tradução de btpsilveira
Enquanto a atenção do mundo está focada na Coreia do Norte e seu programa de mísseis nucleares, outra guerra está começando. A primeira salva de disparos dessa guerra aconteceu em 14 de agosto, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, autorizou um inquérito sobre as alegações de que Pequim estaria roubando propriedade intelectual infringindo a Seção 301 da Lei de Comércio de 1974. Trata-se da primeira medida comercial concreta da atual administração contra a China.
Washington acredita que as companhias (norte)americanas operando no Império Celestial são pressionadas a partilhar propriedade intelectual se quiserem ter acesso à economia chinesa. O empresariado (norte)americano é sempre forçado a criar joint ventures com parceiros chineses, entregando assim valiosos ativos tecnológicos. “Enfrentaremos qualquer país que ilegalmente force as companhias (norte)americanas a transferir sua valiosa tecnologia como condição de acesso a qualquer mercado. Combateremos as falsificações e a pirataria que destrói os empregos nos Estados Unidos” afirmou o presidente.
Durante sua campanha eleitoral, o presidente Donald Trump ameaçou impor taxação que varia entre 35% a 45% sobre as importações chinesas para forçar a China a renegociar sua balança comercial com os Estados Unidos. O representante dos Estados Unidos para o Comércio, Robert Lighthizer, terá um ano de prazo para decidir se lançará uma investigação formal das políticas comerciais da China em relação à propriedade intelectual, das quais a Casa Branca e os grupos de lobby da Indústria dos Estados Unidos dizem que estão colocando em perigo os negócios e empregos dos EUA. Funcionários da administração Trump estimam que o roubo de propriedade intelectual pela China pode alcançar a soma de $600 bilhões de dólares.
O déficit comercial dos Estados Unidos com a China se aproximou dos $350 bilhões de dólares/ano em 2016, e Trump tem culpado repetidamente as importações da China de prejudicar os empregos nos Estados Unidos em setores como o aço. “Nós vamos deslanchar uma investigação e, se necessário, agir para preservar o futuro da indústria dos Estados Unidos”, afirmou Lighthizer.
Provavelmente, o inquérito apontará que a China está conduzindo ações comerciais injustas. Se assim for, o presidente Trump deverá tomar alguma medida, queira ele ou não. A reação em cadeia que se seguirá deverá colocar as duas grandes nações em uma guerra comercial que ninguém precisa. Washington será tragada por mais um conflito que vai minar ainda mais os recursos dos EUA.
É necessário levar em conta que o inquérito sobre propriedade intelectual será acrescentado a outras investigações lançadas pela Casa Branca no início deste ano quanto às práticas comerciais chinesas, principalmente aquelas que têm a ver com o aço e alumínio. Neste mês, Washington anunciou sanções preliminares contra as importações de folhas de alumínio oriundas da China.
Não se trata de uma questão de princípios, mas sim de um elemento da política do porrete e da cenoura. É quase simbólico que o presidente tenha assinado a ordem administrativa no momento em que as relações bilaterais já estão estremecidas por causa das ambições nucleares da Coreia do Norte. Em 10 de agosto, Trump disse que pode facilitar sua posição em relação ao comércio, se Pequim fizer mais para controlar uma Coreia do Norte com poder nuclear. “Se a China nos ajudar, vou me posicionar de forma bem diferente quanto à questão comercial”, declarou o presidente, demonstrando sua política de toma-lá-dá-cá.
O jornal The China Daily tem alertado que uma guerra comercial pode ser disparada se o presidente for avante com seus planos para lançar uma investigação para desvendar se a China está roubando tecnologia dos Estados Unidos. O Ministro de Relações Exteriores chinês exortou os Estados Unidos para que evitem uma “guerra comercial”. Conforme estimativa de especialistas, caso uma guerra comercial seja lançada, os Estados Unidos podem perdê-la.
O presidente Trump prefere agir de acordo com a legislação nacional dos EUA e não com a lei internacional. Washington pode até não gostar das práticas comerciais dos chineses, mas a China está em concordância com o Acordo de Adesão da Organização Mundial do Comércio, que deixa o país com grande margem de manobra quanto à restrição no comércio de serviços e investimento estrangeiro. Caso altas tarifas forem impostas unilateralmente, isso pode disparar penalidades contra os Estados Unidos na Organização Mundial de Comércio. Uma guerra comercial pode chegar até mesmo a prejudicar muito o sistema internacional de comércio e tornar a OMG irrelevante.
A melhor maneira de abordar os problemas relacionados com a China era o TPP (Trans-Pacific Partnership – NT), que incluía a introdução de normas severas e rápidas sobre a propriedade intelectual e investimentos abertos. Se o acordo tivesse sido implementado, um grande mercado seria criado na Ásia, com a China excluída. Para se juntar ao TPP, Pequim teria que introduzir as reformas com as quais os Estados Unidos querem que o país concorde.
Finalmente, o acordo foi assinado e os participantes estavam ansiosos para ratificar o documento. Ninguém menos que o presidente Trump disse que o TPP era um mau acordo e retirou os Estados Unidos do acordo, para grande consternação de seus aliados e parceiros asiáticos. Agora, os EUA estão encarando as consequências. Você colhe exatamente o que planta!
No ano de 2008, o mundo enfrentou sua pior crise desde a grande depressão dos anos 30. Onde estariam hoje os Estados Unidos e outros países de liderança econômica se não fosse a China, que providenciou apoio crítico às necessidades globais? Este é outro aspecto da questão que tem que ser levado em conta. Se a China cai, os Estados Unidos vão junto. Muitos países serão afetados e os EUA não serão a exceção à regra. Lançar uma guerra comercial contra a China é um tiro no pé.
Por fim, mas não menos importante. Os Estados Unidos estão inclinados a lançar uma guerra comercial contra a China como parte de um esforço mais amplo. A atitude de confronto prevalece em tudo o que os Estados Unidos fazem. Vocês se recordam da Lei de Contenção dos Adversários dos EUA Através de Sanções, onde foram declaradas sanções contra a Rússia, Irã e Coreia do Norte? Foi sancionada pelo presidente em 02 de agosto.
O exército dos Estados Unidos está presente em muitos países, com botas no terreno na Europa, Síria, Iêmen, Iraque, Afeganistão, Filipinas, Líbia, Golfo Pérsico, você pode escolher. Um ataque contra a Coreia do Norte ou contra o Irã é esperado para qualquer momento. Uma invasão da Venezuela é “opção sobre a mesa”. O presidente não a descartou. Pioram as relações diplomáticas com a Europa, tradicional aliado dos Estados Unidos. As exigências para deixar as Nações Unidas estão subindo de tom no país. A Casa Branca se recusa a deixar a política do porrete: “faça o que mando, senão...” Resta saber até quando isso vai continuar funcionando, mas é o que temos. É questão de mentalidade – coisa difícil de mudar
Um comentário:
Dava para aprender a escrever melhor, senhor repórter. Em português, alegação não significa acusação, como em inglês. Em português, alegação pode dizer exatamente o contrário. As alegações finais de um advogado, em um julgamento, querem dizer defesa final e não acusação final. Por favor parem de escrever alegação a torto e a direito, o correto é acusação.
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