Ah, essas ONGs... Não seria lindo, se fossem o que dizem que são?!
22/1/2016, Thomas Knapp,* Counterpunch
22/1/2016, Thomas Knapp,* Counterpunch
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
"Tenho amigos e apoiadores na [ONG] Campanha Direitos Humanos, na [ONG] Paternidade Responsável (Planned Parenthood)" – disse o aspirante à indicação do partido Democrata Bernie Sanders, a Rachel Maddow, da redeMSNBC, dia 19 de janeiro. – "Mas, quer saber a verdade? Hillary Clinton anda por lá há muito, muito tempo, e várias dessas ONGs são parte do establishment."
O comentário de Sanders, em resposta à pergunta de Maddow, sobre o que ele sentia ao ver tantas ONGs apoiando a campanha de Clinton, não a sua, produziu revide imediato e bizarro, diretamente de Hillary Clinton e das tais ONGs.
"É mesmo, senador Sanders?!" tuitou Hillary. – "Como pode dizer que grupos como @PPact [Paternidade Responsável] e @HRC [Campanha Direitos Humanos] são parte do establishment ao qual você se opõe?"
Ora, senadora Clinton, há muitos modos e motivos para Sanders dizer o que disse!
"Paternidade Responsável" é negócio "sem finalidades de lucro", com história de quase um século, e que há décadas recebe coisa como meio bilhão de dólares por ano da indústria do bem-estar e serviços médicos, para manter a boca aferrolhada sobre os programas de 'ajuda' mútua entre aquela indústria e o governo dos EUA. Para que esse dinheiro todo nunca pare de chegar, a ONG nunca para de fazer lobby e pagar custos de processos que move às dezenas contra qualquer cidadão ou grupo que se manifeste contra os objetivos da ONG, garantindo assim que muitos deputados e senadores apoiem seus objetivos e mantenham ativo o fluxo de dinheiro. É tão totalmente parte do establishment político nos EUA, como qualquer banco de investimento ou escritório de lobby sustentado por dinheiro velho na K Street.
A Campanha Direitos Humanos é caso ainda mais interessante – e mais obviamente "do establishment", até, que a ONG Paternidade Responsável. É mais nova (fundada em 1980) e mais pobre (movimenta apenas $40 milhões anuais), mas historicamente sempre foi exclusivamente projeto político partidário do establishment.
O serviço 'social' da Campanha Direitos Humanos tem sido, há trinta e tantos anos, convencer eleitores e eleitoras lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros a votar em candidatos Democratas, e a não votar em Libertaristas, Verdes, Comunistas e outros candidatos que realmente sempre apoiaram direitos dos cidadãos e cidadãs LGBT. E têm feito ótimo serviço. Os Democratas praticamente mobilizaram o voto LGBT, sem jamais terem movido uma palha que justificasse a 'preferência' eleitoral dessas minorias.
Aqui vai um exemplo de o quanto a Campanha Direitos Humanos é, do começo ao fim, puro "establishment": Bernie Sanders apoia e promove os direitos que os gays reivindicam, desde, no mínimo, 1983. Hillary Clinton só parou de fazer discursos contra casamentos homoafetivos há três anos, e só depois que viu que aquela era, para ela, batalha perdida.
Mais uma vez, como que para provar que não é o que diz ser, a ONG Campanha Direitos Humanos não está apoiando o melhor aliado. Está apoiando o candidato Democrata que aqueles ongueiros esperam que vença: a parte "establishment" do Partido Democrata. Entendem que só com Hillary, não com Sanders, essa ONG e muitas outras, continuará a receber as benesses que supõe que mereça.
A ideia de Hillary, de que as ONGs Paternidade Responsável e Campanha Direitos Humanos sejam alguma coisa diferente de "establishment", não sobrevive nem ao teste das gargalhadas.*****
* Thomas L. Knapp é diretor e analista-chefe de mídia no William Lloyd Garrison Center for Libertarian Advocacy Journalism (thegarrisoncenter.org). Vive e trabalha no centro-norte da Flórida.
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