5/4/2012, John Lanchester, London Review of Books, v. 34, n.7, pp. 7-10.
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
Entreouvido na Vila Vudu:
De Marx, deve-se ler Marx, claro. Recomenda-se que os escritos do próprio Marx sejam lidos logo aos 14, 15 anos, antes de o jornalismo, as famílias, as igrejas, as escolas, as universidade da burguesia e as Dona-Dora-Kramers, Leilanes-Neubarths e que-tais darem cabo de toda a novidade revolucionária de Marx, além de novidades supervenientes das quais também dão cabo.
Mas pode-se ler Marx a qualquer momento da vida. E é leitura muito recomendável nas horas de catástrofe histórica como esses desgraçados anos de 2016ss, do golpe da CIA-EUA contra o Brasil.
Assim sendo, aos 200 anos do nascimento de Marx, deve-se começar por ler o Manifesto Comunista, cujos 170 anos também se comemoraram em 2018, em fevereiro (aos 30 anos de Marx e 28 de Engels). E ninguém perderá nada se ler também, por oportuno, Eric Hobsbaum, "Introdução ao Manifesto Comunista de Marx e Engels", 9/10/2012, traduzido em redecastorphoto. OK. Até aí, nenhuma novidade
Novidade é que, em 2018, afinal alcançamos a felicidade de já não precisar ler as discussões contemporâneas. Porque, estatisticamente falando, já não há novidade teoricamente importante a declarar CONTRA Marx, Engels, o Manifesto e todo o resto. As críticas CONTRA são já perfeitamente previsíveis, com 200 anos de empiria a considerar ou a desconsiderar.
Assim sendo, pode-se afinal ler exclusivamente as críticas A FAVOR de Marx – porque aí, sim, há novidade, afinal, nesses 200 anos de nascimento dele e 170 anos dos 30 anos de Marx e 28 de Engels. Por exemplo: o livro best-seller em matéria de economia do século 21 é marxista/marxiano: O Capital no Século XXI, Thomas Piketty, considerado "ótimo ou excelente" por 85% das pessoas que compraram. ISSO É NOVIDADE, sim, sobretudo em tempos quando 'autoridade' em matéria de economia é aquele professor do Insper cujo nome esqueci, e que fala na Rádio BandNews FM e em TODAS as rádios de São Paulo, a menos que sejam vários professores de vários Inspers e todos digam exatamente a mesma coisa [errada].
Ainda mais: semana passada o presidente Xi Ximping da China recomendou ao planeta que lesse o Manifesto. E ontem continuava a dizer que, sim, a China é país comunista.
Se a China diz que é, desde 1848 até 2018, então é!
Você sabe que uma teoria está resistindo bem ao ataque do tempo e da classe nossa inimiga, quando o comunismo de Marx e Engels, aprimorado pelo trabalho e estudo dos chineses e suas características, está, em 2018, no governo da maior nação comunista pacifista benemérita do planeta. Fato é que a China comunista não tem adversário à vista hoje, aos 200 anos do Manifesto Comunista. E Putin ali, vigilante. E o Irã ali, vigilante. E o Hezbollah ali, vigilante. Segue a luta. [Pano rápido]
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De Marx, deve-se ler Marx, claro. Recomenda-se que os escritos do próprio Marx sejam lidos logo aos 14, 15 anos, antes de o jornalismo, as famílias, as igrejas, as escolas, as universidade da burguesia e as Dona-Dora-Kramers, Leilanes-Neubarths e que-tais darem cabo de toda a novidade revolucionária de Marx, além de novidades supervenientes das quais também dão cabo.
Mas pode-se ler Marx a qualquer momento da vida. E é leitura muito recomendável nas horas de catástrofe histórica como esses desgraçados anos de 2016ss, do golpe da CIA-EUA contra o Brasil.
Assim sendo, aos 200 anos do nascimento de Marx, deve-se começar por ler o Manifesto Comunista, cujos 170 anos também se comemoraram em 2018, em fevereiro (aos 30 anos de Marx e 28 de Engels). E ninguém perderá nada se ler também, por oportuno, Eric Hobsbaum, "Introdução ao Manifesto Comunista de Marx e Engels", 9/10/2012, traduzido em redecastorphoto. OK. Até aí, nenhuma novidade
Novidade é que, em 2018, afinal alcançamos a felicidade de já não precisar ler as discussões contemporâneas. Porque, estatisticamente falando, já não há novidade teoricamente importante a declarar CONTRA Marx, Engels, o Manifesto e todo o resto. As críticas CONTRA são já perfeitamente previsíveis, com 200 anos de empiria a considerar ou a desconsiderar.
Assim sendo, pode-se afinal ler exclusivamente as críticas A FAVOR de Marx – porque aí, sim, há novidade, afinal, nesses 200 anos de nascimento dele e 170 anos dos 30 anos de Marx e 28 de Engels. Por exemplo: o livro best-seller em matéria de economia do século 21 é marxista/marxiano: O Capital no Século XXI, Thomas Piketty, considerado "ótimo ou excelente" por 85% das pessoas que compraram. ISSO É NOVIDADE, sim, sobretudo em tempos quando 'autoridade' em matéria de economia é aquele professor do Insper cujo nome esqueci, e que fala na Rádio BandNews FM e em TODAS as rádios de São Paulo, a menos que sejam vários professores de vários Inspers e todos digam exatamente a mesma coisa [errada].
Ainda mais: semana passada o presidente Xi Ximping da China recomendou ao planeta que lesse o Manifesto. E ontem continuava a dizer que, sim, a China é país comunista.
Se a China diz que é, desde 1848 até 2018, então é!
Você sabe que uma teoria está resistindo bem ao ataque do tempo e da classe nossa inimiga, quando o comunismo de Marx e Engels, aprimorado pelo trabalho e estudo dos chineses e suas características, está, em 2018, no governo da maior nação comunista pacifista benemérita do planeta. Fato é que a China comunista não tem adversário à vista hoje, aos 200 anos do Manifesto Comunista. E Putin ali, vigilante. E o Irã ali, vigilante. E o Hezbollah ali, vigilante. Segue a luta. [Pano rápido]
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"Marx, 193 anos depois" [excerto traduzido]
5/4/2012, John Lanchester, London Review of Books, v. 34, n.7, pp. 7-10.
Ao tentar pensar o que Marx teria feito do nosso mundo contemporâneo, deve-se começar por destacar que Marx nunca foi empirista. Nunca pensou que alguém conseguiria chegar à verdade mediante dados selecionados e coletados da experiência, 'data points' como os chamam os cientistas, que em seguida sejam reorganizados num quadro da realidade feita dos fragmentos que se acumularam. Dado que isso é o que muitos de nós supomos que façamos durante a maior parte do tempo, já há aí uma separação fundamental entre Marx e o que a maioria de nós chama de 'senso comum', noção que Marx desprezava empenhadamente, porque para ele 'senso comum' nunca passou de um modo pelo qual uma determinada ordem política e de classe converte a própria construção da realidade em um conjunto aparentemente neutro de ideias as quais são tomadas como se fossem dados da ordem natural.
O empirismo, porque recolhe suas provas da ordem de coisas existente, é inerentemente dado a aceitar como realidades 'do mundo', coisas que não passam de provas dos vieses e das pressões ideológicas subjacentes. O empirismo, para Marx, sempre confirmará o status quo.
Marx teria detestado, de modo especial, a moderna tendência de argumentar a partir de 'fatos', como se 'fatos' fossem fatias neutras da realidade, livres das marcas d'água da história e dos vieses ideológicos e de interpretação das circunstâncias da própria produção dos tais 'fatos'.
Mas eu, por outro lado, sou empirista. Nem tanto porque entendo que Marx errou quanto ao efeito de distorção que as pressões ideológicas subjacentes determinariam; mas, mais, porque não acredito que seja possível encontrar ponto de vista 'superior', livre daquelas pressões. Assim sendo, entendo que é nosso dever fazer o melhor possível com o que se consiga ver, sobretudo não tentar fugir como o diabo foge da cruz, dos dados que sejam contraditórios e/ou incômodos. Mas, sim, essa é diferença profunda entre Marx e o modo como falo de Marx, que ele teria considerado inteiramente não válido, filosófica e politicamente. [E por aí vai... (NTs)]
Respostas em CARTAS DE LEITORES QUE NOS INTERESSAM, ao artigo [que não nos interessa] cujo excerto está acima, como pretexto:
Letters
LRB, vol. 34, n. 8, 26/4/2012
CARTA 1
Ao discutir insights de Marx, John Lanchester afirma que hoje 'temos uma burguesia afluente que é internacional, mas a qual, no mundo ocidental forma a maioria da população; e uma força de trabalho proletário principalmente na Ásia' (LRB, 5/4). A classe trabalhadora global é hoje incontestavelmente muito maior do que foi no tempo de Marx, e mais de 50% da população do mundo vive agora em áreas urbanas. A desindustrialização, a mudança tecnológica de longo prazo e a ascensão dos setores financeiro e de serviços são, todos esses, traços das economias ocidentais.
Mas isso não significa que a classe trabalhadora nesses países tenha sumido ou de algum modo tenha-se metamorfoseado em algum tipo de 'classe de capitalistas modernos, proprietários dos meios de produção social e empregadores de trabalho assalariado' – como Marx e Engels definiram a burguesia no Manifesto Comunista. A classe capitalista inclui muita gente cuja remuneração pode até vir sob a forma de salário, mas é distribuído àquela gente por causa da posição que ocupam (por exemplo, os diretores de grandes empresas), além de outros que não são empregadores, mas servem, isso sim, à classe capitalista em altas posições administrativas. E com certeza continuam a ser bem pouca gente, uma fração da população, na Grã-Bretanha e onde for, no ocidente.
O proletariado é, nas palavras de Engels, 'aquela classe de modernos trabalhadores assalariados que, sem terem a propriedade dos meios de produção, são reduzidos a vender a própria força de trabalho, para viver'. Ainda é descrição adequada da realidade econômica enfrentada pela maioria dos trabalhadores hoje. Lanchester diz que não haveria 'conflito global organizado entre as classes; [que] não há proletariado global organizado.'
Mas há dura luta de classes em muitas partes do mundo, incluídos vários países europeus. A crise da Eurozona e o amargo, terrível arrocho – que atroika chama de 'remédio da austeridade'* – foi enfrentado com várias greves gerais na Grécia, Espanha e Portugal, e com a greve dos empregados do setor público na Grã-Bretanha, em novembro passado.
Marx e Engels trabalharam para construir uma Internacional de trabalhadores, para desafiar e derrubar o capitalismo e inaugurar uma nova sociedade socialista.
Claro que não é essa a intenção dos bem assalariados burocratas dos sindicatos internacionais nem dos líderes de partidos social-democratas pró-big business. Mas a continuada crise do capitalismo e a maldita 'austeridade' infinita estão levando a aprofundar a luta de classes e a 'novas' formas de oposição de massas ao capitalismo e àquela ideologia. A luta continua.
[assina] Niall Mulholland, London E7
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CARTA 2
John Lanchester erra, ao pretender que Marx não teria considerado o fato de que os recursos naturais são finitos. Errado. Lá está o fato, muito bem considerado.
No 1º volume de O Capital (1867) Marx escreveu: 'Todo progresso na agricultura capitalista é avanço na arte não apenas de roubar do trabalhador, mas de roubar do solo. (...) Todo progresso para aumentar a fertilidade do solo por algum tempo é progresso na direção de arruinar as derradeiras fontes daquela fertilidade'.
Marx tampouco supunha que essas questões estariam automaticamente resolvidas tão logo fosse superado o modo de produção capitalista. Os escritos de Marx são carregados de clara preocupação com a sustentabilidade: 'Nem toda a sociedade, alguma nação, tampouco todas as sociedades existentes tomadas em conjunto, são proprietárias do globo. São posseiros, usufrutuários e, como boni patres familias [lat. no original; "bons pais de família"], é dever desses usufrutuários passar adiante o globo em condições melhores do que o recebeu, para as gerações sucessoras.'
[assina] Stephen Low, Glasgow
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CARTA 3
A explicação de John Lanchester, do modo como Facebook – empresa que não cria valor material óbvio – pode valer mais de $100 bilhões é interessante. Mas penso, cá comigo, se Marx teria visto os proprietários de Facebook mais como donos de terras ou 'rentistas', do que como capitalistas.Websites não criam qualquer valor, mas, ao explorarem os próprios direitos de propriedade em espaços de publicidade altamente sofisticados, ajudam os capitalistas a competir entre eles, em troca de uma fatia da mais-valia turbinada. Facebook, como bem de lazer (gratuito) é sustentado nessa essência desse tipo de negócio que vende horário/espaço nobre no varejo.
[assina] Edward Robinson, London NW6
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CARTA 4
Cartas, LRB, vol. 34, n. 9, 10/5/2012
A estimativa de John Lanchester, do que resta de água potável no planeta está errada (LRB, 5 April). 'O consumo médio de água nos EUA é de 100gallons por pessoa por dia' – escreve ele. – 'Não há água suficiente no planeta, para que todos vivam assim.' Ainda que todos no planeta desperdiçassem água como os norte-americanos desperdiçam, o total consumido por uma população global de 7 bilhões seria 700 bilhões de gallons por dia. É apenas poucas vezes mais do que a quantidade de água potável que desce diariamente em Niagara Falls.
[Assina] Ken Lan, Rouzède, França
* No Brasil-2018 do golpe, o min. da Fazenda vive de reaplicar sempre o mesmo golpe contra o Brasil, cada vez que tenta convencer os brasileiros de que "não se pode gastar mais do que se tem", tentando fazer crer que o 'projeto' mentiroso e golpista seria "austero". Não é.
Ser "austero" é produzir e gastar adequadamente para conseguir pagar O QUE A SOCIEDADE CONSIDERE ESSENCIALMENTE IMPORTANTE. "Austeridade" NÃO É cortar serviços públicos essenciais e torrar patrimônio social para entregar os lucros à gangue universal capitalista sionista & banking.
No Brasil com certeza e no resto do planeta muito provavelmente, cada vez que golpistas falarem de "austeridade", é dever da resistência antifascista corrigir e explicar: quando banqueiros & 'especialistas' 'acadêmicos' e midiáticos falarem de "austeridade", eles estão sempre falando de ARROCHO. [NTs]
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