sexta-feira, 30 de junho de 2017

The Saker: Negabilidade plausível[1] contra adversário que mente sistematicamente

28/6/2016, The Saker, Unz Review e The Vineyard of the Saker










A Internet anda fervendo, com reações contra o mais recente relatório de Stratfor sobre como se desenrolaria um confronto militar entre Rússia e os EUA. Não consegui o texto integral que, suponho, é reservado a assinantes pagantes de Stratfor (e, francamente, tenho melhores usos a dar ao meu tempo e ao meu dinheiro, que assinar aquele lixo). Mas, uma vez que os mesmos trechos foram incansavelmente repetidos em todos os lugares, posso listá-los aqui e assumir que isso é o que interessa (digamos assim), do artigo. Vejam aí (extraído do que Business Insider citou e parafraseando o artigo original):

Embora a Rússia tenha na Síria alguns sistemas avançados de mísseis terra-ar e aeronaves de combate muito ágeis, ela não se dará bem no que seria guerra aérea rápida, brutal, contra os EUA (…) A Rússia tem "cerca de 25 aviões, dos quais apenas dez são dedicados à superioridade aérea (Su-35s e Su-30s), e contra eles terão de encarar aviões de combate de tecnologia stealth de 5ª geração, dúzias de jatos de ataque, F-15s, F-16s, e também bombardeiros B-1 e B-52. E claro toda a vasta Marinha dos EUIA e muitas centenas de Tomahawks."
"Os russos têm muitas defesas aéreas; absolutamente não são, de modo nenhum, indefesos" – disse Lamrani a Business Insider, "Mas os EUA têm muito pesada superioridade aérea." Ainda que as plataformas individuais russas estejam próximas da equivalência, e sob alguns critérios até excedam a capacidade dos jatos dos EUA, tudo se reduz a números. Se a vigilância dos EUA detectar mobilização em massa de jatos russos em resposta ao vai-e-vem, os EUA não esperarão polidamente que os russos ponham seus aviões no céu para revidar. Em vez disso choverá uma tempestade de mísseis cruzadores disparados do grupo de ataque do porta-aviões USS George H. W. Bush, mais ou menos como se viu no ataque de 7 de abril sobre a base aérea síria de Sharyat. Mas dessa vez, os mísseis terão de saturar e derrotar antes os mísseis das defesas aéreas da Rússia, o que os EUA podem fazer amplamente nos grandes números, ou usando equipamento de ataque eletrônico.
Em seguida, tendo neutralizado as defesas da Rússia, os navios podem atacar a base aérea e destruir, além dos aviões que estejam em solo, também as pistas de decolagem, sem as quais nenhum avião poderá decolar. Nesse ponto, a aviação dos EUA e da Coalizão terá caminho aberto para entrar e devastar completamente as forças russas.


Terá o autor, Omar Lamrani, acertado na avaliação que fez? Sim e não. Sim, porque aconteceria exatamente isso, se os russos decidissem engajar sua esquadra de pequenos números para impor superioridade aérea e tentar impor-se sobre toda a força aérea do Comando Central dos EUA (CENTCOM) e da OTAN, pelo controle dos céus sírios. E não, simplesmente porque os russos jamais farão tal coisa.

A influência dos EUA no Oriente Médio está sendo enfraquecida pela Arábia Saudita

29.06.2017, Federico Pieraccini - Strategic Culture.org


tradução de btpsilveira


Como se previa, as tensões entre membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCF) estão corroendo aos poucos a unidade entre os aliados dos Estados Unidos no Oriente Médio.




Em uma série de eventos quase sem precedentes entre os aliados regionais de Washington, a crise entre Arábia Saudita e Qatar parece pior a cada dia. A ansiosamente esperada lista de exigências apresentadas por Riad a Doha, aparenta ser intencionalmente inexequível, pois exige que o Qatar se confesse culpado dos crimes alegados pela Arábia Saudita, ou que enfrente as consequências, ainda desconhecidas até este momento.

Norte-americanos retiram-se de Al-Tanf - EUA desiste de ocupar o sudeste da Síria

29/6/2017, Moon of Alabama










Os EUA estão desistindo da posição já perdida que tiveram no posto de passagem de fronteira entre Síria e Iraque perto de al-Tanf no sudeste da Síria.

Mais cedo, militares dos EUA atacaram forças sírias que se aproximaram daquela posição, mas logo se viram superados, sem saída para o norte e cercados numa área inútil.

Al-Tanf é a área azul com as duas setas azuis na parte de baixo do mapa. Logo será pintada de vermelho, como área já libertada e novamente sob controle do governo sírio.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Depois do Qatar, Washington perdeu o Oriente Médio?

24/6/2017, F. William Engdahl, New Eastern Outlook











Há uma tênue linha vermelha que liga as recentes sanções do Congresso dos EUA contra o Irã e agora a Federação Russa, com a decisão de Arábia Saudita e outras monarquias do Golfo de sancionar o Qatar. Essa linha vermelha nada tem a ver com luta contra o terrorismo e tudo a ver com quem controlará a maior reserva de gás natural do planeta e quem dominará o mercado mundial daquele gás.

Por mais ou menos todo o século passado, desde 1914, o mundo esteve permanentemente em guerra pelo controle do petróleo. Gradualmente, com a adoção de políticas de energia limpa na União Europeia e mais especialmente depois que a China concordou com reduzir significativamente as emissões de CO2 reduzindo a geração de carvão, ato em si não científico, mas político, além dos avanços nas tecnologias de transporte de gás natural, principalmente a liquefação do gás natural (produzindo o Gás Natural Liquefeito, GNL; ing. liquefaction of natural gas, ou LNG), o gás natural finalmente se tornou mercadoria de mercado global, como o petróleo. Com esse desenvolvimento, estamos hoje numa era não só de guerra pelo controle das maiores reservas de petróleo. Hoje vemos o alvorecer da era das guerras pelo gás natural. Senhoras e senhores, apertem os cintos.

Deu no Wall Street Journal: "Vida difícil de informantes, dedos-duros e delatores 'premiados'"












Ex-funcionário da CIA, John Kiriakou


Wall Street Journal noticiou semana passada que funcionários federais estão preocupados, porque seus 'ratos' [ing. rat; aprox. "alcaguete"] e informantes sofrem cada vez mais frequentemente ataques nas prisões, por causa do livre acesso a documentos de tribunais e à 'mídia' que os identifica como informantes. Como resposta a isso, os tribunais federais analisam meios para tornar mais secretos os processos judiciais criminais, o que tem despertado preocupação entre advogados de defesa e ativistas a favor das liberdades civis.

Autoridades judiciais federais nos EUA dizem que nos últimos três anos cerca de 700 "testemunhas e informantes" foram ameaçados ou feridos e 61 foram mortos por outros prisioneiros por terem testemunhado contra ou espionado companheiros de cadeia.

Claro que há poderoso incentivo para virar alcaguete. Procuradores podem reduzir sentenças em anos inteiros, em troca de informação. Alguns informantes sequer são presos. Outros são enviados para prisões de segurança máxima para cumprir pena, mas também há os que são mandados para campos de trabalho sob mínima vigilância. Os Procuradores, por sua vez, conseguem condenar em 98,2% dos respectivos casos, segundo ProPublica, sentenças que praticamente sempre são resultados de acordos. Ante o depoimento de uma seleção de alcaguetes, o acusado absolutamente não tem qualquer chance. 

Mas o sujo segredinho do sistema judicial nos EUA é que pouquíssimos acusados sequer ficam sabendo quem os acusou num tribunal, e tampouco são julgados por júri formado de seus pares. Como ideia, é linda. Mas nunca acontece.

terça-feira, 27 de junho de 2017

Moon of Alabama: Casa Branca diz que forjará "ataque químico" na Síria

27/6/2016, Moon of Alabama










A Casa Branca disse que o governo sírio estaria preparando "ataques com armas químicas". O que a Casa Branca disse é evidente falsidade. A Síria está derrotando os EUA e aliados, que atacaram o país. Qualquer ataque forjado teria efeito contra os sírios, não a favor deles. A 'declaração' da Casa Branca, portanto, tem de ser interpretada como preparação para mais um ataque dos EUA contra a Síria, em "retaliação" por conta de um "ataque com armas químicas" que os EUA estão preparando e que, na sequência, será declarado obra do governo sírio.

Em agosto de 2013, a Síria convidou inspetores da Organização para Proibição de Armas Químicas a investigar os ataques desse tipo que o Exército Sírio sofreu. No instante em que os inspetores chegaram a Damasco, um "ataque químico" foi encenado em Ghouta, perto de Damasco. Montanhas de vídeos jihadistas mostrando crianças mortas apareceram na 'mídia' 'ocidental' culpando o governo sírio pelo 'massacre'. Ninguém jamais explicou como ou por que o governo sírio teria a ideia de atacar em região militarmente irrelevante, no momento em que os inspetores chegavam à Síria e o governo sírio já começava a retomar o controle e o prestígio internacional.

O tal "ataque" foi indiscutivelmente forjado pela oposição ao governo sírio e seus aliados estrangeiros. O governo Obama havia planejado vários ataques contra o governo sírio, mas suspendeu esses planos quando a Rússia construiu a estratégia, vitoriosa, de retirar de território sírio as armas químicas estratégicas sírias orientadas contra Israel.

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Onda de nacionalismo saudita, contra interesses dos EUA

24/6/2017, MK Bhadrakumar, Indian Punchline












Ler folhas de chá na política saudita é missão arriscada. O que torna muito intrigante o júbilo em Moscou ante a nomeação de Mohammed bin Salman como príncipe coroado da Arábia Saudita.

O príncipe coroado que o rei Salman descartou, Mohammed bin Nayef, foi ministro do Interior da Arábia Saudita ininterruptamente desde 2012 e tem anos de experiência no serviço de inteligência. MbN costumava ser visto como o elemento mais pró-EUA na liderança saudita. Em fevereiro, Mike Pompeo fez sua primeira viagem internacional como chefe da CIA a Riad, para entregar a Medalha George Tenet a MbN, como reconhecimento por seu "excelente desempenho na Inteligência, no domínio do contraterrorismo, e sua inestimável contribuição para a segurança e a paz no mundo". (Al Jazeera)

Agora, passados apenas três meses, o rei Salman descartou MbN e substituiu-o pelo filho em quem mais confia. Estranho, não?

Elijah J. Magnier: EUA e Rússia à beira do abismo na Síria - Curdos sírios, os que mais perdem













A batalha entre aliados dos EUA e aliados da Rússia está em flagrante escalada no nordeste da Síria, criando risco real de que as superpotências deslizem para confronto direto, para protegerem cada um os próprios interesses. Mas ao final, Washington absolutamente não vencerá na Síria, e seus aliados – liderados pelos curdos sírios sob a bandeira de "Forças Democráticas Sírias, FDS [ing. Syrian Democratic Forces, SDF) – pagarão o mais alto preço.

House of Cards (saudita): A história por dentro, por Pepe Escobar

24/6/2017, Pepe Escobar, SputnikNews













Bem quando comentaristas de geopolítica recolhiam apostas para uma mudança de regime no Qatar – orquestrada por uma Casa de Saud desesperada –, a mudança de regime acabou por acontecer em Riad, orquestrada pelo Príncipe Guerreiro, Destruidor do Iêmen e Bloqueador do Qatar, Mohammad bin Salman (MBS).

Considerando a impenetrabilidade daquela oligarquia familiar do petrodólar do deserto travestida de nação, dar conta desse mais recente Game of Thrones árabe é tarefa de uns poucos estrangeiros com acesso garantido. E também não ajuda, que o abundante dinheiro dos lobbies sauditas – e dos Emirados – em Washington reduza virtualmente todos os think-tanks e jornalistas venais, à mais abjeta máquina de calúnia e difamação.

"Temos um baita problema", por Seymour M. Hersh

25/6/2017, Seymour M. Hersh, Welt Am Sonntag, Alemanha












Trump com seus auxiliares em Mar-a-Lago


Oficiais de inteligência não acreditaram no suposto ataque com gás sarin em Khan Sheikhoun. Welt Am Sonntag apresenta o protocolo de uma conversa entre um conselheiro de segurança e um soldado norte-americano da ativa, em serviço numa base chave da região.



Fizemos abreviações: Soldado Americano (SoldAm) e Assessor de Segurança (AsseSeg). Welt Am Sonntag sabe o local preciso do encontro. Por razões de segurança, alguns detalhes de operações militares foram omitidos.

6 de abril, 2017

Soldado Americano (SoldAm): Temos um baita problema.

Assessor de Segurança (AsseSeg): O que aconteceu? É Trump, que está ignorando a inteligência e vai atacar os sírios? Estamos mijando nos russos? É isso?

sábado, 24 de junho de 2017

Crise no Qatar: Origens e consequências

22/6/2017, SouthFront






A crise em curso que cerca o Qatar é o mais grave conflito surgido entre estados árabes do Golfo desde o fim da Guerra Fria. Enquanto esses petromilionários e autocráticos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) historicamente sempre foram na maioria aliados de conveniência unidos por medos partilhados (da URSS, de Saddam Hussein, do Irã, etc.), a desconfiança nunca antes cresceu entre eles, a ponto de algum deles exigir nada menos que rendição incondicional de outro 'colega' de OPEP. Vários traços interessantes dessa crise imediatamente saltam aos olhos.

EUA enfrentam revés histórico no Oriente Médio, por MK Bhadrakumar

23/6/2017, MK Bhadrakumar, Indian Punchline










O bloco dos quatro países árabes puxados pela Arábia Saudita que impôs um embargo contra o Qatar dia 5/6 apresentou afinal sua carta de exigências. Despacho da AP [leia aqui], lista as 13 demandas. As que mais chamam a atenção incluem que Doha reduza os laços com o Irã, que rompa relações com o Hezbollah e a Fraternidade Muçulmana, que feche uma base militar turca que há no país e que extinga a rede estatal de comunicação Al Jazeera e vários outros veículos.


Interessante, o Qatar também deve "aceitar auditorias mensais durante o primeiro ano depois de aceitar todas as demandas; depois uma por trimestre, durante o segundo ano. Pelos seguintes dez anos, o Qatar será monitorado anualmente, para verificar o exato cumprimento das demandas." Tudo isso significa que só a capitulação incondicional, abjeta do Qatar satisfará seus 'grandes irmãos' – nada menos. E há também um cronograma a seguir – dentro dos próximos 10 dias –, ou todas as demandas perdem a validade.

Para mim, o Qatar verá rapidamente que essa 'ação' não passa de mal disfarçado movimento para 'mudança de regime'. A resposta do regime só pode ser uma: que aqueles figurões árabes se enforquem.

O que acontece a seguir? Dito em poucas palavras, o Oriente Médio Muçulmano (sunita) está à beira de um racha histórico, que terão consequências profundas para a segurança regional e internacional.

Medo e Delírio na Rota da Seda Afegã, por Pepe Escobar

21/6/2017, Pepe Escobar, Asia Times










Será que algum dia as Novas Rotas da Seda, também conhecidas como Iniciativa Cinturão e Estrada (ICE), algum dia conseguirá atravessar o Hindu Kush?

O nome do jogo é "temeridade". Embora estrategicamente colocado a cavalo sobre a Antiga Rota da Seda, e virtualmente contíguo ao Corredor Econômico China-Paquistão (CRCP) de US$50 bilhões – nodo chave da ICE –, o Afeganistão continua atolado em guerra.

É fácil esquecer que nos idos de 2011 – antes até de o presidente Xi Jinping anunciar a ICE, no Cazaquistão e Indonésia, em 2013 – a então secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton inventou uma Rota da Seda só dela, em Chennai. Não surpreende que a visão do Departamento de Estado tenha dado com a cara na poeira do Hindu Kush –, porque pressupunha um Afeganistão destroçado pela guerra, como eixo central do plano.

O estado do jogo no Afeganistão em 2017 é ainda mais deprimente. Dizer que o governo que emergiu das eleições presidenciais de 2014 e até hoje passa por governo é disfuncional é muito pouco.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

The Saker: A mais recente escalada na Síria - O que está realmente acontecendo?

23/6/2017, The Saker, Unz Review The Vineyard of the Saker











A essa altura, a maioria dos leitores já ouviram a mais recente má notícia vinda da Síria: dia 18/6 um jato F/A-18E Super Hornet (1999) dos EUA usou um míssil Advanced Medium-Range Air-to-Air Missile [Míssil Avançado de Médio Alcance Ar-ar, ing.] AMRAAM, AIM-120 (1991) para derrubar um Su-22 da Força Aérea Síria (1970). Dois dias depois, dia 20/6, um F-15E Strike Eagle dos EUA derrubou um drone Shahed 129 do Corpo de Guardas Revolucionários Islâmicos do Irã. Nos dois casos, o pretexto foi que haveria ameaça contra os EUA ou forças apoiadas pelos EUA.

A verdade, claro, é que os EUA estão simplesmente tentando deter o avanço do Exército Árabe Sírio. Foi portanto mais um 'show de músculos' tipicamente norte-americano. Ou seria, se derrubar um bombardeiro de combate Su-22, de 47 anos, relíquia da velha era soviética, tivesse alguma importância. E derrubar um drone pilotado à distância tampouco tem importância alguma. 


Há aí um padrão: nenhuma ação dos EUA até esse momento – ataque falhado contra a base militar síria; ataque à bomba contra uma coluna do Exército Sírio; derrubar um bombardeiro de combate e um drone do Irã – tem qualquer real valor militar. Todas essas ações contudo têm valor de provocação, porque cada vez que acontecem coisas desse tipo, todos os olhos voltam-se para a Rússia, para ver se os russos responderão ou não.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Grandes avanços do Exército Árabe Sírio transformam a guerra na Síria

21/6/2017, Alexander Mercouris, The Duran











Um furacão de avanços do Exército Árabe Sírio desorientou completamente o ISIS e posicionou os sírios para recuperarem toda a Síria central e de leste, do Mediterrâneo até a fronteira do Iraque.

Embora a mídia-empresa ocidental nada noticie, as últimas semanas marcaram total transformação na guerra na Síria.

Até a libertação do leste de Aleppo em dezembro, a guerra síria estava sendo combatida principalmente no oeste da Síria, numa estreita faixa do litoral sírio mediterrâneo, guerra de atrito entre o Exército Sírio e vários turcos apoiados por grupos Jihadistas, todos, de fato, comandados pela Al-Qaeda.

A pressão intensa dessa guerra obrigou o Exército Sírio a deixar quase todas as regiões do leste da Síria, para proteger os principais centros populacionais do país e de poder ao longo da costa. O vácuo resultante no leste da Síria foi preenchido inicialmente por grupos Jihadistas, mas depois pelo ISIS, cujos terroristas ganharam em 2015 o importante controle dessa área, exceto a cidade isolada de Deir Ezzor.

A derrota da Al-Qaeda em dezembro em Aleppo, e o fracasso de sua ofensiva da província de Idlib para a província de Hama em abril, deixaram o governo sírio no controle de todas as grandes cidades sírias – Damascos, Aleppo, Hama e Homs –, com a província de Latakia e respectiva capital já então firmemente sob controle das forças oficiais. Embora ainda haja presença de Al-Qaeda em algumas áreas do país próximas de Damasco, e permaneça no controle da província de Idlib, são áreas para as quais Rússia e Turquia já construíram acordos em dezembro, suplementados por outros acordos firmados por Rússia, Irã e Turquia em maio, que implantaram as chamadas "áreas de desconflitação" nesses territórios.

Teerã sempre foi o destino final dos EUA e, portanto, do ISIL, por Toni Cartalucci

10/6/2017, Toni Cartalucci, New Eastern Outlook, NEO












Foram vários mortos e muitos feridos nos ataques terroristas coordenados contra a capital do Irã, Teerã. Tiros e bombas no Parlamento iraniano e no mausoléu do Aiatolá Khomeini.

Segundo a Reuters, o chamado "Estado Islâmico" reivindicou a autoria do ataque, desencadeado apenas poucos dias depois de outro ataque terrorista, aquele em Londres. O Estado Islâmico também reivindicou autoria da violência em Londres, apesar de já haver provas de que os três suspeitos de envolvimento já serem conhecidos da segurança e das agências de inteligência britânicas, há muito tempo. Simplesmente teriam sido deixados à vontade para organizar os ataques e atacar.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Ajustes no Oriente Médio, por Thierry Meyssan

21/6/2017, Thierry Meyssan, Voltaire.net 


Tradução: Alva





Enquanto os Estados do Oriente Médio Expandido se dividem entre partidários e adversários do clericalismo, Washington, Moscou e Pequim negociam uma nova orientação. Thierry Meyssan avalia o impacto deste tremor de terra sobre os conflitos palestino, sírio-iraquiano e iemenita.


A crise diplomática em torno do Catar congelou diversos conflitos regionais e mascarou as tentativas de resolução de alguns outros. Ninguém sabe quando terá lugar o levantar da cortina, mas tal deverá fazer surgir uma região profundamente transformada.

terça-feira, 20 de junho de 2017

Quando a Associated Press distribui #Fakenews - Avaliação pericial

18/6/2017, Moon of Alabama



"Notícias falsas podem ser perigosas. Mas não são as falsas notícias de um ou outro blogueiro ou de veículo que ninguém lê/ouve/vê as que mais ameaçam a segurança e a vida dos cidadãos e a qualidade das políticas. O mais grave perigo está no falso noticiário disseminado por grandes veículos e grandes agências das grandes mídia-empresas."













Noticiário não factual, de notícias falsas, tem consequências políticas. Isso, especialmente quando propagandistas de partidos políticos recolhem o noticiário falso para promover as respectivas agendas. Não é fácil investigar cientificamente o rastro das notícias falsas, mas ofereço aqui um caso recente, "colhido in natura".

Associated Press é agência de distribuição de notícias sem finalidades de lucro e política, dita neutra, mantida por mídia-empresas (de jornais e outras mídias) norte-americanas de várias filiações políticas. A ampla faixa de consumidores (quase sempre) impede a agência de produzir exclusivamente reportagens domésticas partidarizadas. Mas nas questões internacionais, isso muda muito. 

A seleção de itens de noticiário que AP recolhe, produz e distribui é orientada pelos interesses de seus consumidores e, portanto, nada tem de 'isenta'. Mas o noticiário de eventos, de itens noticiosos é em geral direto – ou há quem creia que seria. Às vezes, tomam-se decisões políticas baseadas em noticiário da AP. É motivo portanto de justa preocupação, quando a AP distribuiu noticiário obviamente falso.