terça-feira, 22 de janeiro de 2019

‘Ameaça estratégica’ contra Israel - Progressistas já não temem defender os palestinos

22/1/2019, Moon of Alabama

Traduzido pelo Coletivo Vila Mandinga



Há duas semanas, o lobby sionista puniu a ativista de direitos civis Angela Davis, por apoiar o movimento contra Israel Boicotar-Desinvestir-Sancionar (BDS). Por pressão do lobby, o Instituto Birmingham de Direitos Civis no Alabama cancelou a cerimônia anual de gala, na qual Davis receberia um prestigioso prêmio por serviços a favor dos direitos civis. O cancelamento gerou forte contrarreação. A prefeitura de Birmingham aprovou por unanimidade uma resolução de reconhecimento ao trabalho de toda a vida de Angela Davis. O presidente, o vice-presidente e o secretário do Instituto foram obrigados a deixar os cargos.

Depois do escândalo, abriram-se as portas do inferno. No domingo, o New York Times publicou coluna em que criticava a política de Apartheid da entidade sionista no Oriente Médio.


Time to Break the Silence on Palestine 
É tempo de romper o silêncio sobre a Palestina
Martin Luther King Jr. falou corajosamente sobre a Guerra do Vietnã. Temos de fazer o mesmo no que tenha a ver com essa grave injustiça do nosso tempo.


Assinada por Michelle Alexander, defensora dos direitos humanos, autora de The New Jim Crow e agora colunista regular do NYT, a coluna retoma Martin Luther King. Compara a valente oposição que MLK fez, desde o primeiro momento, à Guerra do Vietnã, à relutância que se vê hoje entre os ‘progressistas-em-tudo-exceto-se-o-assunto-é-a-Palestina’ a declarar-se em oposição às políticas do autoproclamado Estado Judeu:


A posição de King foi moral, e ele a assumiu pessoalmente, sozinho. Custou-lhe caro. Mas nos deixou o exemplo do que se tem de fazer se queremos mesmo honrar nossos valores mais profundos em tempos de crise, ainda que o silêncio sirva melhor aos nossos interesses pessoais ou às comunidades cujas causas nos sejam caras. Penso nisso hoje, ouvindo as desculpas e racionalizações que até hoje me mantiveram calada sobre um dos maiores desafios morais de nosso tempo: a crise na Palestina-Israel.



Imagem: Michelle Alexander


Alexander apela aos que apoiam os direitos civis, para que se posicionem e falem contra as políticas de apartheid da Entidade Sionista:

Não devemos admitir e tolerar que Israel recuse-se até a discutir o direito de os palestinos refugiados voltarem à própria terra e às próprias casas, como determinam resoluções da ONU, e temos de questionar os fundos pagos por governos dos EUA que apoiaram incontáveis violências e hostilidades  e milhares de mortos civis em Gaza, além dos $38 bilhões que o governo dos EUA prometeu a Israel, em apoio militar. 

E, finalmente, temos, com toda a coragem e a convicção de que sejamos capazes, falar contra o sistema de discriminação legalizada que há em Israel, o qual, segundo Adalah, O Centro Legal pelos Direitos da Minoria Árabe em Israel, inclui 50 leis que discriminam contra os palestinos – como a nova lei do estado-nação que diz explicitamente que só judeus israelenses têm direito à autodeterminação em Israel, ignorando os direitos da minoria árabe que é 21% da população.


A coluna narra o crescimento do movimento de defesa dos direitos dos palestinos, e as pressões que têm sofrido todos que o apoiam e divulgam. A coluna, muito bem escrita, fecha com uma promessa de não desistir dessa luta:


Não posso garantir que King aplaudiria a cidade de Birmingham pela empenhada defesa da solidariedade aos palestinos, que Angela Davis sempre manifestou. Mas eu aplaudo. Nesse novo ano, me empenharei em falar cada vez com mais coragem e convicção contra as injustiças que se cometem longe das fronteiras dos EUA – especialmente contra as injustiças que são financiadas pelo governo dos EUA. E me levantarei em solidariedade a lutas por democracia e liberdade. Minha consciência não me deixa outra escolha.


lobby sionista com certeza tentará pressionar o New York Times, veículo que frequentemente promove as posições mais absurdamente pró-sionistas, para que o jornal demita Michelle Alexander ou que, no mínimo, censure o que ela escreva. Se nada disso acontecer, o lobby estará diante de um grande problema.

A coluna, e o fato de ter sido publicada pelo New York Times, sinaliza uma mudança nas coordenadas dos discursos admitidos/tolerados [“Janela de Overton”] sobre a Palestina. Posições antes condenadas ou desqualificadas como antissemitas, passarão a poder ser discutidas.

Mas o real problema que o lobby sionista enfrenta é ainda maior. Se o movimento dos direitos civis seguir Davis e Alexander e apoiar ativamente posições pró-palestinos, influenciará a posição política do Partido Democrata e a posição geral dos candidatos Democratas do tipo ‘progressistas-em-tudo-exceto-se-a-coisa-tiver-a-ver-com-a Palestina’; ou gente como Kamala Harris – mais para AIPAC que para J Street[aqui, sobre o J(ew) Street] se tornará inelegível. OK. Demorará, até surtir efeito. Mas é mudança gigantesca.

Nas reações do lobby já se vê o medo. O embaixador de Israel tentou inverter toda a questão:


David M. Friedman @USAmbIsrael - 17:42 utc - 20 Jan 2019Michelle Alexander errou gravemente no NYT hoje. Se MLK fosse vivo hoje, acho que muito se orgulharia de seu robusto apoio ao Estado de Israel. O melhor a fazer, para um árabe no Oriente Médio, que seja mulher, gay, cristão ou deseje educar-se e melhorar de vida, é mudar-se para Israel.


O antecessor de Friedman no posto de embaixador, hoje vice-ministro israelense encarregado da diplomacia pública, ofereceu resposta mais brutal:


Michael Oren @DrMichaelOren - 18:16 utc - 20 Jan 2019Reposta a @USAmbIsrael @NYT
O Embaixador Friedman está correto, mas Israel precisa tomar medidas sérias para se autodefender. Ao fazer crer que apoiar Israel é o mesmo que apoiar a Guerra do Vietnã e fazer oposição a MLK, Alexander nos deslegitima perigosamente. É uma ameaça estratégica. Israel deve tratá-la como tal.


Oren é encarregado das organizações do lobby israelense que são mostradas no filme (4 partes) The Lobby USA:


Para conseguir acesso aos serviços internos do lobby israelense, o repórter “Tony” (codinome) fez-se passar por um voluntário pró-Israel em Washington.
O filme que resultou dessa reportagem expõe os esforços de Israel e seus lobbyistas para espionar, caluniar e ameaçar cidadãos norte-americanos que apoiam os direitos humanos dos palestinos, especialmente quem participe do movimento BDS.
Mostra que o Ministério de Assuntos Estratégicos, agência governamental semiclandestina de operações sigilosas de Israel, opera em colusão com uma extensa rede de organizações com bases nos EUA.


Ao declarar que Alexander seria ‘ameaça estratégica’, Oren declara que ela tem de ser destruída. Oren usará todo seu poder e suas organizações secretas para derrotar a ‘ameaça’. Os sionistas com certeza sacarão suas grandes armas contra ela. Vão caluniar, chantagear e farão de tudo para intimidar Alexander. Ameaçarão o NYT com ‘consequências’. Vencerão? Só o tempo dirá.*******

7 comentários:

Ethan disse...


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Anônimo disse...

Sim, infelizmente conseguirão.
Os sionistas são astutos e se fazem presente (sabiamente) em toda parte.

Luã Reis disse...

Será que esse lobby sionista agiria para influenciar outras eleições?

Por exemplo, um país sul-americano que elege um fascista tarado por Israel...

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