Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
Hillary Clinton pode estar à frente de Bernie Sanders na batalha das primárias, mas o socialista de Vermont recusa-se a aceitar a realidade. Segundo Bloomberg, Bernie não tem planos de aceitar a derrota na corrida pela indicação dos Democratas contra Hillary Clinton nem depois de as primárias estarem concluídas, e não se entregará à pressão de outros senadores nem de autoridades de seu partido.
O valoroso Bernie decidiu que nas seis semanas que faltam até a convenção Democrata, ele "continuará a promover os itens centrais de sua plataforma: forçar o big money a obedecer à política, reduzir a desigualdade de renda e subir impostos, até fazer do atendimento público à saúde um direito universal nos EUA."
É uma grande, bela mensagem. Infelizmente, nada que traga qualquer benefício pessoal ao candidato.
Como Bloomberg acrescenta, Sanders deixou bem claro que está em campanha menos pela indicação dos Democratas e, muito mais, num esforço para reformar a liderança do Comitê Nacional Democrata e suas regras – as quais Sanders disse repetidas vezes que sempre favoreceram Clinton.
"É mais que hora de se fazer transformação fundamental no Partido Democrata" – disse Sanders numa conferência de imprensa em Washington. Nessa transformação inclui-se substituir a liderança do Comitê Nacional Democrata; exigir que todas as primárias sejam abertas a candidatos independentes e Republicanos; e acabar com os superdelegados, que foram base de apoio crucial a favor de Clinton.
Bernie falou horas antes de a votação ser encerrada na primária de Washington, D.C., a última disputa na corrida pela indicação, e antes de uma reunião noturna, com portas fechadas, entre Sanders e Clinton, que pode determinar o tom dos Democratas, reunidos pelo objetivo comum de derrotar Trump, indicado presuntivo dos Republicanos. Sanders recusou-se a dizer o que esperava daquela reunião. Perguntado sobre se Clinton ainda teria de conquistar o voto dele, Sanders respondeu: "Se eu quiser que você vote em mim, tenho de expor minha plataforma e demonstrar que sou a melhor escolha para você e sua família. Chama-se democracia." Acrescentou que esperava muito do encontro "muito, muito mesmo".
Desnecessário dizer, a demanda que Bernie tem, de mudanças e substituições na liderança do Comitê Nacional Democrata será solenemente ignorada. Sanders passou quase toda a campanha às turras com Debbi Wasserman Schultz, deputada pela Flórida e presidenta do Comitê Nacional Democrata, por causa de regras e agendas que, diz ele, sempre o punham em desvantagem. Mas, como Bloomberg nos faz lembrar, o presidente Barack Obama, que nomeou Wasserman Schultz para o posto, garantiu-lhe apoio estridente em março, e ela sempre foi fiel aliada de Clinton.
E há também outros democratas que não estão satisfeitos com Sanders, por insistir na disputa, sempre chamando atenção sobre as atividades políticas de Hillary, nem sempre as mais recomendáveis, e afastando potenciais eleitores. Sanders chegou a Washington na 3ª-feira pela manhã para o almoço semanal do caucus dos senadores democratas, muitos dos quais já manifestaram desagrado por Sanders ter-se recusado a encerrar a campanha antes da Convenção. "Não, não é atitude que ajude" – disse o senador Joe Manchin, senador por West Virginia, quando perguntado sobre a decisão de Sanders. Bob Casey, senador pela Pennsylvania, disse que os Democratas precisam estar unidos na Convenção. Mas acrescentou que, sim, "Sanders pode ter, me parece, e terá, papel construtivo para assegurar a vitória da secretária Clinton."
Seja como for, para mostrar os Democratas em frente quase-unida, Sanders recebeu uma ovação, todos os senadores Democratas em pé, ao se apresentar na reunião-almoço. Discutiu seus planos para facilitar o registro e a participação de votantes, e para levar aos mais jovens a mensagem de que são bem-vindos no Partido Democrata – disse o senador Tom Carper, de Delaware. Afinal, são os mesmos eleitores que Hillary corteja ativamente hoje, e os Democratas não podem demonstrar desdém em relação a eles.
Apesar de seu admirável entusiasmo, Sanders ainda não tem planejados os detalhes do que fará até a convenção. Anunciou por e-mail aos apoiadores, na 3ª-feira, que detalhará seus planos na 5ª-feira, às 20h30, hora de NY, por vídeoonline ao vivo.
"Hoje à noite estaremos em reunião com a secretária Clinton e depois veremos que rumo isso tomará e em que pé estamos, e tomaremos alguma decisão sobre o futuro, baseados em mais conhecimento sobre para onde estamos indo" – disse [Michael] Briggs.
O resultado mais provável contudo será que tentarão domar a ira santa de Sanders, dirigindo-a contra Trump, não mais contra Hillary.
Uma coisa é certa: Bernie continua conosco pelo menos por mais dois dias. "Bernie não desistirá. Nem hoje, nem amanhã, nem dia seguinte", disse Briggs, na 3ª-feira.*****
Nenhum comentário:
Postar um comentário