sábado, 12 de novembro de 2016

Como é possível que os que votaram em Clinton vivam nas cidades – precisamente onde mais provavelmente seriam aniquilados na guerra contra a Rússia que Clinton preparava?

11/11/2016, John Hellmer, Dances with Bears, Moscou













A geografia da eleição nos EUA essa semana é coisa jamais vista. E ali aconteceu a maior derrota jamais infligida, em toda a literatura moderna. – Foi a capacidade dos norte-americanos para compreender o valor verdade do que lhes dão para ler e lhe dizem pela TV, rádio, mídias sociais e internet.

Quase 90% dos votantes no centro das maiores cidades norte-americanas votaram em Hillary Clinton – são as cidades ao longo do litoral leste e oeste. Em números agregados, são quase todos os 60,3 milhões do total pró-Hillary (47,7%). Os 59,9 milhões (47,4%) de votantes que venceram a eleição para Donald Trump vivem por todos os outros pontos do país. O mapa de votos por condado mostra que vivem em todo o país.


Mapa eleitoral EUA, 2016 Para ampliar, clique aqui
 


A diferença de menos de 340 mil votos entre os candidatos, num total de mais de 120 milhões, pouco significa, comparada ao isolamento dos pontos azuis, no território dos vermelhos. Pesquisadores e sociólogos explicarão que Trump obteve suas maiorias condado a condado, estado a estado, como os votos são levados ao Colégio Eleitoral, dos subúrbios das grandes cidades, das cidades de médias a pequenas e das áreas rurais. 

Não foram detectados nas pesquisas pré-eleitorais, porque os números recebiam peso diferente do modo como o Colégio Eleitoral decide o resultado da eleição. Esses votantes também mantiveram secretos, os seus votos. Foram ignorados, descuidosamente, desdenhosamente, pela mídia-empresa mainstream, pelos especialistas acadêmicos, pelos think-tanks, por especialistas em comércio e marketing, e pelas máquinas de propaganda financiadas pelo governo, porque toda essa gente trabalha nas grandes cidades.

Que tipo de erro é esse – como é possível que os centros dos votantes pró-Clinton coincidam com as áreas que mais provavelmente serão alvo, se começar a guerra contra a Rússia de que tanto falaram, tanto prepararam e tanto quiseram durante dois anos inteiros? Serão os votantes pró-Clinton belicistas tão desatinados e obcecados por guerra, que nem conseguem compreender que eles mesmo serão as baixas?

A resposta é paradoxal, mas simples. Clinton e os conselheiros dela foram patologicamente violentos e agressivos em matéria de guerras, mas só contra povos que não têm meios efetivos para retaliar. Mas no fundo – talvez nem tão fundo – jamais acreditaram que eles próprios estivessem em perigo. Em outras palavras, não acreditavam no que escreviam e 'noticiavam' para os demais. Mentiram sempre; queriam que os outros acreditassem nas mentiras deles sobre guerra com a Rússia; e não achavam que viesse a ser perigo grave para eles mesmos, para os seus meios de subsistência, para as famílias deles.

Os votantes pró-Trump eram igualmente autistas autorreferentes e letrados. Mas não acreditaram no que ouviam dizer ou lhes ofereciam para ler. O efeito do letramento é muito interessante. 

A metade derrotada do eleitorado norte-americano não acreditou no valor verdade do que eles mesmos passaram tantos meses dizendo ou escrevendo. 

A metade vitoriosa do eleitorado norte-americano compreende bem que o valor verdade do que diz/escreve a mídia-empresa é zero. Assim sendo, esses norte-americanos desligaram a TV e nunca mais leram jornais e revistas.***** 

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