segunda-feira, 9 de abril de 2018

Operação Hades – Modelo para o caso 'Novichok'?

3/4/2018, Moon of Alabama

(Esse é um postado de serviço, para reunir vários itens relacionados ao incidente 'Novichok' em Salisbury e o destino do espião britânico Sergej Skripal e sua filha Yulia. Para uma revisão ampla do caso, verifiquem por favor ao final desse postado os links para artigos detalhados [em ing.]).

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu



O governo russo mandou 14 perguntas específicas ao governo britânico e 13 perguntas à OPCW. Parece que há alguma participação de franceses na investigação do suposto agente químico de efeito neurológico, e a Rússia pergunta o que está realmente acontecendo.

Alexander Yakovenko, embaixador russo à Grã-Bretanha, aumentou ainda mais a pressão sobre Theresa May ao afirmar que o caso Skripal foi 'provocação' iniciada e levada adiante pela inteligência britânica.

Telepolis aponta (na Alemanha) que não seria a primeira vez que um serviço 'ocidental' encena 'provocação' desse tipo. O caso Skripal é realmente comparável à Operação Hades.

Dia 10/8/1994 funcionários alemães em Munique 'encontraram' 363 gramas de plutônio num avião que vinha de Moscou. Eles imediatamente afirmaram que o plutônio 'altamente provavelmente' viria de um reator russo. Houve grande pânico na mídia, barulho político internacional e condenação da Rússia.


Capa da revista Time, 29/8/1994

Isso aumentou a pressão sobre o governo russo para que aumentasse a segurança nos depósitos nucleares. Os EUA ofereceram uma 'ajuda' com segurança nuclear e assim obtiveram acesso fácil a segredos nucleares da Rússia. O caso eclodiu no meio de uma campanha eleitoral federal na Alemanha e ajudou a reeleger o chanceler Kohl.


Meses adiante apareceram os primeiros vazamentos, o que levou repórteres a escavar mais fundo. E a história começou a vir à tona.

A revista Der Spiegel encheu dez páginas (em alemão) com a história explosiva.


Capa da revista Spiegel, 10/5/1995: "O golpe nuclear da inteligência alemã" / "Como agentes secretos alemães inventaram o caso do plutônio"


Aconteceu afinal que o plutônio não vinha da Rússia, mas, isso sim, havia sido plantado pelo equivalente alemão do MI6, o Bundesnachrichtendienst(BND). Vazamentos e contravazamentos criaram novelão rocambolesco, para ocultar a verdade. Uma comissão parlamentar investigou o caso, mas o governo Kohl rapidamente tratou de pôr fim ao assunto, sem qualquer consequência política. Logo depois, o diretor do BND, profundamente envolvido na ação, Bernd Schmidbauer, foi aposentado.

Os russos denunciaram o caso 'Novichok' como 'provocação' encenada. Há um modelo histórico prototípico dessa 'provocação', e foi operação da inteligência 'ocidental'. Esse precedente dá credibilidade e mérito consideráveis ao que dizem os russos.


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Foram necessários apenas nove meses para a "Operação Hades" ser desconstituída. O conto de fadas 'Novichok' pode acabar ainda mais depressa.


Sky News Breaking @SkyNewsBreak - 2:59 PM - 3 Apr 2018
O presidente executivo do laboratório de pesquisa de Porton Down disse que os cientistas de SkyNews não conseguiram provar que o agente químico Novichok com efeito neurológico usado para envenenar Sergei e Yulia Skripal veio da Rússia; tampouco conseguiram estabelecer a real origem do veneno.


Acorde, Mrs. May! Cuidado com a rachadura na parede de sua credibilidade.

Vídeo da entrevista de Mr. Aitkenhead na Sky News. 

(Inclui interessante jogo de palavras: "O entrevistado só oferece provas científicas" (sic). Implica que o governo pode ter também 'outras' – quer dizer 'provas não científicas' – a favor do que está dizendo).

À luz da declaração do laboratório Proton Down pode-se dizer agora que Boris Johnson, dia 20 de março, na DW, provou que, acima de qualquer dúvida, é 'mentiroso categórico absoluto':


O senhor disse que a origem desse agente químico com efeito neurológico, Novichok, é a Rússia. Como o senhor descobriu tão depressa? A Grã-Bretanha tem amostras do produto?

Boris Johnson: Permita-me ser bem claro com você (...) Quando procuro a prova, quero dizer, o povo de Porton Down, o laboratório (…)

Ah! Então eles têm amostras... 

BJ: Têm. E foram absolutamente categóricos e eu mesmo, eu, perguntei ao rapaz, perguntei "Você tem certeza?" E ele me disse que não há dúvida alguma.


Na entrevista, Boris Johnson tentou comprometer preventivamente o que viria do Porton Down. Hoje veio o revide.

A volta do cipó de aroeira é cão furioso, Mr Johnson. Cão furioso doido que morde.


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Grupo de Trabalho sobre a Síria, Propaganda e Mídia, vários professores e intelectuais britânicos, publicaram uma atualização ao memorando‘Dúvidas sobre Novichoks’ no website de Tim Hayward.

A atualização distingue cuidadosamente e discute as várias substâncias químicas e programas de pesquisa relevantes para o que dizem os britânicos sobre o tal 'Novichok'. O produto químico 'Novichok' de efeito neurológico que Vil Mirzayanov descreve em seu livro parece ser diferente da substância de que falaram outros cientistas russos em entrevistas recentes. Os EUA contudo, assim como outros países, evidentemente trabalharam com algumas das substâncias descritas por Mirzayanov e ocultaram essas pesquisas da OPCW. O Grupo de Trabalho conclui:


O governo do Reino Unido afirmou que "Nenhum país nega que a Rússia possui capacidade, intenção e motivo combinados" para executar os envenenamentos de Salisbury. Estudos publicados mostram que esses compostos podem ser sintetizados em escala suficiente para uma ação de assassinato em outros países. O caso, como apresentado pelo governo do Reino Unido depende absolutamente de opiniões subjetivas sobre supostos "intenção e motivo", itens absolutamente discutíveis.


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Há poucos dias, Victoriya Skripal, prima de Yulia Skripal, foi entrevistada pelo website russo MKRU(Ru). Em Stalkerzone lê-se uma tradução ao inglês, de toda a entrevista. Dessa entrevista ficamos sabendo que:


  • Victoriya Skripal tentou obter informações de sua prima supostamente envenenada, Yulia, e do tio Sergej, na Embaixada britânica na Rússia desde o dia 5 de março. Também sem sucesso tentou contato com o hospital em Salisbury. Ouviu na embaixada russa na Grã-Bretanha que Yulia está acordada, pode comer e beber e disse umas poucas palavras.

  • Pouco antes do incidente, Yulia recebeu cerca de $200 mil, herança de seu irmão falecido. Que se saiba até agora, isso nada tem a ver com o caso.

  • Sergej Skripal não é homem solitário: tem muitos amigos e família na Rússia e na Grã-Bretanha que o visitava com regularidade em Salisbury.

  • Sergej Skripal tem dois gatos e dois porquinhos-da-índia. Victoriya Skripal pergunta: que fim levaram? (Lamberam a maçaneta e viraram zumbis mortos-vivos?)

  • Victoriya Skripal quer viajar à Grã-Bretanha e trazer Yulia, pelo menos, com ela, de volta para casa.

Tudo leva a crer que Victoriya Skripal concedeu entrevista a Mail Online (ou Mail plagiou a matéria de MKRU). Não parece trazer qualquer informação nova.


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Funcionários britânicos espalharam várias teorias sobre onde e como os Skripals foram envenenados. Segundo vazamentos 'oficiais' para a mídia britânica, o suposto agente químico de efeito neurológigo foi aplicado na porta do carro de Sergej Skripal; estava numa pizza, na bagagem ou num perfume de Yulia Skripal, ou na entrada de ar do carro. Pode ter sido pulverizado por um mini drone, ou a coisa foi esfregada na maçaneta da entrada da casa de Skripal, ou, então, quem sabe, como se dizia ontem, estava em preparado de cereais integrais comprados da Rússia, a pedido de Sergej Skripal.

Em minha opinião, nenhuma dessas 'explicações' é plausível. A simples quantidade astronômica de possibilidades em discussão já mostra que ninguém tem sequer ideia do que aconteceu e de como aconteceu; ou então, alguém está querendo enterrar o caso sob uma montanha de desinformação. Pode-se chamar o fenômeno de "Novi-fog" ou "Neofumacê". Faz ver que há manchetes que não passam de propaganda, como essa: "Maçaneta envenenada indica complô de alto nível para assassinar espião, dizem funcionários britânicos". Veneno estava na maçaneta (parece que estava)! Então... culpa de Putin, em pessoa!"


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John Helmer, que escreve de Moscoudemonstra que o governo britânico está infringindo várias leis da Grã-Bretanha e acordos internacionais, ao impedir que a família e o serviço consular da Embaixada Russa na Grã-Bretanha tenham acesso aos Skripals.


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São os seguintes os artigos de Moon of Alabama sobre o caso Skripal:


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Um comentário:

Anônimo disse...

Isso parece com o caso do Triplex e o Sítio que pertencem ao LULA!!! A CIA/NSA/MI6/MOSSAD/ . . . etc, andam mesmos desesperados com a RÚSSIA / CHINA / IRÃ.