sábado, 12 de dezembro de 2015

Sistani Ordena que Turquia saia do Iraque. Fracassa a conferência da 'oposição' síria

11/12/2015, Moon of Alabama



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Depois que os EUA invadiram o Iraque, o vice-cônsul dos EUA Paul Bremer tentou instalar lá um governo iraquiano escolhido por ele.  O mais alto clérigo na hierarquia religiosa xiita no Iraque, o Grande Aiatolá Sistani, exigiu votação democrática. E a questão foi decidida. Não houve meio pelo qual os EUA conseguissem derrubar o édito de Sisitani, sem provocar revolta massiva dos 65% dos iraquianos, que são xiitas e seguem a orientação de Sistani. Bremer foi obrigado a curvar-se.


Agora, o mesmo Aiatolá Sistani tomou posição contra a invasão turca ao Iraque:


O mais alto clérigo dos xiitas iraquianos, o Grande Aiatolá Ali al-Sistani, ordenou ao governo do país, na 6ª-feira, que "não tenha qualquer tolerância" com agressões à soberania do país, depois que a Turquia infiltrou tropas pesadamente armadas no norte do Iraque.

O porta-voz de Sistani, Sheikh Abdul Mehdi Karbala'i, não nomeou explicitamente a Turquia,  mas discussão sobre o deslocamento de tropas já azedou fortemente as relações entre Ancara e Bagdá, que nega ter concordado com qualquer ação dos turcos em território iraquiano.

...

"O governo iraquiano é responsável por defender a soberania do Iraque, e não deve tolerar nem aceitar agressões a ela, sejam quais forem as justificativas e necessidades" – disse Karbalai'i num sermão semanal.

A questão portanto está resolvida: as tropas turcas têm de sair do Iraque ou terão de derrotar todos os xiitas do Iraque (e do Irã). Se Erdogan fosse esperto, ordenaria imediatamente que todas as tropas turcas estacionadas perto de Mosul saíssem do Iraque.


O presidente Vladimir Putin da Rússia também aumentou a pressão sobre a Turquia:


Aleijada na Síria,[1] Turquia tenta um ‘Sunistão’ no Iraque

10/12/2015, Pepe Escobar, RT



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



A "incursão" da Turquia em território do Iraque é movimento planejado, frio. E mais uma vez o nome do jogo é – e o que mais seria? – Dividir para Governar. 

A Turquia mandou para o Curdistão Iraquiano – que é parte do estado do Iraque – nada menos que um batalhão de 400 soldados, com apoio de 25 tanques M-60A3s. Agora, já se noticiou que o número de pares de coturnos turcos em solo no campo de Bashiqa, nordeste de Mosul, chegou a algo em torno de 600.


Primeiro fato desmascarado: não é um "campo de treinamento" – como Ancara anda espalhando. É uma base militar completa, talvez permanente.



O negócio espertalhão oportunista foi acertado entre o ultracorrupto Governo Regional Curdo (GRC) [ing. Kurdistan Regional Government (KRG) e o então ministro turco de Relações Exteriores Feridun Sinirlioglu em Erbil, mês passado.



Torrentes de propaganda turca juram que se trata, só, de "treinar" Peshmergas para que combatam contra o ISIS/ISIL/Daesh.



Nonsense total. O fato crucialmente importante é que Ancara está petrificada de medo da aliança dos "4+1" que dá combate ao Estado Islâmico, na qual se reúnem Irã, xiitas iraquianos e o Exército Árabe Sírio (EAS, ing. SAA), e o Hezbollah, com a Rússia.

Tentar encurralar os russos é arriscar-se à 3ª Guerra Mundial

11/12/2015, Alastair Crooke, Conflicts Forum, Consortium News



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Todos nós conhecemos a narrativa na qual nós (o ocidente) estamos sitiados. É a narrativa da Guerra Fria: EUA contra o "Império do Mal". E, como o professor Ira Chernus escreveu, dado que nós somos "humanos" e eles (a URSS ou, hoje, o ISIS) não são, continuamos a ter de ser o oposto polar deles.


"Se eles são o mal absoluto, temos de ser o oposto absoluto. É o velho conto do apocalipse: o povo de Deus versus Satã. E esse conto assegura que jamais teremos de admitir qualquer conexão que faça algum sentido, com o inimigo." É a base da autoproclamação, por EUA e Europa, ao mundo, de que são os "líderes", "excepcionais".



E "enterrada sob o pressuposto de que o inimigo não é em nenhum sentido, humano como nós, aí já está uma absolvição preventiva por qualquer participação que possamos ter tido no gerar ou no contribuir para a geração e a disseminação do mal. Como poderíamos ter fertilizado o solo para o mal absoluto ou ter alguma responsabilidade no sucesso do mal absoluto? Esse é um dos postulados básicos das guerras contra o mal: o povo de Deus tem de ser inocente," (e não há mediação possível onde haja o mal, porque ninguém de modo algum poderia dialogar com o mal).



Os ocidentais podemos pensar em nós mesmos como racionalistas e (na maioria) seculares, mas os modos cristãos de conceitualizar o mundo ainda permeiam a política externa contemporânea.



É essa narrativa da Guerra Fria da era Reagan, com seus correlatos de que os EUA simplesmente demoliram o Império Soviético com força militar e – igualmente importantes –, com "pressões" financeiras, e, tudo isso, sem jamais ter feito qualquer concessão ao inimigo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Entrevista: Presidente Bashar Al Assad da Síria

09/12/2015, Hala Jaber, Sunday Times, Londres (6/12/2015)
(Trad. ao port. Jihan Arar, Embaixada da República Árabe da Síria, Brasília)



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Sunday Times: Obrigado por nos receber, Senhor Presidente. Como o senhor sabe, o governo britânico vai votar hoje se se junta ou não aos ataques aéreos da coalizão contra o ISIS. Na sua avaliação, seria correto a Grã-Bretanha se juntar aos ataques aéreos contra o ISIS na Síria? A participação da GB lhe parece bem-vinda? A participação promoverá alguma mudança positiva, ou piorará a situação?

Presidente Assad: Se quiser avaliar um livro, não posso escolher uma única sentença do livro e avaliar todo o livro, por ela. Teria de considerar títulos e subtítulos dos capítulos, e só depois se poderia discutir o resto do livro. Para saber se a GB será bem-vinda, 'o todo' é saber se tem vontade de lutar contra o terrorismo. Nós sabemos, desde o princípio, que Grã-Bretanha e França foram pontas da lança contra a Síria, desde o início do conflito. Sempre apoiaram os terroristas. Mas sabemos que esses países não têm vontade própria. Nesse caso, o 'capítulo' da participação militar de GB e França na coalizão teria que ser abrangente, ou seja, teria que ser pelo ar e por terra, em cooperação com as tropas nacionais sírias presentes em campo, para que essa intervenção ou participação seja legal. A participação de GB e França só pode ser legal se ocorrer em cooperação com o governo legítimo da Síria. Portanto, eu diria que GB e França não têm vontade de lutar contra o terrorismo e nem têm qualquer plano sobre a forma de derrotá-lo. 

Presidente Vladimir Putin: Discurso [crucialmente importante] à Assembleia da Federação Russa


Você não leu sobre isso na mídia-empresa ocidental. Mas, sim, o presidente Vladimir Putin da Rússia demarcou nova rota econômica para seu país, com ênfase na tecnologia e na agricultura. 


Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Dia 3/12/2015, o presidente Putin fez seu Discurso Anual sobre o Estado da Federação Russa, em sessão conjunta das duas casas do Parlamento russo.


E, como agora já virou rotina com tudo que Putin diz, a mídia-empresa ocidental não noticiou. Mais ainda nesse caso, porque o discurso foi focado em questões domésticas. Embora qualquer cócega na opinião pública norte-americana sobre qualquer tema vire imediatamente 'notícia' global, o que a Rússia pensa dela mesma nesse momento crucial é como se não tivesse qualquer importância 'jornalística'.


Esse é erro grave da mídia-empresa ocidental. Como logo todos verão claramente, o Discurso de Putin sobre o Estado da Federação Russa ao final de 2015 delineia rota clara e ambiciosa para o futuro da Rússia. Se seus objetivos forem alcançados não há dúvida de que o movimento terá vasto impacto sobre a situação internacional.


Sobre política externa, Putin focou exclusivamente a campanha na Síria.


Houve comentários sobre a total ausência no discurso de qualquer referência à Ucrânia. Alguns parecem ver essa ausência como sinal de que a Rússia já não teria qualquer interesse na Ucrânia.


Nada mais errado. Dado que o discurso não era sobre política exterior, não havia por que falar do conflito ucraniano. A única questão de política externa de que o discurso tratou foi o conflito sírio, porque, depois do deslocamento de força militar russa para a Síria, o conflito é agora questão doméstica russa.

Destruir a Síria para criar um Sunistão


Mapa impressionante do império do ISIS/ISIL/Daesh/Estado Islâmico
(dica de Pepe Escobar, no Facebook)
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Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Qual a conexão entre os EUA bombardearem uma base militar síria em Ayyash, Síria, e a invasão turca no norte do Iraque?


Parecem ser eventos isolados, mas são parte de um plano maior para balcanizar o Oriente Médio, para fortalecer o domínio, para Washington, de recursos preciosos, para empurrar a Rússia para guerra cara e prolongada e para garantir que todo o petróleo do Oriente Médio continue a ser denominado em EUAdólares. Joseph Kishore resumiu tudo isso do seguinte modo, em postado recente no World Socialist Web Site. Disse ele:

"A força básica por trás da guerra na Síria é a mesma que motivou a formatação imperialista de todo o Oriente Médio: os interesses do capital financeiro internacional. As grandes potências imperialistas sabem que, se quiserem pôr a mão no butim, têm também de fazer sua parte da matança" (
The new imperialist carve-up of the Middle East [Oriente Médio: a reformatação imperialista], World Socialist Web Site, traduzido no Blog do Alok).


Bingo. Em resumo, a guerra ao terror não é mais que uma folha de parreira de relações públicas para esconder as vergonhas de Washington, no esforço para continuar a mandar em todo o mundo. É impossível compreender o que se passa hoje no planeta, sem ver com clareza como alguns atos de violência e terror aparentemente disparatados encaixam-se e fazem perfeito sentido como movimentos de uma mesma estratégia geopolítica mais ampla e mais abrangente, para criar uma nova ordem mundial unipolar; para esmagar todos e quaisquer rivais emergentes; e para ampliar a dominação de pleno espectro dos EUA por todo o planeta.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Oriente Médio: a reformatação imperialista

07/12/ 2015, Joseph Kishore, World Socialist Website (WSWS)




Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Eventos da semana passada passarão à história como pedra de toque no desenvolvimento do imperialismo no século 21. No período de poucos dias, EUA, Grã-Bretanha e Alemanha escalaram no respectivo envolvimento militar na Síria, depois que a França intensificou sua campanha de bombardeio na Síria mês passado.

O pretexto para essas operações são os ataques terroristas de 13 de novembro em Paris, seguido agora pelo horrendo ataque a tiros em San Bernardino, Califórnia, na 4ª-feira. As razões declaradas publicamente contudo pouco têm a ver com discussões estratégicas que estão acontecendo nos escalões superiores das forças militares de das agências de inteligência.


Por trágica que seja a matança de 130 pessoas em Paris e 14 em San Bernardino, não explicam a repentina convulsiva escalada militar das principais potências imperialistas, contra o Oriente Médio. Não é difícil ver semelhanças/diferenças em relação a 1915, quando os EUA recusaram-se a entrar na 1ª Guerra Mundial, mesmo depois do afundamento do RMS Lusitania, com perda de 1.198 vidas. Naquele momento, a classe capitalista norte-americana ainda estava dividida sobre se seria aconselhável intervir na então chamada "Grande Guerra" (que só passou a ser chamada "primeira guerra mundial", depois que houve a segunda).

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

FMI declara legal o calote da Ucrânia!




Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu


Dia 8/12, o porta-voz do FMI Gerry Rice distribuiu nota para informar que:

"O Conselho Executivo do FMI reuniu-se hoje e decidiu mudar a atual política de não tolerar atrasos de credores oficiais. Nos próximos dias, distribuiremos detalhes do objetivo e motivos dessa mudança de política."

Desde 1947, quando realmente começou a operar, o Banco Mundial sempre agiu como braço do Departamento de Defesa dos EUA, do primeiro presidente John J. McCloy passando por Robert McNamara até Robert Zoellick[1] e o neoconservador Paul Wolfowitz. Desde o início, o FMI promove as exportações dos EUA, especialmente produtos agrícolas – chantageando os países do Terceiro Mundo para que produzam colheitas para exportação, em vez de cuidar de alimentar as próprias populações (e assim forçar os países a importar grãos dos EUA). Mas até agora o FMI sempre se sentiu obrigado a fantasiar o serviço de promover as exportações dos EUA, travestindo-o sob retórica ostensivamente internacionalista, segundo a qual o que fosse bom para os EUA sempre seria ótimo para o mundo.


Agora, o FMI foi empurrado pelos EUA para a órbita da guerra fria norte-americana. Na 3ª-feira, a organização tomou a decisão radical de desmantelar a exigência que manteve coeso, de certo modo, todo o sistema financeiro global durante os últimos 50 anos. No passado, o FMI sempre foi capaz de construir pacotes de 'resgate' para governos em dificuldades financeiras, conseguindo que outros países credores – encabeçados por EUA, Alemanha e Japão – participassem do 'resgate'. A alavancagem para forçar credores a pagar o que devessem e que o FMI sempre usou partia do princípio de que, se uma nação estivesse em dívida com qualquer outro estado, não poderia receber empréstimos do FMI – nem pacotes de ajuda que envolvessem outros governos-membros.

Rússia dá grande novo passo para sair do dólar





Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Já há algum tempo a China e a Federação Russa compreenderam, como outras nações, que o calcanhar de Aquiles econômico delas todas é o EUA-dólar como mais importante moeda de reserva mundial. Enquanto Washington e Wall Street controlam o dólar, e enquanto o núcleo duro do comércio mundial exigir dólares para os pagamentos, bancos centrais como o da Rússia e da China são forçados a estocar dólares sob a modalidade de papeis "seguros" da dívida do Tesouro dos EUA, como moedas de reserva para proteger as respectivas economias do tipo de guerra monetária que a Rússia conheceu no final de 2014, quando o adequadamente então renomeado Escritório de Terrorismo e Inteligência Financeira do Tesouro dos EUA & Wall Street derrubaram o rublo, num negócio montado entre EUA e sauditas para pôr em colapso o preço mundial do petróleo. Agora, calmamente, Rússia e China encaminham-se para a porta de saída do dólar.

O orçamento do estado russo depende fortemente dos lucros da exportação em dólares do petróleo. Ironicamente, por causa do papel do dólar, bancos centrais de China, Rússia, Brasil e outros países que se opõem diametralmente à política externa dos EUA são obrigados a comprar papéis da dívida do Tesouro em dólar... o que significa que, de facto, aqueles países estão financiando as guerras de Washington que visam a ferir principalmente aqueles mesmos 'financiadores'.

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

"É gás versus água"

Rússia disposta a reaquecer relações, se Ancara desistir da Síria
8/12/2015, in Elijah J Magnier Blog



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




A repentina presença não coordenada de mais de mil soldados das Forças Especiais Turcas apoiadas por dezenas de tanques e veículos blindados, numa nova base no norte do Iraque, despertou grave reação, não só em Bagdá, mas também entre aliados do Iraque. O governo turco não informou ao governo central iraquiano sobre esse aumento de forças, nem sobre a alocação delas numa nova base, a 100km de distância das fronteiras. A Turquia está fazendo mais e inimigos – e provavelmente mais sanções virão dos seus vizinhos.


A Turquia tem ferramentas de negociação e demandas de Bagdá a levar em consideração e sobre as quais decidir, antes de retirar seus soldados. É o gás versus a água.



A Rússia também tem uma condição, para restaurar suas relações com a Turquia. O preço é a Síria.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Síria: a guerra radical do Oleogasodutostão

07.12.2015, Pepe ESCOBARStrategic Culture Foundation




Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Síria é guerra por energia. Com o coração do assunto já exposto, mostrando feroz competição geopolítica entre dois gasodutos propostos, estamos diante da mais radical [no sentido de que a guerra se trava nas raízes (NTs)] guerra no Oleogasodutostão – a expressão que criei há muito tempo para designar os campos de combate do Império no século 21.



Tudo começou em 2009, quando o Qatar propôs a Damasco construírem um gasoduto do Campo Norte qatari – contíguo ao Campo Pars Sul, que pertence ao Irã – e que atravessaria Arábia Saudita, Jordânia e Síria diretamente até a Turquia, para abastecer a União Europeia.



Mas Damasco, em 2010, optou por outro projeto concorrente, o gasoduto Irã-Iraque-Síria, de $10 bilhões, também conhecido como "gasoduto islamista". O negócio foi formalmente anunciado em julho de 2011, quando a tragédia síria já estava em andamento. Em 2012, foi assinado com o Irã um Memorando de Entendimento [ing. Memorandum of Understanding (MoU)

sábado, 5 de dezembro de 2015

The Saker: O Império contra-ataca

Semana 9* da intervenção russa na Síria:  
5/12/2015, The Saker, 
Unz Review



Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Considerando o notável sucesso da intervenção russa na Síria, pelo menos até agora, não deve surpreender ninguém que o Império Anglo-sionista contra-ataque. A questão era como e quando. Agora já temos a resposta.


Dia 24 de novembro, a Força Aérea da Turquia fez coisa absolutamente sem precedentes na história recente: deliberadamente derrubou uma aeronave militar de outro país, mesmo sendo, como era, absolutamente evidente que aquela aeronave não representava qualquer ameaça à Turquia ou ao povo turco. 



A internet russa está lotada de vazamentos mais ou menos oficiais sobre como foi feito. Segundo essas versões, os turcos mantiveram 12 F-16s em patrulha ao longo da fronteira prontos para atirar, guiados por aviões equipados com sistemas AWACS (Airborne Warning And Control System) e "cobertos" por F-15s da Força Aérea dos EUA, para o caso de a Rússia contra-atacar imediatamente. Pode ser. Pode não ser.

Mas nada disso interessa, porque já é absolutamente inegável que EUA e OTAN imediatamente "tomaram posse" do ataque, dando total apoio à Turquia. A OTAN chegou ao cúmulo de declarar que enviaria força aérea e força naval para proteger a Turquia, como se a Rússia tivesse atacado a Turquia. Quanto aos EUA, não só apoiaram integralmente a Turquia: agora já estão negando categoricamente que haja qualquer prova de que a Turquia compra petróleo dos terroristas do Daesh. Finalmente, e como era de esperar, os EUA estão mandando o Grupo de Ataque Porta-aviões Harry S. Truman Carrier para o leste do Mediterrâneo, oficialmente para atacar o Daesh, mas, na realidade, para apoiar a Turquia e ameaçar a Rússia. Até os alemães já estão mandando para lá a própria Força Aérea, mas com ordens específicas para não partilhar nenhum tipo de informação com os russos.


Assim sendo, o que está realmente acontecendo até aqui?

Terror islamista, segurança e a Hobbesiana questão da ordem

03.12.2015, John Grey, New Statesman, UK

" ... a língua do homem é trombeta de guerra e sedição"
Thomas Hobbes, Leviatã, cap. 5º, "Do Cidadão"*






Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu




Os liberais frequentemente se preocupam com a necessidade de proteger os cidadãos contra a violência do Estado. Mas, em tempos de terror global, perigo muito, muito maior advém dos (ing.) failed states, estados malsucedidos.

Dentre as consequências das atrocidades cometidas em Paris – várias delas com consequências que ainda nem se consegue antecipar agora, ainda tão perto dos acontecimentos –, uma pelo menos já parece razoavelmente clara. O Estado está retornando à sua função primária, de provedor de segurança. 

Com soldados das Forças Especiais vasculhando as ruas de Londres e Bruxelas paralisadas sob toque de recolher, o que se tem são respostas mais que claras à alta probabilidade de que mais ataques ocorram. 

O que estamos testemunhando é a redescoberta de uma verdade essencial: nossas liberdades não são sólidas construções autossuficientes, mas construtos muito frágeis, que só se mantêm satisfatoriamente intactas e operantes se estiverem sob o escudo protetor do poder do Estado. A ordem liberal ideal que estaria supostamente emergindo na Europa é fantasia. A tarefa de defender a segurança pública voltou a recair sobre governos nacionais – únicas instituições capazes de proteger os cidadãos.

Por que a mídia-empresa liberal odeia Trump

04/12/2015, Pat Buchanan,* Unz Review (ligeiramente modificado na tradução. Guerra é guerra)

"É mais que hora de os democratas se prepararem para travar a luta de classes.
Fascistas em geral, banqueiros, ruralistas, empresários da mídia-empresa, jornalistas fascistas sinceros
(e até Donald Trump!) –  NUNCA DESCUIDAM da luta de classes.

[Yanis Varoufakis, em conferência em Londres, citado sem a fonte, ligeiramente adaptado]

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Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Nos tempos feudais havia os "três estados" – a Igreja, a nobreza e os comuns. O primeiro e o segundo foram erradicados pela Revolução de Robespierre.

Mas nos séculos 18 e 19, Edmund Burke e Thomas Carlyle identificaram o que o último chamou de um "estupendo quarto estado".

William Thackeray (1811-1863) escreveu: "Da Corporação da Pena de Ganso – da Imprensa – do quarto estado. Aí está ela, a grande máquina que nunca dorme. Tem embaixadores em todos os cantos do mundo, seus mensageiros, por todas as estradas. Gente dela marcha com exércitos, seus enviados caminham pelos gabinetes dos estadistas."

O quarto estado, a mídia-empresa, discípulos de Voltaire, substituíram a Igreja que ele mesmo destronara, na função de novos árbitros da moralidade e retidão.

"Turcomenos" de Erdoğan perdem alguns de seus líderes chechenos, sauditas...

04/12/2015, Moon of Alabama  :-D)))))




Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



Depois da derrubada de um jato russo em Latakia, norte da Síria, o presidente da Turquia Erdoğan insistia que não havia terroristas na área que os russos atacavam. Só havia ali, só, exclusivamente, "turcomenos". Hoje, mais um ataque russo na mesma área atingiu posições de combate desses supostos "turcomenos", mas as notícias sobre as baixas não combinam bem com versão "turcomena" de Erdoğan:

Desmentindo o que dizem os russos, que seu avião combatia em missão antiterroristas contra jihadistas do Estado Islâmico do Iraque e Levante (ISIL)no norte da Síria, Erdoğan disse "Que ninguém se engane e faça papel de tolo. Não há elementos terroristas na região Bayırbucak onde vivem os turcomenos.”
Erdoğan também atacou os que criticam a ajuda ostensiva que seu governo dá aos turcomenos.
“Sabem o famoso golpe da traição dos caminhões  MİT que aconteceu logo depois da tentativa de golpe de Estado de 17-25 de dezembro, não sabem? Há alguns que ainda criam manchetes para seus jornais, sem a menor vergonha. Aqueles caminhões estavam levando ajuda humanitária aos nossos turcomenos de Bayırbucak. Alguns estão dizendo, "o primeiro-ministro Erdoğan dizia que não havia armas dentro daqueles caminhões." O que estamos dizendo é que "Transportamos ajuda humanitária nos caminhões." E ajuda humanitária, e para quem? Para nossos irmãos maltratados e oprimidos turcomenos de Bayırbucak. Isso é o que estamos fazendo" – disse Erdoğan no dia 24/11.

É. Erdoğan diz que são simples turcomenos. E afinal admitiu que lhes mandava armas.