domingo, 10 de março de 2019

Erdogan: "A Turquia não é escrava de ninguém"

Presidente da Turquia anuncia que "fechou negócio" para comprar os S-400s russos (e fala de um futuro S-500) 

8/3/2019, Tyler Durden, Zero Hedge


"O Sultão do Swing deitando e rolando.  O comentário de Erdogan sobre o S-500, é absolutamente CHAVE. Significa que quando os S-600s estiverem em produção, os russos – tão mais adiantados em relação ao resto do mundo – poderão começar a vender os S-500s, que anularão TODA E QUALQUER arma ofensiva aerotransportada. 
Diferentes de EUA, russos NÃO VENDEM suas armas mais avançadas, como os EUA vendem o F35."
(Pepe Escobar, no Facebook, 8/3/2019, 21h06 ·)


Traduzido pelo Coletivo Vila Mandinga


"Está feito" – disse o presidente Recep Tayyip Erdogan essa semana, enquanto o Congresso dos EUA ainda discute se entregará ou não os jatos F-15 Stealth produzidos pela empresa Lockheed e que a Turquia já comprara, dada a intenção da Turquia de aceitar sistemas russos S-400 de defesa antiaérea.

Erdogan disse enfaticamente, em entrevista à rede turca Kanal 24, que "Jamais mudaremos essa decisão. Não seria ético. Seria imoral. Ninguém deve pedir-nos para lamber o que cuspimos". Disse que o acordo com os russos já foi assinado e que a primeira entrega é esperada para julho. Erdogan acrescentou: 

"Somos uma Turquia independentes. A Turquia não somos escravos".

Raia o dia sobre o Sistema de Defesa Aérea S-500, que Erdogan disse, desafiando os EUA, que, no futuro, a Turquia poderá desenvolver (Image do blog Military and Commercial Technology)
Assim sendo, tudo sugere que a entrega dos S-400s é negócio fechado, o que também podem estar sendo selados vários anos futuros de dano grave às relações EUA-Turquia, depois de Washington ter tentado, coagir a Turquia a gastar $3,5 bilhões em mísseis US Patriot, de medo de o jato Joint Strike Fighter stealth da Lockheed tornar-se imprestável frente a forças militares que já contem com o mais avançado sistema antiaéreo e a mais avançada aeronave para transportá-lo que há no mundo, ambos de fabricação russa.

O comandante do Comando Europeu dos EUA, general de exército Curtis Scaparrotti, disse ao Congresso na 3ª-feira que a entrega à Turquia do F-35 Joint Strike Fighter da Lockheed acabará por ser cancelada, se a Turquia levar adiante o projeto de comprar os sistemas S-400 russos. Mas que parece que o "Está feito. É negócio fechado" de Erdogan foi dirigido ao debate que prossegue no Congresso dos EUA.

O Gen. Scaparrotti disse em seu depoimento que o S-400 permanece "grave problema para toda nossa aviação, mas especificamente para os F-35."


"Eu ainda conservaria a esperança de que os turcos reconsiderem essa decisão sobre os S-400" – disse Scaparrotti, que acumula as funções de comandante supremo dos aliados da OTAN.

Scaparrotti destacou vários dos problemas que o sistema russo cria, inclusive o fim da interoperabilidade com os sistemas da OTAN. "Creio que o S-400 permanece grave problema para toda nossa aviação, mas especificamente para os F-35" – disse o general.

"O melhor conselho militar que posso oferecer é que não prossigamos com o F-35, nem para voá-lo nem para oferecê-lo a país aliado dos russos e que já trabalhe com os sistemas russos, especialmente com sistemas de defesa aérea eficazes contra nossas mais avançadas capacidades tecnológicas" – disse o norte-americano. — Turkey's Anadolu Agency


O sistema de defesa aérea avançada S-400 de fabricação russa que a Turquia comprou tem sido visto como ameaça aos EUA, dada a possibilidade de o S-400 neutralizar as capacidades eletrônicas avançadas para escapar de radares instaladas nos F-35. 

O principal argumento para pôr fim à transferência dos F-35 é o temor do que os russos farão se tiverem acesso direto ao jato stealth Joint Strike Fighter. Com acesso ao jato, Moscou rapidamente detectará e explorará todas as suas vulnerabilidades. Em resumo, os russos logo descobririam o que fazer para neutralizar os F-35. 

Erdogan também alertou Washington, na mesma entrevista à TV turca, para que ponha fim à coerção ou a "medidas de disciplinamento", sob a forma de sanções ou medidas de restrição ao livre comércio. Disse que a Turquia já considera adotar possíveis medidas de retaliação. 

Segundo várias fontes, Erdogan também comentou possíveis desenvolvimentos dos sistemas russos já em andamento, como o S-500 Prometheus, o sistema russo de defesa aérea de próxima geração, que deve entrar em serviço militar em 2020 ou logo depois. 

A imprensa russa noticiou recentemente que o S-500 Prometheus alcançou alvos a mais de 482 km de distância e poderia chegar a mais de 650 km. 

Disse Erdogan, segundo a agência russa TASS: "A questão do S-400 é negócio fechado, e em nenhuma circunstância desfaremos o negócio. Chegamos a um acordo com a Rússia, e provavelmente haverá uma produção conjunta. Talvez consideremos opções para um S-500, depois do acordo do S-400."

Mas a fala de Erdogan visa provavelmente a pressionar Washington para que faça melhores concessões, já que, no presente momento, nenhum dos lados dá sinal de ceder. As palavras de Erdogan surgem exatamente quando o Departamento de Estado dos EUA advertiu que a transferência de sistemas S-400 pode levar a sanções ainda mais severas contra a Turquia, nos termos da Lei para Reagir com Sanções contra Adversários dos EUA [ing. Countering America's Adversaries Through Sanctions Act (CAATSA)], mesmo a Turquia sendo membro da OTAN.*******

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