sábado, 15 de dezembro de 2018

Mudança na posição da Rússia: Novas Regras para Envolvimento em Combates* (Síria e Israel), por Elijah J.Magnier



Traduzido pelo Coletivo Vila Mandinga



A Síria passará a adotar novas regras para engajamento em combates com Israel, agora que a Rússia assume posição mais clara e mais dura no conflito entre Israel e o “Eixo da Resistência”. De agora em diante, Damasco responderá a qualquer ataque de Israel. Se algum específico alvo militar for danificado, Damasco responderá com ataque contra alvo de tipo semelhante em Israel. Autoridades em Damasco disseram que “a Síria atacará sem hesitar aeroporto israelense, se Israel atacar aeroporto de Damasco. A resposta está consentida pelos militares russos estacionados no Levante”.


Essa decisão síria baseia-se numa posição clara que a Rússia assumiu na Síria depois que da derrubada de seu avião dia 18 de setembro esse ano. Em 2015, quando os militares russos pousaram na Síria, informaram as partes envolvidas (i.e. Síria, Irã e Israel) que chegavam sem qualquer intenção de interferir no conflito entre aquelas partes e o Hezbollah; e que não se interporiam no caminho dos aviões de Telavive que atacavam comboios militares do Hezbollah a caminho do Líbano ou depósitos militares do Irã não relacionados à guerra na Síria. Foi compromisso de que permaneceriam como observadores não participantes, se Israel atacasse objetivos militares iranianos ou comboios do Hezbollah que transportassem armas para o Hezbollah, da Síria para o Líbano, em território sírio. Também informaram a Israel que não aceitariam ataques contra seus aliados (Síria, Irã, Hezbollah e seus aliados) envolvidos nos combates contra o chamado ‘Estado Islâmico’ (ISIS), al-Qaeda e aliados.

Israel respeitou o desejo de Moscou até o início de 2018, quando começou a atacar bases iranianas e depósitos militares sírios, apesar de jamais até hoje ter atacado qualquer posição militar do Hezbollah. Israel justificou seu ataque contra a base iraniana, uma instalação militar chamada T4, com o argumento de que aquela base disparara drones que sobrevoaram Israel. Tel Aviv considerou que violar a soberania de países vizinhos seria prerrogativa exclusiva da entidade sionista. Em resposta, Damasco e Irã derrubaram pelo menos um F-16 israelense. Israel começou a atacar depósitos sírios, principalmente os depósitos nos quais se armazenavam mísseis iranianos. O Irã substituiu absolutamente todos os depósitos destruídos, onde instalou mísseis de precisão mais sofisticados, capazes de atingir qualquer alvo em Israel.

CONTUDO, a neutralidade da Rússia frente a Israel no Levante acabou por se revelar muito dispendiosa. Os russos perderam mais que o Irã, especialmente depois da derrubada de seu IL-20, ataque no qual morreram 15 oficiais russos altamente treinados para operar os mais sofisticados sistemas de comunicação e espionagem.

A Rússia então levou para a Síria seus muito esperados mísseis avançados S-300 mísseis e entregou-os ao exército sírio, mas manteve o comando da coordenação eletrônica e de radar. O sistema S-300 representa real perigo aos jatos israelenses que violem o espaço aéreo sírio. Tel Aviv mantém seus aviões longe da Síria desde setembro passado, mas disparou mísseis de longo alcance contra alguns alvos.

Durante muitos meses, o presidente Vladimir Putin da Rússia recusou-se a receber o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu. Só depois de imensa insistência do israelense, Putin afinal aceitou falar rapidamente com ele num almoço, ou depois de um jantar durante um grande encontro de chefes de Estado, sem contudo aceitar qualquer tipo de acordo ou reconciliação. 

A Rússia agora assumiu posição clara e não tem intenção acolher Israel ou perdoar. Os russos sentiram que sua generosidade (afinal, fechou os olhos às atividades de Israel na Síria) ou não foi reconhecida ou não foi avaliada com suficiente seriedade por Tel Aviv. 

Essa semana, Moscou aceitou receber uma delegação militar de Israel chefiada pelo major-general Aharon Haliva, depois de Israel muito insistir em quebrar o gelo entre os dois países. Mas não se espera que a posição russa mude na Síria nem que venha a ser tolerado algum bombardeio contra alvos sírios ou iranianos.

Segundo as mesmas fontes, a “Rússia informou Israel que há oficiais russos presentes em todas as bases militares sírias ou iranianas, e que qualquer ataque contra objetivos sírios ou iranianos atingirão forças da Rússia. E Putin não permitirá que soldados ou oficiais russos sejam atingidos por bombardeio direto ou indireto, de Israel”. 

Além disso, a Rússia deu luz verde à Síria – disse a fonte – para atacar Israel a qualquer momento, se e quando aviões israelenses atacarem alvos militares da Síria ou lançarem mísseis de longo alcance que não sobrevoem a Síria (porque Israel teme o sistema S-300 e tenta evitar que seus jatos sejam derrubados sobre a Síria ou o Líbano). 

A fonte confirmou que a Síria – ao contrário do que Israel diz – já conta com os mísseis mais acurados, capazes de atingir qualquer alvo dentro de Israel. As forças armadas sírias receberam do Irã – o que ainda não foi divulgado – mísseis de longo e médio alcance. Esses mísseis operam com o sistema GLONASS – sigla de Globalnaya Navigazionnaya Sputnikovaya [Sistema de Navegação Global por Satélite], a versão russa do GPS. Assim, está completada afinal a fabricação e a entrega, pelo Irã, de mísseis à Síria (e Líbano). 

Apesar disso, Israel ainda diz que teria destruído a capacidade de mísseis da Síria, incluindo os mísseis entregues pelo Irã. Segundo a fonte, Damasco controla grande número de mísseis de precisão, mesmo descontados os que foram destruídos por Israel. “No Irã, os itens mais baratos e mais acessíveis são os Sabzi e os mísseis” – disse a fonte.

As novas regras sírias para Envolvimento em Combates – segundo a fonte –, são as seguintes: no caso de Israel atingir aeroporto; e qualquer tipo de ataque a acampamentos ou centro de comando e controle serão respondidos com ataque a alvo similar em Israel. Tudo leva a crer que a decisão foi tomada no mais alto nível de comando, e há agora um “banco de alvos” bem claramente posto.

As novas Regras para Envolvimento em Combates estão mudando a situação no teatro no Levante, que se vai tornando mais perigoso; ainda são possíveis confrontos regionais e internacional. O Oriente Médio não conhecerá tranquilidade enquanto a guerra na Síria não chegar ao fim – guerra na qual as duas superpotências, Europa, Israel, Jordânia, Arábia Saudita e Qatar, têm papeis essenciais. Os capítulos finais ainda não foram escritos.*******


* Orig. Rules Of Engagement (ing.): Ordens que os soldados em guerra recebem, nas quais se especifica o que podem e o que não podem fazer [NTs, com informações do Cambridge Dictionary]. A expressão é traduzida ao português do Brasil, macaqueada do jargão militar dos EUA, como “Regras de Engajamento”, que pode significar qualquer coisa e, assim, nada significa em português.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ufa! RÚSSIA !!!! Até que enfim !!!! Já sabíamos que U$$$raHell só conhecem a força, diálogo é coisa fora do contexto . è tudo ou nada !!! Parabéns RÚSSIA / Parabéns Sr. PUTIN .