segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Partido AKP de Erdogan 'passou a mão' nas eleições

(improvável qualquer contestação bem-sucedida) 
1/11/2015, 
Moon of Alabama



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Primeiros resultados das eleições extraordinárias [orig. snap elections] na Turquia surpreendem e são muitíssimo diferentes do que previam recentes pesquisas eleitorais. Mas, como já se previra nesse blog, os resultados não derrubam o governo de Erdogan. Essas eleições convocadas extraordinariamente, assim, "corrigem" o resultado da votação de junho, quando o Partido AKP perdeu a maioria.

Com 98% dos votos já contados, os resultados preliminares são, aproximadamente: 


  • AKP 50%
  • CHP 25%
  • MHP 12%
  • HDP 10%

  • Com essa contagem, o AKP de Erdogan teria 317 assentos no Parlamento, 13 a menos do que os 330 necessários para configurar a supermaioria exigida para mudar a Constituição. Mas se o partido curdo/de esquerda HDP ficar, seja como for, abaixo de 10%, os assentos que lhe cabem praticamente vão para o AKP e a supermaioria qualificada passa a ser muito provável.

    Mas agora, ninguém sabe por quê, a Comissão Eleitoral fechou sua página na web, e deixou de atualizar os resultados. Pesquisas pré-eleições, que acertaram quase perfeitamente nas previsões para as eleições de junho, erram agora por diferenças 6-8%. Nenhuma pesquisa previu que o AKP alcançaria mais de 44%.

    Pode-se portanto esperar que muita gente acusará de fraudulenta a atual eleição. É muito possível que, sim, tenha havido fraude. Erdogan nunca se intimidou ante os perigos de jogar sujo. Mas que ninguém espere que qualquer denúncia que questione os resultados venha a chegar aos tribunais. Polícia, procuradores de Justiça e cortes em geral estão todos sob duro comando do Partido AKP. Internacionalmente, Erdogan tem obtido muito apoio de estados do 'ocidente'.

    Apenas dois dias antes das eleições, os EUA anunciaram que estava aprovada a venda, muitas vezes suspensa, da ‘bomba inteligente' para a Turquia. A União Europeia suspendeu a divulgação de relatório em que se criticava a situação de direitos políticos e humanos na Turquia. Há apenas 12 dias, Merkel visitou o sultão para posar para fotografia no trono do Sultão e ofereceu bilhões à Turquia para que pare de mandar migrantes para o norte da Europa. Raras críticas, por Erdogan ter tomado oKoza-İpek Group e os vários canais de TV fo grupo. Essas medidas "ocidentais", consideradas em conjunto, indicam claro apoio a Erdogan e podem ter arrastado alguns votos para ele. Portanto, que ninguém espere críticas desses lados, ainda que surja alguma prova de que houve manipulação de votos. Agora, a luta já foi comprada.

    A grande questão, porém, é o que tudo isso significa para a Turquia? O que significa para a guerra civil na Turquia contra os curdos? E o que significa para a guerra de Jihad contra a Síria, que Erdogan e outros continuam a inflar? *****

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