traduzido por btpsilveira
É necessária uma reavaliação da desastrosa administração Obama, tanto nos Estados Unidosquanto no exterior, com a aproximação do final do seu mandato.
A Comissão Econômica e Social para a Ásia Ocidental (ESCWA, na sigla em inglês) das Nações Unidas chegou mesmo a redigir um relato especial para avaliar o dano infligido sobre o Oriente Médio pelas assim chamadas revoluções da “Primavera Árabe”, que foram encenadas durante a administração Obama, pelas agências de inteligência dos Estados Unidos.
O relatório observa que os protestos na Tunísia funcionaram como um catalisador para as revoltas ou protestos em vários outros países árabes, entre eles Egito, Iêmen, Síria, Barein, Líbia, Oman, Jordânia e Marrocos. A seguir, uma intervenção militar dos Estados Unidos provocou a queda do governo de Muammar Kadaffi na Líbia. Ao mesmo tempo, Washington não tinha qualquer plano de estabilização pós guerra depois que terminou sua intervenção militar. O presidente “pato manco” dos Estados Unidos mais tarde chamou isso de “um grande erro”, e descreveu a situação na Líbia como um caos total.
O relato acima mencionado deixou estabelecido que a Primavera Árabe resultou na espantosa soma de 614 bilhões de dólares de perda de crescimento nos países árabes. Estima-se que os conflitos na região entre 2011 e 2015 deixaram uma rede de perdas equivalente a 6% do PIB da região.
Na Síria, quando os protestos antigovernamentais eclodiram, desaguaram em um conflito que foi arquitetado por potências estrangeiras. As perdas de capital e do PIB foram de 259 bilhões de dólares desde 2011, de acordo com a Agenda Nacional para o Futuro da Síria, da ESCWA.
Quando Obama assumiu o poder em 2009, ele buscou uma reaproximação com a maioria do mundo muçulmano. Em seu discurso histórico no Cairo, em junho daquele ano, ele descreveu a situação da Palestina como “intolerável”, e prometeu perseguir – “com toda a paciência e dedicação que o assunto requer” – uma política de “dois Estados, onde palestinos e judeus possam viver em paz e segurança”. Mas Obama acabou fazendo muito pouca coisa e não alcançou qualquer progresso nestes assuntos. Agora ele deixa o gabinete sem cumprir nenhuma de suas principais promessas, o que constitui um fracasso monumental do laureado com o Prêmio Nobel da Paz.
Os conflitos não têm fim na Síria, Iraque, Iêmen e Líbia; uma cadeia constante de ataques terroristas continua sendo organizada na Tunísia, Turquia e Líbano; tudo enquanto os habitantes da Cisjordânia ocupada insistem em demonstrar sua revolta. Sem dúvida, tudo isso mostra bem o que é o legado de Obama. A presidência de Barak Obama está a um passo do fracasso completo, como bem assevera o professor de relações internacionais da Faculdade Kennedy em Harvard na sua entrevista concedida para a rede Al-Jazeera.
A administração Obama é responsável por quase todas as guerras no Oriente Médio, na maioria dos países da região, que, com exceção da Tunísia e Oman, estão no momento atolados em uma crise perpétua. Como dizem alguns analistas, a política dos Estados Unidos para o Oriente Médio é um “Castelo de Cartas” que desaguou em fracasso total, mesmo porque baseado em mentiras e trapaças. As políticas efetuadas pela administração Obama facilitaram a criação de um quadro regional no qual os Estados Unidos continuam a desempenhar o papel de um força externa invasora, em vez de fazer esforços no sentido de conseguir a estabilização da região.
A falta de inteligência e de visão estratégica da Casa Branca resultou em uma crise de refugiados em andamento, enquanto os grupos terroristas, como percebem vários analistas, permanecem ainda no estágio pan-arabista, pelo menos no futuro previsível. Pior: não há como impedir o retorno dos mercenários recrutados na Europa e nos próprios Estados Unidos para lutar no exterior.
Uma forma de resolução para a crise na Síria deverá ser de alta prioridade para a próxima administração a Casa Branca, mas para conquistar esse objetivo, deverá ser abandonada a ideia de derrubar o presidente Bashar al-Assad, e ter em mente que os assuntos regionais atualmente não podem ser resolvidos sem a participação da Rússia.
Mesmo na medida em que o público (norte)americano está ficando cada vez mais cansado das idas e vindas dos EUA no Oriente Médio, a região continuará sendo estrategicamente importante para a política externa dos Estados Unidos nos próximos anos.
Martin Berger é um jornalista freelance e analista geopolítico, exclusivamente para a revista online “New Eastern Outlook.”
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