Novas armas nucleares da Rússia: De mísseis hipersônicos a submersíveis tripulados à distância

2/3/2018, SouthFront

Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu

Dia 1º de março, o presidente Vladimir Putin fez seu discurso anual "O Estado da Nação" à Assembleia da Federação Russa, e revelou os seis novos sistemas, estado da arte em armas estratégicas.

Segundo Putin, as armas avançadas baseiam-se em extraordinárias realizações tecnológicas. Uma delas, uma "unidade miniaturizada de energia para alto desempenho" [ing. "small-scale heavy-duty nuclear energy unit"], que permite desenvolver "um sistema de armas nucleares estratégicas com um míssil movido por energia nuclear".

– "Um míssil de tipo 'invisível aos radares' [stealth], que voa a baixa altitude e transporta uma ogiva nuclear. Tem alcance quase ilimitado, trajetória não previsível e capacidade para contornar os limites conhecidos de interceptação. É invencível contra todos os sistemas existentes e em estudos, de mísseis de defesa e de defesa antiaérea" (discurso do dia 1/3, vídeo em 1:31'00"). Foi lançado com sucesso no campo Central de treinamento, no final de 2017.

– O sistema aéreo míssil hipersônico de alta precisão, Kinzhal [ru. Adaga]. O míssil voa em velocidade hipersônica M10, dez vezes mais rápido que o som; pode manobrar em todas as fases da trajetória do voo, e superar sistemas de defesa antiaérea e antimíssil; e pode 'entregar' ogivas nucleares e convencionais em alvos localizados em distâncias superiores a 2.000 quilômetros. Dia 1/12/2017 esses sistemas entraram em operação-teste a partir das bases do Distrito Militar Sul da Rússia.

– Um veículo submersível intercontinental movido por energia nuclear e pilotado à distância, que pode viajar em grandes profundidades entre os continentes, movendo-se em velocidade múltiplas vezes superior à velocidade de submarinos, torpedos de último tipo e todos os tipos de naves e embarcações de superfície, inclusive algumas das mais rápidas. Esses submersíveis podem transportar ogivas nucleares e ogivas convencionais. Uma unidade inovadora de motor movido a energia nuclear para esse submersível comandado à distância completou um ciclo de testes em dezembro de 2017.

– O sistema de míssil hipersônico estratégico Avangard – uma 'asa-planador' com autonomia para voo intercontinental em velocidades supersônicas acima de Mach20. O bloco asa-planador cruzador pode viajar distâncias intercontinentais; é altamente manobrável – lateral e verticalmente –, praticamente em condições de formar plasma. A temperatura na superfície da asa-planador alcança entre 1.600–2.000 graus Celsius.

– O míssil balístico intercontinental superpesado Sarmat, pesa mais de 200 toneladas, tem curta fase de ignição, o que dificulta ainda mais a interceptação por sistemas de mísseis de defesa. É equipado com ampla coleção de poderosas ogivas nucleares, incluindo ogivas hipersônicas, e os mais modernos meios para contornar mísseis de defesa. O Sarmat tem alcance praticamente ilimitado.

Além disso, desde 2017, os soldados russos já portam armas com laser.

"Não quero revelar mais detalhes, porque ainda não é hora", disse Putin, que acrescentou: "Obviamente, há muito mais desenvolvimentos do que lhes apresentei hoje. Mas fiquemos por aqui, por hora."

As armas reveladas já ultrapassaram as fases de testes, entraram em uso e foram testadas para combate. 

Esses sistemas serão usados para dois objetivos principais:

§  Para interceptar mísseis estratégicos de possível agressor, em diferentes altitudes;

§  Para que as forças nucleares estratégicas contem com veículos aéreos, aeroespaciais e submersíveis. Esses veículos serão usados para superar defesas de mísseis e para causar dano inaceitável às forças armadas e à infraestrutura do inimigo. Podem destruir vários alvos no coração do território do inimigo, para destruir grupos de aeronaves, fortificações costeiras, quartéis-generais, possivelmente uma constelação de satélites e outros alvos.