5/4/2017, Global Times, Pequim, China (editorial)
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
Na 4ª-feira, a China revelou uma lista de produtos importados dos EUA no valor de $50 bilhões que passam a ter de pagar tarifas mais altas, entre os quais soja, carros, aeronaves e produtos químicos. A decisão, tomada pela Comissão de Tarifas Aduaneiras do Conselho de Estado, pode vir ainda a incluir outra tarifa de 25% sobre 106 itens distribuídos em 14 categorias.
É mostra clara de retaliação, por Pequim, contra a lista de tarifas sobre produtos chineses que EUA impuseram. Pequim mostrou capacidade extraordinária para reagir, demorando menos de 12 horas para anunciar suas contramedidas comerciais. Funcionários chineses dizem que as contramedidas respondem à altura às medidas impostas pelos EUA e são excelente sinal de que a China está decidida a vencer essa guerra comercial.
Vale observar que a China optou por atacar diretamente as importações mais valiosas para os EUA (soja, carros e produtos químicos). Foram escolhidos esses itens porque são produtos chaves das importações norte-americanas, que podem criar enorme ponto fraco para a economia dos EUA, se o lucro por eles gerado for posto em risco.
Embora a China venha a ter perdas financeiras por causa das tarifas listadas na seção 301 das tarifas dos EUA, são perdas minimizadas na comparação com o dano que a resposta chinesa causará à economia dos EUA.
As contratarifas que a China está impondo são modo espetacular de reagir às táticas de abuso dos EUA, não só por elas mesmas, mas também para outros países ameaçados pelas novas políticas comerciais dos EUA.
Com mais essas políticas direitistas, Washington mostra que obviamente superestima a capacidade da economia dos EUA para resistir a uma guerra comercial, dado que ainda creem que poderiam fazer o que bem entendam. Até aqui a China mostrou grande capacidade para resistir e conter-se, mas se os EUA insistirem nessa guerra comercial, a China está preparada para lutar até o fim.
Washington acabará por ver o que perdem por efeito de suas ações, e os movimentos que hoje se veem só servirão para lhes causar dificuldades e embaraços. Essa guerra comercial servirá como bom exemplo pedagógico, para que os EUA aprendam que não podem manobrar tarifas comerciais como armas de intimidação e forma de diplomacia.
Antes de a China anunciar suas recentes medidas de retaliação com tarifas extra sobre produtos dos EUA, Washington insistia em ameaçar e castigar países com sanções comerciais. Hoje, depois das contramedidas chinesas, o prazer que os EUA contavam obter dessas tarifas está já convertido em sofrimento e seus ganhos financeiros e políticos começam a tender a zero.
China e EUA tem mercados de dimensões praticamente idênticas, e empresas dos dois países negociam regidas por princípios aos quais todos aderem voluntariamente. A retaliação chinesa é escolha óbvia, dado que garante resultados positivos para os dois países, considerados os respectivos interesses econômicos.
Não faz sentido tentar apresentar os EUA como vítima nos acordos comerciais bilaterais com a China e, na sequência, dizer que os EUA podem infligir ainda mais danos à China sabotando as relações comerciais. Se realmente acontecer guerra comercial de grandes proporções entre os dois países, os dois perderão muito.
Há quem diga que os $50 bilhões em tarifas que o governo Trump impôs a produtos chineses visaria a forçar a China a submeter-se às exigências dos EUA. Sendo assim, os EUA com certeza perderão. Isso, porque o governo chinês já mobilizou os cidadãos e está preparado para avançar o quanto for necessário nessa luta contra Washington. De fato, mais e mais cidadãos chineses entendem que é inevitável uma "guerra épica" no plano comercial, para que a China meta algum bom senso nas cabeças que operam o governo dos EUA, até que mudem a forma de negociar com a China.
Se a guerra comercial acontecer, a China mostrará que tem tantos planos reservados quanto os EUA, se não mais. Especialistas chineses sugerem que a China pode também tomar medidas para enfraquecer a própria moeda. Dado que a China é a maior economia do mundo em volume de comércio, e a maior compradora de mercadorias como derivados de petróleo, a China pode usar a própria influência para introduzir a própria moeda, o RMB, nos mercados globais – com o projeto de reduzir o império do dólar. Seria golpe pesado, que Washington com certeza ressentiria muito.
Se essa guerra comercial consumar-se, será guerra total, palmo a palmo, entre economias de peso praticamente equivalente, chinesa e dos EUA, não alguma mera escaramuça lateral. É delírio os EUA suporem que poderiam vencer uma guerra comercial dessas dimensões. A China assume posição de plena confiança em seus recursos, e fará com que Washington conheça a situação real, presente.*******
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