22/11/2015, Moon of Alabama
A mídia-empresa norte-americana, especialmente as empresas de TV a cabo, parecem dedicadas a criar histeria totalem torno do Estado Islâmico e de muçulmanos em geral. Suponho que, agora, o 'noticiário' visa a preparar a 'opinião pública' nos EUA para guerra declarada contra a Síria.
O modo como operam tem lógica própria. Tom Toles, do Washington Post captou aí o movimento de vai e vem do facão. É exatamente como o envolvimento dos EUA na Síria desenrolou-se até agora.
Linha 1:
Quadrinho 1
– Você pode pelo menos dizer alguma coisa sobre os bandidos?
– Condeno firmemente as ações deles
Quadrinho 1
– Você pode pelo menos dizer alguma coisa sobre os bandidos?
– Condeno firmemente as ações deles
Quadrinho 2:
– De que adianta só falar? Tem de mandar dinheiro para a oposição.
Quadrinho 3:
– Estamos com problema de déficit. Vou pagar com meu cartão de crédito.
Linha 2:Quadrinho 1
– Só dinheiro não adianta. Tem de mandar armas para eles.
Quadrinho 2
[Caminhão de entrega de armas vazio] Roubaram todas as armas
Quadrinho 3
– Só armas não adianta. É preciso treinar eles.
Linha 3Quadrinho 1
[Campo de treinamento] – Todos eles fugiram.
Quadrinho 2
– Não podemos retroceder depois de tudo isso. Precisamos de coturnos em solo.
Quadrinho 3
COTURNOS EM SOLO
(há uma última linha, para nós ilegível [NTs])
______________________________ _____________
– De que adianta só falar? Tem de mandar dinheiro para a oposição.
Quadrinho 3:
– Estamos com problema de déficit. Vou pagar com meu cartão de crédito.
Linha 2:Quadrinho 1
– Só dinheiro não adianta. Tem de mandar armas para eles.
Quadrinho 2
[Caminhão de entrega de armas vazio] Roubaram todas as armas
Quadrinho 3
– Só armas não adianta. É preciso treinar eles.
Linha 3Quadrinho 1
[Campo de treinamento] – Todos eles fugiram.
Quadrinho 2
– Não podemos retroceder depois de tudo isso. Precisamos de coturnos em solo.
Quadrinho 3
COTURNOS EM SOLO
(há uma última linha, para nós ilegível [NTs])
______________________________
"Que feições assumiria esse esforço? Primeiro, seria necessário cria uma zona segura na Síria, dando aos milhões de futuros refugiados que permanecem no país um local para ficar e aos centenas de milhares que fugiram para a Europa, um local para voltar. Para estabelecer tal zona, autoridades militares norte-americanas estimam, serão necessários, além da força aérea norte-americana, também soldados em solo, no mínimo 30 mil. Logo que a zona segura esteja estabelecida, muitos desses soldados norte-americanos podem ser substituídos por soldados da Europa, Turquia, Arábia Saudita e outros estados árabes, mas a força inicial tem de ser predominantemente norte-americana.
...
O até aqui inamovível Sr. Assad terá de encarar conjunto inteiramente novo de fatos militares em campo, com a oposição síria agora apoiada pelo exército e força aérea dos EUA, a força aérea síria sem poder decolar e o bombardeio russo suspenso."
Mas por que Rússia e Síria concordariam com tudo isso? Por que suspenderiam o bombardeio contra insurgentes anti-Síria? Kagan não fala sobre isso. A última linha citada acima é a única referência à Rússia, em todo artigo, muito capenga. Mas por quais meios ele pretende convencer os russos a aceitar esse plano? Não diz.
Kagan também quer mais 20 mil soldados dos EUA dentro da Síria, em combate contra a guerrilha do Estado Islâmico. Esse esforço de guerra exigiria no mínimo 60 mil soldados, e certamente escalaria sem parar.
Kagan é louco varrido, lunático de carteirinha. NINGUÉM entende por quais motivos há quem, nos círculos políticos norte-americanos, leva a sério as sandices que ele diz.
No Reino Unido, o primeiro-ministro Cameron também se movimenta rumo à guerra:
"O primeiro-ministro deve fazer declaração aos membros do Parlamento na 5ª-feira, um dia depois da revisão dos gastos a ser apresentada por Osborne, e dará a eles no máximo uma semana para digerir seu argumento, antes de terem de decidir se pedirão votação dos Comuns antes do recesso de dezembro
Há especulações em Westminster de que a opinião política teria mudado, e hoje seria favorável ao envolvimento britânico na Síria. O apoio unânime no Conselho de Segurança da ONU a favor de uma resolução convocando os estados membros a tomarem todas as medidas necessárias para erradicar o ISIS, depois dos ataques em Paris, parece ter ajudado a mudança de humor entre os parlamentares."
Mas a resolução da ONU que realmente importa não admite guerra contra a Síria. Limita toda e qualquer ação ao que a legislação internacional e a Carta da ONU admitem. "Estou pouco ligando" deve dizer Kagan, e pensar Cameron. OK. os russos ligam, e muito. E não há dúvidas de também serão ouvidos nessa questão.
Entrementes, a Turquia está introduzindo outro exército por procuração em território sírio. Depois do protesto oficial cntra os ataques russos contra insurgentes "turcomenos", a Turquia está subindo o tom da propaganda e diz que enviou voluntários para defenderem os turcomenos na Síria, contra o Estado Islâmico. Duas cidades da fronteira teriam sido capturadas. Mas a história dos turcomenos não faz sentido algum. Praticamente não há turcomenos na Síria, exceto os jihadistas uigures chineses que a Turquia enfiou em território sírio portando passaportes turcos falsos. Os voluntários que a Turquia diz ter enviado para a Síria tampouco são inofensivos. Até o jornal mantido no Reino Unido pela 'oposição' síria que vive em Londres já exigiu a imediata retirada deles:
O Observatório Sírio de Direitos Humanos, sediado em Londres, confirmou que as vilas foram resgatadas do controle do Estado Islâmico, mas por rebeldes e facções islâmicas, não só pelos 'turcomenos'.
250 dos ditos "voluntários" são homens do movimento Alperen Ocaglari, ala jovem do Great Union Party. São islamofascistas conhecidos, que combinam o nacionalismo mais furioso e o islamismo mais radical, numa ideologia de brutalidade nua.
M.K. Bhadrakumar acredita que Erdogan pôr as mãos e conservar para si uma grande fatia da Síria até Aleppo.e que agora se assiste ao início de uma nova fase:
"Em termos estratégicos, chegou-se a um momento de definição no conflito sírio – o primeiro passo é criar uma faixa de terra no note da Síria fora do alcance de operações militares das forças sírias, da aviação russa, dos vários grupos militantes como o Hezbollah, que luta ao lado do governo sírio
Em outras palavras, começou a corrida por Aleppo."
Mas nem Síria nem Rússia concordarão com isso e é pouco provável que Erdogan possa mandar seu exército oficial. E que ninguém se engane. A Rússia TEM, SIM, os meios para impedir que Erdogan continue e desenvolver esse seu esquema. Relato não confirmado dizia que um míssil cruzador russo atingiu uma daquelas cidades 'turcomenas'. Não sei se é mais que boato, mas parece ser boa ideia.
Duvido que os EUA enviem soldados seus para ocupara a Síria a serviço de Erdogan. Obama não parece interessado em correr o risco de guerra com a Rússia.
Por tudo isso, para mim, é tudo marola.
Mas se algum tipo de incidente terrorista cuja autoria possa ser atribuída ao Estado Islâmico, nesse caso abrem-se as apostas. Quem sabe Obama solicita "aconselhamento" de Kagan, e inicia guerra, dessa vez com outra superpotência atômica? *****
Nenhum comentário:
Postar um comentário