segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Desconfie de tudo que mídia-empresa ocidental diga sobre o Irã

Aqui, o Principismo* definido por Khamenei 
Wahid Azal, 29/2/2016, "Comentários" na pág. de Pepe Escobar no Facebook, 29/2/2016

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



De fato, é preciso gostar de novelões tragicômicos, para levar a sério o que é apresentado como 'noticiário' na mídia-empresa de massa no ocidente. 

O bloco reformista-moderado que cerca o presidente Rouhani obteve 30 assentos com voto no Parlamento, em Teerã, obteve alguns avanços modestos em Isfahan (ainda menos que isso em Qom). E a mídia-empresa de massa no ocidente apresenta as eleições da 6ª-feira como se tivesse sido vitória arrasadora para os "reformistas iranianos". Nada disso.

Houve alguns ganhos modestos dos tais ditos "reformistas" – e nada além disso. A única cidade onde os ditos moderados-reformistas venceram foi Teerã – a capital, num país com mais de 12 milhões de habitantes. – O restante do Irã acompanhou os principistas e independentes. Não esqueçamos que, em 290 assentos com votos, 30 é indisfarçável pequena minoria.

Pepe Escobar: E aí? Já traiu seu curdo hoje?



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Reza a lenda que os curdos jamais se unirão, porque não vivem sem se bicar uns os outros; os próprios curdos me contaram, na Turquia, Iraque e Síria. Os norte-americanos manipularam os curdos iraquianos à vontade, em 1991. Agora, o supermega top instrumentalizador/demonizador das esperanças e sonhos dos curdos – ao longo do front turco-sírio – é o sultão neo-otomano Erdogan.

Ankara costumava manter um simulacro de "processo de paz" com os curdos da Anatolia. Erdogan substituiu-o por guerra total, que respingou também contra os curdos sírios. A guerra não é contra todos os curdos, é claro, mas principalmente contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (cur. PKK, cujo líder, Abdullah Ocalan, cumpre pena de prisão perpétua na prisão de Imrali) e seus aliados, o Partido da União Democrática Síria (cur. PYD).

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Pepe Escobar: Meia-noite em Damasco


"Com muito cuidado, a intenção do Rahbar, o Supremo Líder, é semelhante à da hierarquia político-espiritual na cristandade medieval: usar o poder como uma muralha contra forças do mal que querem destruir o mundo. Mas há uma enorme diferença: a cristandade medieval era um universo orgânico, e o Irã contemporâneo é uma pequena ilha xiita cercada por todos os lados pelos cantos de sereia do 'ocidente'."

[Claudio Gallo, de Teerã, citado por Pepe Escobar, pelo 
Facebook,
falando do Irã. Vai aqui, porque a ilha de governo secular inclusivo que é a Síria, também está cercada por todos os lados pelos cantos de sereia do 'ocidente' (NTs).
]
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Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Imagine que você seja parte de um grupo islamista linha-dura, pesadamente armado, na Síria.

Você teve até o meio-dia de ontem (6ª-feira, 26/2) para fazer contato com militares dos EUA ou da Rússia e receber um prêmio: o direito de ser incluído numa "cessação de hostilidades", algo como um "cessar-fogo" que não se aplica ao ISIS/ISIL/Daech e Frente al-Nusra, codinome "al-Qaeda na Síria", nem a restos sortidos do extinto Exército Sírio Livre [que nunca foi nem exército nem sírio nem livre] e que, para todas as finalidades práticas, já foi subsumido na Frente al-Nusra.   

Completando a cena, como ruído de fundo, lá está o secretário de Estado dos EUA John Kerry blefando que haveria Plano B: a divisão da Síria a qualquer custo. O ministro Sergei Lavrov de Relações Exteriores da Rússia teve de agir e lembrar que o ambiente exige respeito. 

sábado, 27 de fevereiro de 2016

'Revoluções coloridas' e a nova Guerra Rede-Cêntrica

25/2/2016, Prof. Dr. Vladimir Prav, SouthFront


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Entre os conceitos da luta geopolítica contemporânea invariavelmente se encontram itens relacionados à criação e à formação de "redes". O sentido da "rede" ou de um "princípio do trabalho em rede" está na troca de informações, na máxima expansão possível da produção, acesso e distribuição da informação, e na respectiva realimentação [ing.feedback]. A "rede" é o principal elemento do espaço informacional, no qual as operações de informação são levadas a efeito, para alcançar objetivos políticos, econômicos, informacionais, técnicos e militares. Uma "rede" como sistema, na acepção global do termo, inclui vários elementos que antes sempre foram vistos como fenômenos não comunicantes.


O princípio básico das modernas lutas geopolíticas é o princípio do "rede-centrismo" [ing. "net-centrism"]. Esse princípio baseia-se em três postulados.



1. O mundo moderno é definido não só por corredores de transporte com fluxos associados de bens e serviços, mas também por redes informacionais e comunicacionais, que formam o esqueleto do espaço global de informação.


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Entenda: o Irã está votando, por Pepe Escobar

26/2/2016, Pepe Escobar, RT


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



As eleições parlamentares no Irã, essa semana, são crucialmente importantes, porque determinarão se a abertura ao estilo persa conduzida pelo presidente Hassan Rouhani – e ministro das Relações Exteriores Javad Zarif – poderá prosseguir, apoiada por Parlamento (Majlis) favorável. 


As eleições do Irã não mobilizaram só importantes atores políticos, como o presidente [Mohammad] Khatami, do"diálogo das civilizações" e o imensamente controverso presidente [Mahmoud] Ahmadinejad; as eleições para o Parlamento atingem uma infinidade de facções envolvidas em complexas alianças praticamente inabordáveis por observadores externos.

Estão em jogo os frutos que o business e o país podem colher depois do acordo nuclear e do fim das sanções da ONU e da União Europeia (importantes sanções impostas pelos EUA não foram levantadas); a integração progressiva do Irã nas Novas Rotas da Seda puxadas pela China; a estratégia do Irã para recuperar sua fatia de mercado no comércio global de petróleo, combinada aos investimentos gigantescos necessários para modernizar a indústria iraniana de energia; acordos e mais acordos assinados com parceiros europeus – para nem falar dos asiáticos; a total, não apenas parcial, reentrada do Irã nos mercados consumidores globais e, por fim, mas não menos importante, um passo avante que pode vir a revelar-se decisivo na direção da reeleição de Rouhani nas próximas eleições presidenciais.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

A nova Guerra Fria financeira global

19/2/2016, Michael Hudson ("Guns + Butter Interview") Counterpunch

"A estratégia da Nova Guerra Fria é, basicamente, nunca parar de forçar outros países a privatizar as respectivas economias para abrir-se às políticas neoliberais. O objetivo é conseguir que os países abram as respectivas economias às empresas e aos bancos norte-americanos."

(...) "De repente, ficou bem claro que o FMI não é instituição internacional para promover o crescimento econômico global: é uma arma da diplomacia dos EUA para a Guerra Fria, e diplomacia que, no governo Obama, caminhou muito rapidamente rumo à direita.*
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Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Suponha que um país deva dinheiro a governo ou a agência oficial estrangeira. Como os credores podem receber, a menos que haja uma corte internacional e sistema para aplicar a lei? O FMI e o Banco Mundial foram parte desse sistema para aplicar as leis, mas agora já andam dizendo "Não vamos mais participar de sistema algum. Só trabalhamos para o Departamento de Estado dos EUA e para o Pentágono. Se o Pentágono diz ao FMI que tudo-bem se um país não for obrigado a pagar o que deve à Rússia ou à China, o país deixa de ter de pagar, no que tenha a ver com o FMI. Esse novo trato rompe a ordem global criada depois da 2ª Guerra Mundial. O mundo está sendo dividido em duas metades: a órbita do dólar norte-americano e os países que os EUA não podem controlar e cujos governos e altos funcionários não estão, digamos assim, na folha de pagamento dos EUA.

Cessação de hostilidades na Síria: Uma primeira grande vitória

24/2/2016, Moon of Alabama

"Desculpem o postado resumido. Estou super ocupado."
[assina] Moon of A.

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



De um ponto de vista militar, o acordo russo/sírio para cessação de hostilidades na Síria está sendo criticado. Mais proveitoso seria aproveitar o impulso presente e insistir na luta, em vez de dar tempo ao inimigo para respirar.

Mas o acordo tem uma enorme vantagem: deixou de fora o 'Estado Islâmico' e a Frente al-Nusra. Todas as matérias e informes distribuídos pela mídia-empresa "ocidental" falam do acordo e da evidência de que tem boas chances de prosperar. Assim, os 'analistas' têm de admitir o que vêm negando há muito tempo: que o unicórnio chamado "rebeldes moderados" que os EUA apoiam está, sim, em aliança profunda com a al-Qaeda.

Até o NYT já concede:


"(...) muitos dos grupos anti-Assad alinhados com os EUA lutam lado a lado com a Frente al-Nusra."

Quem leia a matéria do NYT logo verá que os EUA estão realmente apoiando aqueles mesmos terroristas que até hoje – e ao longo dos últimos 13 anos (!) – os EUA (e o NYT) mentiram que estariam combatendo. Não se sabe como, ninguém dá sinal de ter lido esse 'detalhe'. 

The Saker: Semana 20 da intervenção militar russa na Síria

Cessar-fogo e mais uma gigantesca vitória russa 
24/2/2016, The Saker, 
Unz Review e The Vineyard of the Saker

Ver também:
Semana 1 / Semana 2 / Semana 3 / Semana 4 / Semana 5 / Semana 6 (ing.) / Semanas 7-8 Semana 9 Semana10 Semana 11 /  Semana 12 /Semana 13 / Semanas 14-15 /Semana 16 /Semana 17 / Semana 18 e  Semana 19

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


O recente acordo entre EUA e Rússia de fato nada resolve, não põe fim à guerra e os dois lados manifestam extrema cautela quanto à implementação do acordo. Pois mesmo assim, é gigantesca vitória russa. Embora ainda seja cedo para dizer que "os russos venceram na Síria", acho que já se pode dizer, sem exagerar, que a posição dos russos na Síria saiu vitoriosa. Explico por quê:


Primeiro: ninguém mais diz que "Assad tem de sair" ou "Damasco tem de ser tomada". Isso, por sua vez, significa que todos já reconhecem que a República Árabe Síria, apoiada pela Rússia, conseguiu repelir a agressão que sofreu da enorme coalizão que os anglo-sionistas construíram para derrubar o presidente Assad.

Segundo: a Rússia forçou o Conselho de Segurança da ONU e os  EUA a admitir que a vasta maioria dos que hoje lutam contra Assad são terroristas. Claro, não é o que declaram, mas se se observam as organizações que o Conselho de Segurança da ONU já declarou "organizações terroristas", vê-se ali absoluta predominância dos grupos anti-Assad. Significa que a moral e a legitimidade legal das forças anti-Assad estão reduzidas a cacos.

Os frutos proibidos que o PT ousou provar

25.02.2016 - Tereza Cruvinel - Brasil247





Excelente artigo de Tereza Cruvinel, ao que o Blog acrescentaria:



A desnecessária e abusiva prisão do publicitário João Santana, agora rebatizado de “o marqueteiro do PT”,  já teve o efeito de alterar a agenda política, tirando do noticiário o caso FHC-Miriam Dutra. Já serviu também para realimentar a ofensiva pró-impeachment e a estratégia da oposição de cassar o mandato de Dilma e Temer através da ação eleitoral que será julgada pelo TSE. Ponto para a Lava Jato e para as forças políticas a que ela serve, no fim e ao cabo.

 A prisão de Santana, a segunda de um publicitário durante os governos do PT, alimentou prognósticos de que estamos no fim de uma era no modo de fazer política. De fato, apesar dos resultados  econômicos e sociais da era Lula, o PT desceu aos infernos essencialmente porque,  chegando ao poder, adotou duas práticas que sempre sustentaram as elites no poder: o financiamento privado de campanhas, em conexão com as grandes empresas, e o uso do marketing político profissional, que se instalou em nosso sistema eleitoral logo depois da Constituinte, na campanha de 1989, vencida por Fernando Collor com grande ajuda do marketing. Venceu o “caçador de marajás”, titulo de uma capa alvissareira da revista... Veja.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

As Novas Rotas da Seda e o crescimento do 'Sonho Chinês'


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Pequim está fazendo avançar uma globalização tracionada pela China, que desafiará regionalmente e globalmente a hegemonia dos EUA.


No início da semana passada, o primeiro trem comercial chinês, com 32 contêineres, chegou a Teerã, depois de viajar menos de 14 dias, partindo do gigantesco entreposto de Yiwu em Zhejiang, leste da China, cruzando o Cazaquistão e o Turcomenistão. 


É viagem de 10.400 km. Crucialmente, é também nada menos que 30 dias a menos de viagem, se comparada à rota por mar, de Xangai a Bandar Abbas. E ainda nem se falou sobre o trem de alta velocidade – que estará em operação dentro de poucos anos, ligando o leste da China ao Irã e dali também à Turquia, e, não menos importante, também à Europa Ocidental: serão trens de transporte para 500 contêineres (e mais), atravessando a Eurásia feito uma flecha. 

O capitalismo na sua fase autofágica, por Paul Craig Roberts

O ocidente está reduzido a canibalizar-se

30.01.2016 - Paul Craig Roberts em seu Blog


Tradução de DVC no Blog Resistir.info





Eu próprio, Michael Hudson, John Perkins e alguns outros, temos relatado os múltiplos saqueios de povos pelas instituições econômicas ocidentais, principalmente os grandes bancos de Nova Iorque com a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI). 

Os países do terceiro mundo foram e são saqueados ao serem induzidos em certos planos de desenvolvimento. A governos crédulos e confiantes é-lhes dito que podem tornar os seus países ricos contraindo empréstimos externos para implementarem planos de desenvolvimento que as potências ocidentais apresentam e que teriam em resultado desse desenvolvimento econômico suficientes receitas fiscais para pagamentos dos empréstimos externos. 

A economia e a dominância jurídica por Luis Nassif



Os economistas discutem se a economia está ou não sob a dominância fiscal – termo para descrever situações em que o quadro fiscal assume tal risco que a economia não responde mais aos impulsos monetários.
Objetivamente, a economia brasileira está sob a dominância jurídica.
Durante boas décadas o país foi governado pela teocracia dos economistas. A inflação elevada, mais a globalização dos mercados, conferiu-lhes poder político acima dos partidos.
A perda do discurso econômico e a erosão da credibilidade presidencial provocaram um vácuo na opinião pública, uma perda de rumo, do discurso e das propostas aglutinadoras, enfim, de um projeto de país. E a dominância econômica cedeu lugar á dominância jurídica.

O Golpe Judiciário já está na etapa final. Por André Araújo

24.02.2016 - André Araújo - Jornal GGN

Comentário ao post: Moro e a exploração da ingenuidade imperial




A operação Lava Jato é essencialmente um golpe político para mudar as relações de poder na República. Hoje a pauta do Estado é ditada pelo Judiciário, a marcha do regime está na mão do fórum federal de Curitiba, com a completa cobertura das instâncias superiores. O que vai acontecer na economia e na política depende essencialmente do Judiciário, amparado pelo Ministério Público como força auxiliar. A culpa exclusiva desse completo desequilíbrio entre os poderes clássicos de um Estado é dos governos do PT.
O PT aprendeu a jogar a política  no nível das eleições, mas não assumiu a política de Poder.
Corrupção em escala bem mais profunda e letal existe no México, mas lá o Estado é fortissimo, os ratings estão excelentes, a economia vai bem, não há nenhuma dúvida quem manda no México, é o Presidente, um verdadeiro imperador.
Poder é ter armas, é saber manejá-las, é saber escolher a infantaria e a força blindada. O PT não tem o conhecimento ancestral do poder, aquilo que um ACM tinha, apenas como exemplo. Para ACM a nomeação de um delegado no interior da Bahia era algo importante, uma projeção de seu poder. O PT começou a falhar quando abandonou José Dirceu em 2005, depois abandonou todos os feridos pelo caminho, um bom exemplo é pretender expulsar Delcídio Amaral que sequer foi julgado, apenas saído de uma prisão discutível, sendo ele elemento de proa no Senado. Porque foi preso virou leproso?

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Luis Nassif: Moro e a exploração da ingenuidade imperial

23.02.2016 - por Luis Nassif em seu Blog


      


Luis Nassif

É irreal o grau de ingenuidade de setores do PT e do governo, aliviados com as informações que constam nos documentos que embasaram a Operação Acarajé, de que não há nenhuma evidência de que o marqueteiro João Santana tenha recebido dinheiro ilegal para as campanhas de Lula e Dilma.

Então, o juiz Sérgio Moro teria autorizado a prisão de Santana por suspeita de financiamento oculto para as campanhas presidenciais na República Dominicana?

É evidente que o objetivo de Sérgio Moro é derrubar o governo. É evidente que Moro está alinhado à oposição e à estratégia de Gilmar Mendes no TSE (Tribunal Superior eleitoral).

Pessoas minimamente antenadas teriam percebido no início a estratégia de Moro – porque é óbvia, pouco sutil. É impressionante, no entanto, a facilidade com que iludiu seus principais alvos, a presidente Dilma Rousseff e seu conselheiro-mor, o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Umberto Eco: o professor que sabia tudo


Era uma vez na Renascença Italiana, e intelectuais sérios erguiam os olhos para o polímata Pico della Mirandola, como "o último homem que sabe tudo". Em nossa terra pós-moderna devastada, Il Professore ("o professor") Umberto Eco (1932-2016) foi, pode-se dizer, o último homem pós-renascença que sabia tudo.




Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Filósofo, semiologista, professor de erudição épica, especialista em estética medieval, autor de ficção e não ficção, Eco oscilou gozosamente entre os papeis de "Apocalípticos e Integrados" – título de um de seus livros seminais (1964). O toque que é sua marca registrada é uma síntese deliciosamente erudita de trágico otimismo – como se fosse, ele, o sonhador erudito supremo.

Não só escreveu vários ensaios impagáveis de estética, linguística e filosofia e criticou em profundidade a midiaesfera global; foi também autor de ficção best-seller, de O Nome da Rosa (1980) – 14 milhões de exemplares vendidos – ao Pêndulo de Foucault (1988).

Antes de se tornar Il Professore, com status de ícone universal, Eco mergulhou fundo em Santo Tomás de Aquino, deixou de crer em Deus e separou-se da Igreja Católica ("Milagrosamente, Tomás de Aquino curou-me de minha fé.") A tese de filosofia que apresentou em 1954 à Universidade de Turin – orientado por um mestre, Luigi Pareyson – estudava a estética de Santo Tomás.

Turquia danou-se. Culpa dos EUA

22/2/2016, Arras, The Vineyard of the Saker.


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Com tensões crescentes entre Turquia e Rússia em torno da situação na Síria, um fato importante passou despercebido. Não é a Rússia a causa dos atuais problemas turcos. A causa foi e é os EUA.

O problema mais fundamental que a Turquia enfrenta é a questão curda. É problema crônico que ameaça a integridade da Turquia, e a elite turca o vê como a maior ameaça à segurança que o país enfrenta hoje. Políticas turcas na Síria são determinadas pelo problema curdo, mais que por qualquer outro fator. A mudança da política chamada de "zero problemas com os vizinhos", que Erdogan e seu governo tanto promoveram e que surpreendeu muitos, está diretamente relacionada ao problema curdo e a eventos no Iraque depois da desastrosa invasão norte-americana.


Aqui é necessária uma rápida digressão histórica. Quando o moderno estado turco foi criado das cinzas do império otomano depois da derrota na 1ª Guerra Mundial, ele nasceu à procura de nova identidade sobre a qual pudesse se estabelecer com sucesso. A jovem elite turca de então escolheu um modelo de nacionalismo, conceito progressista naquele momento – e tão popular novamente na Europa contemporânea.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

A Economia dos Estados Unidos não se recuperou nem se recuperará (Versão Expandida)

21.02.2016 - Paul Craig Roberts
Traduzido por btpsilveira

A economia dos Estados Unidos está morta. Morreu quando os empregos da classe média foram mandados para o estrangeiro e quando o sistema financeiro foi desregulamentado.
O fato de mandar os empregos para fora do país beneficiou apenas a Wall Street, executivos de grandes corporações e acionistas, porque trabalho mal remunerado e baixos custos operacionais resultam em grandes lucros. Estes lucros fluem para os bolsos dos acionistas na forma de ganhos de capitais e para os bolsos dos executivos na forma de “bônus de performance”. Wall Street se beneficia através do bull market(termo usado principalmente para o mercado de ações, podendo no entanto ser utilizado com relação a praticamente qualquer coisa que pode ser comercializada, como títulos, moedas e commodities – NT, fonte: Investopedia) que é gerado pelos lucros exorbitantes.

Semana 19 da intervenção russa na Síria: Armas nucleares russas, para defender Khmeimim?

20/2/2016, The Saker, Unz Review e The Vineyard of the Saker

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


A semana que passou não viu qualquer alívio no tenso confronto entre Turquia e Rússia pela Síria. A posição da Rússia é simples – 'estamos prontos para a luta'; a posição turca é muito mais ambígua. Políticos turcos dizem uma coisa, depois dizem o contrário e depois vêm com mais coisas. Primeiro, disseram com todas as letras que uma invasão seria iminente; na sequência, diziam que "a Turquia não tem planos para invasão unilateral". Dado que nenhuma invasão da Síria será jamais autorizada pelo ONU, significa alguma espécie de "coalizão de vontades", todas, provavelmente, da OTAN. O problema aqui é que os europeus não têm vontade alguma de acabar metidos em guerra contra a Rússia. Ao mesmo tempo, EUA e França recusam-se a aprovar resolução da ONU que reafirmaria a soberania da Síria. É, exatamente o que acabam de ler. Parece que EUA e França acham que a Carta da ONU (que afirma a soberania de todos os países) não se aplica(ria) à Síria. Vá entender...