terça-feira, 8 de novembro de 2016

Eleições EUA: escolher entre o menos indesejável

08/10/2016, Zhu Dongyang, Xinhua, Pequim














PEQUIM – Nessa 3ª-feira, eleitores norte-americanos, por todo o país, tomam o rumo das cabines eleitorais para eleger novo presidente, frustrados por se verem presos entre os dois candidatos talvez mais unanimemente indesejáveis de toda a história da política eleitoral nos EUA, e postos diante de futuro incerto.

O fato de os últimos meses de campanha modelo guerra de lama, com insultos para todos os lados e incontáveis escândalos, estarem chegando ao fim só serve de consolo a poucos, porque tanto a retórica cáustica como as promessas de melhores dias continuarão, mesmo depois da posse de um novo governo.

No jogo para conseguir substituir o presidente atual dos EUA Barack Obama, os dois que disputam a Casa Branca foram muito inescrupulosos e incoerentes.

A ideia tradicional de que uma disputa presidencial deva ser uma disputa-discussão entre as melhores alternativas políticas foi declarada morta e enterrada. Donald Trump, o candidato dos Republicanos, e sua concorrente dos Democratas, Hillary Clinton, acionaram praticamente todas as alavancas que encontraram para tentar convencer o eleitorado de que o rival seria absolutamente sem qualificações para pegar o emprego na Casa Branca.

Juntos, conseguiram expor o lado mais escuro e sórdido do sistema político que Washington pretende impor ao resto do planeta.

A chegada de Trump ao centro do palco da política norte-americana com certeza não acontece por mero acaso. A ascensão desse candidato foi alimentada pelo profundo descontentamento, entre os cidadãos, com o establishmentpolítico existente em Washington, que perdeu completamente qualquer contato com a classe trabalhadora.

Mas praticamente com certeza os eleitores que apoiam esse candidato acabarão desapontados. O magnata da indústria imobiliária, repentinamente convertido em político, tem pouco apoio na Beltway Avenue. A capacidade dele para fazer as mudanças que seus apoiadores desejam é praticamente nenhuma, para nem dizer que nada garante que o bilionário realmente pense em fazer ou queira fazer qualquer mudança, por mais que tenha prometido.

Diferente de Trump, Clinton é política veterana, apesar de repetidas consultas de opinião mostrarem que muitos não creem que venha a ser governante digna de confiança.

Na luta para voltar à Casa Branca como presidenta, a ex-Primeira Dama tem de ocultar ou distorcer a verdade de uma longa lista de fatos inconvenientes que ela não quer que cheguem ao conhecimento dos cidadãos.

As mensagens de email que a candidata Clinton tentou ocultar do conhecimento público fazem facilmente relembrar o escândalo de Watergate e as gravações secretas do ex-presidente Richard Nixon. A rica experiência política da candidata Clinton parece pesar hoje mais como débito, do que como crédito.

Enquanto isso, as abordagens de ambos os candidatos, nas questões de política exterior, são igualmente alarmantes.

Um governo Trump pode também expulsar os refugiados sírios que seu país deve acolher. São pessoas que perderam a casa e todos os bens por causa de uma guerra sangrenta e interminável, que Washington ajudou a desencadear e a prolongar.

Como fez como secretária de Estado dos EUA, Clinton implantará doutrina de linha duríssima. Em um possível governo Clinton, não será surpresa se se multiplicarem as aventuras militares dos EUA em países distantes.

A tática de culpar os russos pelos e-mails vazados em nada ajudou a campanha da candidata Clinton, mas muito dificultará o processo mundial, porque serão muito mais difíceis para ela quaisquer contatos com um país com o qual os EUA descobrirão que são obrigados a negociar para resolver alguns dos assuntos mais prementes do mundo, como, por exemplo, pôr fim à guerra na Síria.

Nesse momento, as urnas recebem os votos. E seja qual for o resultado, veem-se pela frente, como única certeza, os mais graves problemas, para os EUA e para o mundo.*****

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