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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Primeiro-ministro Saad Hariri aceita exílio na França, por Robert Fisk

16/11/2017, Robert Fisk, The Independent, Londres


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Quando o jato de Saad Hariri pousou em Riad na noite de 3 de novembro, a primeira coisa que ele viu foi um grupo de policiais sauditas cercando o avião. Entraram no avião e confiscaram o celular de Saad e dos seus guarda-costas. Foi o que bastou para silenciar o primeiro-ministro do Líbano.


Foi momento dramático, afinado com o drama de novelão que se viu na Arábia Saudita durante a semana passada: 11 príncipes postos em prisão domiciliar – inclusive o imensamente milionário Alwaleed bin Talal – e quatro ministros e zilhões de outros lacaios do governo anterior, para nem falar no confisco e congelamento de mais de 1.700 contas bancárias. A "Noite das Facas Longas" do príncipe coroado Mohamed bin Salman realmente começou à noite, quatro horas depois de Hariri chegar a Riad. Assim sendo, que diabos o príncipe coroado está querendo?

domingo, 15 de outubro de 2017

Robert Fisk: Quem matou o Ten-gen. Valery Asapov na Síria?

6/10/2017, Robert Fisk, Counterpunch











A Força Aérea russa chegou à Síria há dois anos, completados essa semana, para salvar o Presidente Bashar al-Assad e seu exército. Conseguiram. O Exército Árabe Sírio impôs-se, embora ao custo (até aqui) de 56 mil soldados sírios mortos. "Não teremos aqui outro Afeganistão" – os russos diziam a quem encontrassem em Damasco. Mas claro que, imediatamente, puseram lá os seus especialistas para traçar as melhores rotas aéreas para seus Sukhois contra os alvos certos, seus especialistas em remoção de minas, para arrancar as florestas de bombas que o ISIS plantou, seus policiais militares para supervisionar a saída de combatentes islamistas para fora das grandes cidades ocidentais da Síria. E generais para dar aconselhamento – e, semana passada, para serem mortos – na Síria.

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Assad venceu, por Robert Fisk

7/9/2017, Robert Fisk, The Independent


O Ocidente talvez não acredite, mas parece que a guerra na Síria está acabando.














Com todos aguardando que Trump inicie a Guerra Mundial n. 3, nem percebemos que o mapa do Oriente Médio substancialmente, sangrentamente, já está mudado. Passarão anos, antes que Síria e Iraque (e Iêmen) se reconstruam – e os israelenses talvez precisem pedir a Putin que limpe a sujeira em que Israel está metida.

Recebi uma mensagem vinda da Síria, semana passada, no meu celular: "O general Khadour cumpriu o que prometeu". Entendi perfeitamente. 

Há cinco anos, encontrei Mohamed Khadour, que comandava uns poucos soldados sírios num pequeno subúrbio de Aleppo, sob fogo de combatentes islamistas no leste da cidade. Naquela ocasião, mostrou-me seu mapa. Recapturaria aquelas ruas em 11 dias, disse-me ele.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Hezbollah: vitória no front sírio, por Robert Fisk

28/7/2017, Robert Fisk, The Independent










Recém capturada por combatentes sírios e do Hezbollah, a fortaleza de montanha do ISIS, a quase 2 mil metros acima do nível do mar (foto Nelofer Pazira)

Tropas sírias estão agora instaladas em posições do lado libanês da fronteira entre os dois países, em sua batalha para destruir o Estado Islâmico [ing. ISIS] nas altas montanhas do Qalamoun. Corpos apodrecem nas encostas da montanha por aqui, enquanto o Hezbollah libanês – que combate agora dentro da Síria – prepara-se para um confronto final contra os terroristas, que hoje estão cercados num pico de pedra preta ao norte. Do alto da montanha Karra, 2.100 metros acima da fronteira sírio-libanesa, pude ver soldados sírios acampados nos picos das duas montanhas – dentro do Líbano.

O comandante sírio em Qalamoun, general Median Abad, diz a verdade sem hesitar. "Sim, temos soldados nossos em dois pontos dentro do Líbano – acima da estrada da fronteira pela qual o Daech [ISIS] costumava entrar na cidade libanesa de Ersal. Nossos homens estão nas montanhas libanesas de al-Sharqia e al-Valilal. Veem-se daqui as tendas deles". Verdade. Do outro lado de uma ravina (wadi) estreita que nos separa do Líbano, posso ver várias tendas cinzentas dos militares sírios espalhadas pelos picos das duas montanhas libanesas. O general confirma que está em comunicação com o exército libanês – cujo tanque atira contra o ISIS que ele ouve ao longe pelos vales – através do Hezbollah, cujas forças uniram-se a ele no ataque contra al-Karra.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

A história real por trás da crise econômica no Qatar, por Robert Fisk

8/6/2017, Robert Fisk, The Independent













A crise no Qatar prova duas coisas: a infantilização continuada dos estados árabes e o total colapso da unidade dos muçulmanos sunitas, unidade que teria sido supostamente criada pela participação absurda de Donald Trump na conferência de cúpula dos sauditas, há duas semanas.

Depois de prometer lutar até a morte contra o "terror" xiita iraniano, a Arábia Saudita e parceiros mais íntimos agora se mobilizaram para combater um de seus vizinhos mais ricos, o Qatar, que seria a cabeça do "terror". Só em peças de Shakespeare se vê traição de tais proporções. Nas comédias de Shakespeare, claro.

Porque, na verdade, há algo de inacreditavelmente delirante nessa charada. Claro que cidadãos do Qatar com certeza contribuíram para o ISIS. Mas, isso, cidadãos da Arábia Saudita também fizeram.

Nenhum qatari disparou aviões dia 11/9 contra New York e Washington. Mas todos os 19 assassinos eram sauditas. Bin Laden não era qatari. Era saudita.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Robert Fisk: Se Trump se preocupa tanto com bebês sírios, por que não condenou rebeldes que chacinaram as crianças?

A mãe de todas as hipocrisias


18.04.2017, Robert Fisk - The Independent/Information Clearing House



tradução de btpsilveira







Falamos da mãe de todas as hipocrisias. Algumas crianças sírias mortas importam, penso. Outras não. Um assassinato em massa duas semanas atrás matou crianças e bebês e levou nossos líderes a mais justa indignação. Mas o massacre deste final de semana na Síria matou ainda mais crianças e bebês – e mesmo assim não gerou mais que silêncio daqueles que antes bradaram pela salvaguarda de nossos valores morais. Por que desta vez não?

Quando um ataque com gás na Síria matou mais de 70 civis em 04 de abril, incluindo bebês e crianças, Donald Trump ordenou um ataque com mísseis contra a Síria. O país aplaudiu. A imprensa também. Da mesma forma grande parte do mundo. Trump chamou Assad de “mau” e “um animal”. A união Europeia condenou o regime sírio. O governo britânico chamou o ataque de “bárbaro”. Quase todos os líderes ocidentais afirmaram que Assad deveria ser removido do poder.

Desta vez, quando um homem bomba atacou um comboio de refugiados civis nas proximidades de Alepo, matando 126 sírios, mais de 80 deles crianças, a Casa Branca manteve silêncio. Mesmo sabendo que o total de mortes foi maior, Trump não se lamentou nem mesmo no twitter. A marinha dos Estados Unidos sequer lançou um disparo simbólico na direção da Síria. A União Europeia se fingiu de tímida e não quis dizer nem uma palavra. Aquela conversa de “barbarismo” foi sufocada no ninho no governo britânico.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Robert Fisk: Samantha Power esqueceu os massacres cometidos em nome dos Estados Unidos

16.12.2016 - Robert Fisk, The Independent


Traduzido por btpsilveira




Quando Samantha Power falou sobre “barbárie contra civis” em Alepo, subitamente lembrei a morte dos civis palestinos massacrados nos campos de refugiados de Sabra e Chatila em Beirute, 1982, massacrados pelas milícias libanesas ligadas a Israel, enquanto o exército israelense – o mais poderoso aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio – assistia:



Lá estava Samantha Power fazendo suas ceninhas de “vergonha” na ONU. “Não há sequer um ato de barbarismo contra civis, nenhuma execução fria de criança que lhes faça pelo menos um pouco de medo?”, a embaixadora dos Estados Unidos para a ONU perguntou a russos, sírios e iranianos. Ela falava de Halabja, Ruanda, Srebrenica “e agora, Alepo”.

Estranho. Para aqueles a quem Samantha falou sobre “barbárie contra civis” em Alepo, lembrei de repente da morte dos civis palestinos massacrados nos campos de refugiados de Sabra e Chatila em Beirute, 1982, massacrados pelas milícias libanesas ligadas a Israel, enquanto o exército israelense – o mais poderoso aliado dos Estados Unidos no Oriente Médio – assistia. Mas Samantha não mencionou esse massacre. Será que talvez tenha sido por que não houve palestinos mortos em número suficiente? Afinal, morreram apenas 1.700, incluindo mulheres e crianças. Em Halabja foram mais de 5.000 mortes. Mas com certeza Sabra e Chatila me assustaram, na época.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

David Cameron, acorde! Não há 70 mil combatentes moderados na Síria

(e  onde, diabos, já se viu moderado que dá tiros de Kalashnikov?!) 
29/11/2015, 
Robert Fisk, The Independent, Londres

Imagem e legenda: "Mas os deputados Blair-itas do Partido Trabalhista votarão com Dave [Cameron],
porque, por mais que amaldiçoem o culto do ISIS, muito mais odeiam o culto de Corbyn."
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Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Nunca mais, desde que Hitler ordenou que o general Walther Wenck enviasse um inexistente 12º Exército para resgatá-lo do Exército Vermelho em Berlin, se teve notícia de líder europeu que acreditasse mais firmemente em fantasias militares como ferramenta de Relações Públicas, que Dave Cameron, semana passada. Falar na Câmara dos Comuns dos 70 mil combatentes "moderados" alocados na Síria não foi apenas mentir, no sentido das mentiras que Tony Blair mentia sempre – porque Blair se autopersuadira, até acreditar firmemente na próprias mentiras –, mas algo que se aproximava bem mais do burlesco. 


Foi coisa ensaiada no capricho – ridícula, cômica, grotesca, caricata. Chegou perto de uma forma esquisita de pantomima trágica.

A certa altura, semana passada, um dos satrapas de Cameron já chamava o tal exército fantasma de "tropas de infantaria". Duvido que haja 700 combatentes "moderados" na Síria – e estou sendo muito generoso, porque o número certo deve estar mais próximo de 70 – mas... 70 mil? Nunca. 

E os curdos sírios não vão acabar com o ISIS por nós; estão já ocupados demais tentando sobreviver aos ataques de nossos aliados turcos. Além do mais, "moderados" não costumava ser aquele pessoal que detesta armas? Quem, algum dia ouviu falar de moderado armado de Kalashnikov?!

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

'Guerra' de Hollande não atrapalhará negócios de armas com a Arábia Saudita

17/11/2015, Robert Fisk, The Independent 




Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




O país que fornece o credo wahhabista sunita para o ISIS, dos matadores de Paris, pouco se incomodará com os pulinhos frenéticos da guerra de François Hollande. Os sauditas já ouviram antes essa, de Nova Ordem Mundial, faz tempo, em 1991, quando George W Bush concebeu essa expressão sub-Hitleriana para o Oriente Médio e sonhou que conseguiria produzir: um oásis de paz, local de riqueza desarmada onde espadas fossem transformadas em arados – ou, no mínimo, em navios-petroleiros maiores e oleodutos mais compridos.


Os sauditas estão muito mais ocupados explodindo o Iêmen em cacos, naquela guerra enlouquecida deles lá contra os Houthis xiitas, para se preocuparem com os doidos wahhabistas sunitas do ISIS. O inimigo dos sauditas continua a ser o novo melhor amigo dos EUA – o Irã xiita –, e os sunitas continuam tão aplicados como sempre na tarefa de derrubar o presidente xiita alawita [aqui, Fisk erra: o presidente Bashar al-Assad preside governo SECULAR e INCLUSIVO, em termos religiosos, na Síria (NTs)], apesar de o ISIS estar na linha de frente contra Bashar al-Assad. 

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Queimando Arquivos: A "justiça" líbia convém ao ocidente

10.08.2015 | Publicado originalmente em: Pravda.ru


Com o fuzilamento dos oposicionistas, os acordos secretos entre os torturadores de Gaddafi e os serviços de inteligência ocidentais ficaram a salvo.


Calar a boca deles. Disso se tratou. Um golpe de misericórdia, ou um pelotão de fuzilamento, e os segredos foram parar na tumba. Saddam Hussein não teve a oportunidade de nos contar sobre os seus acordos com as empresas estadunidenses e alemãs, que forneceram o gás que ele usou contra os curdos. Agora, o espião mais audaz de Gaddafi, Abdalá Senussi, será fuzilado na Líbia, antes que tenha a oportunidade de relatar sua íntima relação com os serviços de segurança ocidentais, quando servia de ligação entre seu chefe, a CIA e o MI6 britânico. 


                                     










Robert Fisk* - The Independent/La Jornada



State Departament

Não é surpreendente – ou talvez nem tanto – que apesar da indignação da Anistia Internacional pela farsa do julgamento, e da “profunda lamentação” da entidade de direitos humanos da ONU pelas sentenças, os britânicos e estadunidenses não tenham movido uma palha desde que Senussi, que Saif (filho de Gaddafi) e mais um monte de outros jagunços do regime foram sentenciados à morte, na semana passada, num processo onde não contaram com defensores, nem provas documentais contra, nem testemunhas? Todos esses acordos secretos entre os odiosos torturadores de Gaddafi e nossos serviços de inteligência ficaram a salvo para sempre. Graças a Deus pela “justiça” Líbia.