sexta-feira, 29 de junho de 2018

Irã e Venezuela: Vanguarda de um novo mundo?

4/6/2018, Peter Koenig,* New Eastern Outlook


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Venezuela é estado campeão em democracia, em eleições democráticas, como ficou provado duas vezes nos últimos 12 meses, e mais de uma dúzia de vezes desde 1999. Pouco importa que o ocidente lunático não queira ver – simplesmente porque o ocidente (EUA e seus paus mandados e os vassalos europeus) não pode tolerar que um país socialista prospere – e tão próximo da fronteira do império e, como se fosse pouco, país riquíssimo em recursos naturais, como petróleo e minerais. O sucesso econômico da Venezuela poderia disparar ondas de choque “de esquerda” sobre a população norte-americana, zumbificada e bestializada, com fragmentos que ricocheteariam diretamente contra a Europa de olhos bem vendados.

Afiliados da al-Qaeda entre os terroristas 'do bem' dos EUA?

Forçada a escolher, Israel prefere os terroristas, ao Irã


25/7/2018, Sharmine Narwani, The American Conservative


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu





DARAA, Síria – À primeira vista, tudo parece calmo nessa cidade do sul da Síria, onde aconteceram os primeiros protestos há sete anos. Moradores circulam pelas lojas, nos preparativos para o jantar de Iftar, quando interrompem o jejum diário durante o mês santo de Ramadan.

Mas mesmo assim a tensão é palpável nessa cidade hoje sob controle do governo. Há poucas semanas, as conversações de paz organizadas pela Rússia no sul da Síria foram rompidas, quando militantes sustentados pelo ocidente rejeitaram qualquer paz negociada.

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Depois de fracassar no Iraque, na Síria, no Líbano e no Iêmen, Arábia Saudita tenta uma “vitória” na Palestina, por Elijah J. Magnier

24/6/2018, Elijah J Magnier, Blog


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




A Arábia Saudita está à procura de uma “vitória” depois de repetidas derrotas de sua política exterior no Oriente Médio. Na Síria, a rica petromonarquia, apesar de ter consumido dezenas de bilhões de dólares na empreitada, não conseguiu a tão desejada 'mudança de regime'. Tirou jihadistas da cadeia e facilitou-lhes a viagem para o Levante para que convertessem a Síria num “estado falhado” que jamais conseguisse opor-se à expansão do Wahhabismo e de Israel. No Iêmen, mais de 40 mil pessoas foram mortas no bombardeio e nos ataques indiscriminados de sauditas-Emirados contra o mais pobre dos países muçulmanos no Oriente Médio. Resultado disso, 22 milhões de pessoas, segundo o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas, carecem hoje de urgente socorro humanitário. No Iraque – talvez o maior desapontamento que os sauditas sofreram –, o governo central em Bagdá conseguiu evitar que a Mesopotâmia fosse dividida. E no Líbano, aliados sauditas não conseguiram assegurar maioria nas eleições para o Parlamento, na qual os aliados do Irã saíram vitoriosos. 


Só restou aos sauditas um último “dossiê” que ainda podem tentar promover: é a vez da Palestina.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Curdos perderam a chance de decidir o próprio destino: Só Damasco pode salvar os curdos, por Elijah J. Magnier

23/6/2018, Elijah J Magnier, Blog


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




A decisão de Donald Trump de cair fora da Síria “muito rapidamente” e de entregar a cidade de Manbij à Turquia caiu como um raio sobre os curdos sírios reunidos na parte norte do país. Esses curdos, que operam diariamente como escudo humano para proteger as forças dos EUA, foram deliberadamente manipulados pelo establishment dos EUA para garantir cobertura e proteção às forças norte-americanas de ocupação no nordeste do Levante. Agora, Trump parece prestes a fritar os curdos, de um dia para o outro. Não satisfeito com isso, Trump está “leiloando” os curdos, apostando para ver que país árabe ocupará a área que os curdos controlam e ganhará o território no qual estão atualmente os acampamentos curdos.

Que opções restam aos curdos?

Bem claramente, nada preocupa menos o presidente dos EUA que o destino dos curdos. Trump está pronto para abandoná-los, apesar de saber que não há lugar para onde os curdos possam ir, nem país aos quais possam pedir proteção. Os curdos perderam a confiança do governo de Damasco por causa de suas escolhas políticas e militares pouco ponderadas – e evidentemente são caçados pela Turquia, que considera todos os curdos na Síria como membros das Unidades de Proteção do Povo Curdo [cur. YPG], grupo coligado a terroristas, pelos padrões de Ankara.

segunda-feira, 25 de junho de 2018

União Europeia: sumário da decomposição, por Jacques Sapir

16/6/2018, Jacques Sapir, Russeurope en ExilLes Crises


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini

A União Europeia está em decomposição. Já é claro, e cada vez mais a decomposição atropela os discursos combinados e o faz-de-conta dos que nossos amigos italianos chamam de "(h)euroinômanos [org. «euroïnomanes»]. Mas semana passada o processo entrou em nova fase de aceleração.

Bem claramente, a questão dos «migrantes» teve papel de detonador. Sobre essa questão, de fato, acumulam-se erros políticos, um discurso pretensamente moral que não passa de conversa moralista, e enorme hipocrisia. A prova aí está, no caso do navio Aquarius, fretado pela ONGSOS-Méditerranée. Mas no fundo a questão apenas reflete as contradições internas que se desenvolveram no seio da UE. Num sentido, pode-se dizer que são raros os dirigentes que ainda «creem» numa União Europeia federal, por mais que o presidente da França agarre-se desesperadamente a essa fantasia.

Daraa é disputada em combate contra o ISIS. Al-Ridwan – Forças Especiais do Hezbollah – já estão em campo, por Elijah J. Magnier

19/06/2018, Elijah J Magnier, em Elijah J Magnier Blog


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu





Não há dúvida de que acontecerá a batalha por Daraa – contra o grupo do 'Estado Islâmico' conhecido como Jaish Khaled Bin al-Waleed, a al-Qaeda e o "Exército Sírio Livre". O governo sírio não levará em consideração a ameaça dos EUA, de que bombardearão o Exército Árabe Sírio, nem a ameaça dos israelenses – Israel já apoia os jihadistas há anos, garantindo-lhes dinheiro, inteligência, informação e assistência médica –, para impedir que as forças de Damasco cheguem às fronteiras. Damasco também ignorará o acordo de Rússia-EUA-Jordânia para proteger e respeitar por muito mais tempo a zona de desescalada.

sábado, 23 de junho de 2018

Alemanha e Síria, por Thierry Meyssan

22/6/2018, Thierry MEYSSAN, Oriental Review

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

Entreouvido na Vila Vudu
Há notícias que não interessam diretamente pelo que noticiam, mas por tudo que deixam entrever sobre desenvolvimentos no MUNDO REAL que NUNCA são/serão notícia no Brasil-2018. Porque, com o golpe que derrubou o governo da presidenta Dilma, foi a vez da mesma CIA – cujas ações para desgraçar a Síria são comentadas abaixo – tentar desgraçar o Brasil.

No Brasil e na Síria, a luta está em andamento."
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Em 1953, o presidente Eisenhower recebeu delegação da Irmandade Muçulmana liderada por Saïd Ramadan. A partir de então, os Estados Unidos apoiaram o islamismo político no exterior.



Durante a Guerra Fria, a CIA recrutou alguns dos melhores funcionários nazistas para continuar a luta contra a URSS. Dentre eles, Gerhard von Mende, recrutador de muçulmanos soviéticos contra Moscou [1]. Em 1953, esse veterano funcionário público instalou o chefe da Fraternidade Muçulmana fora do Egito, Saïd Ramadan, em Munique [2].

Alois Brunner, considerado responsável pela deportação de 130 mil judeus, foi posto pela CIA em Damasco em 1954, com a tarefa de impedir que o regime do presidente Choukri al-Kouatli concluísse uma aliança com os soviéticos.

No mesmo período,CIA distribuiu secretamente oficiais nazistas por todo o mundo, para combater organizações pró-sovietes. Por exemplo, Otto Skorzeny foi para o Egito; Fazlollah Zahedi foi para o Irã; e Alois Brunner [3], para a Síria. Todos organizaram os serviços secretos locais seguindo o modelo da Gestapo. Brunner só seria demitido muito mais tarde, em 2000, pelo presidente Bachar el-Assad.

Metais sexy: peça que faltava no quebra-cabeça coreano, por Pepe Escobar

30/6/2018, Pepe Escobar, Asia Times


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Talvez, afinal, nem se trate de condomínios de luxo nas praias norte-coreanas. Tudo sugere que o xis da questão no abraço que o governo Trump oferece a Kim Jong-un tenha tudo a ver com um dos maiores depósitos de terras raras (ing. rare earth elements, REEs) do mundo, a apenas 150km ao norte de Pyongyang que vale, parece, vários bilhões de EUA-dólares.

Todos os implementos da vida movida a tecnologia do século21 dependem das propriedades químicas e físicas de 17 elementos preciosos da Tabela Periódica, conhecidos como (ing.) REEs.

Atualmente, acredita-se que a China controle mais de 95% da produção global de terras raras , com depósitos estimados em 55 milhões de toneladas. A República Popular Democrática da Coreia, por sua vez, tem pelo menos 20 milhões de toneladas.

Escravizar as crianças: Demagogia e receita para um consenso selvagem

20/6/2018, sententiaeantiquae (orig. ing., aqui traduzido)

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu





Durante a Guerra do Peloponeso, a Democracia Ateniense deliberou, votou e aprovou que os prisioneiros homens fossem executados e as mulheres e crianças, escravizadas. Investigar por que, hoje, não é vão exercício de distração histórica.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Alastair Crooke: Que sentido haveria, por hora, num encontro Trump-Putin?

13/6/2018, Alastair Crooke, Strategic Culture Foundation


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu





O presidente Trump trouxe à baila a ideia – e chegou a sugerir um convite ao presidente Putin, para que viesse a Washington. Ostensivamente, parece boa ideia: détente entre Rússia e EUA permitiria escoar a pressão geopolítica que cresce na 'retorta' cheia, já estourando nos rebites.

Uma reunião de cúpula pareceu a resposta correta – outrora. Mas a política exterior de Trump já não é a que um dia foi. E está andando de modo, pode-se dizer, inesperado. 

No nível formal, séries de documentos da política exterior e da defesa dos EUA caminharam por outra via, diferente, a começar pelo incômodo casamento dos destaques da campanha de Trump (sobre reabilitar o decadente 'cinturão da ferrugem' norte-americano', com a necessidade, para os EUA de 'vencer outra vez'); e atado pelo pé a um Conselheiro de Segurança Nacional, com a 'noiva' vestida num 'longo' à Paul Wolfowitz modelo primazia norte-americana global. E daí para uma posterior metamorfose, na qual Rússia e China convertem-se, de 'rivais e concorrentes', em subversivos ('potências revisionistas') dedicados a pôr a pique o 'lar' global – e (na derradeira formulação) bem quando os EUA renascem, reemergem, ressurgem, qual fênix dominante nuclear.

Essa progressão até a dominação não casa bem com a imagem inicial de campanha de um presidente que traria de volta os empregos perdidos, e não queria saber de aventuras militares. Imagem de campanha?! Morreu. Que descanse em paz. RIP.

De cenouras e porretes: o Império desaba

13/6/2018,Tom Luongo, Gold Goats 'n Guns


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Vencer sempre é importante para abusadores-provocadores. Porque, se a fraqueza deles for exposta, não podem continuar com os abusos-provocações.

Impérios não começam como abusadores-provocadores. Começam como reação ao Império anterior que se tornou abusador-provocador depois de se agarrar à húbris, não à humildade.

Perto do fim, os Impérios têm de recorrer a abusos-provocações, porque são fundamentalmente fracos. Todos se superdistenderam seguindo a depreciação da moeda, superdistensão a qual, por sua vez, degrada a vantagem cultural que a sociedade teve antes sobre o Império que se acabou.

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Europa na encruzilhada: Sistema atlântico cai aos pedaços, por F. William Engdahl

15/6/2018, F. William Engdahl, New Eastern Outlook, NEO


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

Entreouvido na Vila Vudu:

Inscreve-se nesse quadro o golpe no Brasil-2016 – quando a CIA, operando com políticos-empresários corruptos do 'agronegócio', das 'comunicações', da Bíblia e das finanças de São Paulo e Rio de Janeiro e do crime organizado estabelecido no Congresso-BR, derrubou governo democrático eleito; e em seguida meteu na cadeia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato preferido dos eleitores em todas as pesquisas de intenção de voto para as eleições desse ano. Lula jamais cometeu qualquer crime, mas jamais desistiu de combater a brutal desigualdade social – desigualdade que, hoje
até o FMI está obrigado a dizer que combate!

Problema, aí, é o seguinte: 
CIA e seus políticos-empresários alugados têm muito mais medo de governos populares igualitaristas – que chamam em tom de desprezo de "populistas", como se ser popular fosse crime –, do que temem governos soberanistas.
O governo democrático do Brasil que a CIA derrubou sequer era soberanista no sentido bélico da disputa. No máximo, em matéria de soberanismo, era governo bolivariano, quer dizer, queria a integração latino-americana. Nosso governo Lula-Dilma não foi derrubado por ser bolivariano.

Nosso governo Lula-Dilma foi derrubado porque era igualitarista – simplesmente popular igualitarista; de fato, apenas muito docemente popular igualitarista, como Lula nunca negou, escreveu e assinou na "Carta ao povo brasileiro", em 2002.

Mas governos populares igualitaristas sejam como forem, até os mais doces, quando prosperam, estabelecem-se e criam condições objetivas efetivas para se manterem no poder. Se conseguem, pode acontecer de se tornarem cada vez mais igualitaristas e +homogeneamente bem-sucedidos e, por isso, cada vez mais elegíveis... O que pode ajudar a demonstrar – pelo menos no plano lógico-teórico libertário otimista – que democracia que realmente vise a se reproduzir democraticamente, com vistas sempre a mais ampla democratização, sempre tende ao igualitarismo.

Diferentes de governos soberanistas – que podem ser 'disciplinados' à bomba e à bala ou com Hollywood e televisão, universidades liberais e uma gangue de bispos de imbecilizamento por TV –, governos igualitaristas bem-sucedidos são praticamente invencíveis ou, no mínimo, não se deixam explorar tão facilmente, nem se deixam derrubar sem resistência.

Sem conhecer o estado terminal em que está hoje o 'sistema atlântico' que gravita em torno do EUA-dólar e do assalto às periferias do planeta, a favor 'do centro', não se pode compreender suficientemente:

(a) a ameaça existencial que as democracias nacionais igualitaristas impõem, em tese, a todo o sistema de exploração global atlanticista que gira em torno dos EUA; nem

(b) a ameaça existencial que 
um governo democrático igualitarista no Brasil (praticamente 'uma China' implantada no quintal dos EUA) impõe, muito concreta e diretamente, ao tal 'sistema atlântico'.

Em liquidação terminal, os EUA e seus financistas sionistas puseram-se a atirar para o lado da América Latina (depois, claro, de terem destruído parte considerável do Oriente Médio, mas não todo o Oriente Médio).

Os demais (B)RICS defenderam-se adequadamente. A Síria derrotou o 'ocidente' em armas, com luxuoso auxílio dos russos. A Venezuela bolivariana resiste, com auxílio luxuoso de russos e chineses. E os iranianos 
não são "liberais como Allende e Mossadegh, que a CIA derruba quando quer", como disse o aiatolá Ali Khamenei, hoje supremo líder do Irã, durante a crise dos reféns em 1979mas vale até hoje, 39 anos depois.

Nesse contexto sobraram Brasil, Argentina, Colômbia, cujos governos, mesmo quando aconteça de serem mais igualitaristas, ainda são liberais do tipo que "a CIA derruba quando quer". Então, hoje, o estado norte-americano e seus financistas sionistas dedicam-se a tentar destruir o Brasil, como destruíram a Palestina, a África, o Iraque, a Líbia, o Iêmen... 
E como também já destruíram, como se lê bem explicado, adiante, também os próprios EUA!

Afinal, os EUA foram país de imigrantes, potencialmente igualitarista, pelo menos em tese, na origem. Foram. Até serem desgraçados pelo soberanismo hegemonista ensandecido dos sionistas que ocuparam o bas-fond do fundo do poço do esgoto do estado profundo dos EUA, para onde trouxeram a grana  roubada de europeus brancos pobres (judeus, ciganos e outros pobres), grana que foi pra Wall Street e prôs cassinos e virou bancos e 'empresas de comunicação' os quais, juntos, partiram pra inventar Israel. Ao sistema assim criado e que começa agora a ruir, chama-se "Sistema Atlântico".

Nesse ponto estamos hoje. Segue a luta.
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Os eventos do mundo em dias recentes são muito mais significativos do que a divisão que todos veem no bloco das nações industrializadas, G7. Se imaginamos o planeta como um campo gigante de força elétrica, as linhas do fluxo estão em processo dramático de reordenação, com o sistema global pós-1945 baseado no dólar já entrado numa caótica fase final. As elites políticas da Europa estão hoje divididas entre a racionalidade e a irracionalidade. Os desenvolvimentos para o oriente contudo acumulam cada vez mais e mais força, e estamos assistindo às fases iniciais do que se pode descrever como uma reversão da polaridade geopolítica dentro da União Europeia, do Ocidente para o Oriente. Os desenvolvimentos mais recentes na Eurásia, incluindo Oriente Médio, Irã e principalmente entre Rússia e China estão ganhando importância – e Washington só oferece guerra, seja guerra comercial, guerra de sanções, guerra de terror ou guerra cinética.

The Saker: União Europeia pode ser parceira da Rússia?

15/6/2018, The Saker, Unz Reviewin The Vineyard of the Saker



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




A renomeação para os mesmos cargos (embora um pouco modificada) do "bloco econômico" do governo Medvedev gerou muitas explicações, umas melhores que outras. Hoje quero examinar uma hipótese específica que se pode resumir nos seguintes termos: Putin decidiu contra o expurgo de um "bloco econômico" (impopular) ativo dentro do governo russo, porque queria apresentar à União Europeia (UE) "caras conhecidas" e parceiros nos quais os políticos da UE pudessem confiar. Nesse momento, ante o comportamento insano de Trump, que acintosamente afasta praticamente todos os líderes europeus, é a hora perfeita para acrescentar um empurrão russo ao "tranco" dos EUA, e ajudar a trazer a UE para mais perto da Rússia. Ao renomear "liberais" russos (eufemismo para designar os russos aderidos a OMC-Banco Mundial-FMI e assemelhados), Putin dá à Rússia ares capazes de atrair, na medida do possível, a UE.

Iraque fraco e dividido tropeça rumo a futuro sem equilíbrio, por Elijah J. Magnier

8/6/2018, Elijah J. Magnier, Blog

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Entreouvido na Vila Vudu:

"Brasília é a neo-Bagdá [pano rápido].
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EUA, Irã e Arábia Saudita todos mandaram representantes ao Iraque para apoiar a reeleição de Haidar al-Abadi. O objetivo comum, em vez de indicar Iraque estável, manterá o país enfraquecido e politicamente dividido entre os principais grupos dominantes.

Sobretudo, a decisão do Parlamento, de anular os votos de iraquianos que residem fora do país, de cancelar 954 urnas em dez províncias, e de recontar manualmente as eleições de 12 de maio criará movimento de resistência, especialmente no movimento liderado por Moqtada al-Sadr. Al-Sadr, aparentemente contando com o maior número de deputados (54 cadeiras com votos, resultado não oficial), verá nessa ação movimento dirigido principalmente contra ele, especialmente quando o grupo é acusado, dentre outras coisas, de ser responsável por grande fraude em Bagdá e no sul do Iraque.

Resultados reais do encontro Trump-Kim 'Você congela, eu congelo' (e coisas engraçadas)

14/6/2018, Moon of Alabama


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu






O que se vê depois do encontro Trump-Kim em Singapura confirma o que escrevi antes. Os dois lados assinaram um compromisso de "você congela, eu congelo" que a Coreia do Norte já oferecia desde, no mínimo 2015. Os EUA põem fim aos ameaçadores exercícios de guerra, e a Coreia do Norte suspende os testes nucleares e de mísseis. Os dois lados comprometem-se a voltar a conversar sobre um tratado de paz em troca de algum desarmamento nuclear.

Todos os golpes da CIA são o mesmo golpe - "Por que não nos agradecem?"

21/6/2012, Pankaj Mishra, London Review of Books, vol. 34, n.12, pp. 19-20 (traduzido em 15/6/2018)


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

Resenha de
Christopher DE BELLAIGUE, Patriot of Persia: Muhammad Mossadegh and a Very British Coup, [Patriota da Pérsia: Muhammad Mossadegh e um golpe muito britânico], Bodley Head, 310 pp, fev.2012, ISBN 978 1 84792 108 6
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"O crescente sentimento antibritânico finalmente levou o xá Muhammad Reza a nomear Mossadegh primeiro-ministro no início de 1951. (...) Mossadegh (...) tratou rapidamente de nacionalizar a indústria do petróleo. Dezenas de milhares ocuparam as ruas para saudar os funcionários mandados de Teerã para assumir o comando das instalações britânicas de petróleo em Abadan, beijando os carros cobertos de poeira (...). O embaixador dos EUA relatou que Mossadegh tinha o apoio de 95% da população(...)"

[Três anos depois] Ao festejar a visita oficial do xá aos EUA em 1954, o Times exultava: 'Hoje Mossadegh está onde tem de estar – na cadeia. E o petróleo volta a correr para os livres mercados do mundo'."

"'Não somos liberais como Allende e Mossadegh 
[dentre taaaaaantos outros & outras, né-não?! (NTs)], que a CIA derruba quando quer' – disse o aiatolá Ali Khamenei, hoje supremo líder do Irã, durante a crise dos reféns em 1979. Até hoje [o artigo é de 2012, mas vale para junho de 2018] a história mostra que Khamenei sabe do que fala."






Em 1890, um ativista muçulmano itinerante de nome Jamal al-din al-Afghani estava no Irã, quando o então governante Naser al-Din Shah Qajar, entregou uma concessão de tabaco a um empresário britânico, G.F. Talbot, que, na prática, lhe garantia um monopólio de compra, venda e exportação. Al-Afghani chamou a atenção, sob um coro de aprovação de intelectuais seculares e também de comerciantes conservadores, que os plantadores de tabaco ficariam à mercê de infiéis, e a sobrevivência dos pequenos distribuidores, destruída. Organizou grupos de pressão em Teerã – inovação política até então desconhecida no país – que enviaram cartas anônimas a funcionários e distribuíram panfletos e cartazes conclamando os iranianos a se revoltarem. Na primavera seguinte, eclodiram protestos furiosos nas principais cidades. Ajudados pelo telégrafo, então recém introduzido no país, os manifestantes reunidos no Protesto do Tabaco – como se tornou conhecido – foram tão cuidadosamente coordenados como novamente o seriam na Revolução Islâmica de Khomeini cem anos depois, quando fitas-cassetes fizeram o papel do telégrafo e as mulheres participaram em grande número.

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Durezas da luta em Singapura: Como Trump confundiu seus inimigos, por George Galloway

13/6/2018, George Galloway, RT


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Pouco resta a dizer sobre os eventos em Singapura. Farpas e vitupérios afinal chegaram ao fim depois de 65 anos de guerra, durante os quais morreram milhões numa península coreana dividida onde foi montado e desmantelado um aríete nuclear.

O mundo foi levado à beira de nova guerra, e puxado outra vez para trás.

Que Donald J Trump sairá com um Prêmio Nobel já é coisa garantida, por mais surpreendente que a frase pareça, mas vai-se garantindo também seu segundo mandato, mais provável a cada dia, por ainda mais inacreditável que pareça essa segunda frase.

Com a economia dos EUA melhorando, os 'parceiros' de Trump no G7 caprichando nos insultos e o imbróglio coreano fermentando na massa trumpeana – temperado pela dupla China e Rússia, alvo eterno de vitupérios, muito mais interessante é dar uma espiada nas ruínas fumegantes da oposição doméstica ao presidente Trump.

Pode-se aferir a extensão do triunfo do presidente Trump não só pelas dimensões do sorriso no rosto dele, mas também pelas caras compridíssimas dos inimigos dele. Os vitupérios e indignação supostos liberais por um lado, e o ruído do desabamento das expectativas de gordos lucros, acrescido ao barulhão que fazem ao ruir as ânsias por mais e mais poder duro, são cacofonia das mais terríveis. Pois, de minha parte, gostei muito. Pessoalmente, digo, porque, se há gente que desprezo mais do que desprezo o próprio Trump, são os azedados inimigos de Trump. 

Há dois anos, quando cunhei a frase "Não estou feliz por o presidente ser Donald Trump. Estou feliz por não ser Hillary Clinton" –, sonhava precisamente com dias como esse. Clinton jamais conseguiria – sequer algum dia tentaria –, atravessar a ponte da paz no nordeste da Ásia.

A palavra-chave no show Trump-Kim, por Pepe Escobar

13/6/2018, Pepe Escobar, Asia Times


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




reality-TV show geopolítico de Trump-Kim – para alguns, evento surreal – recebeu atenção sem igual nos anais da diplomacia internacional. Será difícil superar a cena em que o presidente dos EUA abre um iPad e mostra a Kim Jong-un um trailer estiloso à moda dos filmes de ação classe "B" dos anos 1980s – completado com a efígie de Sylvester Stallone – em que os dois líderes são apresentados como heróis destinados a salvar os 7 bilhões de habitantes do planeta.

Longe da TV, o ex-"Homem Foguete", hoje já tratado respeitosamente por Trump como "Chairman Kim", marcou formidável gol de placa, ao fazer varrer completamente a temida sigla CVID – de "completa, verificável e irreversível desnuclearização" – do texto final da declaração conjunta.

Da DEFECAÇÃO PÚBLICA como arma

Cocô duro ou cocô mole, quando autoridades da Casa Branca defecaram em cima do primeiro-ministro do Canadá? E Chrystia Freeland? Também mirou em Justin Trudeau?

11/6/2018, John Helmer, Dances with Bears


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu





A BBC, rede britânica estatal oficial de notícias noticiou no sábado pela manhã, que pessoas que têm o hábito de defecar em logradouros públicos podem estar acometidas de várias diferentes patologias, das quais a defecação em público pode ser sintoma. Foi antes da tarde de sábado, e também de todo o domingo seguinte, quando o presidente dos EUA (imagem de abertura, à esq.), seu conselheiro de segurança nacional John Bolton, seu conselheiro de economia Lawrence Kudlow e seu conselheiro de comércio Peter Navarro coordenaram movimentos para defecar publicamente na cabeça do primeiro-ministro do Canadá Justin Trudeau.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

O "duelo das cúpulas" desse fim de semana tem algo para os livros de História, por Pepe Escobar

10/6/2018, Pepe Escobar, Asia Times, The Vineyard of the Saker


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




O inferno desabou sobre o G6+1, também chamado G7, em La Malbaie, Canadá, quando todos só pensavam na divina integração eurasiana na Organização de Cooperação de Xangai, OCX, em Qingdao, China, em Shandong, província natal de Confúcio.

O presidente Donald Trump dos EUA foi a estrela previsível do show no Canadá. Chegou atrasado. Saiu mais cedo. Faltou a um desjejum de trabalho. Discordou de tudo e de todos. Fez uma "proclamação de livre comércio", pró nenhuma barreira e nenhuma tarifa, nenhuma, em lugar algum, depois de impor tarifas ao aço e ao alumínio contra Europa e Canadá. Propôs que a Rússia voltasse ao G8 (Putin mandou dizer que tem outras prioridades). Assinou o comunicado final, em seguida retirou a própria assinatura.

domingo, 10 de junho de 2018

MoA: O 'ocidente' já era

09/06/2018, Moon of Alabama


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

Ao Arnaldo Carrilho (1937-2013)
In memoriam

 
Aqui vai nossa homenagem, dos tradutores, ao Embaixador Arnaldo Carrilho (1937-2013) - querido amigo e grande incentivador desse Coletivo de Tradutores Vila Vudu, além de apaixonado divulgador e profundo conhecedor do Cinema Novo brasileiro -, que muito se orgulhava de ter sido o 1º embaixador do Brasil na República Popular Democrática da Coreia Norte, embaixada criada durante a gestão precursora e valente do ministro Celso Amorim no Ministério de Relações Exteriores, governo Lula, orgulho do Brasil.

Foi Arnaldo quem nos contou que Kim Jong Un é cinéfilo, admirador de Glauber Rocha (de quem Trump, com certeza absoluta, jamais ouviu falar. Aliás, tampouco a Killary).

Venceremos. 



Reuniões de cúpula do G-7 deveriam simbolizar "o ocidente", a unidade e o poder do "ocidente". Reuniões de cúpula sempre conseguiram fingir que definiam e fixavam os rumos políticos para o mundo.

Sinto-me feliz só de ver que já não dão em nada. Morreram.


A cara deles

Não sei quem criou essa imagem. É uma intervenção numa foto do fotógrafo da equipe da chanceler Merkel da Alemanha Jesco Denzel publicada na conta dela em Instagram: