11.07.2016, Lavenirnet, Bruxelas
Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
Um comando de "animais" perturbou hoje pela manhã a tranquilidade das negociações secretas para a 'parceria' Trans-Pacífico que se desenrolam em Bruxelas.
O Coletivo EZLN quer denunciar, com bom humor um acordo "ecocida". Seus membros agem contra os "ouvidos surdos" dos dirigentes.
Para marcar o início da semana de negociações sobre a parceria TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership) em Bruxelas, de 50 a 100 pessoas vestidas em fantasias de animais invadiram na manhã de 2ª-feira o salão de entrada da Direção Geral do Comércio da Comissão Europeia e encenaram uma tentativa de forçar a entrada até o Centro Albert Borschette no quarteirão europeu. Ninguém foi preso.
O local havia sido mantido sob o mais rigoroso segredo, inclusive para os negociadores. Mas os membros do Coletivo Ensemble Zoologique de Libération de la Nature (EZLN), "conseguimos descobrir, porque procuramos com jeitinho". A ação aconteceu entre 11-12h.
O coletivo EZLN [que com a sigla homenageia o Exército Zapatista de Libertação Nacional, EZLN, de Chiapas, México], visa a "encarnar a natureza que reage e se defende" contra as decisões políticas ecocidas e as multinacionais.
A ação de hoje enquadra-se no conjunto da iniciativa "TTIP Game Over" [TTIP, o jogo acabou], que convoca cidadãos para ações não violentas que reivindiquem o fim dos acordos de livre comércio.
"Ecocida!"
Os animais invadiram o hall da Direção de Comércio dançando e jogando folhas e flores, o que transformou completamente o hall.. Em seguida, escalaram as barreiras instaladas pela polícia à entrada do Centro Albert Borschette, onde estavam os negociadores. Os policiais forçaram os manifestantes a voltar ao perímetro controlado da entrada, sem excesso de violência.
"Estávamos preparados para ser presos, porque sabemos o quanto era importante preservar o segredo que cerca essas negociações, e a que ponto estão determinados a aprovar esse acordo TTIP, de modo antidemocrático" – explica a subcomandante Pinguina, em comunicado do EZLN. "Os responsáveis políticos por esse dossiê fingem não ver a oposição dos cidadãos a esse tratado. Ignoram as petições e as manifestações.
Só nos resta organizar esse tipo de ação, para conseguir que interrompam essas negociações e enterrem esse projeto liberticida e ecocida."
"Ouvidos surdos"
O EZLN estima que os acordos de livre comércio, dentre os quais o TTIP entre a União Europeia e os EUA permitirão que as multinacionais assumam, de vez, o poder político.
"Queremos denunciar essas negociações opacas, feitas longe dos olhos do grande público, às escondidas" – explicou a subcomandanta Girafa.
"O processo das negociações, como todo o conteúdo da 'parceria' TTIP, é antidemocrático. Esse acordo agredirá direitos sociais e ambientais e atacará diretamente nossa democracia. Organizamos esse tipo de ação, porque os europeus fazem ouvidos surdos a qualquer oposição que lhes façam os cidadãos europeus. A petição contra o TTIP já colheu mais de 3 milhões de assinaturas. E a maior petição cidadã que a Europa jamais viu. A rejeição é absoluta. Também é enorme a oposição pelas comunas e regiões, contra as quais Bruxelas-Capital pouco pode fazer. A Comissão Europeia tenta fazer aprovar a força essa 'parceria' e o correspondente tratado." *****
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