segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Putin: ""Faremos da Síria uma Stalingrado. Turquia não entrará."

Putin lança Ultimato, e ameaça com guerra o apoio de Erdogan ao ISIS no conflito Sírio
4/8/2015, Gordon Duff, editor chefe de Veterans Today


Trazemos a você este artigo publicado no site Veterans Today que relata um suposto atrito ocorrido entre o embaixador da Turquia na Russia e o próprio presidente Putin.

Resolvemos publicá-lo porque o encontro realmente aconteceu, e foi relatado de forma diversa (ainda que bombástica) pelo jornal russo The Moscow Times, uma publicação controlada pela Booz Allen Hamilton, empresa que presta serviços a CIA. O artigo entretanto, foi removido logo depois pelo jornal.

Não é possível confirmar a veracidade dos relatos contidos no artigo, mas estas infos estão circulando em alguns sites da internet. Por curiosidade, e por duvidar eu mesmo da veracidade do artigo, resolvi consultar o The Saker, conhecido blogueiro e profundo conhecedor da alma russa, uma das pessoas mais bem informadas sobre os acontecimento naquele país, quando o mesmo declarou não acreditar na história abaixo relatada. Definitivamente, a histeria não é uma característica de Putin. 

Julguem por vocês mesmos...     é a guerra de informação que por vezes se torna mais violenta que conflito militar...   [nota do Blog]





Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu






O presidente Vladimir Putin da Rússia, em reunião com o embaixador turco, lançou ultimato verbal, exigindo o fim imediato do apoio que Erdogan está dando aos terroristas do ISIS e repetidas violações da soberania da Síria.  Com isso, Putin demarcou uma linha vermelha em torno da Síria, depois de a OTAN escalar durante semanas, em repetidos ataques ao país.

Em movimento surpreendente, o presidente russo Vladimir Putin atacou duramente o presidente Recep Erdogan da Turquia, chamando-o de "ditador" e ameaçando romper relações diplomáticas com a Turquia, por causa do que Putin chama de continuado apoio de Erdogan à organização terrorista ISIS.

Essa parece ser a resposta de Putin a declarações que Erdogan distribuiu ontem para toda a imprensa-empresa ocidental, segundo as quais Putin lhe teria dito que a Rússia suspenderia o apoio à Síria (o país está lutando contra a al-Qaeda, o ISIS e outras organizações afiliadas mantidas pelo ocidente).

Putin convocou ao Kremlin o embaixador turco em Moscou, Umit Yardim, para o que foi uma dura conversa, quando Putin respondeu diretamente e claramente às acusações de Erdogan e de seu embaixador. Aqui uma tradução satisfatoriamente fidedigna do que o embaixador turco ouviu:



“Diga lá ao ditador seu patrão que vá p'rô inferno. A menos que pare de dar apoio – que sabemos com certeza, comprovadamente, que ele está dando – aos terroristas, a Rússia romperá relações diplomáticas. Estamos em posição para fazer da Síria uma Stalingrado gigante. A Turquia e seus aliados sauditas e toda aquela ganguezinha de Hitlers pervertidos não entrarão.

Aquele seu ditadorzinho é hipócrita: ataca o golpe militar no Egito e, simultaneamente, tenta derrubar o governo eleito na Síria. Não duvide: China, Irã e Rússia garantiremos a sobrevivência da Síria.”

Em matéria publicada pelo Moscow Times, veículo controlado pela Booz Allen Hamilton, empresa que presta serviços à CIA, lê-se coisa diferente; o embaixador Yardim teria berrado com Putin dentro do Kremlin, culpando-o por todas as desgraças da Síria. O jornal Moscow Times, classificado como veículo de mídia de propriedade de estrangeiros, está sendo vendido a proprietários russos, nos termos da nova lei de propriedade de empresas de jornais e televisões, que entrará em vigor no próximo mês de setembro de 2015.

Sabe-se que o encontro durou duas horas e aconteceu a portas fechadas. A versão aqui publicada nos chegou vazada de fontes próximas do presidente Putin. Temos todos os motivos para crer que nossa versão é a correta e que, sim, a Turquia ouviu um ultimato.

Ontem, o presidente Obama anunciou que os EUA garantirão apoio aéreo aos jihadistas treinados pelos EUA e que estão infiltrados em território sírio. É altamente provável que a declaração da Casa Branca tenha sido distorcida nas citações que se leem no Wall Street Journal, jornal de Murdoch. O WSJ, em mais um caso de "superdistensão da missão da empresa", cita fontes anônimas no Pentágono, aplicadas em florear a fala de Obama, até meter lá ataques aéreos contra forças do presidente Assad.

O fato de a Casa Branca não ter exigido que o WSJ corrigisse aquelas 'declarações' pelo menos até hoje pela manhã, horário de Washington, pode ter sido mais um fator a influenciar a estratégia de Putin. Em vasta medida, o Wall Street Journal já se tornou órgão oficial de propaganda e divulgação das armações e golpes de Netanyahu, desde que Murdoch comprou o jornal, em 2011. E há muito tempo Netanyahu vê-se como o único vencedor de todos os confrontos militares passados e futuros entre Rússia, China e OTAN e Japão.


O golpe avança


Outro fator que pode ter contribuído para Putin estar perdendo a paciência é a questão do avião da Malaysian Airlines derrubado sobre a Ucrânia. Semana passada a Rússia vetou e fez abortar uma manobra no Conselho de Segurança da ONU que tentava criar uma 'comissão de inquérito' absolutamente sem precedentes, para 'investigar' a questão, baseada em resultados de uma investigação feita na Holanda (pela OTAN), cujos resultados ainda nem foram divulgados.

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, disse, sem meias palavras que absolutamente não confia em investigação conduzida pela OTAN. A coisa toda, na interpretação dos russos, não passa de mais uma tentativa para gerar 'matéria jornalística', que os jornais ocidentais se poriam a repetir infinitamente, segundo a qual um evento que a inteligência russa já demonstrou que foi obra de dentro do regime Kiev (atentado sob falsa bandeira), seria divulgado como se fosse alguma vitória 'do ocidente' contra a Rússia.

Para a Rússia, toda a operação é sempre a mesma tentativa de atribuir a derrubada do voo MH17 a um ataque por míssil russo BUK – embora até hoje não tenha surgido uma única prova ou indício nessa direção, o que não impediu que a 'mídia' ocidental a tenha abraçado como se fosse verdade revelada por Deus.

Verdade é que a Rússia reuniu e divulgou todas as provas necessárias, trabalhando com investigadores especializados alemães, de que o voo MH17 foi derrubado por arma SU25 disparada de Kiev, ação rastreada por vários radares próximos do Boeing 777 segundos antes de o avião ser derrubado. O ocidente recusa-se a considerar essa investigação, assim como também se recusa a aceitar as provas de que a Turquia usava armas químicas contra civis dentro da Síria.

Em 2012, investigadores russos tentaram mostrar as provas científicas que haviam reunido, de que forças da al-Nusra estavam usando gás sarin turco perto de Aleppo. O ocidente não quis ver as provas, nem depois de o judiciário turco já ter ordenado a prisão de terroristas turcos e estrangeiros que trabalhavam em fábricas clandestinas de produção de gás sarin dentro da Turquia.

Só quando a possibilidade de confronto militar direto entre EUA e Rússia tornou-se bem real, o presidente Obama reconheceu a versão síria dos eventos. O jornalista de investigação Seymour Hersh expôs toda essa disputa e o papel de Erdogan no uso de gás sarin contra civis sírios, em seu livro The Red Line and the Rat Line [e também em artigo de mesmo título: 7/4/2014, "Linha vermelha e linha de rato: sobre Obama, Erdoğan e os rebeldes sírios", Seymour M. Hersh, London Review of Books (online), traduzido em Redecastorphoto (NTs)].

Em junho de 2015, Erdogan não obteve a maioria a que aspirava nas eleições nacionais, derrotado por enorme votação a favor da oposição curda. Erdogan continuou a governar mesmo sem ter até hoje conseguido construir novo governo – por isso o presidente Putin chama Erdogan de "ditador".

Estima-se que pelo menos 25 mil terroristas do ISIS entraram na Síria e no Iraque, a partir da Turquia, desde 2011. Nos últimos 18 meses, grande número de oficiais turcos têm sido presos ou mortos em combates dentro da Síria. Além disso, grande número de combatentes do ISIS e da Frente al-Nusra capturados pelos sírios, curdos e iraquianos referem-se à integral cumplicidade da Turquia em todas as operações de terror em que tomaram parte.

Deve-se observar que o ataque terrorista de 20/6/2015, supostamente organizado pelo ISIS contra os curdos que fazem oposição a Erdogan, na cidade de Suruc, foi usado como pretexto para assalto aéreo turco contra Síria e Iraque. A Turquia tem feito centenas de ataques contra vilas curdas, garantindo apoio aéreo aos terroristas do ISIS que combatem contra os curdos do YPG e do PKK.

Outro fator decisivamente importante tem a ver com mudança total nas relações sauditas no Oriente Médio. Em artigo de hoje, da Agência Fars, de Teerã, lê-se o seguinte:


“No contexto da iniciativa russa para dar sustentação à reaproximação sauditas-sírios, o chefe da inteligência do reino saudita pode visitar Damasco até o final de agosto, informam fontes atualizadas. 

Mais de 200 sauditas foram presos por autoridades sírias por atividades terroristas, e 700 outros se uniram a grupos militantes que estão lutando contra o Exército, informou Al-Manar.

As fontes acrescentaram que o lado russo conseguiu convencer os líderes sauditas que combater contra o ISIL e demais grupos terroristas é muito importante para todos os países da região.

Segundo nossas fontes, a Rússia entende que preservar o triângulo sauditas-sírios-egípcios preservará a situação política e de segurança no Oriente Médio, e que se os terroristas conseguirem desmontar essa fórmula, nada conseguirá impedir que o terrorismo se alastre pela região e rapidamente alcance a Europa.

As mesmas fontes observam que a convergência sauditas-sírios deve levar a bons resultados, embora seja preciso esperar algum tempo para que o Reino da Arábia Saudita organize-se internamente e prepare-se para essa importante mudança estratégica."

Erdogan, o elo mais fraco


Com os movimentos da OTAN na região, incluindo armas de defesa aérea para a Latvia, com a militarização da Polônia, e o silêncio dos EUA que não dizem palavra contra a violação continuada dos acordos de paz de Minsk, é possível que os russos tenham escolhido atacar pelo flanco turco, como o "ventre mais mole e sensível" da OTAN. Com os problemas domésticos que Erdogan enfrenta e a possível cumplicidade dele nos ataques terroristas perpetrados sob falsa bandeira contra rivais políticos, uma guerra civil na Turquia é possibilidade muito real. Semana passada, a OTAN votou e aprovou manter "apoio sem questionar", à Turquia. 

É muito provável que Putin tenha decidido obrigar os EUA a pagarem pelo menos uma parte de 14 anos de belicosidade irracional. *****

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