quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Pepe Escobar - O segredo por trás do próximo crash global




O Fórum Econômico Mundial em Davos está naufragado sob um tsunami de denials – negar o que vê/fingir que não vê/não ver sinceramente – e também de non-denial denials – não negar o que nem vê que nega – e tudo isso só para 'garantir' que não acontecerá um desdobramento do Crash de 2008.



O caso é que sim, acontecerá. E o cenário já está pronto.


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu






Seletos corretores de petróleo no Golfo Persa, o que inclui ocidentais que trabalham no Golfo confirmam que a Arábia Saudita está descarregando pelo menos $1 trilhão em securities e derrubando os mercados globais por ordem dos Masters of the Universe – os que mandam acima da presidência manca de Barack Obama.



Longe vão os dias quando bastaria a Casa de Saud flertar com essa ideia, para ter todos os seus bens congelados. Pois, hoje, já obedecem ordens. E mais virá; na avaliação de corretores craques em Golfo Persa, os investimentos sauditas em securities ocidentais podem chegar a $8 trilhões; os de Abu Dhabi, a $4 trilhões.

Em Abu Dhabi tudo foi separado em compartimentos, e ninguém pode avaliar coisa alguma, exceto corretores e negociantes que conheçam cada supervisor de cada compartimento de investimentos. E para a Casa de Saud, como se poderia prever, a regra de ouro é negar sempre.

Essa massiva descarga de securities chegou algumas vezes à mídia-empresa, mas os números têm sido grosseiramente subestimados. A informação inteira não chegará até lá, porque os Masters of the Universe ordenaram que não chegue.


Houve aumento gigante na descarga saudita-Abu Dhabi de securities desde o início de 2016. Fonte no Golfo Persa diz que a estratégia saudita "demolirá os mercados". Outra fonte fala de "vermes comendo carcaça no escuro"; basta olhar a calamidade em Wall Street, por toda a Europa e em Hong Kong e Tóquio na 4ª-feira.


Quer dizer: já está acontecendo. E uma subtrama crucial pode ser, em prazo de curto a médio, nada menos que ocolapso da eurozona.

crash de 2016? 

Por tudo isso, pode ser um caso de a Casa de Saud em pânico, instrumentalizada para derrubar grossa fatia da economia global. Quem ganha com isso? Cui bono?

Moscou e Teerã tem muito a ver com isso. A lógica por trás de demolir mercados, criando recessão e depressão – do ponto de vista dos Masters of the Universe que reinam acima do presidente pato manco dos EUA – é arquitetar retardo gigante, impossibilitar os padrões de compra, reduzir o consumo de petróleo e gás natural, e pôr a Rússia em rota direta rumo à ruína. Além do quê, preços ultrabaixos do petróleo também se traduzem como uma espécie de sanção-substituta contra o Irã.

Mesmo assim, o petróleo iraniano que se aproxima de chegar ao mercado estará em torno de 500 mil barris/dia em meados do ano, mais um excedente armazenado em petroleiros no Golfo Persa. Esse petróleo pode ser e será absorvido, porque a demanda está aumentando (nos EUA, por exemplo, aumentou 1,9 milhão de barris por dia em 2015), e a oferta está caindo.

Em julho, aproximadamente, demanda crescente e produção em declínio reverterão o crash do petróleo. Além do mais, as importações de petróleo da China tiveram aumento recente de 9,3%, em 7,85 milhões de barris/dia, o que desacredita completamente a narrativa dominante de que a economia chinesa estaria 'em colapso' – ou de que a China seria culpada pelos padecimentos atuais do mercado.

Assim sendo, como já expus aqui em linhas gerais, em breve o petróleo dará a volta por cima. Goldman Sachs concorda. Implica que os Masters of the Universe tem uma estreita janela de oportunidade para fazer os sauditas despejarem quantidades massivas de securities nos mercados.

A Casa de Saud pode precisar desesperadamente de dinheiro, se se considera o alerta vermelho no orçamento. Mas esse despejo das próprias securities também é visivelmente autodestrutivo. Eles simplesmente não podem vender $8 trilhões. A Casa de Saud está, na verdade, destruindo o equilíbrio da própria riqueza. Por mais que a hagiografia ocidental tente pintar Riad como player responsável, fato é que legiões de príncipes sauditas estão horrorizados ante a destruição da riqueza do reino nesse haraquiri em câmera lenta.

Haveria algum Plano B? Haveria. O príncipe guerreiro Mohammed bin Sultan – atual manda-chuva em Riad – teria de meter-se no primeiro avião para Moscou, para arquitetar uma estratégia comum. Mas não acontecerá.


E quanto à China – maior importador de petróleo da Arábia Saudita –Xi Jinping acaba de visitar Riad; Aramco e Sinopec assinaram uma parceria estratégica; mas a parceria estratégica que realmente conta, considerando o futuro de "Um Cinturão, Uma Rota", é, essa sim, a parceria Pequim-Teerã.

O despejo massivo das securities sauditas tem a ver com a guerra saudita do preço do petróleo. No momento atual de volatilidade extrema, o petróleo está em baixa, as ações estão em baixa e os estoques de petróleo estão baixos. Pois nem assim a Casa de Saud dá sinais de compreender que os Masters of the Universe os estão empurrando para que se autodestruam, os próprios sauditas, várias e várias vezes, incluindo inundar o mercado de petróleo depois de limitar a capacidade dos sauditas [orig. including flooding the oil market with their shut-in capacity]. E tudo isso, para ferir mortalmente Rússia, Irã e... a própria Arábia Saudita!

Apenas um peão no jogo de outros

Entrementes, Riad ferve de boatos de que haverá um golpe contra o rei Salman – virtualmente incapacitado, demente e confinado a um quarto de seu palácio em Riad. Estão em jogo dois possíveis cenários:

1) Rei Salman, 80, abdica em favor do filho, conhecido ignorantão, arrogante criador de confusão e príncipe guerreiro Mohammed bin Salman, 30, atualmente vice-príncipe coroado e ministro da Defesa e o segundo na linha de sucessão, mas quem de fato comanda o show em Riad. Pode acontecer a qualquer momento. Como bônus, o atual ministro do Petróleo Ali al-Naimi, que não é da família real, poderia ser substituído por Abdulaziz bin Salman, outro filho do rei.

2) Um golpe palaciano. Salman – e seu filho criador de casos – cai fora do quadro, substituído por Ahmed bin Abdulaziz (que foi já ministro do Interior), ou pelo príncipe Mohammed bin Nayef (atual ministro do Interior e príncipe coroado).

Seja qual for o cenário que se concretize, o MI6 britânico está muito intimamente a par da pantomima. E talvez também o BND (Bundesnachrichtendienst, Serviço Nacional de Inteligência) alemão. Todos recordam o memorando do BND no final de 2015, que descrevia o então vice-príncipe coroado Mohammed bin Salman como "jogador político" que está desestabilizando o mundo árabe com as guerras por procuração no Iêmen e na Síria.


Fontes sauditas – que pedem, por óbvias razões, que não se publiquem seus nomes –, garantem que nada menos de 80% da Casa de Saud é favorável ao golpe.


Seja como for, permanece a questão de saber se alguma Casa de Saud reformatada interromperá o haraquiri em câmera lenta que lá acontece. O imperativo categórico não muda: os Masters of the Universe estão prontos para derrubar o mundo inteiro, empurrando-o para terrível recessão, para, basicamente, estrangular a Rússia. A Casa de Saud é apenas um peão nesse jogo de pervertidos.*****

3 comentários:

Kleber disse...

Alok, meu amigo.

Como sempre, Pepe Escobar faz uma análise matadora. Mas, acho que um tanto incompleta. Falta um elemento crucial nesta história toda.
O derretimento do dólar como moeda mundial de reserva é líquido e certo. Não é uma questão de "se", mas de "quando". E quando isso acontecer, como os americanos vão pagar ao resto do planeta por tudo que consomem? Sem base industrial, sem reservas de ouro, sem população economicamente ativa e sem nenhum tipo de confiança na e da comunidade internacional, vão fazer o quê? Pagar com conchinhas? Folhas de abeto? Penas de ganso? "Tally Sticks"? Espelhinhos?
Então meu caro, esta janela de oportunidade descrita pelo genial Pepe nada mais é do o seguinte: Compre, compre, compre e estoque como se não houvesse amanhã. Porque NÃO haverá mesmo amanhã para eles por muitos anos. E como eles não podem mais emitir zilhões de dólares em mais um destes "QE" da vida, manipulam o mercado para que os preços caiam para seu benefício. Afinal, é muito melhor comprar um barril de petróleo por US$ 25,00 do que por US$ 110,00, não é mesmo?

Unknown disse...

⭐⭐⭐⭐

Dario Alok disse...

é verdade.... a impressão que me deu é que a intenção do autor não foi fazer análise aprofundada sobre a questão, mas sim trazer informações relevantes obtidas junto a fontes sauditas, o que não é muito comum...