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sábado, 25 de agosto de 2018

Imperialismo financeiro: Grécia saqueada

24/8/2018, Jack Rasmus, Global Research

Clarity Press (October 15, 2016), ISBN-10: 0986085340


Traduzido Pelo Coletivo Vila Vudu


Esse mês, agosto de 2018, marca o 'fim' do 3º 'resgate' da dívida da Grécia, 2015-18. Se se pudesse acreditar nas mídia-empresas europeias e norte-americanas, a Grécia estaria recuperada e teria saído do 'resgate', da crise da dívida e da depressão criada pela crise e pelo 'resgate'. Mas nada mais fake, que essa versão jornalística.


A Grécia agora apenas trocou um conjunto de credores, por outro. No primeiro 'resgate' em 2010 foram principalmente os bancos privados da Europa, credores da dívida grega. No segundo 'resgate', as instituições do estado pan-europeu (às vezes chamadas "A Troika": Comissão Europeia, Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional) entraram em ação e garantiram empréstimos para que a Grécia 'resgatasse' seus credores privados. De fato, a Grécia nunca nem viu o dinheiro. A Troika pagou os investidores privados e efetivamente transferiu sua dívida para os balanços da Troika. A Grécia teve de fazer pagamentos ainda maiores – dessa vez para a Troika. A Troika então, pagou os bancos (estudos do German Institute mostram que 95% de todos os pagamentos de dívidas gregas à Troika foram repassados pela Troika para bancos do norte da Europa). A Troika assim serviu como gângster 'coletor de dívidas' a serviço dos banqueiros.

sexta-feira, 13 de julho de 2018

UE: Bancos salvam a crise e acabam com a Grécia, por F. William Engdahl

13/7/2018, F. William Engdahl, New Strategic Outlook


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Com fanfarras, no final de junho, os 19 ministros das finanças da zona do euro na UE anunciaram o fim da crise da dívida grega, que se arrasta por oito anos e levou toda a estrutura do euro à convulsão mais profunda que o sistema conheceu até hoje. Infelizmente, é nada. Só profunda, completa encenação. Os ministros da União Europeia recusaram-se a cancelar a dívida do estado grego. Em vez disso, encenaram uma capitalização destrutiva dos juros da dívida existente, semelhante ao que Washington fez à América Latina nos anos 1980s. É perfeitamente justificável que todos nos perguntemos o que está realmente acontecendo.

sábado, 9 de janeiro de 2016

As duas moedas da Grécia

7/1/2016, Yanis Varoufakis, Project Syndicate




Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



ATENAS – Imagine um depositante no Arizona, EUA, que só seja autorizado a sacar pequenas quantias de dinheiro semanalmente e enfrente restrições ao montante de dinheiro que pode transferir para uma conta bancária na Califórnia. Esses controles de capital, se algum dia se implantarem, serão sinal do fim do dólar como moeda única, porque essas limitações são absolutamente incompatíveis com qualquer tipo de união monetária.


A Grécia hoje (e Chipre, antes) oferece caso de estudo de como controles sobre o capital bifurcam rapidamente uma moeda e distorcem incentivos que haja para a atividade econômica. O processo é direto. Depois que os depósitos em euros são aprisionados dentro de um sistema bancário nacional, a moeda essencialmente racha em duas: euros bancários, EB (ing. bank eurosBE) e euros-papel ou euros livres, EL (ing. free euros, FE). E de repente emerge uma taxa informal de câmbio entre as duas moedas.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Por que Alexis Tsipras venceu as eleições parlamentares

Entreouvido na Vila Vudu:

Nosso amigo vudu-grego 
Μένων
, chegado da Grécia, trouxe notícias:

"Em Atenas diz-se, em todas as casas e em todas as ruas, bares e praças, que errada, mas errada MESMO, é a tal da "democracia": "Democracia" é a única coisa em que o povo não consegue, faça o que faça, por mais que se esforce, dar jeito" [pano rápido].


As recentes eleições parlamentares reafirmaram a hegemonia política do Syriza e de Alexis Tsipras pessoalmente no sistema político grego. O partido da esquerda obteve 35% dos votos e formou um governo de coalizão com um pequeno partido de direita. 




Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


À primeira vista, o resultado pode parecer estranho: o capital que tudo controla na Grécia feriu ainda mais profundamente a economia grega já arruinada; o desemprego só cresce; e muitos altos quadros do partido Syriza desertaram, para criar partido próprio, "Unidade Popular", pregando a reintrodução da dracma. Nesse quadro, seria de esperar que os eleitores gregos tivessem votado no partido conservador "Nova Democracia", o qual, enquanto governou, conseguiu repor a economia de volta sobre os próprios pés. Apesar disso, e apesar das pesquisas que indicavam corrida muito apertada entre os dois partidos, o Syriza venceu com diferença de 8 pontos percentuais.


terça-feira, 22 de setembro de 2015

Triunfo de Tsipras vs missão impossível de implementar programa projetado para fracassar 2

22/9/2015, Yanis Varoufakis, The Guardian e no Blog Yanis Varoufakis


Alexis Tsipras arrancou vitória retumbante, diretamente das mandíbulas da humilhante rendição de julho à troika dos emprestadores de dinheiro à Grécia. Desafiando partidos de oposição, pesquisas de opinião e críticos dentro de suas próprias fileiras (inclusive esse que vos escreve), segurou-se no governo, com uma maioria reduzida, mas ainda funcional. A questão é se poderá combinar permanecer no governo com manter-se no poder.



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Os maiores perdedores foram partidos menores que tentaram ocupar os polos opostos [do debate] depois do referendum de 5 de julho. A Unidade Popular fracassou redondamente ao não conseguir explorar o luto em que se sentiu a maioria dos que votaram "Não", depois que Tsipras fez meia volta e deu-lhes as costas, a favor de um acordo que estreitou ainda mais a soberania nacional e promove níveis já viciosos de arrocho [não é "austeridade": é arrocho (NTs)]. O POTAMI, partido que se posiciona como a menina dos olhos dos reformistas da troika, tampouco conseguiu arregimentar os que votaram "Sim", em número menor. Com Tsipras absoluto vencedor, agora firmemente no comando do programa da troika e com novos dentes, os partidos pro-troika nada tinham a oferecer.


A grande vencedora é a própria troika. Durantes os recentes cinco anos, leis redigidas pela troika foram aprovadas no Parlamento com maiorias estreitíssimas, o que várias vezes garantiu noites de insônia aos autores. Agora, as leis necessárias para cumprir o terceiro 'resgate' serão aprovadas sem dificuldade, com o SYRIZA comprometido com a aprovação. Quase todos os deputados de oposição (exceto os comunistas do KKE e os nazistas da Aurora Dourada) também já embarcaram na canoa da troika.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Contrafogo

11/8/2015, Jacques Sapir, Hypotheses




Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


O acordo ao qual parece que Grécia e seus credores chegaram hoje, 11 de março, depois de longas negociações, é mau acordo. Os 85 bilhões previstos nesse acordo são, hoje, muito insuficientes. Nem poderia ser diferente. Porque esse texto é a conclusão lógica do diktat imposto à Grécia dia 13 de julho de 2015, pelos credores. E esse diktat não foi concebido com o objetivo de garantir socorro real à Grécia, mesmo ao preço de enormes sacrifícios; foi concebido unicamente para humilhar e desconsiderar politicamente seu governo. Esse diktat é o produto de uma vingança econômica e não tem qualquer racionalidade econômica.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Grécia: “Terceiro 'resgate' foi desenhado para fracassar”

2/8/2015, Yanis Varoufakis, entrevista a El País, Espanha
(transcrição ing. integral distribuída pelo YVaroufakis Blog aqui traduzida; versão esp. reduzida, El Pais)



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Yanis Varoufakis, ex-Ministro das Finanças da Grécia





"Consegui mudar a opinião de 6, em 8. Perdemos. Foi uma boa luta."
Dois dias, uma noite (2015), dir. Jean-Pierre e Luc Dardenne
 [epígrafe acrescentada pelos tradutores])

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"Em 1967, foram os tanques; em 2015, foram os bancos. (...) O que se tem é uma força que ninguém consegue fazer parar, batendo contra objeto que até agora ninguém conseguiu mover. O que ninguém até agora conseguiu mover é a lógica fixa, paralisada, a irracionalidade do Eurogrupo. A força que ninguém consegue deter é a história. O confronto sempre gerará muito calor e fúria. Há de gerar também alguma luz" [YV, El Pais].
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El País: Por que todas as entrevistas suas que já li começam com uma pergunta sobre se o senhor está bem, se, como se vê, o senhor está realmente muito bem?


Yanis Varoufakis: Suponho que os jornalistas assumam que eu teria de estar deprimido, de algum modo, por já não ser ministro. Mas não entrei na política como carreira. Entrei na política para tentar realmente mudar as coisas. E há um preço a pagar, quando se tenta mudar as coisas.


El País: Que preço?


Yanis Varoufakis: O desdém do establishment. O profundo sentimento de ira em todos cujos interesses têm de ser afetados, para que se faça alguma diferença. As pessoas sentem-se ameaçadas. Se se entra na política disposto a não ceder, é como afrontá-las.