Traduzido pelo Coletivo Vila Vudu
Às 14h da 5ª-feira, 26/11/2015:
Nunca antes a animosidade pessoal que os chefes de Estado dos EUA e Turquia manifestam e têm insuflado contra o presidente da Rússia foi tão feroz e expressa tão ostensivamente. As consequências não tardaram. É o que explica o modo como o presidente Vladimir Putin tem-se manifestado.
"Gostaria de lembrar aos senhores que foi a atitude passiva de alguns países e muito frequentemente a colusão direta entre aqueles países e terroristas, que realmente levou à eclosão desse fenômeno terrível conhecido como 'Estado Islâmico'. Esses estados não só dão cobertura a terroristas, encobrem e promovem o tráfico de petróleo, pessoas, drogas, obras de arte e armas, mas, além disso tudo, também lucram, fazem centenas de milhões, talvez bilhões de dólares, lucrados diretamente daqueles crimes.
Tenho a dizer que considero absolutamente inexplicáveis as punhaladas traiçoeiras que nos aplicaram gente que supúnhamos que fossem nossos parceiros e aliados na luta antiterror. Refiro-me ao incidente com o jato bombardeiro russo atacado por forças turcas de defesa aérea."
Às 20h do mesmo dia:[1]
"Todos os que se servem de duplos padrões em suas relações com os terroristas, utilizando-se deles para alcançar seus próprios objetivos políticos e envolvem-se em atividades comerciais ilícitas como sócios de terroristas estão brincando com fogo. A história mostra que cedo ou tarde essas ações viram-se contra os que encorajam os criminosos.
Considerem o seguinte: alertamos nossos parceiros norte-americanos com antecedência sobre as zonas nas quais nossos pilotos operariam, altitude, etc. Os EUA, que dirigem a coalização que inclui a Turquia, sabiam hora e local onde estariam nossos aviões e nossos pilotos. Fomos atacados precisamente nesse ponto.
Pergunto aos senhores: de que nos serviu ter fornecido aquela informação aos EUA? Ou os EUA não conseguem controlar nem o que fazem os seus próprios aliados, ou os EUA distribuem a torto e a direito as informações que recebam, sem nem perceber as consequências.
Mas se nossos parceiros não estão dispostos, muito bem, também podemos trabalhar em outros formatos, em qualquer formato que nossos parceiros considerem aceitável. Sim, estamos dispostos e prontos a cooperar com a coalizão construída pelos EUA.
Mas é claro que incidentes como a morte de nossos militares – o piloto e um Marine russo que tentava salvar os companheiros de armas – e a destruição do nosso avião são totalmente inaceitáveis. Nossa posição é que nada disso pode voltar a acontecer. Para impedir que tais coisas voltem a acontecer, não precisamos nem de cooperação nem de coalizão com país algum.
Se as autoridades turcas queimam o petróleo que teriam confiscado dos contrabandistas... por que ninguém vê qualquer sinal de fumaça? Permitam que repita que o contrabando de petróleo atinge, ali, escala industrial. Seria preciso construir instalações especiais para conseguir destruir tais quantidades de petróleo. Nada disso está acontecendo. Se os mais altos governantes da Turquia não estavam informados do que se passa ali, a partir de agora já têm o dever de abrir os olhos.
Não tenho nenhuma resistência a acreditar que há corrupção e pode haver contratos clandestinos gigantescos. É indispensável que tudo isso venha à luz.
Mas não resta nenhuma dúvida de que o petróleo viaja diretamente para a Turquia. Já vimos de nossos aviões e já fotografamos e já mostramos as imagens. O fluxo de caminhões é ininterrupto e os caminhões voltam vazios. São carregados na Síria, em território controlado pelos terroristas, vão para a Turquia e retornam à Síria vazios. Todos os dias. Lá estão e podem ser vistos todos os dias."
Quanto à ideia, que também circulou, segundo a qual a aviação turca não teria reconhecido nosso avião, é absolutamente impossível. Fora de questão. Impossível. Nossos aviões são muito claramente identificados. Não há quem não veja que se trata de avião russo. Fora de questão.
Além disso – permitam que eu repita mais uma vez –, conforme os acordos que temos com os EUA, sempre demos aos norte-americanos todas as informações antecipadas sobre a operação de nossos aviões, formações, zonas e horários.
No momento, estamos trabalhando a partir da hipótese de que a coalizão EUA-Turquia é efetiva e que todos os membros dela sabiam, sim, que havia aviões russos em operação naquele ponto, naquele momento. Que outros aviões seriam, se não os nossos? E se os turcos tivessem identificado ali um avião dos EUA? Teriam derrubado um avião norte-americano?
De fato, esses argumentos dos turcos são absolutamente absurdos e inverossímeis, tentativa de arranjar desculpas.
É lastimável que, em vez de determinar investigação aprofundada e séria sobre o que realmente aconteceu, e de tomar medidas para garantir que esse tipo de ação criminosa não se repita, os turcos só façam repetir tolices e declarações confusas. Aliás, nem desculpas apresentaram e entendem que não devem desculpas. OK. Eles resolveram assim. Não é ideia nossa; é ideia da Turquia."
[1] "Pres. Vladimir Putin: Terrorismo internacional e Turquia", Conferência de imprensa e P & R, depois da reunião com o pres. da França, François Hollande, 26/11/2015, transcrição do Kremlin (trad. ao fr. Salah Lamrani) traduzido ao português no Blog do Alok [NTs].
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