15/9/2018, Rostislav Ishchenko, Stalker Zone (orig. ru. trad. Ollie Richardson & Angelina Siard ao ing., versão aqui retraduzida)
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
Dia 14 de setembro, a Corte de Apelações da Inglaterra e Gales decidiu atender à apelação da Ucrânia e reenviar para reexame o caso dos $3 bilhões que [Viktor] Yanukovych conseguiu receber do empréstimo de $15 bilhões que recebera da Rússia, em 2013.
A Ucrânia reconhece a dívida, mas espera que uma decisão final siga o exemplo do que resolveu a Corte Arbitral de Estocolmo sobre o que a empresa "Naftogaz" [empresa nacional de petróleo da Ucrânia] devia à "Gazprom" [empresa nacional de petróleo da Rússia]. Kiev entende que se se subtrair sua dívida das contas [apresentadas à Rússia – Ed.] por ter "roubado a Crimeia" e pela ajuda da Rússia ao Donbass, ainda assim Moscou continuaria a dever à Ucrânia, e soma ainda maior.
Lembro que a Corte Arbitral de Estocolmo, tendo revisado as demandas mútuas das partes, "atendeu" aquelas demandas de tal modo que a Ucrânia saiu ganhando $2,5 bilhões. Os árbitros justificaram a decisão não pelos termos dos contratos, mas pela péssima situação econômica na Ucrânia. Agora, a Rússia luta para obter uma revisão dessa decisão na corte de apelação, e, exatamente na véspera de ser anunciada a decisão da corte britânica, Estocolmo cancelou a suspensão da decisão dos seus próprios árbitros, até que a instância de apelação tome a decisão final.
Fato é que nenhuma dessas decisões muda alguma coisa. As duas disputas permanecem inconclusas. Mas é precisamente essa inconclusão básica, somada à posição irrepreensível dos russos, e à decisão ilegal já tomada na Corte Arbitral de Estocolmo, que cria uma situação na qual são inúteis todas as estruturas tradicionais internacionais de regulação de disputas econômicas, por causa da hiperpolitização óbvia das decisões jurídicas.
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Pode-se dizer que "[no Brasil-2018 do golpe com STF-com-tudo] criou-se uma situação na qual são inúteis todas as estruturas tradicionais de regulação legal de quaisquer disputas, por causa da hiperpolitização óbvia das decisões jurídicas". E o Coiso sempre pode piorar [NTs].
Pode-se dizer que "[no Brasil-2018 do golpe com STF-com-tudo] criou-se uma situação na qual são inúteis todas as estruturas tradicionais de regulação legal de quaisquer disputas, por causa da hiperpolitização óbvia das decisões jurídicas". E o Coiso sempre pode piorar [NTs].
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A corte de arbitragem de Estocolmo não é autorizada a resolver os problemas econômicos da Ucrânia (não, sobretudo, à custa da "Gazprom"), e as cortes britânicas não podem considerar as demandas políticas que estados se façam entre eles. A arbitragem deve considerar exclusivamente o desempenho/não desempenho das partes em relação às cláusulas e, no evento de o não desempenho prevalecer, ordenar que se apliquem as sanções previstas no respectivo contrato.
Mas atualmente, "Gazprom" não é a única prejudicada, nem só a Rússia, nem sequer exclusivamente a justiça internacional desmoralizada. O Patriarcado de Constantinopla de Bartolomeu, apesar dos protestos da Igreja Ortodoxa Ucraniana do Onufry Metropolitano sofreu, não só a Rússia nem só a justiça internacional. Bartolomeu Patriarca de Constantinopla, indiferente aos protestos do chefe (ing. Onufry) da Igreja Ortodoxa Ucraniana Metropolitana, enviou dois exarcos à Ucrânia para preparar a autocefalia.*A autocefalia não é exigência dos cristãos ortodoxos da Ucrânia, mas de autoridades políticas e de seitas cismáticas. Simultaneamente, o mais indignado escândalo incendia a União Europeia e o Conselho Europeu contra a Hungria e sua política contra migrantes.
Externamente, os dois eventos parecem nada ter a ver um com o outro. Na verdade, são elos de uma mesma cadeia. Cada um a seu modo são esforços organizados para destruir a ordem internacional vigente – parte na esfera do Direito Internacional, parte na esfera das relações dentro do mundo Ortodoxo, parte na esfera das relações entre estados nacionais e a estrutura burocrática da União Europeia.
E aqui absolutamente não se trata de reformatar determinadas estruturas ou de algum estado tentar obter vantagens sobre outro ou sobre os demais, mas, sim, se trata de destruir todo o sistema legal de regulação política, econômica, financeira, dos esportes, relações culturais de todos os tipos e todos os tipos de relações convencionais.
Assim, por exemplo, foi o "escândalo do doping nas Olimpíadas" que envolveu atletas russos, que não foi só atentado para roubar vitórias da equipe nacional russa, difamar o esporte russo e humilhar a Rússia e os russos (essa foi a parte urdida para fazer crer que a Rússia estaria sendo alvo de um atentado e forçar Moscou a tomar ações recíprocas, que pudessem ser 'demonizadas'). A ação contra os atletas russos foi atentado para destruir todos o Movimento Olímpico, e de modo que a Rússia fosse apontada como culpada de tudo.
O que se vê é que Moscou está repetidas vezes sendo empurrada a reagir, nas mais diferentes direções – sempre contra tribunais econômicos internacionais, contra o Movimento Olímpico, e para que se intrometa na questão religiosa. E na esfera político-diplomática, foi o "caso do gato dos Skripal" – contexto no qual o governo britânico envenenou sem qualquer remorso não só dois desertores russos, mas que eram também cidadãos britânicos. A Rússia, já tendo de lutar contra o absurdo perfeito, seria forçada a difíceis démarches diplomáticas contra a Grã-Bretanha, o que permitirá culpar Moscou também pela rápida deterioração do clima político internacional.
Mas não é movimento exclusivamente contra Moscou. Os EUA também estão tentando empurrar a China e a União Europeia para dentro do jogo de enfraquecer o dólar, que interessa à equipe de Trump, muito mais do que a Pequim ou Bruxelas (o dólar falido gerará mais perdas que lucros para a Europa e para a República Popular da China). Já mencionamos o precedente húngaro. Nisso, de fato, trata-se de a euroburocracia globalista empurrar os estados nacionais no continente europeu na direção do desmantelamento da União Europeia, considerada estrutura hostil à soberania dos respectivos estados.
Desde tempos imemoriais, o estado belicista opera para que a vítima da agressão pareça ser culpada de todos os crimes. Acontece hoje novamente, não, de modo algum, para tranquilizar alguma consciência doentia perversa. Mas a reputação de agressor jamais até hoje trouxe benefícios a alguém. Na história, os povos unem-se contra quem ataque sem provocação.
Por exemplo, a razão pela qual a Grã-Bretanha e depois os EUA entraram na 1ª Guerra Mundial foi a violação, pela Alemanha, da neutralidade da Bélgica. Assim também, a violação da neutralidade de Bélgica, Dinamarca e Noruega na 2ª Guerra Mundial prestou ao governo Roosevelt um importante serviço de propaganda. Graças àqueles atos de violação, o governo Roosevelt conseguiu convencer o povo norte-americano – que era unanimemente, pode-se dizer, a favor da neutralidade – que os EUA teriam o dever de dar apoio militar-econômico à Grã-Bretanha, incluindo modalidades de apoio inadmissíveis para estado que se queira neutro (serviu, na verdade, para forçar o envolvimento dos EUA na guerra).
E tudo isso apesar de que, durante a 2ª Guerra Mundial os aliados nem tentarem esconder a intenção de também violar a neutralidade – no mínimo, da Bélgica e da Noruega. Às vésperas da 1ª Guerra Mundial, a Inglaterra não se cansava de sinalizar aos alemães que não se envolveria na guerra, independente do que acontecesse no continente. E, de repente, se pôs a gritar que não podia tolerar a vergonhosa violação da neutralidade belga.
Nos dois casos, o status de agressor atribuído à Alemanha promoveu a criação, contra os alemães, de uma coalizão quase global. Além disso, se durante a 2ª Guerra Mundial esse status tinha conexão real com os fatos, antes, na 1ª Guerra Mundial, Berlin não era estado mais agressor que Londres – a mesma Londres que se serviu de todos os seus melhores esforços, e superou-se, no trabalho de provocar e incitar aquela guerra.
E eis por que o culpado de tragédias globais perde aliados, e carrega a responsabilidade por ter criado um conflito, aos olhos da comunidade mundial, perde apoios e mergulha no isolamento. E nada disso ajuda para que consiga sair vitorioso do confronto.
O que se vê hoje é que os EUA, tendo-se mostrado incapazes de preservar a própria hegemonia na atual nova configuração mundial, empenham todos os seus esforços para destruir a nova configuração mundial. Tudo em que Washington consegue pôr a mão está sendo destruído: países, organizações internacionais e normas do Direito Internacional [no Brasil, estão destruindo também a Constituição e todas as normas do Direito Constitucional Brasileiro].
Mas manter reputação de destruidor implica altos custos políticos. Até a elite congênere dos mais próximos aliados dos EUA já começaram a temer a imprevisibilidade do parceiro – mais precisamente, a muito previsível destrutividade que vem, para todos, dos EUA. Justamente quando os EUA tanto gostariam de partilhar a responsabilidade pela destruição, com outros grandes (Rússia, União Europeia e China). É praticamente como 'especialistas' ucranianos em programas de 'análise' pela TV: se são perguntados sobre violações de leis, ataques à honra, à justiça e até ao bom-senso, imediatamente se põem a latir: "Igual ao país de vocês!" ou "no país de vocês é até pior".
Numa situação em que não já justificação racional, e o crime é óbvio, os 'especialistas' ucranianos sequer tentam justificar coisa alguma: única coisa que querem é atirar as responsabilidades sobre o lombo de seja quem for.
E os EUA, do mesmo modo, jogam o planeta no caos, destroem todas as estruturas que governam as relações internacionais nas mais diferentes esferas, criam uma periferia bárbara, onde antes havia civilização e prosperidade.
Foi o que os EUA fizeram na Líbia, na Ucrânia, no Iraque, no Afeganistão e no Iêmen; e é o que tentaram e ainda estão tentando fazer na Síria, no Irã, na Turquia, na Venezuela, na Nicarágua, na Armênia, na Ásia Central, no Paquistão, na China e na Rússia [e na Argentina e no Brasil dos golpes 'jurídico-parlamentar- constitucionais' que estão destruindo essas duas democracias latino-americanas (NTs)].
Em todos esses casos os EUA só sabem tentar 'passar adiante' para outros atores ("Foram os russos!", "Foi a China!", "Foi o Lula!" [NTs]) as responsabilidades pela civilização que os EUA destruíram, pelos milhões que os EUA mataram, pelas dezenas, se não centenas de milhões de pessoas que os EUA converteram em retirantes sem-terra e sem-teto, seres humanos aos quais os EUA roubaram a pátria e os meios de sobrevivência.
Por isso os EUA aprofundam as contradições que encontrem e criam linhas de divisão e conflito onde antes não havia, e usam o próprio poder nas estruturas internacionais para forçar algumas delas a tomar decisões inadequadas, quando não ilegais e criminosas, além de obviamente hostis contra vários países, dentre os quais a Rússia. Em seguida, cometida a violência original, os EUA põem-se a esperar pela reação do ofendido, sem a qual não será possível culpar outro – qualquer outro! – pelo desmantelamento do sistema global internacional legal e pelo o colapso de instituições relevantes.
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Nesse começo de século 21, é difícil encontrar exemplo mais claro de instituição relevante que os EUA – com a ajuda de atores brasileiros que têm de fantoches o que têm de traidores – levaram à mais completa autodesmoralização e autodegradação, que o sistema judiciário do Brasil: todo ele, da 13ª vara em Curitiba, até todo o Supremo Tribunal Federal do Brasil, presidente(a, s) e ditos 'ministros', todos, até TRFs e Thompsonscoisa-e-tal [NTs].
Nesse começo de século 21, é difícil encontrar exemplo mais claro de instituição relevante que os EUA – com a ajuda de atores brasileiros que têm de fantoches o que têm de traidores – levaram à mais completa autodesmoralização e autodegradação, que o sistema judiciário do Brasil: todo ele, da 13ª vara em Curitiba, até todo o Supremo Tribunal Federal do Brasil, presidente(a, s) e ditos 'ministros', todos, até TRFs e Thompsonscoisa-e-tal [NTs].
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Tudo isso é previsto para aumentar o nível de confiança nos EUA, ao mesmo tempo em que se reduz o apoio que recebam os concorrentes dos EUA. E isso, por sua vez, pode dar a Washington uma chance – depois de ter sido derrotada no mundo civilizado – de reinar num mundo desgraçado, mergulhado no mais horrendo caos.
Assim se desenrola o longo e difícil processo de suportar provocações e irritar nervos uns dos outros, pelo qual Rússia, China, Irã, em parte também a Turquia, e agora uma parte considerável da União Europeia vão ganhando tempo para reconstruírem o sistema global e criar uma nova área de lei internacional à qual não chegue a influência daninha dos EUA.
Em direção oposta, Washington e seus aliados nos mais diferentes países apressam-se para criar o pior caos possível, no maior número possível de países e estruturas, para provocar todos os tipos de desentendimentos e confrontações com participação dos adversários dos EUA, de tal modo que, no jogo sem regras, esses adversários dos EUA sejam privados de todos os benefícios que tenham obtido no tempo do jogo com regras.
Temos de compreender que a destruição do sistema de leis internacionais não é efeito colateral de ações dos EUA, mas objetivo estratégico dos EUA – última chance para os EUA tentarem sair do zugzwang, livres para qualquer tipo de manobra política. E nada demoverá Washington de insistir nessa via para esse objetivo.
Quando se enfrenta inimigo decidido a provocar até arrastar o outro para um conflito, mais cedo ou mais tarde se criará uma situação em que, não importa o que faça o provocado, ele será obrigado ou a lutar ou a capitular. É absolutamente necessário estar preparado para isso. É a transformação em que o provocado "vira bicho". Tem de ser transformação rápida, repentina, inesperada para o inimigo, tão rápida e efetiva (até mais!) quanto a operação na Geórgia em 2008 e na Crimeia em 2014.
A ordem sempre tem melhores chances de vencer, que o caos. Mas, isso, é absolutamente necessário preservar a ordem, no mínimo, para si mesmo e aliados.*******
* "O Patriarca Universal de Constantinopla prepara-se para concede a autocefalia à Igreja Ortodoxa Ucraniana. Autocefalia é o status de uma igreja que tem território canônico autônomo e pode escolher os próprios hierarcas. O movimento que agora se consuma na Ucrânia é resultado de um longo processo, até recentes semanas, quando o Patriarca de Constantinopla Bartolomeu nomeou dois exarcos dos EUA para supervisionar esse processo na própria Ucrânia. Por isso, o movimento está recebendo muito mais atenção do que jamais antes, quando ainda se podia crer que fosse movimento exclusivamente interno à igreja. Agora, com a autocefalia ucraniana iminente, vai-se tornando cada vez mais claro que a concessão da autocefalia nesse caso tem causas e consequências muito mais abrangentes, que não se limitam à religião. Além do mais, não se trata de evento único, mas de uma longa cadeia de desenvolvimentos que têm consequências sociais, políticas e até de segurança, de muito longo alcance, para todos os envolvidos" (15/9/2018, "Autocephaly for Ukraine about more than religion", 112UA, aqui traduzido) [NTs].
2 comentários:
O eminente e inexorável Apoteose da Mundial Hegemonia estadunidense, com a sua Natural Substituição, solidamente embasado no Multi-Lateralismo capitaneados por Rússia e China, evidencia-se ainda mais dramaticamente, no "espernear" frenético e desesperado do "Gigante Pré Afogado" (que sabe/sente que sua Morte Chegou...), e é extremamente "angustiante" presenciarmos os derradeiros esforços em agarrar-se a quaisquer "fiapos" que ocasionalmente, lhe proporcionaria, mesmo que efêmera e fugaz, "sobre-vida"...
No Caso deste "Gigante" especificamente, toda a situação apresenta-se ainda Mais Explosiva e Caótica, pois Este Gigante, a despeito de tudo e de todos, Auto-Proclamou-se REI SOBERANO/IMPERADOR ABSOLUTO de Todo o Planeta, e assim Reinou/Imperou/Legislou Acima e ás Margens de Todas as Leis, Códigos, Normas, Estatutos, Internacionalmente Constituídos, Assinados e Acatados por Todas (quase) as Nações.
Sob seu "Governo" Totalitário e Ditatorial, infringiu, á tantos quantos á Ele ousavam contrariar-lhe os Interesses, suas Guerras, suas Sanções, seus Castigos, suas Traições, suas Ameaças, suas BOMBAS ATÔMICAS...
Por tanto tempo "Ele" arbitrariamente Arbitrou, que agora, TEME que, ao deixar de ser o XERIFE UNIVERSAL, ao perder sua "Aura de Intocável", o Mundo irão VINGAREM-SE de Todo o Mal por "Ele" perpetrado, Cobrando-lhe TUDO o que É de FATO, DEVIDO...
Este MEDO/PAVOR, esta VERGONHA, este Arrependimento (ou não), é o que "O" torna ainda mais Perigoso, em seu OCASO/ESTERTOR... Antes de SER DERROTADO, e ter de Submeter-se ás Leis e Justiça do Mundo, os "Alucinados/Aloprados" Comandantes do "ESTADO PROFUNDO", preferirão a Aniquilação Absoluta do Planeta, sob uma Monstruosa Hecatombe Atômica de uma Terceira Guerra Mundial!!!
Eu não duvido de mais nada!!!
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