foram 'rejuvenescidos', graças aos altos orçamentos acessíveis para eles, nos EUA, no Reino Unido e por toda parte. Recebem instruções abertamente para atacarem alguns países, especialmente Rússia, China e Irã.

É desenvolvimento extremamente complexo, mas importante. Qualquer um vê: o ocidente só perde, há décadas; o capitalismo só perde, e especialmente o imperialismo, que é sinônimo de neocolonialismo.

As pessoas, em todo o planeta, estão fartas. E até alguns grupos dentro dos países imperialistas também estão fartos.

O principal problema é que, depois de décadas, durante as quais a filosofia foi sequestrada, aprisionada dentro de aulas decadentes de universidades desdentadas, muita gente perdeu completamente qualquer noção do que realmente desagrada a tantos; de contra o quê tantos protestam; e de o quê, afinal, tantos desejam.

A filosofia e tópicos profundos e essenciais como 'em que direção o mundo deve ser empurrado já não são discutidos em reuniões da UNESCO, nem, tampouco, são tema de debates em programas de 'entrevistas' com 'intelectuais públicos', não, pelo menos, publicamente.

Música pop ligeira ruim, filmes de horror, valores e desejos autistas, frequentemente infantis incansavelmente promovidos jamais satisfizeram realmente, em profundidade, as massas. Mas, sim, reduziram a capacidade das pessoas para pensar livremente, para analisar e extrair conclusões sóbrias e bem-informadas.

Todos os '-ismos' são execrados e levam cusparadas, especialmente os '-ismos' de esquerda. Cada vez mais, a esquerda é ofendida e aproximada da extrema direita, até do fascismo. De fato, dizer comunismo e fascismo sempre num só fôlego tornou-se ato digno de ricas recompensas. No ocidente, milhares de 'pensadores' e de ideólogos conseguem viver muito boa vida, só de nada fazer além disso.


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Esse ensaio foi inspirado por uma troca de correspondência entre eu e um acadêmico irlandês, que escreveu, em e-mail para mim, que essa publicação (NEO – New Eastern Outlook), seria 'publicação de extrema direita nacionalista russa'.

Explodi. Respondi esclarecendo que NEO é revista internacionalista de esquerda, e as pessoas que tocam nossa revista nada têm a ver com qualquer direita, seja qual for. Mas rapidamente me dei conta de que a opinião do professor irlandês nada tem a ver com qualquer fato da vida real. Que só tem a ver com coisa muito diferente.

Chegam mensagens confusas vindas de todos os lados, de qualquer lugar ao qual eu viaje, da Europa, da América do Norte, ou onde quer que eu ligue a televisão ou o rádio. Não para nunca. Sempre há algum rádio ou alguma rede de TV 'noticiando' (que significa "repetindo incansavelmente") algum fato em versão bem enviesada do mundo político, sem parar, dia e noite. A realidade política tornou-se extremamente difusa e impalpável. Grandes líderes políticos de esquerda são ofendidos aos gritos: demagogos, populistas, e daí p'ra baixo. E essas eternamente repetidas, loucas, insanas, doentias comparações com Stalin e Hitler (e jamais se ouvem as comparações lógicas óbvias, tipo Hitler = Churchill, o nazismo alemão = colonialismo europeu, etc.).

O maior problema é que uma grande maioria de cidadãos, no ocidente, já sucumbiu ou está sucumbindo a essa propaganda; e eles e elas já não são capazes de questionar coisa alguma relacionadas àquelas questões. E se alguém quisesse questionar, já nem saberia em que fontes procurar o que pode efetivamente abalar o dogma oficial.

Foram doutrinados, mas creem que sejam livres. Não só isso. Tampouco se dão conta de que foram adestrados, que sofreram lavagem cerebral: realmente creem que estejam em posição de pregadores ungidos, sempre pregando 'a palavra', obrigados a iluminar outros, instruir o mundo mediante a incansável repetição do que aprenderam que seria a única verdade. Assim sendo, aquela gente fala e escreve, e são pagos por isso. Unem-se às 'instituições culturais internacionais da ONU' e a ONGs, universidades, e assim continuam a divulgar todos aqueles dogmas desenvolvidos pelas ideologias ocidentais, e tudo para um único objetivo: para explorar e controlar o mundo. Não dizem o que dizem como hipóteses, ou teses a demonstrar: dizem o que dizem como se fossem fatos. Claro: não há fato algum por trás do que dizem na sua pregação; não há nenhuma prova firme. Mas quem procurará provas? E como? A Internet não é fácil, já não é simples navegar hoje na Internet; e as livrarias ocidentais parecem insípidas e uniformes, comparadas às muito variadas e diversificadas, além de numerosíssimas, livrarias chinesas ou russas.


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De volta à questão principal: é essencial para o ocidente desacreditar o socialismo, o Comunismo e também todos os movimentos anti-imperialistas que se estão fortalecendo agora por todo o mundo.

De fato, muitos propagandistas em Londres, Paris e Washington já se deram conta, claramente, que o ocidente e o controle que teve sobre o mundo estão quase completamente acabados. Quanto mais claramente se derem conta disso, mais agressivamente passarão a atacar seus adversários (o emprego deles, as respectivas carreiras, tudo praticamente, muito frequentemente, depende daquele controle, e os privilégios daqueles respectivos países, claro, também).

Atacar socialistas e comunistas que começam a chegar ao poder na Ásia e na América Latina, já não basta.

Hoje o Império trabalha para difundir pessimismo, derrotismo e niilismo dos mais sombrios, seja em casa seja em outros países (por favor, leiam meu livro mais recente:"Revolutionary Optimism, Western Nihilism" [Otimismo revolucionário, niilismo ocidental]). O Império diz "todos os povos são iguais". Parece ótimo, mas significa, na realidade, algo extremamente sinistro: "Todos os povos são egoístas pervertidos, maníacos, como nós; são assassinos de massas, como nós e, claro, também como nós, são corruptos e ladrões!"

Termos e definições estão misturados, confundidos. Nada é definido com precisão e clareza.

Por exemplo, quando o governante de esquerda de Jakarta 'Ahok', começou a limpar a cidade mais poluída do planeta, a construir transporte público, a cuidar de oferecer moradia social para os pobres, várias ONGs indonésias pagas pelo ocidente, além de incontáveis indivíduos, puseram-se a chamar 'Ahok' de 'direitista', porque estava forçando a saída, das calçadas, de pequenos-capitalistas vendedores de rua e associados a ladrões, que bloqueavam escandalosamente as poucas calçadas que ainda não foram apropriadas pelos turbo-capitalistas de Jakarta e pelas quais os pobres podem andar. Assaltantes e vendedores de rua, que floresceram durante a ditadura fascista anticomunista, há décadas aterrorizavam a cidade e os comerciantes mais pobres. Mas o noticiário só repetia que "O Governador é contra os povo miúdo".

Havia realmente um 'grande perigo' de que esse governador profundamente popular pudesse ascender a cargo mais alto, até ao mais alto do país. Seria inaceitável, e os servis 'planejadores da cidade' acadêmicos e grupos da 'sociedade civil' uniram-se desavergonhadamente contra ele. Primeiro, foi desacreditado, chamado de 'direitista'; depois, foi acusado de ofender a religião islâmica e, por fim foi condenado por blasfêmia e preso [detalhes, aqui, notícia de julho de 2018 (NTs)]. Foi preso e continua preso por ser autêntico socialista (até a palavra é ilegal; é proibido pronunciar a palavra "socialista" na Indonésia, porque é 'conectada' com Comunismo).

O cenário de Jakarta, evidentemente, não é exceção. O mesmo está acontecendo também nas Filipinas. O ocidente e seus lacaios locais atacam, com a mesma 'lógica' e o mesmo zelo pervertidos ativos, também em outros países: Venezuela, Brasil, mas, sim, também, especialmente, China, Irã e Rússia.

Declarar que a China é o que realmente é: "comunista (com caracteres chineses) e o país mais bem-sucedido da Terra" é totalmente inaceitável em qualquer dos países no ocidente ou em seus estados 'clientes'. Seria permitir que crescesse a popularidade da China. Por quê? Porque mesmo trancafiado no fundo turvo do ventre da besta capitalista e imperialista – Europa e EUA – o povo realmente quer algo 'de esquerda', algo de socialista, algo, até, de comunista. Foram adestrados a odiar a esquerda, a ridicularizar a esquerda, a reduzi-la, nos discursos, a pó. E muitos fazem exatamente isso. Mas bem no fundo, muita gente ainda lembra e anseia, no mínimo, por sonhar com aquele futuro que a esquerda tinha a oferecer.

O Império conhece e maneja muito bem a guerra psicológica: para desacreditar a China, é indispensável dizer que "a China adotou o capitalismo". Até, como dizem alguns, o imperialismo. Diga que "a China é como nós". ("Como nós" deve significar, nesse caso, o que haja de pior em nós, o péssimo. Povos de todos os continentes odeiam "nós"). Diga que a China não ajuda povos africanos com a infraestrutura, os hospitais e as escolas que constroem (por mais que isso, precisamente, seja o que a China faz, se você consultar os africanos – precisamente o que jornalistas ocidentais existem para não fazer). Diga que a China 'pensa nos próprios interesses' e que vive de business (mais uma vez, significa, nesse caso, o imundo, o sujíssimo business do qual não vive(ria)m aqueles poucos inapelavelmente corruptos e servis estados 'clientes' do 'ocidente').

O mesmo vale no que tenha a ver com a Rússia. A política exterior da Rússia é claramente anti-imperialista. Em muitos sentidos, ainda é aquela velha boa política exterior soviética – internacionalista, igualitária, baseada no humanismo comunista. Os diplomatas russos no século 21 são filósofos, brilhantes filósofos de fala suave. O ocidente jamais chegará sequer perto da alta qualidade da diplomacia russa. Então, resta ofendê-los sem parar, ridicularizá-los, enlameá-los, eles, o país deles, as políticas deles e tudo que tenha a ver com eles. O presidente Putin é retratado como lunático brutamonte de direita; e a Rússia é estado capitalista. 

Nada mais perfeitamente alucinado. Em vários sentidos, a Rússia está-se tornando cada vez mais semelhante ao seu aliado mais próximo, a China. A Rússia opera numa economia mista, com forte atenção ao estado de bem-estar, e é país que está pronto a defender e proteger países brutalizados pelo neocolonialismo ocidental. Cada vez mais é país bom, sólido e solidário. Pois quanto mais a Rússia avança e melhora, mais é demonizada. Quanto mais decentes e dignas as ações da diplomacia e da política russa, mais a Rússia é dita 'capitalista', 'de direita', perfeita 'oligarquia'. Faz sentido. Assim fala a grande velha propaganda de manipulação das massas. Com certeza os demagogos ocidentais e os funcionários da inteligência ocidental entendem de propaganda e de manipulação: é o business deles.

Síria? Ah! Como é definida pelos demagogos ocidentais? Sempre de modo a difamar o país. Há décadas ninguém, no ocidente apresenta a Síria como o que o país realmente é, há décadas: estado socialista panárabe! Falam só do 'regime'... esse termo britânico depreciativo, que me dedico a sempre usar contra o regime da monarquia britânica fascista, azedada, passivo-agressiva. E no caso da Síria, como se não bastasse ser dita 'regime', também é dita '[regime] ditatorial'. 

Ninguém no ocidente jamais ouve expressões como 'estado socialista' ou 'socialista internacionalista'. Querem saber por quê? Porque – nunca me cansarei de repetir – porque essas expressões, para todos os povos do mundo, evocam sentimentos de simpatia e de solidariedade e de respeito humano. No caso da Síria, ouvir que o país é estado socialista panárabe internacionalista evoca sentimentos positivos, em muitos casos subconscientes, até em muitos ocidentais.

'Socialismo', governo para servir ao povo – reclamem quanto queiram, ofendam, agridam as palavras e quem as usa – é realmente o que todos os povos desejam há décadas e séculos. Para ter governos desse tipo é que os povos lutam, morrem nas barricadas e pelas esquinas das resistências. Muitos desses instintos que movimentam as massas ainda sobrevivem no coração do povo. Ou alguém supõe que tantos sacrificam a própria vida, para serem governados por gente da laia dos Macrons, das Mays [dos Temeres]?




Imagem: No Brasil, militantes seguem com greve de fome, até que STF paute ADCs: "Fadiga, dores musculares, queda de glicose no sangue e da temperatura corporal são sintomas apresentados pelos grevistas" (18/8/2018, Kátia Guimarães). Brasil de Fato [NTs]

Por essas e outras, socialistas, não alguns traidores falso-socialistas europeus, mas autênticos e densos socialistas e comunistas, são insistentemente chamados pelas mídia-empresas, academias, 'especialistas' midiáticos em geral no ocidente, de 'populistas', demagogos, até de direitistas.

Essa propaganda negativa, niilista, deprimente ofusca e confunde as pessoas, em todos os cantos do mundo. 'Ensina' que o branco é preto, e que o preto é branco. Rotula comunistas de fascistas, e declara que fascistas e comunistas são 'a mesma coisa'.

Resultado dessa prática de enganação de massas em massa, as pessoas, pelo menos as mais expostas à ação das mídia-empresas ocidentais, já não conseguem comprometer-se profundamente com coisa alguma, sejam partidos políticos, ideais revolucionários e, mesmo, umas pessoas com outras. Lidam com a vida como se a vida fosse mais uma 'questão', arrogantemente egoístas (centenas de milhões de centros atomizados em torno dos quais, de cada um, gravita(ria) o universo) seja na vida pessoal seja na política. Em Londres ou Paris, para nem falar de New York City, os supostos (quase sempre autodeclarados) 'mais educados', são infelizmente os mais condicionados, doutrinados e fracos.

É espantoso, mas em algumas partes do mundo como no sudeste da Ásia, o ocidente deu jeito de criar uma 'elite', ou uma 'classe superior' aberrante, 'como-se-fosse-ocidental-mas-sem-ser', injetando ali um tipo de educação e de 'valores culturais' baratos (meu próximo ensaio tratará disso). O resultado são países obedientes e servis, sem alma, incapazes de criar coisa alguma de novo e substancial.


*


E tudo isso, exclusivamente para impedir que o mundo siga seus instintos que aspiram a vida melhor para todos: exclusivamente para impedir que eleitores elejam o socialismo e o comunismo.

Vê-se assim que a 'missão' do regime ocidental é gigantesca: quebrar, perverter, desencaminhar, esterilizar o instinto de vida, os reflexos naturais nos seres humanos. Em todos os casos em que o povo encontrou oportunidade real, em todos os cantos do mundo, para votar em liberdade, o povo votou – ou combateu para poder eleger – algum tipo de socialismo ou de comunismo.

Basicamente, todos os países da América Latina elegeram governos de esquerda, em todas as oportunidades que tiveram para votar em eleições livres e democráticas. E todos foram derrubados pelo ocidente e seus lacaios. Está acontecendo hoje. Milhões estão morrendo no processo.

Na África – vê-se exatamente o mesmo. Começou com Patrice Lumumba, assassinado; e nunca mais parou. Monstros fascistas, indivíduos perversos, mentalmente doentes, foram injetados na África e até hoje são pagos para governar contra o povo.

Na Ásia? Horror absoluto: desde o Irã socialista em 1950, até a Indonésia internacionalista comunista de antes de 1965, as pessoas desejaram o comunismo. Logo foram assassinadas, estupradas, abusadas e, no final, saqueadas de tudo que lhes restasse. Quem fez isso? O ocidente e seus apparatchiks e fantoches locais desde a era colonial. Países que resistiram e venceram, como China e Vietnã, estão hoje em situação muito melhor do que os que cederam.

Todos, em todo o mundo, queriam socialismo para todos, em todo o mundo: no Oriente Médio, claro; e, sim, também na Europa! 

Foi necessária disciplina feroz e lavagem cerebral incansável e ininterrupta, para que todos esquecêssemos que os serviços de inteligência dos EUA e da Grã-Bretanha impediram ativamente, na França, na Itália e até na Alemanha Ocidental, que as maiorias elegessem comunistas depois da 2ª Guerra Mundial. Os nazistas foram usados para intimidar e assassinar candidatos de esquerda. Depois foram metidos em navios e despachados para a América do Sul, onde ou 'aposentaram-se' ou começaram a colaborar com regimes ocidentais pró-fascistas. Falo do que sei, porque vi e ouvi: há algumas décadas, conversei com aquelas bestas velhas que, por serviços prestados, receberam o prêmio de escapar dos campos europeus de concentração com seu butim de dentes de ouro – para o Paraguai, a Argentina, o Chile.

A principal tarefa dos regimes ocidentais, sejam 'monarquias constitucionais' ou simulacros de democracia com dúzias de falsos partidos políticos, é destruir o anseio humano natural por socialismo – vida melhor para todos.

Resultado disso é esquizofrenia global total. Intuitivamente, as pessoas desejam o melhor para o maior número possível de seres humanos. Mas lhes dizem e repetem sem parar que é errado desejar o melhor para o maior número possível de seres humanos; e lhes ordenam que desejem outra coisa e o que podem desejar (a menos que queiram tornar-se não empregáveis para sempre).

É o mesmo com amor e sexo. Aos homens ensinam que o corpo deles deve desejar determinado tipo de mulher. Às mulheres ensinam que tipo de homem devem desejar.

Assim também com os empregos, ou com o modo como as pessoas vivem o próprio tempo de descanso: teclando alucinadamente em teclas de celulares, jogando jogos de vídeo os mais degenerados e sangrentos, e estudando uma ou outra tolice sem qualquer serventia, numa ou noutra universidade, só para alcançar um diploma que assegure a alguns 'da elite' algum tipo de futuro muito prestigiado, como servos do regime.

O que realmente fizeram ao povo? Adultos, pais e mães, indivíduos 'respeitados' estão todos às dedadas nas telas dos celulares, jogando jogos de infantilização e trocando emoções por caras esquematizadas por algum desenhista débil mental, ao mesmo tempo em que se autofotografam a cada esquina. O cinema francês de ideias colapsou. A literatura, idem. E todos sorriem o mesmo sorriso idiota. Todos suicidários.

Vivemos num quadro que é claramente situação de pós-golpe de estado. Não é normal.

Praticamente todos estão felizes. Todos fingem a mais completa felicidade. É patológico.

Essa insanidade que o ocidente disseminou, com o capitalismo e o neocolonialismo amados do ocidente no controle do planeta, não perdurará por muito mais tempo.

Não demora, as pessoas verão que nada é mais glorioso que construir o próprio país, melhorar as condições de vida para a maior quantidade possível de pessoas em todo o mundo, sanear o meio ambiente imundo, amar e nos comprometer de corpo e alma com quem e com o que amamos.

Mas antes disso, as mentiras têm de ser desmascaradas. Branco é branco, preto é preto. Guerra é guerra, paz é paz. Agressores são agressores, vítimas são vítimas.

O ocidente esterilizou e paralisou gente por todo o planeta, com suas mentiras sórdidas, deprimentes. O ocidente olha para os humanos, como uma cobra olha para um pequeno, desgraçado camundongo.

Não demora, tenho certeza, o mundo se erguerá e exigirá a verdade. Com a verdade, voltará o equilíbrio psicológico. As pessoas aprenderão novamente a sonhar. Com sonhos, a insanidade que o ocidente viveu de disseminar será afinal confrontada. O imperialismo vai berrar, uivar. Tentará morder tudo que se mova, mas em tempo relativamente breve perderá todo o poder e, esperemos, chutará o balde. Creio firmemente nisso. Milhões estão hoje outra vez, prontos a lutar por isso.*******



* Andre Vltchek é filósofo, novelista, cineasta, jornalista investigativo. É criador de Vltchek's World in Word and Images, e autor de vários livros, dentre os quais The Great October Socialist Revolution. Escreve especialmente para New Eastern Outlook Journal.
** Epígrafe acrescentada pelos tradutores.

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