sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Imprensa-empresa "ocidental' cega e calada: Iraque e "4+1" infligem importante derrota ao Estado Islâmico

21/10/2015, Moon of Alabama



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu





Aconteceu ontem uma imensa derrota do Estado Islâmico, que a imprensa-empresa "ocidental" não viu.


A milícia iraquiana Hashd e o exército do Iraque derrotaram combatentes do Estado Islâmico na refinaria de Baiji, na cidade de mesmo nome. Foi um enorme sucesso:

Filmes exibidos na TV estatal mostravam soldados iraquianos acenando com suas bandeiras dos telhados de Baiji, com grossos rolos de fumaça ao fundo.

...

Baiji é a segunda mais importante área recapturada em Salahuddin nos últimos meses, com as forças pró-governo retomando a capital da província, Tikrit, em março passado, depois de semanas de disputa com militantes. retomada de Baiji pode ser um prelúdio da muito falada ofensiva sobre Mosul, que foi usada como capital de facto do EI no Iraque.


A estrada de Bagdá a Mosul corre do sul para o norte através de Balad, Samara, Tikrit e Baiji. Tikrit foi libertada em março, e a luta pela refinaria de Baiji e a cidade de Baiji não teve tréguas desde então. Agora, a vitória abre a estrada na direção de Mosul, a segunda maior cidade do Iraque e que está ocupada pelo EI.


O sucesso pode ser atribuído principalmente à milícia iraquiana apoiada pelo Irã. A sala de inteligência e operações "4+1" em Bagdá, onde Iraque, Irã, Rússia, Síria e Hizbullah e a [milícia] Hashd coordenam esforços, acompanhou e dirigiu toda a operação. Os EUA não foram envolvidos, porque não querem trabalhar com a milícia Hashd e o Irã.

Se se examina o relatório dos ataques diários da operação "Decisão Inerente" [orig. Inherent Resolve liderada pelos EUA, não se encontra praticamente nenhum ataque aéreo contra as forças do EI perto de Baiji. Os raros ataques feitos aí atingiram uma ou outra "posição de metralhadora" do EI ou "posição de combate tático". Não se vê nada do grande esforço que teria sido necessário para libertar a cidade. Na verdade, foi necessária a força aérea do Iraque para realmente fazer o serviço:

Zaid Benjamin @zaidbenjamin
Inherent Resolve Spx Steve Warren: Enfrentando pequenos bolsões na refinaria #Beiji. Força aérea do Iraque cumpriu 40 ataques aéreos; a coalizão, 4.


A milícia iraquiana fez o serviço em solo e a força aérea iraquiana deu cobertura ao ataque. A operação contou com informações e orientação da Rússia e do Irã. EUA não se envolveram. Não surpreende, portanto, que a imprensa-empresa "ocidental" tenha-se mantido em absoluto silêncio sobre tudo isso.
Não se lê uma linha sobre a vitória dos soldados iraquianos nas páginas do Washington Post, e o New York Times dedica apenas uma frase ao assunto, num artigo sobre o comandante do Estado-maior dos EUA. Isso, depois de cobertura em letras garrafais quando o Estado Islâmico pela primeira vez ocupou a refinaria. Mesmo a rápida menção nas páginas do NYT dá jeito de ocultar aos leitores qualquer informação sobre o comando da operação:


A coalizão liderada pelos EUA está pressionando os militantes em várias frentes. Com o apoio das Forças Aéreas dos EUA, forças iraquianas estiveram ativas nos arredores de Ramadi, que foi tomada por militantes em maio. Forças iraquianas e milícias xiitas capturaram a refinaria de petróleo Baiji, no norte de Bagdá, na 6ª-feira, e estão tentando expandir o território sob seu controle naquela área. Na 3ª-feira, militares iraquianos disseram que haviam tomado a cidade próxima de Baiji depois de dias de combates.


Leitor desprevenido do parágrafo acima entenderá que "a coalizão liderada pelos EUA" com "o apoio das Forças Aéreas dos EUA" teria sido responsável pela libertação da cidade e da refinaria de Baiji. Contudo, exceto por quatro pequenas ações aéreas em correspondentes apenas quatro dias, a "coalizão liderada pelos EUA" absolutamente não participou da ação. Não há dúvidas de que milícias iraquianas apoiadas por Rússia e Irã estão roubando o show com que o Pentágono sonhava.


Os EUA temem que sua campanha 'de faz de conta' contra o EI seja substituída por campanha real, comandada por Rússia e Irã. O comandante da Junta do Estado-maior dos EUA, general Dunford, chegou a ameaçar o premiê do Iraque com os EUA fazerem 'greve de sexo':


Se a Rússia começou mesmo a voar missões sobre o Iraque, os EUA não voaremos – disse Dunford aos líderes iraquianos. Eles compreenderam a situação, Dunford continuou; e Abadi lhe disse que o Iraque não pedira que os russos voassem sobre o Iraque; e a Rússia não ofereceu-se para lançar ataques dentro do Iraque.


Oficialmente Abadi nada pediu. Mas os pedidos dos iraquianos foram feitos a Moscou e obtiveram resposta positiva. O Iraque esperará alguns meses e comparará o sucesso dos russos na Síria, com os sucessos dos EUA no Iraque. Se a campanha na Síria for mais bem-sucedida que a dos EUA no Iraque, certamente os iraquianos considerarão mudar de parceiros.


Na Síria, enquanto isso, "rebeldes moderados" iniciaram mais salas de operações conjuntas com Ahrar al-Shams e Frente al Nusra. Há novas conversas sobre uma unificação dos "rebeldes moderados" de Ahrar al-Shams e "rebeldes moderados" da Al Qaeda:


Zaid Benjamin @zaidbenjamin

Ahrar ash-Sham firma aliança com a Frente al-Nusra, um dia depois de, em entrevista à CNN, o ministro de RE do Qatar ter dito que Ahrar não tem qualquer laço com a al-Qaeda



A inteligência russa capturou conversas entre comandantes do EI e da Frente al-Nusra/al-Qaeda sobre esforço unificado contra o governo sírio.


A realidade de que todos esses grupos submetem-se à mesma ideologia e têm iguais objetivos vai-se tornando mais evidente a cada dia. Assim, será cada dia mais difícil para EUA e Turquia manter sua falsa campanha contra o EI, ao mesmo tempo em que apoiam "moderados" que lutam lado a lado com o tal 'inimigo' declarado.

A Rússia, enquanto isso, mantêm seus esforços políticos para pôr fim à luta na Síria.

O presidente sírio Bashar Assad visitou Moscou para conversações com o presidente Putin. E jantou com as mais altas figuras do governo russo – Putin, Medvedev, Lavrov e Shoygu participaram do jantar. Depois da visita de Assad, Putin conversou hoje por telefone com Erdogan da Turquia e com o rei Salman da Arábia Saudita. Na 6ª-feira, ministros de Relações Exteriores de Rússia, EUA, Arábia Saudita e Turquia reúnem-se em Viena. Ou há algum acordo em preparação... ou a guerra na Síria terá nova escalada.*****