19/5/2018, Pepe Escobar, Asia Times
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
Altos funcionários, inclusive ex-agentes da CIA, oficiais do Pentágono, oficiais do Exército dos EUA e ex-diplomatas exigem explicações para as ações dos israelenses.
Em carta dirigida ao presidente Donald Trump, com cópias para a Corte Criminal Internacional (CCI) e o Conselho de Segurança da ONU, quatro altos ex-funcionários do mais alto escalão do governo dos EUA, dentre outros, notificaram o presidente de que consideram descumprido o dever legal do presidente de informar o Congresso dos EUA, a CCI e o Conselho de Segurança da ONU, dentre outros, sobre ações de Israel ocorridas no momento em que "era comemorado o aniversário da expulsão, de dentro das próprias casas, de 750 mil palestinos."
A carta é assinada, dentre outros, pelo ex-chefe de operações da CIA Phil Giraldi; pelo ex-funcionário do Pentágono Michael Maloof; pelo ex-oficial do Exército dos EUA e coordenador do Departamento de Estado para os fornecedores privados de contraterrorismo Scott Bennett; e o ex-diplomata e autor de Visas For al-Qaeda: CIA Handouts That Rocked The World, Michael Springmann.
Maloof, Bennett e Giraldi, além de Springmann e esse correspondente estiveram entre os convidados da 6ª Conferência Internacional Novo Horizonte [ing. 6th International New Horizon conference] na cidade santa de Mashhad, leste do Irã. Os principais temas dos debates da conferência foram Palestina e o movimento unilateral do governo Trump de sair do acordo nuclear com o Irã (oficialmente Joint Comprehensive Plan of Action, JCPOA).
Como Maloof e Bennett confirmaram separadamente para esse Asia Times, a carta foi redigida por Giraldi e Maloof num saguão de aeroporto, quando esperavam pelo voo de Mashhad a Teerã, onde a carta foi divulgada numa conferência de imprensa, nessa 3ª-feira. Esse correspondente estava em viagem de trabalho em Karaj. Todos afinal nos reunimos no aeroporto de Mashhad, na 5ª-feira. A conferência de imprensa em Teerã foi virtualmente ignorada pela mídia-empresa norte-americana.
Os vistos para visitantes norte-americanos foram assunto extremamente delicado debatido nos mais altos níveis do governo iraniano, entre o Ministério de Relações Exteriores e os serviços de inteligência. Por fim, os visitantes, sob intenso escrutínio pela mídia iraniana, atraíram enorme audiência em todo o país, de iranianos interessados em conhecê-los.
Estão em andamento novas operações 'psicológicas' [ing. psyops]
Os signatários da carta estabelecem uma conexão direta entre ações dos israelenses que podem "disparar e escalar ações militares norte-americanas contra Turquia, Síria, Líbano, Irã e Rússia, dado que essas nações opõem-se à transferência da embaixada dos EUA para Jerusalém; e as crescentes tensões já exacerbadas pela retirada dos EUA, do JCPOA."
O presidente Trump também foi oficialmente notificado de que a carta "será incluída como prova em todas as questões e assuntos relacionados à transferência da embaixada dos EUA para Jerusalém/Al Quds e ao Acordo Nuclear Iraniano. A carta deve ser incluída como "evidência n.1 em todas as investigações e processos de quaisquer crimes de guerra (passados, presentes e futuros) relacionados a esse assunto, em qualquer tempo."
Como Bennett disse a Asia Times, a principal preocupação é que, segundo suas fontes militares, a atual situação, super volátil, pode estabelecer as precondições para uma nova campanha de operações psicológicas".
Trump foi acusado e notificado nos termos da lei – 18 US Code 4 e 28 US Code 1.361 – pela prática de "violações de leis nacionais e internacionais." A carta também se põe como "notificação, nos termos da lei, ao povo norte-americano" – e visa a garantir proteção "contra qualquer retaliação, detenção, investigação, sequestro, interrogatório, discriminação, tortura, consequências financeiras ou qualquer outro tipo de consequências ou ações negativas ou prejudiciais."
Principalmente "qualquer ação empreendida contra os abaixo assinados serão denunciadas como violação às seguintes determinações da lei: 18 USC 242 (é crime conspirar para negar/violar direitos civis constitucionais); 42 USC 1983, 1984, 1985 (é criminosa a ação civil para violar direitos); 18 US 2339A (é crime fornecer apoio material a terroristas).
A carta também pode ser interpretada como um ramo de oliveira: além de reivindicar proteção integral aos 'sentinelas-vazadores', os signatários se auto-oferecem como agentes que levam essas informações relevantes, ao conhecimento oficial do presidente e do Congresso.
A carta foi enviada em cópia ao presidente da Rússia Vladimir Putin, ao presidente da Turquia Recep Tayyip Erdogan e ao presidente do Parlamento Europeu Antonio Tajani.
Até agora, não há resposta da Casa Branca.
Considerando a transferência da embaixada dos EUA para Jerusalém; a saída unilateral dos EUA, do Acordo Nuclear Iraniano, seguida de uma declaração de guerra econômica contra o Irã; a nova narrativa sobre a República Popular Democrática da Coreia ('Coreia do Norte') — as coisas têm de ser como os EUA querem, ou "vocês serão destruídos como a Líbia"; para nem falar do tratamento dispensado ao sentinela-vazador Julian Assange, a possibilidade de diálogo frutífero mantém-se inexistente.*******
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