quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Charles Krauthammer: voz dos conservadores nos EUA

8/2/2016, Lawrence Davidson, To the Point Analyses
Entreouvido na Vila Vudu:

O tal de 
Krauthammer pouco interessa.
O que mais interessa é que o sujeito é uma espécie de 
D. Dora Kramer.
Dado q ninguém por aqui esculhamba D. Dora Kramer como é preciso esculhambá-la, pode ser lição útil aprender como esculhambar de cabo a rabo o tal Charles Krauthammer – perfeita Dora Kramer de Washington [pano rápido].
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Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Parte 1 – O conservadorismo de K [Krauthammer & Kramer, Dora]

Charles Krauthammer é o mais celebrado pensador conservador contemporâneo nos EUA. Mas não se trata apenas de teoria: trata-se também de homem de ação política, que quer pôr um conservador na Casa Branca, alinhado aos demais conservadores que já mandam no Congresso. Assim sendo, K. [pode ser Krauthammer e também pode ser Kramer, Dora :-D)))))) (NTs)] apoia candidatos Republicanos feito Marco Rubio e Chris Christie (Ted Cruz, por mais que seja "conservador genuíno" parece-lhe "radical demais"; e Jeb Bush nem merece a atenção de qualquer tipo de crítica) como candidatos à presidência que "darão ao conservadorismo sua melhor chance desde Reagan, para ser a filosofia do governo dos EUA." 

São palavras de ideólogo sem pejo, dos que não pedem desculpas: bom para os EUA, só se o conservadorismo, como 'filosofia K' [Krauthammer/Kramer, Dora], assumir o controle do Estado/governo.

E o que significa tal coisa? Para K. como para outros pensadores conservadores que jamais evoluíram e permanecem confinados na teoria econômica do capitalismo do século 19 [no caso de D. Dora Kramer, chama-se Udenismo e nem chega a ser 'teoria': e animus golpista eterno, contra governos populares no Brasil, e só e sempre (NTs)], conservadores no poder significa "reformas" e mais "reformas" no Estado/governo, ou, como K. ainda escreve, no "estado de bem-estar do século 20". 

"Reforma" para essa gente significa sempre e só reduzir cada dia mais o Estado/governo, porque assim se preservaria a "liberdade" individual, primeiro de tudo no mercado; e, claro, também uma correspondente redução de impostos para empresários zilionários.

Há muitas coisas perigosamente erradas nessa abordagem simplória dos K. [Krauthammer & Kramer, Dora], do que seja "conservadores no poder". 

Uma delas é que, num país como os EUA, de quase 320 milhões de habitantes (porção considerável dos quais se vão tornado mais pobres a cada dia), acabar com os serviços e regulações assegurados pelo Estado de Bem-estar cria o grave risco de acelerar o empobrecimento e a miserabilização dos cidadãos; de aumentar a exploração econômica nos locais de trabalho; de aumentar a erosão dos equipamentos de infraestrutura estadual e local; e de favorecer o crescimento explosivo da corrupção do Estado/governo por empresas e empresários. 

Embora K [Krauthammer & Kramer, Dora] jamais aceitem ou venham a aceitar essa evidência, é simples erro histórico pretender que o capitalismo, sem amplas regulações impostas pelo Estado/governo e sem significativo apoio financeiro do Estado/governo, algum dia tenha gerado qualquer prosperidade para a maioria de qualquer população. 

A segunda coisa errada com o 'pensamento K' [de Krauthammer e de Kramer, Dora] é sua escandalosa incapacidade para compreender a diferença entre ineficiência e tamanho do Estado/governo.

É absolutamente indispensável que o Estado/governo seja grande, para que grandes sociedades possam viver em situação de saúde social e econômica. E aumentar o tamanho do governo/Estado não se traduz automaticamente em ineficiência do governo/Estado. 

Uma coisa é a necessidade de monitorar a eficiência de todas e quaisquer burocracias, para que façam o que tenham a fazer, de modo acertado e no tempo necessário. Outra coisa, muito diferente, é 'reduzir' o Estado/governo, capá-lo, cortar-lhe mãos e pés, a ponto de praticamente o desmantelar e arrancar-lhe os meios para cumprir bem as próprias funções. E, tudo isso, apenas porque os conservadores creem com fé cega de fundamentalista doido furioso no pressuposto ideológico de que todos os Estados/governos seriam ineficientes e, portanto, sempre seriam 'caros demais'. Estados/governos com burocracias adequadamente monitoradas e reguladas promovem melhoria na vida da sociedade. Estados/governos capados, sem meios para cumprir bem as próprias funções, criam risco real de colapso da sociedade.

Parte 2 – Governos/Estados populares e Socialismo

Mesmo assim, o que K. [Krauthammer e Kramer, Dora] insistem em 'ensinar' é que essa "reforma" para capar o Estado do bem-estar seria a resposta para curar "a profunda ansiedade que brota da estagnação secular (sic) dos salários e padrões de vida que oprimiram as classes média e trabalhadora por uma geração". K. justapõe essa resposta ideologicamente inspirada, contra as respostas que, segundo ele mesmo, estariam vindo de Donald Trump e Bernie Sanders. 

Trump estaria oferecendo um "populismo etnonacionalista". K. explica o que já é óbvio, que Trump atribui a culpa pelos problemas dos EUA a "estrangeiros, principalmente aos astutos mexicanos, chineses, japoneses e sauditas que se aproveitam sem piedade, dos EUA" (como alguém consegue meter aí lado a lado mexicanos e sauditas ultrapassa minha capacidade de entendimento).

Mas, ao mesmo tempo em que critica a xenofobia de Trump, K. faz como se não percebesse que são esses ideólogos conservadores da laia do próprio K. os que mais insistiram a favor do tipo de acordos comerciais que autorizam Donald Trump a focar toda a atenção sobre gente de fora dos EUA.

Depois, vem o fenômeno Bernie Sanders. Até onde vai a compreensão de K., Sanders prega o socialismo, e a resposta visivelmente positiva o surpreende muito. "É difícil acreditar que os EUA, tendo resistido ao canto de sereia do socialismo durante todo o século 20, até hoje, sucumba de repente aos charmes dele, uma década depois de o socialismo ter sido intelectualmente descartado." Só por trás das muralhas cegas da ideologia conservadora de K. [Krauthammer e Kramer, Dora], alguém cogitaria de declarar o socialismo "intelectualmente descartado".

Sem dúvida alguma o socialismo está vivo e é competitivo, em termos políticos na Europa Ocidental e do norte.

Claro que, apesar de K. não fazer distinção alguma, Sanders não chega sequer próximo dos socialistas que havia no bloco soviético durante a Guerra Fria. De fato, Sanders aproxima-se mais dos social-democratas que prevalecem na Europa Ocidental e, até, aos da ala liberal do Partido Democrata, antes da gangue de Bill Clinton chegar ao poder. 

E pode-se dizer que sucesso da mensagem de Sanders está na direta proporção do fracasso do conservadorismo de K. [Krauthammer e Kramer, Dora], o qual, esse com certeza, jamais conseguiu gerar prosperidade econômica durável e serviços sociais confiáveis para o povo dos EUA.

Pois K. [Krauthammer e Kramer, Dora] não consegue ver sequer essa relação. Para ele, o grande sucesso de Sanders é inimaginável. "Os Democratas arriscam-se a sofrer desastre eleitoral de dimensões históricas, em novembro", se indicarem Sanders. De fato, é possível que sofram mesmo desastre histórico, mas não porque o programa de Sanders tenha qualquer coisa a ver com verdadeiro socialismo. O desastre pode vir, isso sim, por causa do frenesi denuncista anticomunista irracional dos Republicanos, ao ponto de as verdadeiras propostas políticas de Sanders tornarem-se irrelevantes. De fato, a irracionalidade da caracterização de Sanders que K. pode bem ser o primeiro na própria campanha ensandecida de demonização reacionária.

Parte 3 – Conclusão

A visão ideológica conservadora de Charles Krauthammer e Dora Kramer é tão absolutamente destrutiva quanto o "populismo etnonacionalista". A realidade é que o conservadorismo de K. [Krauthammer e Kramer, Dora] tem sido o farol guia da economia dos EUA desde o início e produziu história de booms e estouros, esses últimos vindo sempre como depressões cada vez mais profundas e prolongadas. Avançou ao longo dos séculos 18, 19, e entrou pelo século 20, culminando na Grande Depressão de 1929. 

Tão desastroso foi aquele crash, ao lado da concorrência da jovem União Soviética, que afinal os capitalistas mais espertos começaram a pensar, e foram eles que fizeram o esforço para racionalizar o próprio sistema do qual viviam. Nos EUA a coisa apareceu sob a forma do Novo Pacto, o New Deal de Roosevelt. Franklin Roosevelt trouxe a necessária regulação e ampliação do Estado/governo para semiestabilizar a economia e garantir um mínimo de segurança ao cidadão comum. As depressões foram reduzidas a recessões periódicas, e a Seguridade Social, o seguro-desemprego e outros programas social de bom senso comum surgiram no processo.

Aí está uma marca da natureza a-histórica da visão de mundo que os conservadores à moda K [Krauthammer e Kramer, Dora] vêm manifestando desde então, enquanto aparentemente esquecem tudo sobre os pecados originais do capitalismo. Só para acrescentar algum molho que torne deglutível o argumento deles, jogam aquela conversa de "liberdade individual" no mercado, ao mesmo tempo em que bombardeiam outras liberdades e direitos como os relacionados à assistência à saúde, à educação, à igualdade de oportunidades e de gêneros e outras liberdades e direitos, como se não fossem parte do mix de que se constitui uma civilização moderna. 

Há algo realmente inumano na perspectiva de K [Krauthammer e Kramer, Dora]. Contudo, não significa que políticos como as Marco Rubio e Chris Christie que pregam essas ideias falidas sejam incapazes de vencer eleições locais, estaduais ou nacionais. Jamais subestime a ignorância e a credulidade de eleitores de mentalidade conservadora. 

Para eles, sempre haverá o canto de sereia dos K. [Krauthammer e Kramer, Dora]. Vale relembrar como Gilbert Ryle, filósofo britânico, descreveu um político britânico conservador, e que descreve perfeitamente todos os pensadores e jornalistas K-conservadores: "Lá ficam eles, como farol em pleno oceano, conduzindo com firmeza os navios diretamente para as rochas."*****

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