terça-feira, 9 de agosto de 2016

Jogos Olímpicos, como arma na guerra dos EUA contra Rússia

8/8/2016, Steven MacMillan,[1] New Eastern Outlook, NEO  


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Ver também:
"Jogos Olímpicos 2016: ferramenta da nova Guerra Fria"
21/7/2016, Andrey Fomin, Oriental Review  (traduzido no Blog do Alok)



Em resposta à posição que a Rússia assumiu contra a agressão do 'ocidente' contra a Síria, o mesmo dito 'ocidente' lançou ataque total contra Moscou. Um dos principais disparadores dessa guerra sem tréguas parece ter sido a evidência de que, no plano diplomático, a Rússia derrotou inapelavelmente os EUA. Isso, desde quando Moscou conseguiu negociar um acordo que pôs as armas químicas da Síria sob controle internacional, depois do ataque em Ghouta, em 2013, com gás sarín – que o 'ocidente' tentou atribuir às forças do presidente Assad, mas que, na verdade, sempre foi ataque sob falsa bandeira para 'justificar' uma invasão militar à Síria.

A partir daquele ponto, a mídia-empresa 'ocidental' dominante passou a falar como uma só voz, na mais acintosa e não disfarçada campanha de propaganda de que se tem notícia na história moderna. A qualquer momento que se analise, veem-se incontáveis artigos 'jornalísticos' e comentários de 'especialistas' construídos não para informar o público em questões relevantes e necessárias (como se os presstitutos e presstitutas operários da mídia-empresa fossem pagos para fazer o que as 'teorias' do jornalismo pretendem que eles e elas fariam!), mas como itens de propaganda criados contra a Rússia. Quem leia ou assista à TV e a outros meios da mídia 'ocidental', já terá visto ad nauseam essa propaganda.[2]

Da informação à economia, da geopolítica aos ciber-recursos: o 'ocidente' está usando todas as armas de guerra no violento esforço para demonizar e enfraquecer a Rússia. Em anos recentes, o esporte é área que o 'ocidente' trabalha cada vez mais para pôr a seu serviço como arma – o escândalo da FIFA e, em seguida, o escândalo da dopagem 'dos russos', ilustram esse fenômeno. Como escreveu em artigo para Strategic Culture Foundation, de junho de 2015 o analista de geopolítica e autor premiado, Mahdi Darius Nazemroaya, sob o título "Esqueçam os esportes: A geopolítica está por trás do escândalo da FIFA, e a guerra contra a Rússia recomeça em novo front:


"O escândalo da FIFA nada tem a ver com combater alguma corrupção ou tentar fazer valer alguma dignidade. A coisa toda só tem a ver com geopolítica e a ambição dos EUA que querem dominar o mundo. Joseph ["Sepp"] Blatter foi obrigado a renunciar, porque a FIFA recusou-se a (i) cancelar a decisão que tomara de permitir que a Rússia recebesse a Copa do Mundo 2018 e (ii) reabrir o recebimento de propostas, de países interessados em receber as Copas do Mundo de futebol de 2018 e 2022."


Preparar, apontar, fogo! (O alvo é a Rússia)

Com o escândalo da FIFA em mente, vai-se começando a poder ver na perspectiva correta a decisão do COI de banir vários atletas russos dos Jogos Olímpicos [hoje, 9/8/2016, os EUA já conseguiram banir TODOS os para-atletas russos, das Paraolímpíadas do Rio de Janeiro (NTs)]. O banimento nada tem a ver com esportes ou 'espírito olímpico': só tem a ver com guerra política e com uma mesma ofensiva, em vários fronts, dos EUA contra a Rússia.

Moscou foi acusada de manter um programa de dopagem de atletas 'patrocinado' pelo estado russo – o que autoridades russas negaram e autoridades norte-americanas não comprovaram. Em julho, a Agência Mundial Antidopagem, AMA [ing. World Anti-Doping Agency (WADA)], com sede no Canadá-OTAN, exigiu o banimento total de todos os atletas russos, das competições internacionais – inclusive dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro – depois de publicada reportagem, que a própria WADA encomendara [3]– em que se lia que o governo do presidente Putin estaria diretamente envolvido no esquema de dopagem de atletas.

Na sequência, o Comitê Olímpico Internacional transferiu a responsabilidade de decidir, da agência canadense WADA, para as federações, se os atletas russos poderiam competir ou não. Muitos atletas russos estão impedidos de competir no Rio de Janeiro – inclusive toda a equipe de levantamento de peso e de atletismo (exceto a saltadora Darya Klishina, que vive e treina nos EUA), mais de 100 atletas russos, da equipe original de 387 atletas que alcançaram os índices das provas seletivas.

O ataque contra os competidores russos é golpe claro para isolar a Rússia no mundo, e provocar críticas internas no país, contra o presidente Putin. Visa também, como operação de propaganda, a implantar na opinião pública global a ideia de que Rússia seria sinônimo de corrupção.

Ainda que todas as acusações de dopagem fossem verdadeiras – e sabe-se que não são –, o motivo real que move organizações esportivas ocidentais como a WADA OTAN-canadense a atacar os atletas russos é o fato de que a Rússia não age como estado-fantoche dos EUA e opõe-se, na Síria, aos neoconservadores neoliberais norte-americanos.*****



[1]  Steven MacMillan é analista geopolítico independente, autor de livros e editor de The Analyst Report, aqui em artigo para New Eastern Outlook online.
[2] No Brasil dos Jogos Olímpicos 2016 e, simultaneamente, do golpe que pôs no poder Michel Temer -- e tudo indica que tenha sido 'comandado' de Brasília pela embaixadora Liliane Ayalde dos EUA, não se ouve NENHUMA opinião de 'jornalistas' e locutores que não seja acintosamente contra a Rússia. A Rádio Bandeirante FM chega ao cúmulo de repetir, a todo instante, que "as vaias contra os russos provam que a torcida brasileira não perdoa o escândalo dos atletas russos dopados" – que parece ser a frase 'de trabalho' da propaganda 'jornalística'. Quase inacreditável, porque, afinal, as vaias só 'provam' ou a presença de agentes provocadores nas arquibancadas e/ou a eficácia da máquina de propaganda dos EUA e/ou o serviço sujo a que se presta o 'jornalismo' como o conhecemos [NTs].
[3] Detalhes dessa 'operação', em "Jogos Olímpicos 2016: ferramenta da nova Guerra Fria"
21/7/2016, Andrey Fomin, Oriental Review (traduzido no Blog do Alok) [NTs].

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