08/11/2016, Pepe Escobar, Strategic Culture Foundation
Dentre os incontáveis momentos de 'suspense' de novelão que infestam e definem o "circo está na cidade" que são as eleições nos EUA (para citar Desolation Row do prêmio Nobel Bob Dylan), a questão chave na trilha que leva ao Dia da Eleição, estava o por que de o FBI ter-se finalmente dobrado.
O diretor James Comey do FBI, na undécima hora, acabou por mandar outra carta ao Congresso, em que elogia o portento que é a sua equipe, que "trabalhou dia e noite" estudando nada menos que 650 mil emails no laptop cujo proprietário é Anthony Weiner, pervertido sexual e ex-marido da principal e mais íntima assessora de Hillary Clinton, Huma Abedin.
Comey finalmente concluiu que o FBI nada encontrou que o induzisse a modificar o veredito anterior sobre o Servidor Subterrâneo de Emails, de Hillary Clinton. "Desleixo extremo", sim. mas sem indício de prática criminosa.
Tudo isso, ao mesmo tempo em que não param de surgir mais e-mails nostwitter.com/wikileaks.
Nos Emails Podesta publicados por WikiLeaks, encontra-se uma admissão explícita, num documento interno datado de 10/11/2008, de que a Fundação Clinton estava cometendo crime.
Sobretudo o Grande Quadro sempre foi bem claro, desde o início: tanto a Fundação Clinton quanto a Iniciativa Global Clinton, eram, as duas organizações operadas como "organizações políticas" totalmente focadas no negócio de "só quem paga entra no jogo" [ing. "pay to play"].
Pode-se argumentar que a primeira carta de Comey ao Congresso foi resposta a uma revolta interna no FBI. Agentes que foram parte da insurgência dificilmente abandonarão o jogo de longo prazo – mesmo depois da eleição. Já deixaram claro que o assunto realmente grave é a Fundação Clinton, não os emails de Hillary.
Assim sendo, os vazamentos continuarão. Mesmo antes da primeira carta de Comey, os insurgentes dentro do FBI juravam que "já há material suficiente para indiciar". Insistiram que "Comey está tentando parar tudo porque não quer enfrentar a máquina Clinton, nem Washington D.C. inteira". Tinham certeza de que "potências estrangeiras estão de posse de alguns dos documentos que analisamos, porque foram hackeados do servidor de Hillary".
Os insurgentes, que exigiam clareza, insistiam que o problema sempre foi a Fundação Clinton, que vendeu "influência, inteligência, favores, a qualquer um disposto a pagar". Obama estava "amarrado às mesmas pessoas que doam dinheiro á Fundação Clinton". Quanto ao tal notório encontro "secreto" de Bill Clinton com a advogada geral Loretta Lynch – indicada por Obama – mantiveram que Clinton "queria que Loretta Lynch se concentrasse no servidor de emails e esquecesse para sempre de processar a Fundação.
Em resumo: no dossiê que leva o título de "Fundação Clinton" parece haver informação suficiente para pôr abaixo todo o governo dos EUA.
E sobre Hillary, especificamente, pende uma acusação incendiária: no servidor dela foram encontrados SAPs (Special Access Programs, Programas de Acesso Especial).
Os insurgentes do FBI explicaram que "SAP é programa de inteligência classificado acima do grau top-secret. Esses programas são arquivados em servidores fechados, instalados em locais secretos. O único meio de obter um desses programas é receber autorização específica para inclusão num deles; depois de incluído, se você precisar saber de uma determinada informação, você tem de ir (presença física) até um determinado local, onde terá de ultrapassar várias barreiras de segurança, só para começar a examinar informes classificados num dos programas SAP. Um SAP é fornecido por ser necessário para alguma finalidade autorizada, e Hillary absolutamente não tinha nenhuma necessidade de ter no seu servidor privado qualquer um daqueles programas".
Tudo isso ainda não bastou para que o FBI indiciasse Hillary. Não, pelo menos, na véspera da eleição, considerando que, se o FBI insistisse, estaria desafiando nada menos que a ira e a fúria de todo o governo dos EUA.
Fonte em New York, com sólidas conexões no campo de business/finança entre os Masters of the Universe, saiu-se com uma resposta quase criptografada, quando lhe perguntei algumas das questões acima alinhavadas:
"Eu não diria que a revolta do FBI chegou a acontecer. Comey recebeu ordens para fazer o que fez da primeira vez, e recebeu ordens para fazer o que fez depois. As ordens apenas foram invertidas. É como um boneco de ventríloquo. Ninguém pisa fora dos limites demarcados".
Mas minha fonte disse também, menos de 24 horas antes do Dia das Eleições: "Achamos que Trump será eleito, e eles estão fazendo de tudo para que todos creiam que é a democracia em marcha". Para reforçar o que dizia, minha fonte citou a pesquisa (muito respeitada como pesquisa séria) de USC Dornsife /LA Times, que mostra Trump com cinco pontos à frente, na votação popular. Aqui se lê uma defesa da pesquisa feita por um de seus autores.
Os hackers russos
Dado que a virada do FBI só conseguiu, no máximo, enfurecer as duas campanhas, o Estado Profundo cuidou de não deixar nada ao acaso. As duas entidades que se podem considerar como principais braços terroristas dos EUA – "al-Qaeda" (qual delas? A al-Qaeda "histórica" no Afeganistão? AQ na Península Arábica? AQ no Oriente Médio? Al-Nusra "moderada" na Síria?) e o ISIS/ISIL/Daech – em conjunção com o pouco confiável SITE rastreador jihadista, entraram em operação de Guerra Psicológica em tempo integral, com a missão de criar pretextos de falsa bandeira.
Imediatamente a inteligência dos EUA passou a emitir avisos sobre "possíveis ataques da al-Qaeda" na véspera do dia da eleição. Na sequência, Rita Katz, cabeça e cofundadora, em 2001, do SITE, disse que as provocações jihadistas seriam "tentativa para boicotar o processo eleitoral e chamar atenção da mídia".
Não há qualquer prova de que essas ameaças sejam reais. SITE afinal nem tenta esconder que pratica a desinformação. Katz, no passado, brifava a Casa Branca, além do Departamento de Justiça, o Tesouro e a Agência de Segurança Nacional, em questões relacionadas às redes de financiar e recrutar terroristas. Um dos conselheiros seniores de SITE é Bruce Hoffman, ex-docente da cátedra de Contraterrorismo e Contrainsurgência na RAND Corporation.
Somem a "ameaça da al-Qaeda" e a demonização super turbinada da Rússia – e aí está o cenário que oferece perfeito pretexto, para o caso de algo acontecer fora do script (e pelo script Hillary Clinton será eleita POTUS).
A equipe de Obama aplicadamente disseminou o boato de que a Rússia não apenas se preparava para agir/hackear furiosamente no dia da eleição, mas também já cuida de promover agitação e tumultos em todo o ocidente, até p'rá lá de 2018. E Tom Graham, diretor gerente de Kissinger Associates em New York e ex-conselheiro de George "Dábliu" para assuntos russos, dobrou a aposta: muitos outros emails "provavelmente" serão vazados (pelos perigosos WikiLeaks) depois do Dia da Eleição.
São 'medidas' que visam a levar a narrativa até um final hollywoodiano. O "mundo livre" pode dormir em paz. O eixo-do-mal que une Putin-Assange-al-Zawahiri plus agentes bandidos do FBI será desmantelado – para glória da Rainha do Sorriso Fixo e Doida-por-Guerra-em-chefe.**** *
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